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Artigo Teórico
Vídeo na Sala de Aula
de Matemática: Que
Possibilidades?
Rúbia Barcelos Amaral6
Resumo
O presente trabalho visa analisar parte dos resultados de uma pesquisa que investigou as
possibilidades do uso de diferentes mídias na sala de aula. Tal análise foi baseada nas discussões que aconteceram em um curso de formação continuada de professores,
“Matemática Multimídia”, que debateu sobre os recursos produzidos pelo Projeto M 3
(áudios, softwares, vídeos e experimentos). Neste texto, o foco das reflexões é acerca da
utilização de vídeos. Desse modo, serão discutidas questões do tipo “Como usar vídeos na
sala de aula?” A partir dos debates no curso e da experiência que os professores vivenciaram em suas aulas, identifiquei três aspectos em destaque. Um deles se refere à utilização
do vídeo como material informativo, ou com foco na formação de um conceito matemático; outro se refere à forma de usá-lo, se como introdução de um conceito ou como aplicação deste; e, por fim, os vídeos foram analisados como material didático, considerando a
necessidade de integrá-lo a outros recursos presentes na sala de aula. Vale ressaltar que
estas são perspectivas que permeiam a prática docente e que, embora não seja preciso escolher “uma” opção como correta, por exemplo, usar o vídeo sempre como introdução, estas
decisões são parte da escolha que o professor deve fazer ao preparar uma aula com uso
deste recurso.
Palavras-chave: Vídeo; Mídias; Educação Matemática.
Introdução
tware e Experimento), em formato digital.
1. Origem da pesquisa
Em particular, o Projeto M³ está focado na
A presente pesquisa nasceu do Pro-
área de Matemática.
jeto M3 - Matemática Multimídia, desen-
Esse projeto é composto de uma
volvido em nível nacional, no Brasil. O
equipe de professores e estudantes dos
Governo Federal financiou a elaboração
Institutos de Matemática, Física, Artes,
de material didático para o Ensino Médio
Computação e Faculdade de Educação da
em cinco disciplinas (Matemática, Língua
Unicamp, além de diversos profissionais
Portuguesa, Física, Química e Biologia),
externos, que tiveram o desafio de produ-
em diferentes mídias (Vídeo, Áudio, Sof-
zir material didático de qualidade e com-
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Professora do Departamento de Matemática e do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UNESP, Campus de Rio
Claro. E-mail: [email protected]
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VÍDEO NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA: QUE POSSIBILIDADES?
patíveis com a realidade educacional bra-
2. Pesquisas sobre o uso de vídeos
sileira. Todos os recursos educacionais
A produção de vídeo para uso na
produzidos estão disponibilizados no site
Educação não é recente. Iniciativas parti-
www.m3.mat.br para livre utilização dos
culares e públicas já foram realizadas nes-
professores. Foram produzidas quase 400
se sentido, e há estudos realizados sobre
mídias, sendo 180 vídeos, com base em
essas práticas. De modo amplo, conside-
diversos conceitos do currículo de Mate-
rando vídeos de maneira geral, como fil-
mática do Ensino Médio. Todos os vídeos
me, documentário, produções de alunos
acompanham um “Guia do professor”, que
etc., Moran (1995) aborda diferentes pos-
traz sugestões sobre seu uso e também o
sibilidades para o uso desse material na
aprofundamento do conceito matemático
sala de aula. Ele traz propostas de utiliza-
explorado, dando suporte ao professor.
ção, como “simulação” (para simular uma
No entanto, sabemos que apenas
experiência química perigosa, por exem-
disponibilizar recursos para os professores
plo), “conteúdo de ensino” (para mostrar
não é o suficiente para que estes sejam
determinado assunto), entre outras. Apon-
efetivamente utilizados. Com o objetivo
ta também usos inadequados, como “tapa-
de familiarizar professores de Matemática
buraco”, num dia em que o professor fal-
com esses recursos e discutir acerca de
tou, por exemplo, o qual considera que os
suas possibilidades e limitações, estruturei
alunos acabam associando o vídeo a não
um curso, denominado “Matemática Mul-
ter aula; ou “vídeo-enrolação”, quando o
timídia”. O curso foi o espaço para ricas
vídeo não tem relação com o conteúdo
discussões acerca do uso das mídias no
estudado.
ensino de Matemática, e de troca entre os
Atualmente, os vídeos disponíveis
pares. Nesse cenário, desenvolvi uma pes-
na internet de pequenos recortes de aulas
quisa cujo foco era analisar as possibilida-
são os mais procurados pelos alunos, que
des do uso das mídias, especialmente as
os assistem quando têm alguma dúvida
que foram produzidas pelo Projeto M3, na
conceitual. Vídeos dessa natureza também
sala de aula. Nesse texto vou centrar-me
têm ganhado espaço no âmbito da Educa-
na análise feita durante o curso referente
ção a Distância, como ressaltam Schneider
aos vídeos. Quais as possibilidades para o
e Ribeiro (2013). Nessa direção, Dallacos-
uso de vídeos na aula de Matemática?
ta (2007) fez uma análise de vídeos digitais indexados e seus resultados indicam
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VÍDEO NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA: QUE POSSIBILIDADES?
que os usos pedagógicos desses recursos
que "é claro, a partir de comentários dos
podem modificar o planejamento pedagó-
alunos, que o vídeo deve ser usado com
gico do professor.
mais frequência nos processos de ensino e
No âmbito da Educação Matemáti-
aprendizagem da Matemática”.
ca, mais especificamente, há alguns traba-
Todas essas referências apontam
lhos que se referem ao uso na formação
para as potencialidades (e limitações) do
(inicial ou continuada) de professores, co-
uso de vídeo na Educação, desde a forma-
mo Star e Strickland (2008), Sherin
ção de professores até a sala de aula. No
(2004), Abell e Cennamo (2004), Sherin e
entanto, ainda que seja uma mídia presen-
Han (2004), Friel e Carboni (2000) e van
te na escola há décadas, o que se percebe é
Es e Sherin (2002).
que seu uso ainda não é frequente. Ou,
No âmbito da sala de aula, More
ainda, que “a exploração do vídeo pelas
(1993) fez um bom resumo sobre o lugar
escolas como ferramenta motivacional não
do vídeo no âmbito do ensino de Matemá-
é nova, no entanto, existe um mau uso
tica e Estatística, apresentando também
desta produção imagética” (SERAFIM;
um desenvolvimento histórico do tema. Já
SOUSA, 2011, p. 29).
Serafim e Sousa (2011, p. 29) ressaltam
Diante desse fato, pode-se afirmar
que o vídeo “pode ser utilizado em um
que os vídeos constituem um recurso que
ambiente interativo de forma a potenciali-
ainda pode ser explorado. E, com esse ob-
zar expressão e comunicação, pode propor
jetivo, procurei analisar como essa mídia
uma ação pedagógica que motiva a apren-
pode ser usada na aula de Matemática, to-
dizagem”, e Wood e Petocz (1999) argu-
mando como base as leituras supracitadas
mentam como o vídeo é capaz de motivar
e as discussões geradas no curso.
a aprendizagem e levar à mudança de atitudes; e Lunn e Jaworski (1994) discutem
3. Metodologia
os pontos fortes e fracos de vídeo como
Como descrito previamente, na
um meio para o ensino e aprendizagem.
pesquisa aqui apresentada analisei as pos-
Eles ressaltam que o vídeo é particular-
sibilidades de utilização do vídeo na sala
mente bom em trazer a realidade para a
de aula, de modo a disseminar suas poten-
sala de aula e em mostrar os detalhes visu-
cialidades. Para tanto, embasei-me no cur-
ais de um processo que utilize gráficos.
so “Matemática Multimídia”, realizado na
Wood e Petocz (1999, p. 227) acrescentam
Unicamp, em 2011, e desenvolvido para
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VÍDEO NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA: QUE POSSIBILIDADES?
professores, sendo espaço de discussões
ções do seu uso na sala de aula. Entre es-
sobre o uso de vídeo na sala de aula e de
ses encontros se mantinha a troca de ideias
compartilhamento das experiências práti-
e experiências, pois havia um ambiente on
cas com esse recurso.
-line em que eram postadas atividades pa-
A pesquisa foi desenvolvida segundo uma abordagem qualitativa. Como
ra serem desenvolvidas e questões para
debate no fórum.
afirmam Bogdan e Biklen (1994, p. 209),
Observo que, como aponta Lévy
os estudos dessa natureza “devem revelar
(1997), a tecnologia informática vem reor-
maior preocupação pelo processo e signi-
ganizar a escrita e a oralidade. Com essa
ficado e não pelas suas causas e efeitos”.
mídia, o registro das interações (escritas
E, nesse sentido, o interesse estava centra-
ou orais) pode acontecer mais facilmente.
do na análise das potencialidades do uso
Todas as atividades e discussões fomenta-
do vídeo na aula de Matemática, e não em
das no ambiente on-line ficaram registra-
seus resultados ou produtos, o que con-
das e arquivadas automaticamente, e para
templa uma das características centrais da
arquivar também as discussões dos encon-
pesquisa qualitativa, de acordo com Den-
tros presenciais, esses foram
zin e Lincoln (2000).
gravados.
vídeo-
Esclareço que o curso “Matemática
Com base nesses encontros e inte-
Multimídia” contou com a participação de
rações on-line, realizei a análise dos ví-
20 professores, que lecionavam desde as
deos do Projeto M3. O roteiro foi baseado
séries iniciais do Ensino Fundamental ao
em quatro grupos, considerados como ca-
Ensino Médio. Era uma turma bastante
tegorias: vídeos históricos; vídeos que
heterogênea e isso permitia a análise dos
contêm um problema do cotidiano, vídeos
materiais, ainda que primordialmente ela-
que apresentam profissões, e vídeos de
borados para o Ensino Médio, sob a pers-
conteúdo essencialmente matemático.
pectiva de classes de diferentes idades.
E a partir desse conjunto de vídeos,
O curso tinha carga horária de 60h,
eu defini a pergunta que norteia essa pes-
sendo 30h presenciais e 30h a distância.
quisa: “Como usar esses vídeos em sala de
Durante cinco sábados, nos encontramos
aula?” Para buscar essa resposta, elaborei
para conhecer alguns materiais, estudar
ainda mais dois questionamentos: “Há di-
conceitos matemáticos que os embasavam
ferença no uso de acordo com as categori-
e discutir sobre potencialidades e limita-
as?”, “Como os alunos podem aprender
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VÍDEO NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA: QUE POSSIBILIDADES?
Matemática a partir do uso desses ví-
perspectivas de uso. Analisar esse aspecto
deos?”.
é parte do processo de entender a concepção teórica que fundamentou a elaboração
4. Vídeos na sala de aula
do material. Os vídeos de categoria
Com base no percurso descrito,
“profissões” do Projeto M3 são certamente
uma análise sobre o uso do vídeo na aula
de natureza informativa. A intenção é
de Matemática foi realizada, a qual discu-
apresentar aos alunos diversos profissio-
to nesse artigo. Considero que é preciso
nais compartilhando as possibilidades de
avançar nos aspectos já apresentados pela
trabalho na sua área de atuação.
literatura. Moran (1995) já nos elucida
Analisamos coletivamente que os
com alguns direcionamentos práticos so-
vídeos de categoria “histórica” também
bre o uso de vídeo na sala de aula como,
são, em sua maioria, informativos. Neste
por exemplo, usá-lo para simular o cresci-
caso, a contribuição é resgatar aspectos
mento de uma planta, que levaria meses
históricos da construção de algum concei-
para ser acompanhado de modo real, ou
to matemático, que muitas vezes não estu-
seja, em experiências que não são possí-
damos nas aulas, e apresentá-lo com o uso
veis de realizar na sala de aula.
de uma mídia diferente da tradicional nar-
Essas, entre outras sugestões, já
rativa.
estão presentes em textos como aqueles
Já com relação aos vídeos das cate-
citados nesse trabalho. Procurei, então,
gorias “problemas cotidianos” e “conteúdo
contribuir com novas reflexões. Para tan-
matemático”, nós analisamos também que
to, identifiquei três eixos de análise.
estes sozinhos poderiam se enquadrar em
informativos, mas que são propícios a tor-
4.1 Formativo ou informativo?
Uma das questões que proponho
ná-los, pela mediação do professor, em
vídeos formativos.
para reflexão é analisar o vídeo como
Seguramente que a atuação do pro-
meio de informação (portanto uma mídia
fessor sempre pode contribuir para a
“informativa”), ou como um caminho para
aprendizagem dos alunos. O que nos cha-
a formação de um conceito (“formativo”).
ma a atenção nesses vídeos é o fato de que
Certamente que para formar é preciso tam-
neles aparecem discussões matemáticas.
bém informar, mas a diferença aqui pro-
Especialmente aqueles embasados em pro-
posta está no foco de cada uma dessas
blemas cotidianos, há sempre uma resolu-
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ção matemática para solucionar o proble-
los. Duas são as possibilidades principais:
ma em questão. Apenas assisti-los faz do
usá-lo como forma de introduzir um con-
vídeo uma mídia informativa. Mas a partir
teúdo ou como forma de mostrar uma apli-
deles é possível resgatar os problemas
cação de um conteúdo previamente estu-
com os alunos e retomar a solução mate-
dado em aula.
mática, ampliando-a. Muitos dos vídeos
Quando o vídeo é usado para intro-
apresentam soluções não muito simples de
duzir um conceito, o aluno assiste a uma
acompanhar na tela, em poucos minutos.
discussão nova, que é aprofundada no de-
Ampliar a resolução matemática do pro-
correr da aula, tornando o vídeo o incenti-
blema é um caminho para aprofundar con-
vador das discussões matemáticas e moti-
ceitos matemáticos na sala de aula, trans-
vador para novos conceitos. Assim como
formando a iniciativa do uso do vídeo
Moran (1995), Wood e Petocz (1999, p.
num processo formativo. E, para isso, as
224) consideram que o vídeo “é melhor
diferentes sugestões de dinâmica de análi-
usado para introduzir e motivar um tópico,
se propostas por Moran (1995) podem ser
para iniciar uma discussão, apresentar uma
usadas, envolvendo os alunos nesse pro-
situação para análise, a introdução de uma
cesso formativo, solicitando-lhes um papel
simulação ou para resumir um tópico”.
Outra opção é iniciar a aula como
ativo.
Saliento que não se deve procurar
normalmente o professor faz, abordando
definir qual das duas opções é melhor.
um determinado conteúdo, apresentando
Ambas têm contribuições para o ensino da
exemplos, exercícios etc. Como fecha-
Matemática, apenas com objetivos dife-
mento da aula, depois que os alunos já têm
rentes. Estar consciente disso é parte do
domínio do conceito em questão, um ví-
processo de aprendizagem do professor
deo pode ser apresentado como aplicação
quanto à escolha e à forma de utilizar o
desse conteúdo estudado. Neste caso, os
vídeo em suas aulas.
alunos conseguem acompanhar mais facilmente a resolução dos problemas e assistir
4.2
Introdução
de
conteúdo
ou
aplicação de conceito?
Outro aspecto que analisamos no
âmbito do ensino de Matemática com uso
de vídeos refere-se ao momento de utilizá-
uma segunda vez o vídeo, com pausas, só
é necessário no caso das contas muito longas, para que os alunos possam conferilas, ou acompanhá-las passo a passo.
Novamente vale observar que não
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se deve considerar que existe um caminho
tendeu dessa nova função – logarítmica –
certo e outro errado de utilizar os vídeos.
que o vídeo nos apresentou?). Chega então
São opções que o professor deve fazer ao
o momento de aprofundar o conteúdo. O
preparar sua aula e ter consciência de que
vídeo é passado novamente, mas agora o
cada escolha tem objetivo diferente. Nada
professor vai parando, a cada passagem
impede que o professor alterne o modo de
(ou conjunto delas) para discutir com os
utilização, ou tome como mais convenien-
alunos. É a hora de aproveitar as soluções
te uma das alternativas, de acordo com o
apresentadas no vídeo como início para a
ritmo da classe em que leciona. Pode, ain-
explicação do conceito a ser estudado na
da, considerar que para determinado tema
aula. Assim, há uma relação entre a mídia
uma estratégia é mais conveniente, ou que
usada e o conteúdo explorado em aula.
o vídeo para o tema em estudo seja mais
Como apresentado, não é preciso
adequado para ser usado como introdução
que o professor escolha uma das opções
ou aplicação. Também uma categoria de
como “a” correta, e sim optar, quando da
vídeo pode ser mais sugestiva, como o ca-
utilização, pela maneira em que mais se
so da “histórica”, que tende a ser assistida
sente seguro, ou que acredita ser mais ade-
no início da aula, como forma de apresen-
quada para sua realidade, ou ainda mais
tar a origem do conceito a ser estudado.
pertinente para um determinado conceito.
O que os professores participantes
Também podem ser programadas outras
da pesquisa gostaram de fazer em suas
formas de usar os vídeos. Essas foram as
aulas,
duas principais maneiras estruturadas pe-
e
que
(especialmente
mais
para
recomendaram
as
categorias
los professores que analisaram o material
“problemas cotidianos” e “conteúdo mate-
durante o curso em que se baseou essa
mático”) é iniciar a aula assistindo todo o
pesquisa.
vídeo (com 10 min de duração média).
Depois,
fazer
questionamentos
4.3 Vídeo como material pedagógico
(previamente preparados) sobre os conteú-
Uma análise também realizada pe-
dos matemáticos discutidos, fomentando a
los professores participantes da pesquisa
curiosidade do aluno (por exemplo: que
se refere a usar o vídeo como material di-
função é essa que o ator usou para resolver
dático. Observo que este eixo de análise
esse problema? Você já estudou função
está intrínseco aos demais: ao escolher o
exponencial, pode me explicar o que en-
uso como introdução ou aplicação, por
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VÍDEO NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA: QUE POSSIBILIDADES?
exemplo, não está deixando de considerá-
dia) na sala de aula. Superar essas dificul-
lo como material pedagógico. Neste eixo,
dades práticas e enfrentar o desafio de in-
o que faço é focar na perspectiva dos pro-
tegrar as diferentes mídias é um aprendi-
fessores acerca do uso de vídeo como ma-
zado importante, não só para o professor,
terial didático, apresentando especificida-
mas para toda a comunidade da escola.
des sob esse olhar. Isso porque são muitos
Além disso, alguns materiais po-
os recursos disponíveis para o professor,
dem não ser considerados positivos por
bem como metodologias de ensino. Pode-
todos os professores. E se não o vê como
se exemplificar com os softwares educaci-
uma opção para contribuir às suas aulas, o
onais (para explorar diversos temas, como
professor prefere não utilizá-lo. A equipe
funções, geometria etc.) e modelagem ma-
do Projeto M3 já escutou algumas críticas
temática, respectivamente. E saber lidar
ao material, e não apenas elogios. Um dos
com essa diversidade é um desafio contí-
vídeos, por exemplo, mostra uma costurei-
nuo para o professor. A própria coleção de
ra conversando com um organizador de
materiais do Projeto M3 oferece mídias de
um evento, que lhe explica, por telefone,
naturezas diferentes (lembrando: vídeos,
como encontrar o preço mais adequado
softwares, áudios e experimentos). Livros
para o ingresso de uma “roda de samba”, a
didáticos também estão presentes em to-
partir da solução de equações de segundo
das as escolas públicas brasileiras. Cada
grau. Não é natural que uma pessoa enten-
um desses recursos traz suas contribuições
da e acompanhe uma solução desse tipo de
para os processos de ensino e aprendiza-
equação simplesmente ouvindo uma expli-
gem.
cação oral. Mesmo nós, professores de
Nesse cenário, os vídeos acabam
Matemática, que estamos mais habituados
sendo uma opção pouco utilizada. Algu-
a resolver estas e outras equações, não o
mas razões que podem justificar esse fato
fazemos oralmente, especialmente longe
foram apontadas pelos professores, como
fisicamente do interlocutor. Mas este mes-
a falta de preparo para saber integrar os
mo vídeo recebeu elogios de outra equipe
vídeos aos demais recursos; e a dificulda-
de trabalho que o analisou, por considerar
de que ainda existe (ao menos em grande
o problema interessante e realmente próxi-
parte do Brasil) em deslocar os alunos pa-
mo de situações cotidianas, além de bem
ra uma sala de vídeo, ou instalar os recur-
apresentado, num vídeo agradável de as-
sos necessários (como projetor multimí-
sistir (é interessante observar que no vídeo
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VÍDEO NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA: QUE POSSIBILIDADES?
a resolução é escrita, à medida que os dois
momento de usar o vídeo na aula? Ao se-
personagens conversam. Então, para o es-
lecionar um vídeo é preciso decidir se este
pectador, é possível acompanhar a resolu-
será usado no início da aula, para instigar
ção do problema).
os alunos à curiosidade por algum concei-
Essas discordâncias são frutíferas e
naturais. Cada professor tem seu ponto de
to, ou no final, como forma de ilustrar um
conceito explorado no decorrer da aula.
vista quanto ao material pedagógico que
Não obstante, o terceiro aspecto
dispõe. Ademais, são opiniões que não se
chama a atenção para o fato de que os ví-
generalizam. As pessoas que não gostaram
deos podem ser considerados como outros
do vídeo citado podem gostar de outros,
recursos, um material pedagógico. Dessa
fazendo uso dessa mídia. Não obstante, o
forma, foi destacado que é preciso consi-
fundamental é que sejam disponibilizadas
derá-lo como parte do cenário da sala de
opções de escolha, e que os professores
aula, e refletir sobre como integrá-los aos
possam fazer uso de variados recursos em
demais recursos existentes, como livro
suas aulas. É nessa direção que o material
didático, computador etc. Além disso,
do Projeto M3, entre outros, visa contribuir
também nos leva a pensar essa integração
para a prática docente dos professores de
frente às diferentes metodologias de ensi-
Matemática.
no: “Como o uso de modelagem pode
acontecer com uso de vídeo?”, por exem-
5. Considerações finais
plo.
Neste texto procurei avançar nas
Certamente, as questões abordadas
discussões acerca do uso de vídeo na sala
nesse texto não se findam nele e estão
de aula de Matemática. Para tanto, busquei
abertas para contínuos debates.
destacar três aspectos. O primeiro deles
nos leva a refletir sobre o tipo de trabalho
Referências Bibliográficas
que se deseja realizar a partir do vídeo, ou
seja, a perspectiva é fazer do vídeo um
instrumento de informação ou uma ferramenta para iniciar um processo de formação de algum conteúdo matemático? Além
dessas opções, convido os leitores a refletir também sobre outra escolha: qual o
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