Ex- majo r bu sca erros do proce sso Ferreira disse que achou 180 irregularidades no processo e por isso vai pedir revisao criminal Celso Avila Laercio Portela M undo de 29 volumes do processo de 6,5 mil paginas que o condenou como autor intelectual do assassinato do procurador Pedro Jorge de Mello e Silva, o ex-major Jose Ferreira dos Anjos comecou ontem a esmiucar, em entrevista na Penitenciaria Barreto Campelo, em Itamaraca, ponto por ponto do que considera "armacoes montadas pela Policia Federal" para incrimina-lo. Ele informou que o inquerito realizado na epoca pelo delegado Moises Lima da Silva tem cerca de 180 irregularidades e garantiu que vai pedir a revisao criminal do processo. 0 ex-oficial da PM repetiu que as investigaooes sobre a morte do procurador, ocorrida em marco de 1982, foram forjadas pelo delegado Moises e que Elias Nunes Nogueira e Jorge Batista de Souza Ferraz, que o apontaram como autor intelectual do homicidio, prestaram depoimento sob tortura. "Vamos provar que o delegado acusou quem nao tinha nada a ver com o crime para dar uma resposta a opiniao publica". Para Jose Ferreira, a maior prova de que o delegado estava agindo de ma-f6 e o fato das primeiras investigacoes feitas pelo policial terem apontado o bancario Eduardo Vanderlei Costa como o assassino. 0 rapaz era um dos denunciados pelo procurador Pedro Jorge no conhecido Escandalo da Mandioca, um desfalque na agencia do Bando do Brasil de Floresta realizado por financiamentos irregulares. i A CAfA - Condenado como mandante do crime, Ferreira procura indicios no processo para ajuda-lo a pedir revisao criminal De acordo com o ex-PM, o delegado Moises induziu o estudante Francisco Rodrigues de Oliveira, o unico nos autos a ter visto o rosto do assassino, a apontar que o autor dos disparos era o bancario. A mesma tecnica foi usada para outras tres testemunhas que estavam proximas ao local do crime, em Jardim Atlantico, e viram parcialmente o assassino. "0 delegado pediu a preventiva do bancario e ele ficou preso por um mes ate que testemunhas disseram que ele estava em Joao Pessoa no dia do criuie. 0 delegado precisava colocar a culpa em outra pessoa e escolheu Elias Nogueira". A prova disso, garante, e que mais de um mes antes de prender Elias, o delegado tinha feito urn relatorio, em 25 de marco de 1982, que apontava sete pessoas como responsaveis pela morte do procurador. Entre os sete, o ex-major. "Como ele poderia ter os nomes se sequer havia interrogado Elias, que foi quem nos delatou?", questiona. "0 delegado disse que varias pessoas em Serra Talhada apontaram Elias como pistoleiro. Ele nunca havia cometido nenhum crime, como poderia ser conhecido como pistoleiro?", indaga o ex-oficial. Ele apresentou a Imprensa laudo do IML, do dia 4 de maio, assinado por dois peritos que comprovam que Elias possuia escoriacoes feitas por instrumento contundente um dia depois de ser preso. Outro exame realizado dias depois em Jorge Ferraz tambem aponta ferimentos. "Eles mandaram Elias para Brasilia e Id ele foi examinado por peritos do IML, no dia 19, que constataram escoriacoes provocadas por material contundente. Esses laudos ficaram escondidos ate que a defesa conseguisse ter acesso a eles no final do julgamento", informa. "Impressionante a que as testemunhas que haviam reconhecido Eduardo como o assassino passaram entao a fazer o reconhecimento de Elias como a pessoa que tinha matado o procurador. Testemunho de um colombiano e prova de in. ocencia, diz Ferreira Um colombiano residente no Recife e que testemunhou o assassinato do procurador Pedro Jorge e um dos trunfos que o exmajor Ferreira diz possuir para comprovar sua inocencia. "Nos conversamos muito com ele e no momento oportuno o apresentaremos para depor, contanto como tudo realmente aconteceu", afirmou o ex-oficial da Polfcia Militar, garantindo que a testemunha estava a poucos metros da vftima no momento do homicfdio, que ocorreu na Padaria Panja, em Jardim Atlantico. "Na epoca, ele pensou que seria interrogado pela Polfcia Federal, mas isso nao aconteceu. A polfcia desconhece a sua existencia". Ferreira admitiu que chegou ate o nome do colombiano por uma equipe de amigos que, desde que ele foi acusado do assassinato do procurador, procura o "criminoso". "Essa equipe esta agora em busca do paradeiro do pistoleiro que disparou os tiros contra Pedro Jorge. Nos temos certeza de quem foi o mandante do crime, mas pre- cisamos encontrar o autor material para conseguir provas irrefutaveis , que serao muito importantes no pedido de revisao criminal" informou. Ferreira nao quis revelar o nome do suposto mandante do assassinato, mas disse que o crime teria lido motivado por questoes pessoais. Quanto a denuncia feita na epoca de que o autor intelectual poderia ser o procurador Adalberto Nobrega, com quern Pedro Jorge tinha desavencas, o exmajor foi taxativo: "Nao acuso, mas tambem nao descarto essa informacao". 0 ex-oficial informou que o carro utilizado pelo pistoleiro que teria matado Pedro Jorge foi um Chevette parecido com o que ele possuia na epocas , so que de um vermelho mais escuro. "Tambem estamos tentando localizar o vefculo. 0 trabalho da Polfcia Federal foi forjado e muitas supostas provas que estao nos autos do processo serao desbancadas com as revelacoes que faremos".