DA_51_MG_jun:Layout 1 7/5/10 3:14 PM Page 1 Espaço dos doadores Este é um espaço para os doadores fazerem suas perguntas sobre o apadrinhamento, nosso trabalho ou sobre como vivem as crianças nas comunidades do Norte de Minas. RELATÓRIO DE MINAS GERAIS Junho 2010 Aqui estão algumas perguntas e respostas: As famílias tem acesso a àgua potável? Nas regiões semi-áridas, a falta d’água é um grande problema, porque ela evapora muito rápido. As vezes, a chuva forma barreiros, que são poças de água barrenta, usados por humanos e animais; muitas vezes, essa é a única água a que as famílias tem acesso. Que tipo de casa é mais comum nessa região? A maioria das casas é feita de barro, cobertas com telhas. Muitas delas são revestidas de reboco e pintadas de branco. O que comem essas famílias? Arroz, feijão, farinha de mandioca ou mandioca cozida. Só em ocasiões especiais as famílias comem carne de boi ou frango. ALGUMAS ATIVIDADES DO CAA Caro/a doador/a, É com grande prazer que lhe enviamos um novo relatório de Minas Gerais, onde vive a criança que você apadrinha. A sua generosa contribuição nos permite desenvolver as atividades que você vai conhecer aqui e que fazem uma grande diferença nas vidas de famílias e crianças das comunidades pobres do Norte de Minas Gerais. Esperamos que esse relatório ajude a ampliar o seu conhecimento sobre como vivem essas crianças e manter você a par do que está sendo desenvolvido nessa região onde a ActionAid trabalha, junto com seu parceiro local, o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA). Nós lhe agradecemos muito pelo seu apoio. Juntos, podemos contribuir para melhorar as vidas dessas famílias de Minas Gerais. Atenciosamente, Cartilha Ambiental A equipe do CAA elaborou uma cartilha abordando os principais problemas ambientais que impactam o nosso planeta, com o objetivo de conscientizar as crianças sobre a importância do meio ambiente. Enfocando principalmente o cerrado e a caatinga, a cartilha trabalha de forma lúdica e pedagógica os impactos sócio-culturais e ambientais sofridos pelos povos e comunidades tradicionais que vivem nesses biomas. A reciclagem, visando a proteção do meio ambiente e a redução do desperdício passou a integrar os encontros para coleta das mensagens para os doadores, levando as crianças a criar e recriar. Célia Bartone Coordenadora de Vínculos Solidários Crianças como o José Willian adoram receber cartas de seus doadores! José Wilian Antunes de Souza, 12 anos, município de Catuti Carlos Daniel lê a cartilha criada pelo CAA Mulheres do Norte de Minas marcham pelos seus direitos Em março 2010, cerca de 45 mulheres do Norte de Minas viajaram para São Paulo onde participaram da 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, por ocasião do Dia Mundial da Mulher (8 de março). Juntando-se a cerca de 3000 mulheres de todo o Brasil e a representantes dos 5 continentes, as mulheres marcharam de Campinas a São Paulo, reivindicando seus direitos. “Na marcha fomos levar a reivindicação das mulheres do Norte de Minas, principalMulheres marcham contra a violência doméstica mente das mulheres do campo, que reivindicam o acesso a crédito, a participação nas decisões políticas e denunciam a violência, que no campo é silenciosa”, reforça Maria de Lourdes Nascimento, diretora do CAA e da coordenação do Coletivo de Mulheres no Norte de Minas. “Essa é a primeira vez que recebo um cartão da minha doadora. Fiquei muito feliz, pois é bom saber que gente que mora longe, se lembra de mim. Gostei que minha amiga me contou um pouco da vida dela, disse que onde ela mora estava muito quente e por isso ela estava tomando banho de praia. É bom saber um pouco da vida de quem mora em outro lugar distante daqui. Nas minhas mensagens para ela, eu escrevo também um pouco sobre como é a vida em minha comunidade. Eu estou na 5ª série, vou à escola todos os dias, ajudo meu pai na roça e gosto de assistir televisão. Gostaria de dizer a minha amiga que aqui no lugar onde eu moro está muito quente, tem um rio na comunidade, mas que não dá pra tomar banho pois é cheio de mato. Nessa época, eu me alimento de alguns frutos como o umbu, acerola, melancia, pinha... Jovens aprendem a valorizar o trabalho rural Nos dias 18 e19 de dezembro 2009, ocorreu a formatura dos alunos do Pró-Jovem Rural – programa do governo que busca fortalecer e ampliar o acesso e a permanência dos jovens agricultores familiares no sistema educacional - nos municípios de Ibiracatu e Riacho dos Machados, totalizando 58 formandos. As turmas contaram com acompanhamento do CAA, que orientaram os profissionais a desenvolver os conteúdos propostos, com foco principalmente no agroextrativismo (extração de produtos naturais). Esse é um grande estímulo para os jovens permanecerem no campo e valorizarem o trabalho rural. Desejo a você muitas felicidades.” Estudantes rurais em aula José Willian gosta de ser lembrado! Relatório escrito por Vania Franca / Assessora de Vínculos Solidários Fotos creditadas a: © arquivos CAA/MG/Brasil DA_51_MG_jun:Layout 1 7/5/10 3:15 PM Page 2 Alimentos saudáveis e mesa farta Alguns números que caracterizam o Norte de Minas “Couve, coentro, beterraba, cenoura, alface, cebola, pepino, abobrinha, quiabo, maxixe, melancia, berinjela, cebolinha...”, enumera dona Darcilene Macedo, de 49 anos e mãe de dez filhos, que mora no município de Ibiracatu, muito orgulhosa da sua horta. 75% da população vive abaixo da linha da pobreza, com uma renda mensal per capita de meio salário mínimo. Dona Darcilene faz parte do Programa PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável) iniciado em agosto de 2009, pelo CAA em parceria com a ActionAid. O programa oferece apoio à agricultura familiar, buscando garantir uma produção sustentável livre de agrotóxicos, com a preocupação de preservar o meio-ambiente. Hortas, galinheiros, sistema de irrigação por gotejamento, tudo interligado, são algumas das atividades que constituem essa tecnologia de produção. “Com a horta, a gente aprendeu a não usar mais veneno na plantação. Porque, antes a gente já sabia que não era bom, mas não sabia como resolver de outra maneira. Hoje, a gente aprendeu formas diferentes de combater insetos e o veneno nunca é usado” – comenta Darcilene. Sua filha, Deizemaura, complementa sorrindo: “Eu me sinto feliz com a horta, porque eu sei que estou dando ou vendendo um produto de qualidade. Sei que não estou enganando ninguém! As pessoas podem comer à vontade, porque é saudável e é de qualidade”. Darcilene e as filhas, felizes com suas verduras “Foi a coisa melhor que eu ganhei na vida. Porque eu já tinha vontade de mexer com horta, mas a gente não tinha condições de preparar o lugar, e essa oportunidade nos foi dada pelo CAA. Meu trabalho valeu muito à pena!”, diz Darcilene. O analfabetismo entre adultos atinge 32% da população. Mais de 1 milhão de hectares de terra que pertenciam às famílias, foram desapropriadas pelo governo (nos anos 70) para implementar grandes projetos de plantação de eucaliptos para a indústria do papel. O programa de Produção Agroecológica do CAA em parceria com ActionAid inclui uma série de ações para garantir um processo produtivo sustentável que forneça alimentação saudável e gere renda para as famílias. Essa parceria trabalha também com a população no processo de retomada do território perdido O CAA está ajudando famílias a se alimentarem melhor Curiosidades das Comunidades Roda de capoeira durante as comemorações Quilombo do Gurutuba - No dia 25 de novembro de 2009 realizou-se no Quilombo do Gurutuba, a comemoração do Dia da Consciência Negra, com a presença de pais, alunos, professores, convidados e demais comunidades do quilombo. Foram feitas apresentações de dança, jograis, músicas. Anciãos da comunidade, os negros que guardam a memória e a história do povo quilombola, foram homenageados. No encerramento, foi feita uma bonita roda de capoeira com um grupo do quilombo. “Quilombos” retomam suas terras O Quilombo de Brejo dos Crioulos, localizado no Norte de Minas Gerais, é composto por cerca de 503 famílias quilombolas (descendentes de escravos que fugiram das grandes fazendas e fundaram seus quilombos). Uma jovem Xakriabá comprometida e participativa Célia Nunes Correa é uma das lideranças jovens do Povo Xakriabá (indígenas da região). Ela tem 20 anos e mora na Aldeia Barreiro Preto, no município de São João das Missões, com seus pais e três irmãos. “Aqui na minha aldeia, eu lidero o artesanato junto aos jovens, com produção de colares de sementes e de ossos. Também ajudo na Casa da Medicina Tradicional Xakriabá, um espaço de valorização da tradição dos remédios caseiros, para o nosso consumo e também comercialização. Faço o curso de licenciatura indígena, uma proposta de educação diferenciada que surge de uma parceria da Universidade Federal de Minas Gerais com o povo Xakriabá. O CAA nos apóia nesse processo de formação para que possamos assumir a educação escolar do nosso povo. Hoje são cerca de 120 professores nativos que educam crianças e jovens, assumindo todo o processo, da sala de aula à gestão escolar. Célia (com seus colares e brincos de artesanato), Uma preocupação especial que tenho é com a preservação ajuda a preservar os rios e florestas em seu território ambiental. Aqui no nosso território Xakriabá, eu coordeno um projeto chamado “Xakriabá com Sustentabilidade, recuperando nascentes”, com o apoio do CAA. O objetivo é trabalhar a preservação e recuperação da mata nativa e ciliar, garantindo a sustentabilidade e a sobrevivência desta e das gerações futuras. O projeto tem ajudado a animar a participação de toda a comunidade. Todos vem ajudando muito em forma de mutirão, demonstrando que estão preocupados com essa questão. Nesse momento em que a crise ambiental é discutida mundialmente, muitos deixam de fazer o pouco que podem, então por mais que a nossa ação seja pouca em relação ao mundo, o Povo Xakriabá pode sim contribuir para essa questão maior, de minimizar os impactos dessa crise que está ai.” A partir da década de 40, o território foi sendo roubado por pessoas de má fé, que se apropriaram da terra fazendo os quilombolas assinarem documentos em branco; se faziam de amigos, dizendo que iriam ajudá-los a regularizar a situação da terra. Posteriormente, preenchiam o papel assinado, declarando que a venda da terra por parte dos quilombolas tinha sido efetuada. Desta forma, as famílias quilombolas foram perdendo seu território que era amplo e produtivo. Hoje, nas fazendas que ocupam suas terras ancestrais, só existe criação do gado e não se produz mais alimento para o sustento das comunidades. Por isso, as famílias do quilombo estão sendo obrigadas a viver em uma pequena área de terra, conseguindo apenas plantar uma hortinha, pois não há onde plantar. Em 2005, os quilombolas iniciaram um processo de retomada das suas terras, fazendo ocupações em fazendas, que são pequenas partes do território. Hoje são 3 áreas ocupadas por eles, graças a esse processo de ocupação. O CAA, com apoio da ActionAid, tem auxiliado esse povo no processo de recuperação das terras. Trabalhando a questão ambiental com as crianças Carlos Daniel Gonçalves Dias tem 9 anos e mora no município de Rio Pardo de Minas. Ele participa do programa de Apadrinhamento da ActionAid e nos contou sobre a última cartinha que escreveu: “Na última atividade, o tema trabalhado foi o lixo. Em cada atividade, aprendemos coisas diferentes. Eu aprendi que não devemos jogar lixo no chão, que onde não tem o caminhão pra pegar, nós temos que enterrar. Nós aprendemos que não podemos poluir os rios, nem jogar lixo na terra, não podemos usar veneno nas plantações. Aprendemos também a fazer brinquedo com garrafa Pet. Eu adoro fazer as cartinhas. Nesta atividade, eu fiz um lindo desenho, com uma mata, uma floresta e um córrego”. “Eu adoro escrever as cartinhas!” – disse Carlos Daniel