AUTOR
Eça de Queirós, romancista, contista,
cronista, crítico literário e epistológrafo.
DADOS BIOGRÁFICOS
Nome completo: José Maria Eça de
Queirós
Nascimento: 25 de novembro de 1845,
numa casa da Praça do Almada, Póvoa
de Varzim, Portugal.
Morte: 16 de agosto de 1900, em Paris.
BIBLIOGRAFIA
O Crime do Padre Amaro, 1876.
O Primo Basílio, 1878.
O Mandarim, 1880.
A Relíquia, 1887.
Os Maias, 1888.
Uma Campanha Alegre, 1890 e 1891.
A Ilustre Casa de Ramires, 1900.
Correspondência de Fradique Mendes,
1900.
Dicionário de Milagres, 1900.
A Cidade e as Serras, 1901.
Contos, 1902.
Prosas Bárbaras, 1903.
Cartas de Inglaterra, 1905.
Ecos de Paris, 1905.
Cartas Familiares e Bilhetes de Paris
(1893 – 1896), 1907.
Notas Contemporâneas, 1909.
A Capital, 1925.
O Conde de Abranhos e A Catástrofe,
1925.
Correspondência, 1925.
Alves & Cia, 1926.
O Egito, 1926.
Cartas Inéditas de Fradique Mendes e
Mais Páginas Esquecidas, 1929.
Novas Cartas Inéditas de Eça de
Queirós, 1940.
Crônicas de Londres, 1944.
Cartas de Lisboa, Correspondência do
Reino, 1944.
Cartas de Eça de Queirós, 1945.
A Tragédia da Rua das Flores, 1980.
OBRA ANALISADA
Os Maias
GÊNERO
Prosa - romance
RESENHA
O romance Os Maias inicia-se no outono
de 1975, quando os Maias vieram
habitar em Lisboa, na casa do
Ramalhete, até então um sombrio
casarão desabitado.
Os Maias eram uma família pouco
numerosa, restando, em 1875, apenas
Afonso da Maia e seu neto Carlos da
Maia, jovem estudante de medicina, de
gosto refinado e luxuoso.
Ainda no primeiro capítulo, Afonso casase com Maia Eduarda Runa, filha do
conde de Runa, com quem teve um
filho, Pedro da Maia, criado em colégio
católico,
de
forma
tradicional
e
conservadora. Pedro não herdara a força
dos Maias, sendo pequenino e nervoso
como
Maria
Eduarda.
Seu
único
sentimento,
até
então,
realmente
intenso fora sua paixão pela mãe.
Com a morte da mãe, Pedro da Maia
mergulhou em profunda melancolia que
finda, apenas, quando conhece Maria
Manforte, filha de negreiro, por quem se
apaixona. Contra a vontade do pai,
Pedro casa-se com Maria. Com o
casamento, Pedro se afasta cada vez
mais do pai Afonso, chegando a dizer a
Vilaça, procurador e amigo da família,
“que já não tinha pai!”.
O segundo capítulo narra a felicidade do
casal Maria e Pedro que têm uma filha, a
quem
Afonso
se
nega
a
ver,
aumentando, ainda mais a separação
entre pai e filho. Quando Maria tem
outro filho, Pedro tenta reconciliar-se
com o pai, abandonado e sozinho.
Durante uma caçada, Pedro ferira um
napolitano, Tancredo. Por conta desse
incidente, Pedro hospeda o jovem em
sua casa. Maria acaba fugindo com
Tancredo e levando consigo a filha.
Desesperado, Pedro recorre ao pai, com
quem não falava há mais de três anos.
Após longa conversa, Pedro recolhe-se,
afirmando
estar
muito
cansando.
Durante a madrugada, Afonso ouve um
tiro e encontra o corpo do filho com uma
pistola na mão.
Após o suicídio de Pedro, Carlos Eduardo
da Maia é entregue aos cuidados do avô.
Ao
longo
do
terceiro
capítulo,
conhecemos a infância de Carlos a quem
o avô pudera, enfim, dar a educação
que desejara ter dado ao pai de Carlos.
Carlos crescera com mimos. Formado
em medicina exercia a profissão não por
obrigação, pois era abastado, mas por
gosto.
Na faculdade, conhece João da Ega, que
se tornará seu grande amigo e protetor.
Íntimo de Carlos e do Ramalhente onde
sempre frequentava, Ega mostra-se fiel
aos amigos, principalmente de Carlos,
de quem se torna inseparável.
Carlos era um mulherengo, envolvendose ora com prostitutas ora com
mulheres casadas. E justamente na casa
de uma de suas amantes, condessa
Gouvarinho, conhece madame Castro
Gomes,
que
era
casada
extraoficialmente com o brasileiro Castro
Gomes.
Maria Eduarda e Carlos iniciam um
romance. Castro Gomes descobre, por
uma carta anônima, e para humilhar
Carlos, diz-lhe que podia ficar com Maria
Eduarda, pois não era sua esposa de
fato, mas apenas uma mulher que ele
“pagava”.
Carlos, ao saber da mentira da amante,
reage revoltado, acusando-a. Eduarda,
por
sua
vez,
pressiona
Carlos,
acusando-o de se, apenas, pela mulher
de outro, e não, por ela própria. Neste
momento de briga e acusações, Carlos
pediu Eduarda em casamento.
Porém, Carlos e Maria Eduarda não
chegam a se casar. Ega, por intermédio
de um jornalista que viera de Paris,
descobre que Maria Eduarda era, na
verdade, irmã de Carlos Eduardo.
Ega passa por momentos de angústia,
prevendo a desgraça que se abateria
sobre a família. Desesperado, sem saber
o que fazer, recorre a Vilaça, que num
primeiro momento, acredita tratar-se de
um golpe.
Ega e Vilaça combinam contar a Carlos o
ocorrido. Carlos, porém, nega-se a crer
em tal história, achando-na impossível.
Ao contar ao avô, conclui-se que a
história era possível e que não havia
porque duvidar que Maria Eduarda fosse
sua irmã legítima.
Hesitando em contar a Maria Eduarda,
Carlos chega a encontrar-se com ela
mais uma vez. Sabendo disso, seu avô,
Afonso da Maia, morre, deixando Carlos
cheio de culpa e remorso.
Sem coragem para contar à Maria
Eduarda
toda
a
verdade,
Carlos
encarrega ao fiel amigo a tarefa de
revelar à jovem os fatos. Eduarda, ao
ver a carta de sua mãe de imediato
reconhece a letra, ficando a par de toda
a história.
Por pedido de Carlos, Maria Eduarda,
agora rica, parte para Paris, enquanto
Carlos, para se distrair, viaja pelo
mundo em companhia de Ega.
De volta a Lisboa, Carlos afirma que
apenas no Ramalhete “ele vivera daquilo
que dá realmente sabor à vida – a
paixão”.
ESTILO DE ÉPOCA
Realismo português
Narrando a saga de três gerações, o
romance inicia-se em 1875 e retorna ao
passado para explicar como Carlos da
Maia fora morar com o avô, Afonso da
Maia, para enfim retornar ao ano de
1875 e relatar os fatos que se
sucederiam.
Em Os Maias, Eça, atinge o ápice de seu
ofício
de
escritor.
Com
técnica
impecável, desmistifica uma sociedade
corrupta e ultrapassada.
Narrada em terceira pessoa, com
narrador onisciente, o romance critica
tipos
da
sociedade
lusitana:
o
funcionário público despreparado, na
figura do Conde de Gouvarinho e de
Sousa Neto; a boemia depravada, na
figura de Eusébiozinho: fraco de caráter
e de saúde; a corrupção feminina com
os casamentos por interesse na figura
da Condessa de Gouvarinho, que traía,
sem remorso, o marido.
Além de críticas sociais, Eça critica o
romantismo, contrastando-o com o
realismo, na figura de Rufino.
O romance se constroi por jogos de
oposições: de um lado a sociedade
conservadora e tradicional, de outro a
sociedade nova e inescrupulosa.
Carlos representa a sociedade nova,
educado
à
inglesa,
com
hábitos
escandalosos,
voltado
a
casos
e
romances inapropriados.
Pedro da Maia, pai de Carlos, educado
tradicionalmente, por gosto da mãe,
possuía genio fraco e apaixonado,
suicidara-se ao ser abandonado pela
mulher, registrando seu caráter
romântico de que prefere fugir da vida a
enfrentá-la.
INTERTEXTUALIDADE
A temática do incesto, presente no
romance, foi tema de muitos outros
escritores, antes e depois de Eça.
Em Moll Flanders, Defoe apresenta-nos
de um casal que se conhece em
Londres, ela, órfã londrina, ele
americano, do novo Mundo. Casam-se,
têm filhos e após alguns capítulos,
descobrem-se irmãos, separando-se
dolorosamente. Este fato não é a base
do romance, mas viria a selar as
desgraças da protagonista.
Nelson Rodrigues, em algumas de suas
peças também retratou esta temática.
Em 2001, a Rede Globo de Televisão
gravou a minissérie Os Maias, de Maria
Adelaide Amaral, baseada em três
romances de Eça: Os Maias, A relíquia e
A capital.
VISÃO CRÍTICA
Um dos introdutores do Realismo em
Portugal, Eça participa, ativamente, da
Questão Coimbrã, que abre a literatura
lusitana para questões realistas.
No romance, a personagem Alencar
serve pra introduzir o tema de maneira
crítica, mas exagerada.
Os Maias servem como crítica à
sociedade lusitana como um todo. Eça
não livra nem conservadores nem
renovadores; nem políticos nem
funcionários públicos; nem damas da
sociedade nem cavalheiros; nem
intelectuais nem artistas. Todos os
seguimentos têm seus vícios apontados.
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AUTOR Eça de Queirós, romancista, contista, cronista, crítico