Conheça as Plataformas Apostólicas da Província do Brasil pág. 24 JESUÍTAS BRASIL edição 10 | ANO 1 | nov. /DEZ. 2014 | jesuitasbrasil.com Companhia de Jesus, uma única Província no Brasil Padre Adolfo Nicolás e padre João Renato Eidt em cerimônia realizada no dia 16 de novembro Especial • 8 “Peço a Deus que continue inflamando com a missão Provincial do Brasil, Pe. João Renato Eidt (à dir. do Pe. Adolfo Nicolás), em em nossos corações o desejo de colaborar de seu filho [...]” mensagem de agradecimento aos que acompanharam a cerimônia de criação da BRA. 4 editorial Em tempos de PASSAGEM, partilhar as reservas de VIDA Pe. Carlos Palácio, sj A tentativa de fazer um relato exaustivo dos anos de construção da Província do Brasil seria tarefa sem fim. Vendo, agora, os acontecimentos “pelas costas” é lícito operar uma “redução ao essencial”, resumida nestas palavras: Deus ‘aconteceu’ em nossa vida de “companheiros de Jesus” e nos lançou a uma aventura arriscada; de nossa parte, acolhemos essa pro-vocação e nos pusemos a caminho, conduzidos pelo ‘Senhor do impossível’. Ele ‘aconteceu’, no início, como desinstalação que nos fez sair do conhecido e nos projetou para um futuro que escapa às nossas mãos. Começo de uma aventura que afetou a todos, sem deixar ninguém indiferente. Experiência de desapego, abertura ao desconhecido, renúncia às seguranças e, sobretudo, abandono ao mistério do ‘Deus semper maior’. Para alguns, a proposta e os objetivos estabelecidos se apresentavam como tarefa impossível, desaconselhável aos olhos da prudência humana. A maioria, porém, aceitou a pro-vocação como um chamado do Senhor: apostar na “reserva de vida” da Companhia ― pessoas e corpo ―, num ‘excesso’ não explorado, que o chamado do Senhor pode reacender. E ‘cegamente’ ― ou talvez por excesso de luz, deslumbrados pela claridade da graça recebida ― iniciamos o processo. O Senhor foi confirmando o caminho. Em momentos decisivos, nos fez experimentar que o verdadeiro condutor do processo foi sempre Ele. Quem teria podido prever a convergência que se deu nas reuniões de Plataformas Apostólicas? Ou imaginar, de antemão, o clima vivenciado na Assembleia de Itaici? Passo a passo, guiados pelo “mestre do impossível”, o sonho foi tornando-se realidade e o improvável tomou corpo diante de nossos olhos. “O Senhor foi confirmando o caminho. Em momentos decisivos, nos fez experimentar que o verdadeiro condutor do processo foi sempre Ele” Não faltou o lado opaco da experiência ― momentos difíceis, impasses, sofrimentos e “noites escuras” ―, contraponto sombrio de toda vida humana, marcada inevitavelmente pela ambiguidade. A superação dessas discórdias não se fez pelo confronto. Foi ao redor de Cristo que experimentamos a alegria de estarmos unidos para além das discordâncias: aceitando que elas fossem ‘crucificadas’ e morressem com Ele na cruz, para ressurgir ‘reconciliadas’ no Cristo (cfr. Ef 2, 16 no conjunto 14-22). Concluído o processo, o desafio é a vida. Para levar a cabo o projeto e alcançar os objetivos da nova Provín- cia, não bastam as estruturas. Mesmo novas, por si só, elas não produzem vida. Devem ser ‘animadas’, imbuídas de espírito; o mesmo que presidiu o processo e só pode ser transmitido por pessoas tomadas por esse espírito: cada jesuíta (responsável pelo corpo) e os Superiores que carregarão o peso da implantação. Revitalizar a vida das pessoas e a missão do corpo apostólico será um sonho condenado ao fracasso, se não estiver ancorado em Deus, fundamentado na pedra angular, Jesus Cristo, e submetido ao discernimento constante dos espíritos que nos movem. Cada jesuíta é convidado a ‘agir com espírito’ no ingente trabalho de implantação, a realizar um ‘agir discernido’. Nesse trabalho responsável, é decisivo que cada um experimente a riqueza desses três princípios de antropologia espiritual inaciana que tocam a misteriosa relação entre graça e liberdade: a) ter a consciência de ser “antes e depois tudo impedimento”, mas lutar para não pôr obstáculos ao que Deus deseja realizar em nós; b) “deixar-se surpreender” e “admirar-se” ao constatar o que pode dar de si toda liberdade humana quando desafiada por Deus; e c) ter experimentado que, cada pessoa, quando se deixa conduzir por Deus, liberta o que possui de melhor e se torna capaz de dar muito mais de si. Aplicar e verificar esses princípios no cuidado de cada jesuíta e do corpo todo nos fará vislumbrar uma riqueza com a qual não contávamos e fortalecerá a confiança no “mestre do impossível”. Que Ele nos conceda viver a passagem para a nova Província como momento ‘pascal’, momento de graça – pessoal e institucional – que nos transforme em “instrumentos dóceis” nas mãos do Senhor. 5 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l CALENDÁRIO LITÚRGICO – NOVEMBRO | DEZEMBRO Próprio da Companhia de Jesus 23 de novembro Bem-aventurado Miguel Agostinho Pro, presbítero e mártir 26 de novembro São João Berchmans, religioso 29 de novembro Bem-aventurado Bernardo Francisco de Hoyos, presbítero 1º de dezembro Santos Edmundo Campion, Roberto Southwell, presbíteros e companheiros, mártires 03 de dezembro São Francisco Xavier, presbítero 12 de dezembro Nossa Senhora de Guadalupe Expediente Os Milagres de São Francisco Xavier, Peter Paul Rubens Ir. Eudson Ramos, SJ Pe. Francys Silvestrini Adão, SJ Diretores editoriais Pe. Geraldo Lacerdine, SJ Colaboradores da 10ª Edição Fazemos também um agradecimento especial a todos que colaboraram com essa edição. Diretor do NCI EM COMPANHIA é uma publicação mensal dos Jesuítas do Brasil, produzida pelo Núcleo de Comunicação Integrada (NCI). Silvia Lenzi (MTB: 16.021) Editora e jornalista responsável Fotos Dimas Oliveira / Banco de imagens / Divulgação Juliana Dias Redação Contato NCI [email protected] www.jesuitasbrasil.com Victor Pisani Diagramação e edição de imagens JESUÍTAS BRASIL 6 entrevista PEREGRINOS EM MISSÃO Formamos um só Corpo Apostólico Em agosto, mais de 300 jesuítas reuniram-se para discernir sobre a missão. Para o senhor, como foi participar desse momento? Participar da Primeira Assembleia da BRA, para mim, foi, acima de tudo, uma oportunidade de conhecer e conviver com os jesuítas. Foram dias de alegria e consolação pelo espírito alegre, de partilha e de esperança, manifestado e vivenciado pela assembleia reunida. Tive também a grata sensação de que já estávamos vivendo o espírito da nova e única província no Brasil. Quais as expectativas e os desafios do senhor em relação a sua nova missão? Em 3 de setembro, o padre Adolfo Nicolás, Superior Geral da Companhia de Jesus, comunicou ao padre Carlos Palácio, então provincial do Brasil, a decisão de confiar ao padre João Renato Eidt a missão de conduzir, como primeiro Provincial, a futura Província dos Jesuítas do Brasil (BRA). Em entrevista exclusiva ao informativo Em Companhia, o jesuíta conta que recebeu a notícia “com surpresa e susto”, ressaltando que “sabia que alguém receberia essa incumbência, mas sempre imaginava e pensava em outros nomes que, no meu entender, eram os mais aptos para assumirem esta missão”. Empossado oficialmente como Provincial em 16 de novembro, em cerimônia realizada no Rio de Janeiro (RJ), o padre João Renato fala ainda sobre os desafios e as expectativas da sua nova missão, assim como um pouco da sua formação, entre outros assuntos. Leia a seguir: As expectativas são de colaborar, animar e garantir a unidade da vida e missão da Companhia de Jesus no Brasil. Da mesma forma, vejo como expectativa e desafio ao mesmo tempo, animar tanto jesuítas quanto colaboradores, leigos e leigas, para, juntos, abrirmos o coração e o espírito ao novo que o Senhor nos pede, em nossa missão, a favor da vida. Trata-se de animar e incentivar, com espírito de discernimento, todo Cor- po Apostólico da Companhia de Jesus no Brasil, para que a nova proposta de vida e missão passe do ideal para o real. Cabe também, a mim, percorrer o Brasil, de norte a sul, visitando jesuítas, colaboradores (as), nas distintas obras apostólicas, para que o Corpo Apostólico da Companhia de Jesus se mantenha unido, como uma única província, de forma dinâmica, criativa e alegre na vida e missão que o Senhor nos confia. Nos próximos anos, o que esperar da missão da Companhia de Jesus no Brasil? Dentro da perspectiva da nova província, podemos esperar um Corpo Apostólico de Jesuítas, leigos e leigas unido, com novo espírito, buscando viver e servir a vida e missão que Cristo nos confia, com mais qualidade, mais alegria (Alegria do Evangelho), à luz do carisma inaciano. Como jesuítas, colaboradores (as) e leigos (as) podem ajudar nesse processo? Acredito que a ajuda de todos os que estão envolvidos com a mis- 7 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l entrevista PEREGRINOS EM MISSÃO são da Companhia de Jesus no Brasil, antes de mais nada, é procurar entender a nova proposta de vida e missão que a BRA quer viver. É importante abrir-se ao novo e ao diferente. A missão, para a grande maioria, se dará nas Plataformas Apostólicas. No entanto, o conjunto das Plataformas Apostólicas forma a Província BRA. Mesmo que cada Plataforma Apostólica tenha características específicas, não podemos perder de vista a unidade da missão da Companhia de Jesus no Brasil. Formamos um só Corpo Apostólico. Qual mensagem o senhor gostaria de deixar a todos? Que todos (as) entrem com o coração e o espírito abertos para este momento novo e importante que a Companhia de Jesus está vivendo aqui no Brasil. Que o espírito de esperança, de vida nova, de alegria, de colaboração, de abertura e de disponibilidade seja alimentado em cada um e cada uma dos que formamos esse grande Corpo Apostólico. Que cada um e cada uma partilhe os seus dons e talentos para podermos servir com qualidade humana, espiritual e profissional. Que o Senhor nos abençoe e fortaleça como Corpo Apostólico a serviço de sua missão. O que é ser jesuíta para o senhor? Ser jesuíta, para mim, significa ser parte da Companhia de Jesus, do seu carisma e jeito de ser, respondendo ao chamado de Deus. Ser jesuíta significa colaborar com a missão de Cristo, colocando a vida a serviço da vida, na Igreja. Ser jesuíta significa sentir-se profundamente marcado pela experiência dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio que levam a uma relação íntima com Cristo. Essa relação próxima e amiga com o Mestre marca o jeito de ser e agir do jesuíta, levando-o a em “tudo amar e servir”. O padre João Renato Eidt nasceu na cidade de Itapiranga, em Santa Catarina, no dia 29 de outubro de 1962. Criou-se em Santa Fé, comunidade rural do município. “Faço parte de uma família numerosa, 14 filhos. Destaco a importância dos valores religiosos, honestidade e trabalho que aprendi na família desde a minha infância”, ressalta o jesuíta. Os primeiros contatos com a Companhia de Jesus aconteceram ainda em sua cidade natal. A paróquia de Itapiranga sempre foi animada pelos padres jesuítas, que tinham também um seminário no município. “Assim me criei e eduquei, sendo marcado pela presença e orientação religiosa dos jesuítas”, comenta o padre João Renato. Foi essa proximidade que o levou também a descobrir sua vocação. “A vocação é iniciativa de Deus. No meu caso, desde a minha infância, participando da comunidade eclesial, animada e orientada pelos jesuítas, foi despertando em mim o desejo de ser padre jesuíta. Pela participação na vida eclesial, o desejo de seguir Jesus Cristo, para anunciar o Evangelho, sempre me tocou profundamente. Como tive mais contato com a Companhia de Jesus, fui me identificando com o seu jeito de ser e atuar apostolicamente.” Em 18 de fevereiro de 1986, padre João Renato ingressou na Compa- nhia de Jesus, sendo ordenado presbítero em 11 de julho de 1998. Fez seus últimos votos em 26 de maio de 2007. Além da formação própria da Ordem religiosa, fez mestrado em Counseling, na Loyola University, em Chicago, Estados Unidos. “O processo de formação na Companhia de Jesus é longo e sério. Além da formação acadêmica, há a formação espiritual, pastoral e humana”, ele conta. “Além do estudo acadêmico de Filosofia e Teologia, eu me formei em Pastoral Counseling. Este estudo de psicologia e pastoral me ajuda muito para trabalhar na orientação espiritual, oferecer retiros espirituais, acompanhar, terapeuticamente, pessoas nas suas lutas, conflitos e buscas por uma vida mais integrada, digna e qualificada. Viver fora do país também me ajudou a compreender e acolher as diferentes culturas, valores e manifestações religiosas.” Entre as missões desempenhadas na Companhia de Jesus, padre João Renato foi orientador espiritual do Juniorado Interprovincial Pe. Gabriel Malagrida, em João Pessoa (PB), diretor do CECREI (Centro de Espiritualidade Cristo Rei), em São Leopoldo (RS), reitor do Filosofado São Francisco Xavier, em Belo Horizonte (MG), e, desde 2012, era reitor do Teologado (CIF) Santo Inácio de Loyola, em Belo Horizonte (MG). 8 especial Uma única missão Assim como nos tempos de Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, a Companhia de Jesus no país voltou a organizar-se em uma estrutura única. A criação da nova Província do Brasil e a posse do padre João Renato Eidt, como Provincial, foram oficializadas em cerimônia realizada no Rio de Janeiro (RJ), em 16 de novembro, com a presença do Superior Geral da Companhia de Jesus, padre Adolfo Nicolás, jesuítas e colaboradores. Transmitido ao vivo, via internet, o momento histórico pôde ser compartilhado ainda por aqueles que estavam fisicamente distantes, mas em comunhão de corações. Durante o colóquio, que deu início à cerimônia, padre Adolfo Nicolás ressaltou a importância de se ter uma única Província no Brasil e os desafios que isso significa. Entre eles, lembrou que o momento é uma grande oportunidade de se recriar a Companhia de Jesus. “Acredito que toda geração tem de recriá-la, incorporando o espírito de Santo Inácio e estabelecendo novas estruturas e formas de responder à missão da Ordem religiosa. Entretanto, as novas estruturas, por melhores que sejam, só funcionarão se todos souberem colaborar e contribuir na missão. Creio que a nova Província é responsabilidade de todos. Nem tudo está terminado e perfeito, porque não há nada perfeito”, observou. Ao final do colóquio, o padre João Renato agradeceu ao Superior Geral da Companhia. “Muito obrigado por suas palavras de incentivo, de apoio e de desafios que teremos com a nova Província do Brasil”, disse. Em seguida, os presentes participaram da celebração eucarística em ação de graças pela criação da Província do Brasil, presidida pelo padre Adolfo Nicolás. No início da missa, ainda como Provincial do Brasil, padre Carlos Palácio lembrou que “Agradecer, Agradecimento e Dar Graças” são termos muito frequentes na linguagem de Santo Inácio. Uma atitude que, para o fundador da Companhia de Jesus, constitui e deveria caracterizar a nossa vida como cristãos. “Dessa forma, gostaria que os agradecimentos fossem estendidos a Deus, à Companhia de Jesus, ao Padre Geral e a todos, jesuítas e leigos, que contribuíram para tornar possível e levar adiante o processo de criação da nova Província”, pediu padre Palácio. “Nessa Eucaristia, de modo especial, eu gostaria que agradecêssemos a Deus pela disponibilidade do padre João Renato e do grupo de superiores locais, que partilharão a condução da vida e da missão, para que o Senhor nos conceda a todos a graça de mostrarmos com a vida que vivemos de graça.” 9 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l especial “Acredito que toda geração tem de recriá-la, incorporando o espírito de Santo Inácio e estabelecendo novas estruturas e formas de responder à missão da Ordem religiosa” Padre Adolfo Nicolás Ao final da missa, padre Palácio leu o decreto de criação da Província do Brasil e da nomeação do novo Provincial. Padre João Renato, então, agradeceu seu antecessor pelo esforço incansável empregado ao longo da condução de todo esse processo e a todos que nele estiveram envolvidos, em especial aos padres Luiz Fernando Klein e Francys Silvestrini Adão, que desempenharam a função de Sócios nesse período. Os agradecimentos foram estendidos também aos Provinciais das extintas províncias, que trabalharam para viabilizar as mudanças. Em seguida, o padre João Renato apresentou os jesuítas que farão parte do novo Governo da Província do Brasil, agradecendo-os também por aceitarem a missão. Por fim, o novo Provincial pediu, em nome de toda a Província: “Que Deus continue nos abençoando, que nos ilumine e nos conduza pelo caminho que Ele tem pensado para nós, Corpo Apostólico”. 10 especial Primeira Província do Brasil Criada em 9 de julho de 1553, a primeira Província do Brasil foi também a 6ª Província estabelecida pela Ordem religiosa. Como descrito no livro História da Companhia de Jesus, de Serafim Leite, após a criação, “Inácio de Loyola ordenou que o padre Nóbrega fizesse a profissão solene, circunstância requerida para assumir o ofício de Provincial. Ora só em 25 de março de 1555 é que Nóbrega se refere à carta do Padre Geral, que acabava de receber, com a ordem de fazer a profissão. Fê-la a 27 de abril de 1556”. O autor conta ainda que as casas que constituíam a Província do Brasil dividiam-se em casas das Aldeias, casas das Capitanias e Colégios das vilas e cidades. “Nas Aldeias, havia um Superior, subordinado ao Reitor ou Padre ‘Superintendente’, que vivia habitualmente no Colégio. Mas nisso houve alguma flutuação no século XVI. Nas residências das Capitanias, o Superior era, como Reitor dos Colégios, subordinado ao Provincial”, escreve Serafim Leite, acrescentando: “Cada Colégio tinha o seu âmbito de atividade bem determinado, formando cada qual uma zona geográfica, econômica e missionária”. Partida de Estácio de Sá, quadro de Benedito Calixto em que o padre Manuel da Nóbrega benze esquadra que se dirijirá a batalha. 11 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l especial “Nessa Eucaristia, de modo especial, eu gostaria que agradecêssemos a Deus pela disponibilidade do padre João Renato e do grupo de superiores locais, que partilharão a condução da vida e da missão” Padre Carlos palácio 12 especial Celebração e gratidão Expresso meus sinceros agradecimentos pela presença e apoio dos jesuítas e colaboradores (as) no colóquio e na celebração do último domingo (16 de novembro), por ocasião da criação da Província dos Jesuítas do Brasil. A alegria e a comunhão de ideais e missão eram visíveis no semblante de cada um (a). Sei também que muitos (as) outros (as) acompanharam a cerimônia em tempo real, de seus lugares de origem e missão. Nesse momento, recordando a expressão tão cara a Inácio, “amigos no Senhor”, renovo os laços que nos unem mesmo que estejamos distantes. Peço a Deus que continue inflamando, em nossos corações, o desejo de colaborar com a missão de seu Filho, nas mais diversas realidades apostólicas onde vivemos. Muito obrigado! Pe. João Renato Eidt, SJ Provincial do Brasil I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l 13 especial “Que Deus continue nos abençoando, que nos ilumine e nos conduza pelo caminho que Ele tem pensado para nós, Corpo Apostólico”. Padre João Renato Eidt 14 especial Pe. geral pelo brasil Padre Adolfo Nicolás em São Paulo Em sua visita ao Brasil, o Superior Geral da Companhia de Jesus, padre Adolfo Nicolás, reservou o dia 15 de novembro (sábado) para várias atividades em São Paulo. Logo cedo, reuniu-se com os jesuítas da antiga Província Brasil Centro-Leste (BRC), no Pateo do Collegio. Em seguida, na igreja local, presidiu a Celebração Eucarística, com a presença também de colaboradores das obras da Companhia de Jesus e do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer. Na ocasião, padre Adolfo Nicolás falou sobre a importância de doar-se às pessoas. “Viver para os outros, é isso que o cristianismo diz”, afirmou. O padre Mieczyslaw Smyda, como provincial da Província BRC, agradeceu a presença de todos na missa. “Esse encontro representa o espírito de unidade dos jesuítas e dos colaboradores de nossas obras. Nesse local, São José de Anchieta, Nóbrega e seus companheiros celebraram a 1ª missa dos jesuítas no país. Hoje, temos a alegria de celebrar essa Eucaristia, pois estamos iniciando a volta de uma província única no Brasil”, declarou o jesuíta. Após a Eucaristia e o almoço de confraternização no Pateo do Collegio, o padre Adolfo Nicolás visitou o Centro Santa Fé, onde se encontrou com crianças, adolescentes e educadores dos projetos sociais da Companhia de Jesus em São Paulo. Com o objetivo de mostrar um pouco dos trabalhos realizados pelos projetos OCA (Oficinas Culturais Anchieta), Centro Santa Fé e Fundação Fé e Alegria, foram realizadas apresentações de música, street dance, maculelê, capoeira e teatro. “Muito obrigado por esta tarde. Diverti-me muito. Eu só sinto muito por não ser mais jovem para poder dançar com vocês”, brincou o padre Adolfo Nicolás. Ele acrescentou ainda que “esses são os jovens a que a Companhia de Jesus quer servir” e, se viesse em missão ao Brasil, “gostaria de trabalhar nesses projetos”. Estar perto do Superior Geral da Companhia de Jesus e mostrar os trabalhos que são desenvolvidos pela Ordem religiosa em São Paulo foi um momento especial também para crianças, adolescentes e educadores dos projetos sociais. “A visita do Padre Geral ao Brasil e, em especial, a São Paulo, trouxe muita esperança aos membros do Fé e Alegria. Esperança de que possamos realmente atender ao que o papa Francisco tem pedido à Igreja e à Companhia de Jesus: ‘que os pastores estejam jun- 15 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l ESPecial pe. geral pelo brasil to ao povo’. Hoje, o padre Adolfo Nicolás sentiu que a Companhia está onde deve estar, nos lugares onde o desafio e o nível de pobreza são maiores”, afirmou padre Álvaro Negromonte, diretor presidente da Fundação Fé e Alegria do Brasil. Para Sarah Cazella, supervisora pedagógica do Centro Santa Fé, as apresentações realizadas no Centro Santa Fé trazem um significado que vai além de atividades pontuais de dança, capoeira ou música. “Para chegarmos ao resultado visto no palco, os educandos dos projetos sociais discutiram e trabalharam antes ‘o que sentem, o que querem e o que devem fazer’. O que vimos foi o resultado desse processo”, contou Sarah. “Fiquei emocionada ao ver o que é possível fazer com a união dos três projetos da Companhia de Jesus em São Paulo.” Valéria Castilho, coordenadora do Projeto OCA, ressaltou que “a experiência de se apresentar ao Padre Geral reforçou para os educandos o sentido de pertença a uma instituição muito maior e, para nós, colaboradores, além desse sentimento de unidade, nos anima a continuar a Missão”. Ela comentou ainda que foi também um momento de alegria e de encontro entre os adoles- centes das três obras, o que amplia os horizontes e aumenta a autoestima. “Os jovens sentiram-se importantes, valorizados e capazes ao apresentar um pouco do trabalho que realizamos dentro do Projeto OCA para o Superior Geral da Companhia de Jesus. Além disso, eles ficaram impressionados com a simplicidade, a simpatia e a alegria do padre Adolfo Nicolás”, finalizou. 16 A Companhia de Jesus no Brasil GOVERNO da província União dos Corações O Governo da Província do Brasil tem como intuito manter viva a união dos corações, garantindo assim a eficácia da ação apostólica. Suas decisões devem assegurar a fidelidade à identidade e à missão do corpo apostólico da Companhia de Jesus no País, animando os jesuítas na missão recebida. Além disso, o Governo assume o papel de principal responsável pela execução do Plano Apostólico, destinando, dessa forma, recursos humanos e financeiros para as diversas missões assumidas pela Província, de modo especial para aquelas que foram definidas como opção preferencial. Investir na formação do corpo apostólico, sobretudo dos jovens jesuítas, também é uma das responsabilidades do Governo. organograma do governo da província dos JEsuítas do Brasil 17 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província staff de governo Com a responsabilidade de assessorar o Provincial na condução da Província do Brasil, o Staff de Governo é constituído pelo Sócio e Admonitor, Administrador e Secretário/Arquivista, além dos Delegados para a Educação, para a Formação e para o Cuidado da Saúde. Nas próximas páginas, será possível conhecer mais sobre a missão de cada um desses jesuítas. Sócio e Admonitor do Provincial Irmão Eudson Ramos Na nova Província do Brasil, as funções de Sócio e Admonitor serão desempenhadas pelo irmão Eudson Ramos. Como Sócio, ele deverá auxiliar o Provincial em todas as atividades e processos internos da Província, como: responsabilizar-se pelas correspondências com a Cúria Geral dos jesuítas em Roma, e com os representantes das paróquias e dioceses brasileiras; da documentação dos jesuítas (vivos, falecidos e egressos); acompanhar, elaborar e divulgar publicações da Companhia (por exemplo, o Catálogo dos Jesuítas do Brasil e o informativo Em Companhia); e participar, quando solicitado, de reuniões de diferentes comissões e apostolados, dentre outros. Já como Admonitor, irmão Eudson zelará para que o Provincial realize adequadamente sua missão, além de cuidar de sua saúde e proporcionar o devido descanso a ele. “Trata-se de apoiar o Provincial no modo de governar, na eficácia do governo e no exemplo pessoal que ele desempenhará diante dos demais companheiros jesuítas”, diz irmão Eudson. “O principal desafio que terei é o de realizar atividades em nível nacional que, antes, eram realizadas pelos sócios de cada uma das extintas províncias. As atribuições não sofrerão alteração, mas as proporções e expansões serão redimensionadas.” Nascido em Arcoverde (PE), irmão Eudson sempre esteve envolvido em atividades pastorais, desde a adolescência. “Foi a partir desse engajamento que percebi que a opção por dedicar minha vida e dons a serviço do Reino começava a me entusiasmar”, ele conta. “Porém, a identificação com a vocação sacerdotal não despertava minha busca vocacional. Após o contato inicial com os jesuítas, fui informado de que poderia discernir as vocações de Irmão e Padre. Ser Jesuíta Irmão é ser um sinal da presença de Deus nos diversos setores por onde podemos ser enviados em missão.” Após o período de acompanhamento nos encontros vocacionais, irmão Eudson foi enviado à Comunidade Vocacional, em Fortaleza (CE), e, em seguida, morou em Russas (CE), colaborando em uma paróquia confiada à Companhia. Em 1995, ini- ciou o Noviciado em Feira de Santana (BA), professando os primeiros votos como Jesuíta Irmão, em 2 de fevereiro de 1997, e seguindo para a etapa do Juniorado, em João Pessoa (PB). “Naquele mesmo ano, iniciei o curso de Administração de Empresas, na Unicap (Universidade Católica de Pernambuco)”, conta. “Após quase oito anos, fui transferido para Salvador (BA), onde realizei meus estudos teológicos. Em 2009, fui enviado à Irlanda para realizar a Terceira Provação. Desde 2010, atuava na Administração da FAJE (Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia), em Belo Horizonte (MG).” 18 A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Administrador Provincial Padre João Geraldo Kolling A função de Administrador Provincial está prevista e descrita nos documentos da Companhia de Jesus, especialmente em termos de colaborador do Provincial em questões administrativas, gestão dos bens e patrimônios da Província, com vistas à realização da missão. No Brasil, a criação de uma só Província implica desafios novos, principalmente ao se considerar a complexidade de situações existentes no País, como as distâncias significativas e a amplidão de presenças apostólicas e de bens da Ordem religiosa no território nacional. Para conduzir essa missão, foi escolhido o padre João Geraldo Kolling. “Nasci e cresci em Chapada, Rio Grande do Sul, para ainda jovem migrar para Guaraciaba, em Santa Catarina”, relembra o jesuíta. “Lá, conheci a Companhia de Jesus e entrei no Seminário menor, em Sede Capela, no município de Itapiranga.” Padre Geraldo cursou o antigo Ginásio em Salvador do Sul (RS) e o Científico, em Florianópolis (SC). Ingressou no Noviciado, em Porto Alegre (RS), em 24 de fevereiro de 1972. “Após cursar Filosofia e Estudos Sociais na UNISINOS, em São Leopoldo (RS), e Teologia na Pontificia Università Gregoriana (PUG), em Roma, fui ordenado sacerdote em 9 de julho de 1983, em Guaraciaba, Santa Catarina. Concluída a graduação em Psicologia, pela PUG, fui mestre de Noviços, em Cascavel (PR), diretor do Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI), em São Leopoldo, e Provincial da BRM e, desde 2012, Administrador Provincial da BRM. “Com a graça de Deus e ajuda de todos, espero realizar fecunda missão como Administrador Provincial da BRA”, conclui padre Geraldo. 19 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Secretário/Arquivista Padre José Luis Fuentes Rodríguez O Secretário auxilia o Sócio e, eventualmente, o Provincial com a redação de correspondências que lhe forem confiadas. Já o Arquivista é o responsável pelo registro, organização e guarda dos documentos da Província referentes às pessoas, obras, residências, além de correspondência e assuntos importantes, entre outras atribuições. “O governo da Província depende bastante das informações guardadas no arquivo. A essas recorre frequentemente o Provincial. O conhecimento e a organização do Arquivista são decisivos para a rapidez e eficácia do fluxo das informações necessárias”, explica o padre José Luis Fuentes Rodríguez. “O grande desafio é o tamanho e a complexidade de quatro províncias reunidas em uma só. Cada uma teve vários Arquivistas ao longo dos anos. Por mais que existam normas universais na Companhia para guarda dos arquivos, cada cabeça organiza concretamente do seu jeito.” Padre Fuentes nasceu na Galícia, Espa- nha. Na Companhia de Jesus, frequentou o Noviciado e o Juniorado em Salamanca. De lá, viajou para o Brasil, onde estudou Filosofia, em Nova Friburgo (RJ), Magistério, no Seminário Vocacional, em Belo Horizonte (MG), e um semestre em Santa Rita do Sapucaí, na ETE. Em 1964, foi enviado para estudar Teologia, nos Estados Unidos. “Retornei ao Brasil já ordenado sacerdote no México, em 1967, e com um Master of Education, feito na Loyola University, em 1969, além de uma passagem pela Espanha, onde revi a família após 10 anos”, relembra o jesuíta que, nesse período, foi também coordenador/assessor pedagógico do Colégio dos Jesuítas, em Juiz de Fora (MG). “Para concluir minha formação, faltava a Terceira Provação, a qual tive como instrutor Dom Luciano Mendes de Almeida, ainda padre, pouco antes de ser feito bispo. Pronunciei os últimos votos em Juiz de Fora, em 15 de agosto de 1973.” Segundo padre Fuentes, a formação em Educação o orientou para o serviço nos Colégios. “De orientador espiritual de alunos a diretor pedagógico e diretor geral, passei por cinco dos sete colégios da Província Brasil Centro-Leste (BRC). Servi, ainda, no Centro Pe- dagógico Pedro Arrupe (CPPA) e na Associação dos Colégios (ACOJE), durante 11 anos. Só mudei de ramo em 2012, para servir na cúria da BRC, onde me encontro hoje”, finaliza o jesuíta. 20 A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Delegado para a Educação Padre Mário Sündermann O Delegado para a Educação Básica está encarregado, pelo Provincial, de acompanhar o trabalho nas unidades educativas, apoiando diretamente os diretores gerais para que o projeto educativo de cada escola se alinhe com a missão da Companhia no Brasil e com as orientações do Secretariado Mundial para Educação Básica. “A estrutura criada em torno desta delegação pode favorecer a construção de um novo modo de atuar nos e entre os colégios. Além disso, pode e deve favorecer a articulação com as demais presenças apostólicas da Companhia de Jesus no Brasil”, afirma padre Mário Sündermann, nomeado Delegado para a Educação Básica em janeiro de 2014. O jesuíta elenca, a seguir, um conjunto de desafios para o cumprimento de sua missão: • Criar a consciência de Rede Jesuíta de Educação – reconhecer-se parte de uma rede de educação que vai além das cidades onde o colégio situa-se, transcende até mesmo o Brasil. • Promover uma educação que leve ao compromisso social – outro desafio, cada vez mais visível, é como educar hoje. Que estratégias educativas conseguem promover maior humanização, consciência e compromisso social de nossos alunos? • Como apropriar-se melhor de recursos tecnológicos nas mediações pedagógicas – mais do que diversificar o uso das TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação), é preciso ter, no horizonte, o novo modo com que as nossas crianças lidam com as informações e a forma como aprendem. Isso também reforça o constante desafio da contínua formação docente. • Desafio da sustentabilidade econômico-financeira – cada vez mais estamos desafiados a utilizar os recursos de modo eficaz. A eficiência apenas já não nos basta. Nascido em São João do Oeste, atual Itapiranga (SC), padre Mário conheceu a Companhia de Jesus ainda pequeno. “Meus pais são de Santa Cruz do Sul (RS), onde a presença dos jesuítas era muito grande. Depois, eles foram morar em São João do Oeste, onde a paróquia é dos jesuítas. Assim sendo, o contato com a Companhia de Jesus foi natural”, relembra. “Mi- nha família era bastante religiosa. Desde cedo, imaginava ser padre.” Após o Seminário menor (1984-86), o padre cumpriu as etapas normais da formação de um jesuíta: Noviciado, em Cascavel (PR); Juniorado, em João Pessoa (PB); Filosofia, em Belo Horizonte (MG); Magistério, em Ubiratã (PR); Teologia, em Belo Horizonte (MG). A ordenação sacerdotal aconteceu em 18 de dezembro de 1999, em São João do Oeste (SC). Como Padre, foi diretor da Comunidade Vocacional, em São Leopoldo (RS). Durante esse período, fez também mestrado em Educação, pela UNISINOS. “Depois, trabalhei um ano e meio em Florianópolis (SC), no Colégio Catarinense. E, em seguida, fiz minha terceira provação, em Salamanca, na Espanha. Ao voltar ao Brasil, trabalhei durante quatro anos no Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI), em São Leopoldo”, conta o jesuíta. “Nesse período, orientava Exercícios Espirituais, dava aulas na UNISINOS e contribuía na Comunidade Vocacional, além de ser superior da Comunidade Religiosa. Em 2010, fui destinado a Florianópolis, onde fui superior da residência dos Jesuítas. Em 2011, também assumi a Direção Geral do Colégio Catarinense, até 2013.” 21 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Delegado para a Formação Padre Adelson Araújo dos Santos A função principal do Delegado para a Formação é a de assessorar e colaborar com o Provincial no que diz respeito à formação dos jesuítas. “Significa, antes de tudo, acompanhar os nossos estudantes, irmãos e padres jovens no seu processo de formação inicial, com especial atenção à boa transição, continuidade e gradualidade neste processo, como também à integração das diversas dimensões da vocação jesuíta (espiritual, intelectual, apostólica e comunitária) ao longo das etapas, tendo sempre como horizonte a missão futura”, diz padre Adelson. A formação é um eixo muito importante para a missão da Companhia de Jesus, que, historicamente, sempre procura dar a melhor formação para seus membros. “Falando, certa vez, aos provinciais da América Latina, o padre Pedro Arrupe afirmou que a formação é decisiva para o tipo de jesuíta que nossa missão atual exige. E, quando o Pe. Kolvenbach escreveu sobre a formação do jesuíta, ele lembrou que, não obstante Deus e o próprio formando serem os principais formadores, são necessárias outras mediações humanas para ajudar o jovem em seu caminho vocacional e formativo”, afirma padre Adelson, que fala sobre os futuros desafios da missão. “Creio que, entre os muitos desafios, está o de sabermos valorizar as características trazidas pelos jovens, que hoje entram na Companhia”, ressalta. Natural de Manaus (AM), padre Adelson é o segundo filho de uma família de três irmãos. Formado em Direito, pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas), ele fala sobre como descobriu sua vocação. “Eu cresci num ambiente familiar amoroso e muito cristão. Para mim, foi natural, desde cedo, participar de grupos de jovens. Por volta dos meus quinze anos, comecei a pensar seriamente na vocação sacerdotal”, relembra. O jesuíta fez o Noviciado, em Salvador (BA), e o Juniorado, em João Pessoa (PB). Cursou também Filosofia e Teologia, na FAJE, em Belo Horizonte (MG). Depois, foi destinado a Belém do Pará, para dar início ao trabalho e a comunidade vocacional dos jesuítas na região Norte do Brasil. “Após esse período, morei 5 anos em Roma, onde fiz mestrado e doutorado em Te- ologia Espiritual, na universidade Gregoriana. Minha terceira provação foi em São Leopoldo (RS) e meus últimos votos ocorreram no dia 31 de julho de 2007, em Manaus”, conta. 22 A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Delegado para o Cuidado da Saúde Padre Carlos Henrique Müller O Delegado para o Cuidado da Saúde é uma função nova, que tem como objetivo auxiliar o Provincial no acompanhamento do bem-estar do Corpo Apostólico da Companhia de Jesus. “Acompanhar é um verbo importante no exercício dessa função. Significa conhecer as pessoas tendo, através de conversas regulares com elas, consciência do seu estado de saúde, sofrimentos e dia a dia. Nessa função, é importante ser o animador daqueles que estão envelhecidos, debilitados e ajudá-los a compreender que, mesmo assim, estão realizando a missão que a Companhia lhes confiou”, explica padre Carlos Henrique Müller. Outro aspecto importante dessa função é o acompanhamento da saúde dos jesuítas que estão em atividade. “Preparar os jesuítas para a velhice e para a enfermidade, conservando a alegria de servir a Jesus Cristo no serviço à Igreja, é muito importante nessa missão”, afirma padre Henrique. O jesuíta fala que um dos primeiros passos na função será o de “conhecer as pessoas, suas histórias, para, em seguida, iniciar o acompanhamento de cada um.” O padre Carlos Henrique nasceu em Santa Cruz do Sul (RS), cidade na Serra Gaúcha conhecida pela forte presença dos jesuítas na região. “Desde criança, eu conheço a Companhia de Jesus. O município de Salvador do Sul abrigava o Colégio Santo Inácio, que, dos anos 1930 a 1980, funcionou como escola apostólica. Muitos dos jesuítas que conheci na minha infância e juventude estudaram nesse local. Eu mesmo fiz o ginásio lá”, conta padre Henrique. O jesuíta entrou na Companhia de Jesus com 28 anos, ele ressalta seu interesse pelo aprofundamento dos estudos: “No Juniorado, nos cursos de Filosofia e Teologia, minha dedicação era quase que exclusiva. Além disso, o acompanhamento espiritual, que começou no Noviciado e foi até o fim da formação, me ajudou e me ajuda muito no conhecimento da fé cristã, na Palavra de Deus, no conhecimento de vida consagrada e, principalmente, na caminhada pessoal”, conclui. A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província 24 A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Plataformas Apostólicas A missão apostólica da Companhia de Jesus é realizada de forma qualitativa e articulada. Um dos objetivos da nova organização em sete Plataformas Apostólicas, que constituem a Província do Brasil (BRA), é garantir a qualidade dessa articulação entre vida e missão. As Plataformas Apostólicas são: Amazônia, Centro-Oeste, Nordeste 1, Nordeste 2, Leste, Sul 1 e Sul 2. Cada Plataforma Apostólica estará sob a liderança de um único Superior, que, sendo o responsável imediato pela missão da Companhia de Jesus naquela região, zelará pelo cuidado pessoal e apostólico dos jesuítas que Plataforma Apostólica Amazônia Há 25 anos, o padre Inácio Luiz Rhoden, 50 anos, ingressava na Companhia de Jesus. O jesuíta – bacharel em Filosofia e mestre em Antropologia Teológica pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus-CES, de Belo Horizonte (MG), atual FAJE (Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia), e bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Gre- RR AM AC aí vivem e trabalham. Além disso, o discernimento contínuo e a animação da missão também serão de sua responsabilidade. Os Superiores das Plataformas Apostólicas constituem o Fórum de Superiores, juntamente com os Superiores das Casas de Formação [leia mais na pág. 28], e colaboram com o Provincial da BRA no fortalecimento do corpo e discernimento apostólico. O Superior Geral da Companhia de Jesus, padre Adolfo Nicolás, anunciou, no dia 7 de novembro, quais seriam os Superiores das Plataformas Apostólicas no país. A seguir, confira o perfil de cada um deles. AP PA RO goriana (Roma) – já assumiu algumas funções e ministérios na Companhia de Jesus. Em 2005, foi sócio do mestre de noviços, no Noviciado Paulo Apóstolo, em Cascavel (PR), e, entre 2006 e 2013, assumiu a função de mestre de noviços na mesma instituição. Em 2014, o jesuíta foi reitor da Igreja da Ressurreição, em Porto Alegre (RS). Superior: Padre Inácio Luiz Rhoden Data de Nascimento: 2 de outubro de 1964 Entrada na Companhia: 14 de fevereiro de 1989 Ordenação Sacerdotal: 25 de novembro de 2000 Últimos Votos: 11 de janeiro de 2006 25 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Plataforma Apostólica Centro-Oeste Bacharel em Filosofia e Teologia pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus-CES, atual FAJE, em Belo Horizonte (MG), e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), padre Carlos Fritzen já assumiu diversas funções e ministérios. Em 1998, atuou no Apostola- Plataforma Apostólica Nordeste 1 Em 2014, o padre Cláudio Antônio Lorencini, 44 anos, desempenhou a função de pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Russas (CE). Entre 2011 e 2013, assumiu a mesma função na Paróquia de Todos os Santos, em Feira de Santana (BA). Padre Cláudio também foi diretor da Comunidade Vocacional TO MT DF GO MS do do Centro Pastoral Santa Fé. Em 2004, assumiu a função de diretor Nacional da Fundação Fé e Alegria, e, em 2011, foi diretor presidente na mesma instituição. Antes de cumprir a função de Superior da Plataforma Apostólica Centro-Oeste, o jesuíta foi diretor do Centro Pastoral Santa Fé e administrador Provincial da Província BRC (Brasil Centro-Leste). MA Superior: Padre Carlos Fritzen Data de Nascimento: 8 de abril de 1963 Entrada na Companhia: 10 de fevereiro de 1986 Ordenação Sacerdotal: 3 de janeiro de 1998 Últimos Votos: 31 de julho de 2003 CE RN PI do Peregrino, em Teresina (PI), nos anos de 2007 a 2010, e animador da Pastoral Vocacional, em Capim Grosso (BA), entre 2005 e 2006. Padre Cláudio Lorencini é bacharel em Filosofia e Teologia pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus-CES, atual FAJE, em Belo Horizonte (MG). Superior: Padre Cláudio Antônio Lorencini Data de Nascimento: 7 de julho de 1970 Entrada na Companhia: 15 de fevereiro de 1993 Ordenação Sacerdotal: 9 de julho de 2005 Últimos Votos: 19 de agosto de 2012 26 A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província PB Plataforma Apostólica Nordeste 2 Já tendo assumido as funções de diretor do Colégio Santo Inácio de Fortaleza (CE) e da Casa de Retiros Sagrado Coração de Jesus, em Baturité (CE), o padre Antônio Tabosa Gomes, 43 anos, torna-se agora Superior da Plataforma Apostólica Nordeste 2. Padre Antônio Tabosa também já foi assistente de Pastoral no Colégio Antônio Vieira, Salvador Plataforma Apostólica Leste Há cerca de 30 anos no Brasil, o padre Mieczyslaw Smyda, 57 anos, não esquece sua terra natal, a Polônia, mas sempre que pode declara seu amor pelo nosso país. Ele é bacharel em Filosofia e Teologia, títulos obtidos em Cracóvia e Varsóvia, na Polônia, e mestre em Liturgia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, instituição de São Paulo (SP). Padre Smyda, já assumiu diversas funções na Companhia de Jesus. Foi prefeito da Igreja do Colégio Santo PE AL SE BA (BA), e, atualmente, é pároco da Paróquia São Cristóvão, em Capim Grosso (BA). Bacharel em Filosofia e Teologia pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus-CES, atual FAJE, em Belo Horizonte (MG), e também pós-graduado em Gestão Empresarial pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Superior: Padre Antônio Tabosa Gomes Data de Nascimento: 19 de setembro de 1971 Entrada na Companhia: 10 de fevereiro de 1994 Ordenação Sacerdotal: 16 de julho de 2005 Últimos Votos: 8 de janeiro de 2012 MG ES RJ Inácio, no Rio de Janeiro (RJ), diretor de Pastoral do Colégio São Francisco Xavier, e da Pastoral do Colégio São Luís, ambas em São Paulo (SP), e diretor Geral do Colégio São Luís, entre 2003 e 2008, e do Colégio Santo Inácio, entre 2009 e 2011. Além disso, entre 1989 e 1998, assumiu diversos ministérios durante sua passagem no Anchietanum. Entre 2011 e 2014, desempenhou a função de provincial da Província BRC (Brasil Centro-Leste). Superior: Padre Mieczyslaw Smyda Data de Nascimento: 1º de setembro de 1957 Entrada na Companhia: 31 de agosto de 1973 Ordenação Sacerdotal: 31 de julho de 1984 Últimos Votos: 21 de junho de 1993 27 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Plataforma Apostólica Sul 1 O padre Vicente Palotti Zorzo, 49 anos, já exerceu a função de Formador no Juniorado Interprovincial Pe. Gabriel Malagrida, em João Pessoa (PB). Em Moçambique, foi formador e missionário na Comunidade Vocacional, entre 1999 e 2004, e Pároco na Paróquia São João Batista. Em 2005, de volta ao Brasil, padre Vicente realizou atividades pastorais, em Porto Alegre (RS), onde também foi Reitor da Igreja da Ressurreição. Plataforma Apostólica Sul 2 O padre Luiz Neis, 56 anos, é bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), bacharel em Filosofia e mestre em Teologia pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus-CES, atual FAJE, em Belo Horizonte (MG). Entre 1995 e 1999, o jesuíta exerceu a função de vice-reitor SP MG PR Bacharel em Filosofia e Teologia pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus-CES, atual FAJE, em Belo Horizonte (MG), padre Vicente também foi reitor do Teologado Interprovincial Santo Inácio de Loyola, na mesma cidade. O jesuíta, que foi o provincial da Província BRM (Brasil Meridional), entre 2012 e 2014, é mestre em Educação pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba). Superior: Padre Vicente Palotti Zorzo Data de Nascimento: 26 de maio de 1965 Entrada na Companhia: 7 de fevereiro de 1984 Ordenação Sacerdotal: 28 de dezembro de 1996 Últimos Votos: 6 de abril de 2002 PR SC RS do Filosofado Interprovincial São Francisco Xavier, em Belo Horizonte (MG). Foi Superior da região do Mato Grosso entre 2000 e 2007. Em seguida, foi reitor do Juniorado Interprovincial Pe. Gabriel Malagrida, em João Pessoa (PB), e, desde 2012, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Pelotas (RS). Superior: Padre Luiz Neis Data de Nascimento: 13 de maio de 1958 Entrada na Companhia: 24 de fevereiro de 1978 Ordenação Sacerdotal: 9 de dezembro de 1989 Últimos Votos: 30 de abril de 1996 28 A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Casas de Formação As Casas de Formação também farão parte do Governo da Província do Brasil (BRA) e terão a função de ajudar na preparação dos jesuítas que integram o Corpo Apostólico da Companhia de Jesus. No país, há três Casas de Formação: Noviciado, Juniorado e Filosofado, e Teologado. Cada uma delas contará com um Superior, que deverá zelar pela integração efetiva dos jovens jesuítas em formação na missão do Corpo Apostólico da Província. Os Superiores do Noviciado e Juniorado/Filosofado foram nomeados pelo Provincial, com a aprovação do Superior Geral da Companhia de Jesus, padre Adolfo Nicolás. Entre outras atividades, os Superiores dessas duas Casas de Formação farão parte também das seguintes instâncias auxiliares de Governo: Fórum dos Superiores e Fórum de Gestão Apostólica. O Teologado é um Centro Internacional de Formação (CIF) da CPAL, por isso, seu Superior foi nomeado pelo Presi- dente da CPAL, padre Jorge Cela, com prévia autorização do padre Adolfo Nicolás. O Superior do Teologado deverá governar de acordo com as orientações da CPAL para os CIFs. Ele também fará parte do Fórum dos Superiores e do Fórum de Gestão Apostólica. Etapas de Formação Além de ser a primeira etapa de formação do jesuíta, o Noviciado é um período de provação. Durante dois anos, o noviço vive profundamente a espiritualidade inaciana, por meio dos Exercícios Espirituais. Nesse período, ele conhece e estuda profundamente a história, os documentos, a missão atual da Companhia de Jesus e sua inserção na Igreja e no mundo. Atualmente, o Noviciado está localizado em Feira de Santana (BA). No Juniorado, o jovem inicia sua formação acadêmica, com duração entre um e dois anos. Nesse tempo, ele realiza os estudos de humanidades e a preparação para os de Filosofia (para os que serão padres) ou para outros cursos superiores (para os irmãos). Após o Juniorado, o jovem inicia seus estudos filosóficos, que duram, aproximadamente, três anos. No Brasil, essas duas etapas acontecem em Belo Horizonte (MG). No Teologado, o jovem dá início aos estudos teológicos, que buscam preparar, de modo adequado, o jesuíta para um maior serviço à Igreja e à sociedade. Na Companhia de Jesus, os estudos teológicos são de alta qualidade, pois têm como propósito contribuir para o diálogo cristão com a cultura atual. Dessa forma, o jovem não assimila apenas as doutrinas cristãs já estabelecidas, mas também aprende a refletir teologicamente sobre os temas contemporâneos. De acordo com cada teologado, o curso pode durar três anos ou mais. Conheça os Superiores das Casas de Formação nas próximas páginas. Superior do Noviciado Padre Jair Barbosa Carneiro O Noviciado é um tempo propício para que o jovem conheça a Companhia de Jesus de forma mais ampla. “Nesse período, eles entram em contato com nosso modo de vida e missão, favorecendo, dessa forma, o aprofundamento de seu discernimento vocacional”, explica o padre Jair Barbosa Carneiro, Mestre e Superior do Noviciado. O jesuíta ressalta que “a formação e a incorporação no Corpo Apostólico da Companhia não se faz sozinho, mas acompanhado.” Como Mestre, padre Jair tem como missão acompanhar os noviços, ajudando-os no aprofundamento do discernimento vocacional. Para isso, ele conta com o auxílio do padre José Paulino, Sócio; do irmão Gabriel Schuh, Ministro; e do padre Pedro Pereira, pároco e colaborador da equipe. Na função de Superior, padre Jair tem como responsabilidade animar a vida e a missão da comunidade, articulando as diferentes dimensões presentes no dia a dia, e ajudando nos processos de discernimento. Natural de Riachão do Jacuípe, sertão da Bahia, padre Jair, 44 anos, é o mais velho de uma família de sete irmãos. O jesuíta conta que, quando era mais jovem, começou a participar dos trabalhos com a juventude da Paróquia, onde hoje está o Noviciado, em Feira de Santana (BA). Aos poucos, esse trabalho foi despertando sua vocação. “Nes- se tempo, eu tive contato com os noviços, com eles eu criei laços de confiança e amizade. Esse contato foi me trazendo algumas inquietações no campo vocacional. Nesse contexto, a Companhia de Jesus foi aparecendo a partir da experiência das pessoas, da pastoral, além da vida de oração. Tudo isso fez com que brotasse em mim o desejo de oferecer minha vida no seguimento do Senhor”, conclui padre Jair. 29 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Superior do Juniorado e Filosofado Padre Walter Falchi Honorato Após um tempo de profunda espiritualidade no Noviciado, o jesuíta é chamado a iniciar seus estudos. Segundo o padre Walter Falchi Honorato, 46 anos, “nesse tempo de transição, o grande desafio é não deixar que o ardor espiritual intenso do noviciado se arrefeça”. Uma das missões do Superior é animar seus companheiros no seguimento de Jesus. “Não devemos ter pressa: os momentos mais profundos e importantes na formação de um jesuíta se dão no tempo de Deus, que não é o nosso”, explica padre Walter. Para ele, formar jovens jesuítas na liberdade e na responsabilidade, para que possam incorporar-se na vida apostólica da Companhia de Jesus, é um dos grandes desafios de sua missão. Ele destaca também que “dar atenção aos sinais do mundo contemporâneo, ou seja, ser capaz de seguir Jesus em tempos tecnológicos, de redes sociais e com novas demandas é outro grande desafio.” Quando jovem, padre Walter participou da CVX (Comunidade de Vida Cristã), acompanhado por uma religiosa da Congregação das Filhas de Jesus. “Comecei a fazer alguns Exercícios Espirituais voltados para jovens, daí conheci os jesuítas de Goiânia. Nos anos 80, os jesuítas do planalto central focaram seu trabalho na formação da juventude”, relembra padre Walter. O jesuíta conta que sentiu o chamado de Deus quando tinha 16 anos. “Em um domingo, durante um retiro inaciano na Casa da Juventude de Goiânia, na capela, eu disse: ‘Quero ser padre para acabar com a fome do mundo’. De modos diversos, esse chamado ainda habita meu peito”, afirma. Superior do Teologado Padre Edison de Lima A etapa dos estudos teológicos prepara o jesuíta para a ordenação presbiteral. É essa missão que o padre Edison de Lima assume a partir da criação da Província do Brasil. O jesuíta, 44 anos, foi nomeado para ser o Superior do Teologado. A formação é uma etapa importante para os membros da Companhia de Jesus e, desde o início, esse aspecto esteve presente na vida de padre Edison. Durante sua formação, ele trabalhou na pastoral vocacional dos jesuítas e no pré-noviciado, ajudando aqueles que iniciavam sua trajetória de entrada na Companhia de Jesus. Padre Edison diz que participou de grupos de jovens da igreja, na infância e juventude. “Na época, eu frequentava uma paróquia Franciscana”, comenta. O jesuíta relembra que o primeiro contato com a Companhia de Jesus aconteceu durante um retiro espiritual. “Foi uma experiência muito forte e resolvi que queria conhecer a Companhia”, conta. Mas, entre a participação na paróquia e o retiro, padre Edison se formou em Ciências Contábeis pela Universidade de Sorocaba (SP). Antes de se tornar jesuíta, padre Edison trabalhou em uma empresa alemã de produção de peças automobilísticas e em outra do ramo de calçados. “Quando me formei, resolvi parar por um ano meus estudos e pensar no que fazer da vida. Sempre gostei da ideia de ser missioná- rio, mas eu tinha o trabalho e a família. Nesse momento, eu precisava pensar e, por isso, busquei o retiro e o acompanhamento espiritual com o padre Herreros, no Anchietanum”, relembra padre Edison. Ao conhecer melhor a missão da Companhia de Jesus, veio a vontade de torna-se jesuíta, consagrando-se a Deus. Adaptado da revista Sino, edição de novembro de 2013. 30 A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Secretariado de Articulação e Capacitação para a Missão O Secretariado de Articulação e Capacitação para a Missão será um serviço oferecido à Companhia de Jesus no Brasil. Sua principal função será a de auxiliar o governo do Provincial e dos Superiores na concepção de um novo modo de compreender e viver a missão. Por meio da criação de ampla rede que sustentará programas de atividades e de formação para jesuítas e leigos (as), o Secretariado ajudará a Província do Brasil a se capacitar para assumir uma nova cultura apostólica, geradora de vida, articulada e itinerante. Como uma das instâncias auxi- liares do governo, o Secretariado de Articulação e Capacitação para a Missão será composto por três Secretários responsáveis por eixos transversais da missão (Colaboração com outros; Serviço da Fé e Espiritualidade; Promoção da Justiça) e por um Secretário, que será responsável por uma opção pastoral da Igreja latino-americana (Juventudes e Vocações). Os Secretários não serão exclusivamente dedicados a esse serviço, mas se reunirão regularmente para exame, planejamento e avaliação das solicitações dos Superiores de Plataformas Apos- tólicas e do Provincial do Brasil. O Secretariado contará com um pequeno staff local de profissionais para o encaminhamento das solicitações e definições. Além dessa função, os Secretários também vão compor o Fórum de Gestão Apostólica, que contará com a participação dos membros do Fórum de Superiores, do Staff de Governo, e pelos coordenadores de duas instâncias nacionais – Fundação Fé e Alegria e Fórum de Reitores de Instituições de Ensino Superior. Conheça os Secretários nas próximas páginas: Colaboração com Outros Padre Elton Vitoriano Ribeiro O trabalho do Secretariado de Articulação e Capacitação para a Missão será o de ajudar o Provincial e os Superiores no discernimento da missão da Companhia de Jesus. Para o Secretário Elton Vitoriano Ribeiro, 43 anos, do eixo de Colaboração com outros, atualmente, um dos grandes desafios da Ordem religiosa é deixar de viver a missão de maneira individual, a partir do trabalho pessoal ou de obras particulares. “Nossa perspectiva é viver de maneira articulada, tendo, diante dos olhos, o horizonte mais amplo da missão da Companhia no Brasil, a serviço da Igreja de Cristo”, afirma. Natural de São Paulo (SP), mas de família mineira, Elton cresceu em Varginha (MG). Segundo ele, a família sempre foi católica. “Na época de meu nascimento, morávamos em São Paulo. Quando voltamos para Varginha, fomos morar em um bairro novo, que não tinha nada, nem Igreja. Então, eu cresci junto com a comunidade eclesial daquele lugar”, relembra o jesuíta. “No início, celebrávamos as missas nas ruas e tínhamos as catequeses nas casas das famílias. Depois, pouco a pouco, conseguimos um terreno e, com muito trabalho, construímos nossa Igreja”, conta Elton. Em 1992, em meio às atividades com grupos de jovens da região, Elton começou a se questionar sobre sua vocação. Orientado pelo pároco, padre Walter Brito, foi enviado para participar do GAVI (Grupo de Acompanhamento Vocacional Inaciano) com o padre Luiz Sefrin, em Santa Rita do Sapucaí (MG). Em 1995, ingressou na Companhia de Jesus e, após muito estudo e dedicação aos trabalhos, foi enviado para Cuba, para fazer a Terceira Provação, no ano de 2010. Em fevereiro de 2011, voltou ao Brasil e, desde então, exerce a função de professor de Filosofia na FAJE (Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia), em Belo Horizonte (MG). 31 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Serviço da Fé e Espiritualidade Padre Geraldo Luiz De Mori Nas atribuições dos Secretários, estão previstas atividades de articulação e de formação. O eixo do Serviço da Fé e Espiritualidade irá contribuir para que a dimensão transversal da missão dos jesuítas seja aprofundada nas diferentes iniciativas e obras da Companhia de Jesus no país. “Os Secretários não terão dedicação exclusiva para essa atividade. E isso é muito estimulante, pois demandará muita criatividade, não só de quem está à frente desta missão, mas também dos que estão assumindo as atividades concretas do anúncio da fé e do serviço à espiritualidade”, afirma padre Geraldo Luiz De Mori, 54 anos, Secretário para o Serviço da Fé e Espiritualidade. Terceiro filho de uma família de sete irmãos, Geraldo De Mori nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES). O jesuíta diz que descobriu o sentido da fé ainda criança. “O primeiro contato com a fé foi com minha avó materna, depois com meu pai, um homem de Deus. Minha avó, apesar de iletrada, conhecia quase todos os grandes textos da Bíblia. Quando ia passar as férias em sua casa, após a reza do terço, ela nos contava aqueles episódios magníficos da Sagrada Escritura”, relembra. Na cidade de Geraldo, havia apenas uma residência jesuítica, o IPA (Instituto Padre Anchieta), local onde padre Bruno Schizzerotto trabalhava com jovens e vocacionados. E foi assim que o jesuíta conheceu o jovem Geraldo e o convidou para fazer parte do grupo vocacional da região. Após um tempo de trabalho e estudos, ingressou na Companhia de Jesus com 21 anos. Em 1992, foi ordenado presbítero, indo em seguida para a França, onde concluiu o mestrado e o doutorado. Em 2002, retornou ao Brasil e começou a ensinar Teologia, interrompendo o magistério para a Terceira Provação, realizada no México, em 2005. Promoção da Justiça e Ecologia Padre José Ivo Follmann O Secretário para a Justiça Social e Ecologia tem como uma de suas responsabilidades estar atento às questões que envolvam a justiça social e a ecologia, dentro da missão da Companhia de Jesus. Para o padre José Ivo Follmann, 67 anos, um dos maiores desafios como Secretário é contribuir para que “os jesuítas e os que atuam em suas obras, orientem seu modo de vida e atuação para a construção de uma sociedade sustentável.” Natural de Cerro Largo (RS), região das missões jesuíticas e da colonização alemã, José Ivo Follmann é o sétimo filho de uma família de onze irmãos, sendo um já falecido. Aos 11 anos, ele foi para um seminário em Salvador do Sul, a 550 km de sua terra natal. Concluiu o Ensino Médio no Colégio Catarinense, em Florianópolis (SC). Em 1966, ingressou no Noviciado da Companhia de Jesus e, após dois anos, foi para São Paulo, onde fez os dois primeiros anos de Filosofia e deu início ao curso de Ciências Sociais. “Nessa época, tomei consciência que queria ser um padre jesuíta que desse uma boa contribuição para a conscientização social das pessoas, para que, assim, pudessem exercer a cidadania, ajudando a transformar a sociedade”, conta. Doutor em Sociologia pela Universidade Católica de Louvain la Neuve, na Bélgica, padre Ivo Follmann ajudou a criar o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Mestrado e Doutorado), na Unisinos, instituição onde atua como professor. Em 2001, como diretor do Centro de Ciências Humanas, protagonizou, junto com o padre Inácio Neutzling e outros, a criação do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, que tem como objetivo apontar novas questões e buscar respostas para os desafios do mundo contemporâneo a partir da visão do humanismo social cristão. 32 A Companhia de Jesus no Brasil Governo da província Juventudes e Vocações Padre Jonas Elias Caprini Uma das iniciativas da Companhia de Jesus junto aos jovens é a implementação do Programa MAGIS Brasil, que já está sendo realizado no país. Baseado na experiência do MAGIS 2013, o programa é constituído por uma equipe central, que coordena quatro dimensões (Exercícios Espirituais, Voluntariado Jovem, Pedagogia e Vocações Jesuítas) e dois serviços (Administração e Comunicação). Segundo padre Jonas Caprini, Secretário de Juventudes e Vocações, a dinâmica das dimensões e serviços é reforçar a Rede Inaciana de Juventude. “Vamos nos articular em três instâncias: 1) Escritório MAGIS Brasil, 2) Centros MAGIS, e 3) Casas MAGIS e demais obras da Companhia de Jesus”, explica. Filho caçula de uma família de cinco irmãos, Jonas Caprini nasceu e cresceu na comunidade de Santo Inácio de Loyola, em Bom Destino (Iconha/ES). “Desde cedo, aprendi o que era ser Igreja. Meus pais e irmãos eram envolvidos na comunidade. Em casa, sempre tínhamos momentos de oração e sinais cristãos. A família e a comunidade foram os grandes responsáveis pela minha vocação”, afirma padre Jonas. “Quando me envolvia nos trabalhos pastorais, sentia que podia servir mais. Quanto mais eu me entregava para o serviço aos demais, mais realizado eu me sentia. Então, acolhi esta proposta de vida como um meio que se concretiza na op- ção pela Companhia de Jesus e seu apostolado”, acrescenta. Padre Jonas fez curso de Formação para formadores e mestrado em Teologia Espiritual, ambos pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Após a conclusão dos cursos, foi para Salamanca, Espanha, onde realizou a Terceira Provação. Em 25 de março de 2014, padre Jonas professou os últimos votos na Companhia de Jesus. A cerimônia foi realizada na Igreja de Santo Antônio da Barra, em Salvador (BA). 33 I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l Na Paz do Senhor Pe. Guido Edgar Wenzel Por Martinho Lenz Guido Edgar Wenzel, filho de Balduíno Antônio Wenzel e Arminda Ferst, nasceu na Linha Caraguatá, Salvador das Missões (RS), no dia 18 de julho de 1936. Foi criado numa família muito religiosa, suas duas irmãs são Franciscanas. Entre 1948 e 1956, estudou no Colégio Santo Inácio, em Salvador do Sul (RS). Em 28 de fevereiro de 1957, Guido ingressou na Companhia de Jesus, em Pareci Novo (RS), onde fez o Noviciado e o Juniorado (o curso de Letras Clássicas). Depois de cursar Filosofia em São Leopoldo (RS), de 1960 a 1962, Guido foi enviado ao Colégio Anchieta de Porto Alegre para o período do Magistério e para fazer o curso de Química, na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Lá, obteve o bacharelado e a licenciatura em Química, em 1967. O jesuíta também ensinou Química no Colégio de Aplicação, da UFRGS, e no Colégio Anchieta. Nesse tempo, escreveu o seguinte, em carta ao Pe. Provincial: “Minha única preocupação é que a Companhia, através de meus estudos, embora profanos, consiga impor-se sempre mais aos homens de ciência. E, a Companhia, como fi- lha obediente da Igreja, consiga levar Cristo a estes homens e àqueles que, porventura, forem um dia meus alunos. Que se realize o lema: Pela Química até Deus”. Mostrou-se grato aos colegas de magistério: “A generosidade de tantos escolásticos sempre me animou a dar o melhor de mim mesmo”. Entre 1968 e 1970, cursou Teologia e ordenou-se presbítero no dia 19 de dezembro de 1970, em sua terra natal. De 1972 a 1975, o padre Guido cursou o mestrado em Bioquímica na UFP (Universidade Federal do Paraná), em Curitiba. No Natal de 1975, emitiu seus últimos votos. Após trabalhar três anos como professor, na Unisinos, voltou aos estudos na UFP, obtendo, em 1991, o título de Doutor em Ciências Biológicas. Retornando à Unisinos, padre Guido dedicou sua vida ao apostolado intelectual, através do magistério e da pesquisa científica. Além de professor e pesquisador em Química e Bioquímica, também foi coordenador dos laboratórios de Química e das atividades de vidraria, e membro do conselho universitário da Unisinos. Gostava de escrever e foi fiel colaborador de diversas revistas, tanto científicas como de divulgação, além de tradutor de livros do alemão e do inglês para o português. Orientou também grupos bíblicos. Conhecemos padre Guido como homem dedicado, sério e trabalhador. Ele assumia encargos com espírito de responsabilidade e era constante na realização. Na comunidade religiosa, foi bom companheiro e amigo. Cultivou profunda vida espiritual. Consciente das limitações, mostrou-se aberto para receber advertências, como escreveu ao Pe. Provincial antes de emitir os últimos votos: “Com o desejo de ser um operário sempre mais eficiente na vinha do Senhor, peço a caridade de ser advertido nas falhas que estão aninhadas em mim”. No início de 2014, padre Guido soube que tinha um tumor maligno. Desde então, se submeteu a sessões de quimioterapia e outras medicações. Em meio à doença, quanto possível, não deixou de rezar, trabalhar, ler e escrever. Esteve consciente de que as forças físicas estavam chegando ao fim. Mesmo assim, cultivou boa disposição de ânimo, dedicando-se a escrever mais um livro e artigos para revistas sobre temas da Bioquímica aplicada à saúde. Sua fé em Deus não esmoreceu. Faleceu na paz do Senhor, à meia-noite de domingo para segunda-feira, no dia 27 de outubro de 2014. Tinha 78 anos de idade, 57 de Companhia e 43 de sacerdócio. Que Deus o tenha na sua paz! Ir. Antonio Ribeiro Martins O Ir. Antonio Ribeiro Martins, 68 anos, faleceu no final da manhã do dia 24 de outubro, no hospital Otoclínica, vítima de parada cardíaca e insuficiência respiratória. O velório foi realizado na capela da comunidade São Luiz Gonzaga, em Fortaleza (CE). A missa de Corpo Presente e o enterro aconteceram no Parque da Paz. 34 ANIVERSÁRIOS Novembro 23 | Ir. Gabriel Schuh Pe. Luiz Antonio de Araújo Monnerat Pe. Sandoval Alves Rocha 24 | Pe. Marcelo Fernandes de Aquino 25 | Pe. César Andrade Alves Pe. Emmanuel da Silva e Araujo Pe. Henrique Munáiz Puig Ir. José Lybino Schütz Pe. Luiz José Haas Pe. Shigemi (Miguel) Hirata Ir. Valdir Jacó Vanzella 26 | Pe. Felipe de Assunção Soriano dezembro 29 | Esc. Carlos Miguel de Brum Lopes 02 | Pe. Roque Pedro Follmann 31 | 03 | Pe. Gerardo Cabada Castro 04 | Pe. Claudio Werner Pires Ir. Deivison da Cruz Lima Pe. Roberto Jerônimo Gottardo Pe. Setsuro (Silvestre) Horie – JPN Pe. José Laércio de Lima Esc. Juan Carlos Gutiérrez Merino (PER) 06 | Ir. Napoleão Nunes de Oliveira Pe. Theodoro Paulo S. Peters Ir. Valdemiro Costa 09 | Pe. Marco Antonio de Oliveira Santos Esc. Ramón Eduardo Lara Mogollon (VEN) 10 | Ir. Hélio Birck 11 | Pe. Carlos Sérgio Viana Pe. Geraldo M. Labarrère Nascimento Pe. Werner Spaniol 25 | Pe. Juan Fernando López Pérez (PAR) Pe. Paulo César Barros 27 | Pe. Antonio Baronio Pe. Luiz Fernando Klein 29 | Pe. Antônio José Maria Abreu 30 | Pe. José A. Fayos Florent Ir. Selvino Ternus 13 | Ir. Luís Edilberto de Castro Feitosa 14 | Pe. Jackson Alves Carvalho 15 | Pe. Oscar González-Quevedo 16 | Pe. Hugo José Mentges 17 | Pe. Lúcio Flávio R. Cirne 21 | Pe. Edson Tomé Pachêco Silva 22 | Esc. Joaquim Lucas Biriate (MOZ) jubileuS 2 de dezembro Pe. Andrade José da Silva 25 anos de Sacerdócio 3 de dezembro Pe. Guilhermo Cardona Grisales (COL) 50 anos de Companhia Pe. Shigemi (Miguel) Hirata 60 anos de Sacerdócio Pe. Antônio Iasi Júnior 60 anos de Sacerdócio I n f o r m at i v o d o s j e s u í ta s d o b r a s i l 07 de dezembro Pe. Albano Ignacio Ternus 50 anos de Sacerdócio Pe. Benno Leopoldo Petry 50 anos de Sacerdócio Pe. Clemens Kanisius Haas 50 anos de Sacerdócio Pe. Heribert Hammes 50 anos de Sacerdócio Pe. Humberto Pietrogrande 50 anos de Sacerdócio Pe. Roque Schneider 50 anos de Sacerdócio 09 de dezembro Pe. Luiz Neis 25 anos de Sacerdócio 18 de dezembro Pe. Dionel Lopes Amaral 50 anos de Sacerdócio 23 de dezembro Ir. Jacob Arsênio Rech 70 anos de Companhia 35