A capitania da Paraíba no século XVIII – arte, arquitectura e anonimato
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Analisando este registro, Robert Ricard comprovou a predominância de imigrantes
oriundos da região norte de Portugal que vinham se estabelecer no Brasil, no século
XVI. Este estudo mostra que entre as 435 pessoas que declararam ao visitador da
Inquisição a sua naturalidade, 183 eram do Norte de Portugal, 39 do Centro, 17
do Ribatejo, 93 da região de Lisboa, 48 do Alentejo, 13 do Algarve, 38 das Ilhas
Atlânticas e 4 do Marrocos.
Entre os 183 portugueses oriundos do Norte, 53 eram do Porto, 29 de Viana do
Castelo, 13 de Guimarães, 9 de Braga, 6 de Ponte de Lima, 5 de Barcelos e outros
5 da Vila do Conde11. Sentiam-se os nortenhos atraídos pelo Brasil, devido à falta
de possibilidade de melhor vida em sua região, por ser a costa marítima do Minho a
mais densamente povoada e a região interior de Trás-os-Montes, a mais pobre.
Segundo José Antônio Gonçalves de Mello, sendo expulsos os holandeses do
Nordeste do Brasil e restabelecido o governo português, em 1654, foi retomada a vinda
de portugueses para Pernambuco. Predominavam os mercadores e mestres de ofícios
que vinham preencher as vagas deixadas pelos holandeses, além dos aventureiros. E
segundo Mello, naquela época, “as oportunidades de fortuna para homens de negócios
e oficiais mecânicos eram grandes, com o restabelecimento do comércio da capitania [de
Pernambuco] com o Reino”.12
Considerando a intrínseca relação que havia entre as capitanias de Pernambuco e
Paraíba, e o fato de estarem naquele momento vivenciando um mesmo processo de
reconstrução após a expulsão dos holandeses, tudo leva a crer que a afirmativa de
José Antônio Gonçalves de Mello, quanto à presença portuguesa na região naquele
período, se aplique da mesma forma à Paraíba.
Artistas e artífices em Pernambuco nos séculos XVII e XVIII
e a possível mobilidade para a Paraíba
A partir deste período de reconstrução, após a expulsão holandesa, passam a ser
escassas as informações sobre os artistas e artífices atuantes na Paraíba, o que leva a
buscar parâmetros para compreensão desta produção na mão-de-obra disponível em
Pernambuco, na mesma época. Um dos aspectos que indica ter havido esta correlação
na produção arquitetônica/artística nas duas capitanias é a ação dos engenheiros
militares nestas duas capitanias.
Cristóvão Álvares, nascido na Vila de Redondo, no Alentejo, provavelmente
já se encontrava em Pernambuco, trabalhando na construção do Forte do Mar do
Recife, entre 1608 e 1612. Há notícias, também, da sua atuação na fortificação das
capitanias da Paraíba e Rio Grande do Norte, nos fortes do Cabedelo e dos Reis
11 RICARD,
Robert – Algunas Ensenanzas de los documentos inquisitoriales del Brasil 1591-1595. In Anuário de
Estudios Americanos. Tomo V. p. 705-715. Apud. MELLO, José Antônio Gonçalves de – Antônio Fernandes de Matos
1671-1701. Recife: Edição dos Amigos da DPHAN, 1957, p.12.
12 MELLO, José Antônio Gonçalves de – Op. Cit. p.13.
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Artistas e artífices em Pernambuco nos séculos XVII e XVIII e a