XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. AS CONDIÇÕES CARACTERISTICAS DOS ALUNOS DA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Hannah Caroline Souza Barros Cavalcanti1, Ana Paula de Siqueira Souza2, Iris Priscila Lins de Andrade3, Paula Dannyelly Coelho Rodrigues4, Maria José Gomes5 Introdução O presente artigo objetivou analisar se as práticas de ensino vivenciadas em uma turma da EJA consideram as especificidades dos educandos, e como isso ocorre. Sendo três as especificidades; a condição de ―não crianças‖, a condição de excluídos da escola e a condição de membros de determinados grupos culturais. O processo de ensino de jovens e adultos remonta ao Brasil Colônia, que assumia um caráter, evangelista, não educacional. Ao longo dos anos muito se discutiu sobre a EJA, causando mudanças no contexto educacional dessa modalidade de ensino. Apenas em meados de 40 foi que essa modalidade de ensino firmou-se como um problema de politica nacional. A partir da década de 50, com a modernização da sociedade, viu-se a necessidade de ‗ajustar‘ a população, iniciando-se campanhas para alfabetizar adultos. Em 1958, no II Congresso Nacional de Educação de Adultos, Paulo Freire apresentou uma proposta educacional que exaltava uma ‗alfabetização para a liberdade‘ (PEREIRA, 2007, p. 55). Esse congresso trouxe um novo pensar na educação para adultos, os alii presentes manifestaram suas preocupações e posições, sobre uma nova perspectiva educacional, que levasse em conta as consequências politicas, sociais e econômicas de suas práticas. Haddad (2000) afirma que até então: Reconhecia-se que a atuação dos educadores de adultos, apesar de organizada como subsistema próprio, reproduzia, de fato, as mesmas ações e características da educação infantil. [...] o adulto não-escolarizado era percebido como um ser imaturo e ignorante, que deveria ser atualizado com os mesmos conteúdos formais da escola primária, percepção esta que reforçava o preconceito contra o analfabeto (p. 112). Fundamentamos a pesquisa em Gomes (2007), e Oliveira (2001), que fazem um levantamento das especificidades dos estudantes da EJA. Ambas fizeram suas pesquisas voltadas para as necessidades desses estudantes, visto serem poucas pesquisas voltadas para essa modalidade de ensino. Para Gomes (2007), o objetivo do educador deve ser uma prática pedagógica respeitosa e democrática, respeitando os saberes dos estudantes da EJA, e que, haja reciprocidade na liberdade de expressão, sem medo de que seu conhecimento seja considerado inferior. A autora conclui que: A identidade sociocultural do alunado é uma das especificidades da EJA e negá-la se constitui um ato de violência que deve ser abolido, para dar lugar à construção de uma convivência solidária entre as diferenças culturais no contexto escolar. Construir esta convivência solidária entre as diferenças culturais solicita um resgate do conhecimento cotidiano do aluno, resultado da sua relação com os outros e com o mundo. (GOMES, , 2007 p.5). Material e métodos Para a coleta de dados, utilizamos como ferramentas de pesquisa entrevistas semi estruturadas por meio de conversas informais e observação participante (Gil, 2007). A observação foi realizada na 4ª fase ―A‖ da EJA, em uma escola da rede estadual de Pernambuco, com 25 alunos matriculados, com faixa etária entre 19 e 40 anos, a maioria dos alunos dessa turma já constituiu família, e precisam trabalhar para suprir as necessidades. As profissões eram variadas; motoboys, pedreiros, donas de casa e desempregados. Focalizamos a disciplina de português. A professora da sala observada é formada em Licenciatura em Letras, exerce a docência há 5 anos, sendo 2 na modalidade da EJA. Quando 1 Discente do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom Pastor s/n, Garanhuns, PE. E-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom Pastor s/n, Garanhuns, PE. E-mail: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom Pastor s/n, Garanhuns, PE. E-mail: [email protected] 4 Discente do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom Pastor s/n, Garanhuns, PE. E-mail: [email protected] 5 Docente do curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom Pastor s/n Boa Vista, Garanhuns- PE XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. questionada sobre o por quê da escolha da EJA, a mesma respondeu que não foi escolha sua, ―mas que com o tempo passou a adorar‖ (sic.). Resultados e Discussão Com base nos estudos feitos, tanto para a realização das observações como dos teóricos, notamos que, embora o ensino de jovens e adultos tenha mudado no decorrer da História, ainda há muito a se fazer. Constatamos que ainda não são consideradas plenamente as especificidades características dos educandos, talvez por desconhecimento da parte da docente. As pesquisas realizadas nos mostram a grandeza dos que lutaram e lutam por uma educação para todos, e que através destas lutas conseguiu-se espaço no cenário da educação brasileira. Há necessidade de mais políticas públicas voltadas à formação de professores da EJA, onde estes possam se identificar com a modalidade, mostrando empenho e dedicação para entender o alunado da EJA, para entender a própria EJA. Ser professor de uma turma de EJA não é apenas alfabetizar usando atividades destinadas às crianças, ou trata-los de forma indiferente, achando-os como incapazes de aprender, mas, é reconhecê-los como sujeito aberto, ou propenso a novos conhecimentos, é saber admirar a sabedoria que estes indivíduos têm, e acima de tudo é conduzi-los a aprendizagem. Agradecimentos Aos estudantes, professora e gestor da escola em que foi realizado o projeto, que participaram, permitindo a elaboração da pesquisa. Referências Brasil. Educação para jovens e adultos: ensino fundamental: proposta curricular - 1º segmento / coordenação e texto final (de) Vera Maria Masagão Ribeiro; — São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 2001. Pierro, M. C D.. Joia, O. Ribeiro, V. M. Visões da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Cadernos Cedes, ano XXI, nº 55, novembro/2001. Gil, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2007. Gomes, M. J. As especificidades da educação de jovens e adultos. In: ____. Profissionais fazendo matemática: o conhecimento de números decimais de alunos pedreiros e marceneiros da educação de jovens e adultos. Recife, 2007. Dissertação de mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFPE. Haddad. S. e Pierro. M. C. D. Escolarização de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação: ANPED. São Paulo, 2000. Oliveira, M. K. de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, n 12, p. 59-73, set/dez, 1999. Pereira, D. de F. F. Educação de jovens e adultos e educação popular: um olhar histórico sobre as políticas públicas ou a ausência delas. Ecos Revista Científica. São Paulo, v. 9, n. 1, p. 53-74, jan./jun. 2009