TEOR DE UMIDADE LIMITE PARA CRIOPRESERVAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO COLORIDO Robson Rogério Pessoa Coelho (UFPB – Areia / [email protected]), Mário Eduardo R.M. Cavalcanti Mata (UFCG). RESUMO - O Teor de Umidade Limite para a Criopreservação (TULC), se constitui em um valor acima do qual a viabilidade de uma amostra de sementes é reduzida durante o congelamento. Este limite crítico é, normalmente uma faixa relativamente estreita de teor de umidade dentro da espécie mas pode variar entre espécies. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi o de determinar o teor de umidade limite para a criopreservação de sementes da variedade de algodão colorido BRS-Verde. Após 05 dias imerso no nitrogênio liquido à –196ºC, e no vapor de nitrogênio à -170oC, as sementes, com teor de umidade de, 6, 8, 10, 12 e 14 %, foram submetidas ao descongelamento à temperatura ambiente (± 25ºC e 85% UR), por período de 3 horas. Em seguida foram feitos os testes de germinação e vigor (IVG) de acordo com as Regras de Análise de Sementes. Os resultados obtidos apresentam o teor de umidade de 8% como o limite para a criopreservação de sementes da variedade estudada. Palavras-chave: conservação, nitrogênio líquido, viabilidade. HIGH MOISTURE FREEZING LIMIT OF COTTON COLLOR SEEDS ABSTRACT - The High Moisture Freezing Limit (HMFL), it is constituted in a value above which the viability of a sample of seeds is reduced during the freezing. This critical limit is, usually a strip relatively narrows inside of moisture of the species but it can vary among species. In that way, the objective of the present work was it of determining the high moisture freezing limit (HMFL) of cotton color seeds of the variety BRS-Green. After 05 days immerged in the liquid nitrogen (-196ºC), and in the vapor of nitrogen (-170oC), the seeds, with humidity of, 6, 8, 10, 12 and 14%, they were submitted to the defreezing to the temperature it sets (± 25ºC and 85% UR), for period of 3 hours. Soon after they were made the germination tests and vigor (IVG) in agreement with the Rules of Seeds Analysis. The obtained results present the humidity of 8% as the limit for the criopreservation of seeds of the studied variety. Key words: conservation, liquid nitrogen, viability. INTRODUÇÃO Desde o aparecimento da agricultura, o homem preocupa-se em assegurar a disponibilidade de sementes para o próximo plantio. Além dos problemas de proteção contra roedores, pássaros, insetos e microrganismos, a conservação de sementes é também afetada por outros fatores que podem causar a perda completa do seu valor para plantio (POPINIGIS, 1996). O teor elevado de umidade é, em geral, a principal causa que concorre para a perda do poder germinativo e do vigor das sementes. Por esse motivo tornam-se necessários conhecimentos sobre os problemas causados pelo excesso de umidade nas sementes e como controlá-los ou eliminá-los(TOLEDO e MARCOS FILHO, 1977). No entanto, é possível manter ou prolongar a viabilidade das sementes quando armazenadas em condições controladas de temperatura e suprimento de oxigênio. Isto ocorre porque há redução ou interrupção dos mecanismos deletérios à semente, sobretudo, produção de metabólitos essenciais, decomposição de macromoléculas e acúmulo de metabólitos tóxicos (STANWOOD, 1985). A técnica de criopreservação, isto é, o armazenamento em nitrogênio líquido, proporciona o potencial para uma preservação sem limites de tempo, com a redução do metabolismo a níveis tão baixos que todos os processos bioquímicos são significativamente reduzidos e a deterioração é virtualmente paralisada. Os métodos tradicionais de conservação apenas adiam a deterioração por um período de tempo determinado e específico de acordo com o material e a espécie em questão (CUNHA, 1996). A utilização do nitrogênio líquido como um meio de armazenamento pressupõe que as sementes sobrevivam à exposição sem sofrer danos maiores à sua viabilidade, e para isso, o teor de umidade da semente é, provavelmente, o mais crítico fator para o sucesso da criopreservação, pois se a umidade da semente for muito alta , observa-se a sua morte instantânea durante o processo de congelamento e/ou descongelamento (CUNHA, 1996). Dessa maneira, convencionou-se adotar um limite máximo de umidade para o congelamento (High Moisture Freezing Limit-HMFL ou Teor de Umidade Limite para a Criopreservação-TULC), acima do qual a viabilidade de uma amostra de sementes é reduzida durante o congelamento (STANWOOD, 1985). Este limite crítico é, segundo o autor, normalmente uma faixa relativamente estreita de teor de umidade dentro da espécie mas pode variar entre espécies. Assim, o objetivo do presente trabalho foi o de determinar o teor de umidade limite para a criopreservação de sementes de algodão colorido, da variedade BRS-Verde. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Setor de Criogenia do Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande-PB. Após 05 dias imerso no nitrogênio liquido à –196ºC, e no vapor de nitrogênio à -170oC, as sementes da variedade estudada (BRS-Verde), com teor de umidade de, 6, 8, 10, 12 e 14 %, foram submetidas ao descongelamento à temperatura ambiente (± 25ºC e 85% UR), por período de 3 horas. Em seguida foram feitos os testes de germinação e vigor (IVG) de acordo com as Regras de Análise de Sementes (BRASIL, 1992). Feitas as avaliações destes testes, determinou-se o melhor teor de umidade que as sementes poderiam ser criopreservadas, ou seja, no Teor de Umidade Limite para a Crioconservação (TULC). O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado em um arranjo fatorial 2x5 (2 temperaturas x 5 teores de umidades), com quatro repetições de vinte e cinco sementes cada uma. Os dados obtidos destes variáveis foram submetidos á análise de variância, pelo programa computacional ASSISTAT, versão 6.6 (SILVA, 2002) e as médias dos fatores qualitativos comparadas pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pela análise de variância, observou-se diferença estatística para a germinação e o vigor das sementes da variedade algodão colorido BRS-Verde, expressos em porcentagem de germinação e no índice de velocidade de germinação (IVG), das variáveis temperaturas e teor de umidade e para a interação dessas variáveis. (Tab. 1). Tabela 1. Resumo da análise de variância da germinação e vigor (IVG) de sementes de algodão da variedade BRS-Verde para a determinação do teor de umidade limite para crioconservação(TULC). Areia,(PB)-2005. Quadrados médios Fonte de variação G.L. Germinação Vigor (IVG) Temperaturas (T) 1 160,0* 0,0172 ns Teor de umidade (Tu) 4 2609,4** 2,53** T x Tu 4 125,0** 0,236** Resíduo 30 23,46 0,042 CV% 8,29 8,64 ** = significativo ao nível de 1% de probabilidade; * = significativo ao nível de 5% de probabilidade. Para a percentagem de germinação (Tab. 2), as sementes com teor de umidade entre 6 e 8% obtiveram os maiores valores independente da temperatura utilizada para a determinação do TULC. Da mesma forma as maiores médias obtidas para o vigor (Tabela 2), também foram daquelas sementes com teor de umidade entre 6 e 8%, independente da temperatura. Tabela 2. Valores médios de germinação das sementes de algodão BRS-Verde para a interação temperaturas versus teor de umidade, após 5 dias de crioconservação. Areia,(PB)-2005. Germinação (%) Vigor (IVG) Teor de umidade (%bu) -170 -196 -170 -196 6 76,0 aA 75,0 aA 3,04 aA 2,77 aA 8 79,0 aA 77,0 aA 2,95 aA 2,84 aA 10 66,0 aB 48,0 bB 2,25 aB 1,99 aB 12 39,0 aC 40,0 aB 1,29 bC 1,85 aB 14 42,0 aC 42,0 aB 2,41 aB 2,27 aB Diferença média significativa, para germinação (DMS) colunas = 9,95; DMS linhas = 6,99; Diferença média significativa, para vigor (DMS) colunas = 0,4201; DMS linhas = 0,2954; Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. Tal comportamento indica que estes teores de umidade são os mais indicados para a crioconservação das sementes de algodão colorido da cultivar BRS-Verde, visto que neste intervalo as médias dos fatores utilizados para se determinar o NMU, não diferiram do ponto de vista da estatística Médias inferiores a estas foram oriundas de teores de umidade mais altos, devido provavelmente às concentrações de água presente se encontrarem em valores onde a viabilidade da semente é reduzida durante o congelamento (STANWOOD, 1985). Este mesmo autor apresentou valores de umidade críticos para congelamento de sementes de diversas espécies, dentre elas feijão, alho, sésamo entre outras, onde se salienta a queda drástica do percentual de germinação quando da utilização de teores de umidade acima do nível crítico. De maneira parecida Almeida et al., (2002), determinando o TULC para sementes de mamona de duas variedades, chegou a faixa de 6 a 10% de teor de umidade, como os valores mais apropriados para as duas variedades consideradas no estudo. CONCLUSÃO As sementes de algodão da cultivar BRS-Verde podem ser crioarmazenadas com teor de umidade de 6 a 8%, (TULC) tanto a -170oC (vapor de nitrogênio) como a -196oC (imersão no nitrogênio), sem perda da sua viabilidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F. A. C; MORAIS, A. M. de; CARVALHO, J. M. F. C.; GOUVEIA, J. P. G. de. Crioconservação de sementes de mamona das variedades nordestina e pernambucana. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 6, n. 2, p. 295-302, 2002. BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365 p. CUNHA, R. da. Métodos alternativos para conservação de germoplasma-semente. In: PUIGNAU, J. P. (Ed.) Conservación de germoplasma vegetal. Montevideo: IICA, 1996. p. 123-128. (Dialogo, 45). POPINIGIS, F. Fatores que afetam a qualidade das sementes. In: PUIGNAU, J. P. (Ed.) Conservación de germoplasma vegetal. Montevideo: IICA, 1996. p. 99-104. (Dialogo, 45). STANWOOD, P. C. Cryopreservation of seed germplasm for genetic conservation In: KARTHA, K.K. (ed.). Cryopreservation of plant cells and organs. Boca Rotan: CRC Press, 1985. p.199-225. TOLEDO, F. F. de; MARCOS FILHO, J. Secagem de sementes. In: TOLEDO, F. F. de; MARCOS FILHO, J. Manual das sementes: tecnologia da prrodução. São Paulo: Agronômica Ceres, 1977, p.123-144.