BAURU, domingo, 7 de junho de 2015
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Aceituno Jr
SAÚDE EM RISCO
Wellington Oliveira,
Willian Severino, Daiane
Cristina, Danilo Costa
e Fabrício Velasco não
abrem mão de ouvir
celular com fone de
ouvido
Eles adoram o fone de ouvido
Ouvir música do telefone celular diretamente ‘ao pé do ouvido’ virou mania entre os jovens, que admitem excessos, mas minimizam os riscos
NÉLSON GONÇALVES
E
les não desgrudam do
telefone celular. O aparelho, além de ser objeto
de “primeira necessidade” no
dia a dia, também não “anda
sozinho”. O uso está associado, inevitavelmente, ao fone
de ouvido. É assim que milhares de jovens se distraem
ou curtem som. O comportamento “liberado” também
está presente na frente do notebook. Eles confirmam que
ficam “largados” na frente da
tela por horas.
No caso do computador,
os jovens até apontam desconfortos, como o olho ressecado ou dores nas costas
ou na cabeça após longos
períodos de uso contínuo.
Mas o hábito de ouvir som
em volume elevado, entre-
tanto, não gera sensação de
incômodo entre os usuários,
o que é mais preocupante.
Natália Nunes de Almeida, 27 anos, conta que ouve
som ao celular com fone de
ouvido todo dia. “Eu gosto de ouvir alto e em geral
à noite. Eu baixo músicas
ou ouço rádio via celular. A
maioria dos meus amigos
também ouve. Eu sei que faz
mal ouvir alto, mas não deixo de ouvir alto por isso. Até
agora não percebi nenhuma
alteração e meus amigos não
falam disso também”, diz.
Danilo Costa Rodrigues
Torres, 21 anos, diz que cur-
te “o som bem alto no retorno ou ida para o trabalho,
no ônibus coletivo. Distrai
e não fico ouvindo conversa
furada dos outros”, comenta, com humor. “Eu não esquento não com os prejuízos
ao ouvido. Nunca conversei
disso também com meus
amigos e não percebo isso”,
completa.
Wellington Luiz de Oliveira Pereira, 18 anos, também ouve “todo dia no buzão”. “Eu na verdade ouço
o máximo de tempo que
posso. É mais emocionante.
Quando eu tiro o aparelho
para conversar, aí sim per-
Consequências da má utilização do computador
Alex Mita
O hábito de ficar horas
na frente de um computador
tem algumas consequências e
cuidados que precisam ser levados em conta pelo usuário.
A lubrificação dos olhos,
o chamado filme lacrimal
segundo os oftalmologistas,
tem grande chance de ser
afetada pelo uso contínuo
e por longos períodos. Segundo o oftalmologista Raul
Gonçalves de Paula, é comum a alteração na lubrificação. “Quem fica em frente
ao computador pisca menos
e, por isso, o olho costuma
arder mais. Em locais com
ar condicionado esse olho
resseca ainda mais. Com o
tempo, associado ou não a
outros fatores pelo tipo de
uso, esse usuário começa a
ter, por exemplo, dor de cabeça”, adverte o médico.
Raul Gonçalves explica
outras correlações a partir
do uso em função de novas
tecnologias. “Para um agri-
Raul aponta a redução da lubrificação dos olhos, que ardem
cultor que capina a roça, por
exemplo, meio grau de astigmatismo não significa nada.
Mas para quem trabalha ou
usa um notebook muitas horas todo dia isso faz com que
o usuário force para buscar
nitidez na imagem. A exposição por muito tempo com
esse esforço costuma dar dor
de cabeça”, conta.
Outra questão é a insuficiência de convergência. “O
usuário que tem essa dificuldade costuma forçar o uso
da visão mais do que outros,
para que não aconteça a troca da linha na imagem na
tela. Esse esforço também
traz prejuízos e dor de cabeça”, menciona Gonçalves.
A postura do usuário
diante do computador de
mesa ou notebook também
tem de ser levada em conta. “A ergonomia tem de
ser associada aos casos que
comentamos de lubrificação
e insuficiência de convergência. É fundamental que
o usuário informe sua rotina de uso do equipamento
ao seu oftalmo, para que ele
possa determinar a situação
mais adequada. Pode ser que
seja necessário prescrever
uma lente para uma situação
que, em outro tipo de uso,
não seria necessária”, cita.
Para minimizar os efeitos,
o usuário tem de combinar
conscientização com educação para o uso. “Ergonomia é
muito importante. A tela tem
de estar na altura dos olhos,
inclinada 10 graus para frente, o cotovelo tem de estar
posicionado na mesma altura
do teclado e os pés devem ficar no chão, com os joelhos
em posição de 90 graus em
relação à cadeira. Esses detalhes fazem a diferença para
não forçar a musculatura, por
exemplo, do pescoço”.
A doutora Andréa Cintra
Lopes, professora associada da
Faculdade de Odontologia de
Bauru, associa os riscos à perda
de audição ao número de horas
de uso dos fones auriculares ou
intensidade. “A quantidade de
intensidade sonora bem como
o tempo que se fica exposto a
eles são fatores determinantes
da capacidade de prejudicar a
audição”, menciona. A questão
é que no Brasil a desinformação é latente, o que amplifica
a possibilidade de danos. “Algumas pesquisas identificam
o conhecimento da população
acerca de deficiência auditiva. E há desconhecimento
[ [
Riscos estão ligados a horas de uso e intensidade
de grande parte da população
quanto a fatores de risco, como
identificar, e como cuidar da
audição”, adverte Lopes. A
docente informa que a perda
auditiva induzida por música
(PAIM) tem as mesmas características da perda auditiva
induzida por ruído, ou seja,
“um entalhe nas frequências de
4.000 Hz a 6.000 Hz, irreversível, podendo ou não progredir
proporcionalmente se a exposição não for cessada”. Entre
perda auditiva por música e
por ruído, Andréa Cintra esclarece que a única diferença é no
conceito. “Isso porque o ruído
é definido como um som inde-
35%
dos problemas
auditivos no Brasil
são atribuídos à
exposição a sons
muito altos
sejado e a música como algo
prazeroso”, conceitua. Outro
ponto. A exposição a níveis de
ruído de 100 dB NPS somente é permitida uma hora por
dia. “Ficar exposto à música
durante duas horas e meia excede os limites seguros para a
audição humana, e de acordo
com Novak (2005), o uso de
fones hoje é muito diferente
do que víamos no passado.
Aparelhos de CD e MP3, em
especial o iPod, seriam os principais responsáveis pela perda
de audição”, menciona. A pesquisadora revela que o autor
investigou estudantes universitários e descobriu que o uso
de fones se estende por grande
parte do dia, o que provocou o
fenômeno dos “ouvidos velhos
em corpos jovens”. “Ou seja, o
dano na audição está cada vez
mais precoce”, complementa.
cebo a diferença no volume,
mas isso ainda não me preocupa”, comenta.
Wellington também informa que se esquece da
postura à frente do computador. “Já senti o olho ressecado depois de horas no
computador. Arde os olhos.
Quando acontece isso eu levanto ou pouco para dar um
tempo e volto. O problema é
que fico largado, sem posição na frente do computador
também”, explica.
Willian Felipe Severino,
18 anos, também aponta que
a música com fone no ônibus
coletivo relaxa. “Eu tenho
preocupação com o volume
e procuro pôr em um volume
que as pessoas não ouçam.
Mas quando tem muito barulho eu também aumento o volume. E aí eu sinto a diferença
quando paro de ouvir, mas
nunca parei pra pensar nos
prejuízos ao ouvido”, cita.
No notebook, Willian
conta que perde a noção de
postura. “Uso o computador
de todo jeito. Ele já caiu na
minha cara, porque eu dormi
com ele perto. Quando uso
muito tempo a vista parece
que fica cansada. Parece que
o olho fica meio ressecado”,
confessa.
Alertas de
perda auditiva
zDificuldade
para escutar em reuniões familiares,
salas de concerto, teatro, trabalho;
zDificuldade para escutar a televisão e/ou telefone;
zDificuldade para entender a conversação em um
grupo de pessoas;
zPedir aos outros que repitam as falas;
zVirar a cabeça de lado, direcionando-a para os sons
ou para quem fala;
zElevar o volume da TV, rádio ou equipamento de
som;
zEvitar reuniões sociais;
zFingir entender a mensagem recebida.
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Consequências da má utilização do computador Riscos estão