Quais presentes levamos aos/às jovens?
“Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe.
Ajoelharam-se diante dele e o adoraram.
Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes:
ouro, incenso e mirra”.
Mt 2, 11
Ao descrever a Boa-Nova da chegada do Menino Deus, a Comunidade de Mateus
conta-nos que os magos ao encontrarem o mesmo e depois de o adorarem deram a Ele
presentes. Neste mês, mês em que celebramos Nossa Senhora Aparecida e o dia das
crianças, como Igreja Jovem do Continente – Pastorais da Juventude, no caminho rumo à
Jerusalém, refletindo e vivendo Belém, somos convidados/as a pensar sobre os
presentes que levamos a juventude quando vamos a seu encontro.
A história que gira ao redor dos magos do Oriente foi sempre muito popular. São
eles originalmente sacerdotes persas, ou mesmo, astrólogos, sábios que dispõe de
conhecimento sobrenatural. Os magos viram uma estrela. Foram guiados pela estrela. Os
astrônomos falam de uma aproximação de Júpiter e Saturno ocorrida no ano 7 a.C. Sendo
Júpiter o astro dos reis, e Saturno, a estrela da Palestina, era perfeitamente possível que
astrólogos babilônicos tivessem interpretado essa constelação como sinal do
nascimento de um filho real. Os sábios reconhecem, desde o momento, Jesus como rei
dos judeus e o adoram. Os presentes que deram a Jesus são símbolos que antecipam toda
sua vida, que seria uma vida totalmente doada. O ouro é próprio do rei, incenso é do
sacerdote/divindade e a mirra diz respeito ao sofrimento, ao martírio.
Assim como os magos, seguimos a estrela dessa aspiração que nasce sempre em
nosso horizonte, no horizonte de Belém. É a estrela quem nos conduz desde o início
desses textos, ela nos transporta pro lugar central de Belém: a experiência do encontro
com o Deus encarnado que vem e constrói sua tenda entre nós. Essa é também a grande
meta do projeto de revitalização: vamos à casa de Belém, sentirmo-nos em nossa própria
casa, para experimentar o que Deus quer das Pastorais da Juventude da América Latina.
É momento de colocarmo-nos todos/as, em mutirão, no caminho para encontrar e
adorar o Menino.
Anselm Grün reflete que os três presentes dos magos fazem parte das oferendas
destinadas ao deus sol. Lembramos que num verdadeiro processo de inculturação,
surgiu o Natal para comemorar o nascimento do Cristo, “o novo Sol”, “o sol nascente que
nos veio visitar” (Lc 1, 78), “a luz que ilumina as nações” (Lc 2, 2), o “verdadeiro sol” no
dizer de São Cipriano. Para Grün, os padres da igreja viram um conteúdo simbólico nos
três presentes que poderiam representar o que devemos oferecer a Jesus: o ouro
significa o nosso amor, o incenso a nossa aspiração e a mirra as nossas dores, as feridas
que carregamos conosco. A mirra não representa somente nossa dor, mas como erva
medicinal, também está presente a cura dessa dor.
Igualmente toda pessoa que, no seguimento a Jesus, se coloca a caminho no
encontro dos/as jovens, em seus lugares vitais, levam consigo presentes a eles e elas,
mesmo que isso não seja dito ou escancarado. A partir dos presentes que os magos dão a
Jesus somos convidados/as a nos perguntarmos hoje: Quais presentes levamos aos/às
jovens? Quais presentes temos levado? Quais presentes devemos levar? Onde estão as
maiores carências? As maiores necessidades? Os maiores gritos? Esses são os espaços
dos presentes.
Nesse caminho, como Igreja Jovem do Continente, na fidelidade ao projeto de
Jesus e aos/às jovens empobrecidos/as, pensando sobre os presentes, acreditamos que
na ação evangelizadora com a juventude, não devemos deixar de levar alguns deles: uma
camiseta da Campanha Nacional Contra a Violência e o extermínio de Jovens, um
anel de tucum e um livreto “Divino no Jovem”. Assim como os magos, estes três
simples presentes aos/às jovens, também são símbolos e compromissos que assumimos
com eles/as:
1. Reafirmando a opção por uma ação evangelizadora que passa pela
autonomia, mantendo firme o compromisso com a construção da Civilização
do Amor alicerçada necessariamente pelo poder-serviço incondicional, damos
aos/as jovens o Anel de Tucum. Esse anel, também, é nosso compromisso com
os/as pobres.
2. Reafirmando o primado dos/as jovens como realidade teológica,
mesmo que eles/as não se dêem conta disso, e no compromisso de na ação
com eles/as vivermos, anunciarmos, respeitarmos e celebrarmos o Divino
neles/as, damos de presente o livreto “Divino no Jovem” que o mestre Hilário
Dick escreveu sintetizando de forma profunda, bela e simples a certeza do
Deus que se manifesta na meninada. Esse livreto dado de presente é também
símbolo de um Deus que se faz caminho e que se revela na juventude.
3. Comprometendo-nos a sempre defendermos a vida dos/as jovens,
mesmo que isso custe nossa vida, e a sempre lutarmos para que os direitos
deles/delas sejam respeitados, efetivados e garantidos, damos de presente a
camiseta da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens,
que tem de inúmeras maneiras mobilizado milhares de pessoas em ações
simples, em lugares pequenos e grandes, pela vida da juventude nos últimos
anos.
Dar esses três presentes aos/as jovens vai exigir de todos/as nós, Povo de Deus –
Igreja peregrina, muita coragem, teimosia, esperança e profecia no seguimento a Jesus.
Isso não é tarefa fácil, mas como os magos que não deixam de presentear o Menino Deus,
nós hoje não podemos nos furtar de presentear a meninada com estes presentes. E “a
estrela ia adiante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem de
novo a estrela, os magos ficaram radiantes de alegria” (Mt 9-10).
Sigamos alegres! Guiados pela Estrela ao encontro do Divino
nos/as jovens levando nossos presentes.
Luis Duarte – Integrante da Coordenação Nacional da PJ – Regional Centro Oeste
Maicon André Malacarne – Assessor da PJ de Erexim/RS.
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