Tá na mesa, pessoal Por Lucianna Roquetti Humaytá Colaboração: Caroline Cabral O clima é de descontração. Dicas de culinária, taças de vinho e muitas risadas. O almoço, marcado para a uma da tarde, parece que não sairá tão cedo. Mas isso não incomoda os “capiaus”, que preparam deliciosas entradas ao som de suas piadas e conversas. Quem os vê ali reunidos na cozinha tem a impressão de estar diante de uma grande família. Assim são os encontros da comunidade de Orkut “Tá na mesa capiau”, criada em 2009 por Claudio Aliperte, Sônia Cohen e Milton Nisti com o intuito de trocar receitas e organizar encontros mensais para cozinhar com um círculo de cinco ou seis amigos. Hoje, a comunidade conta com 128 membros e os encontros gastronômicos, chamados “orkontros”, possuem em média 15 participantes. “É como se cada um fosse um parente próximo, e é gostoso se reunir com a família numa segunda feira”, diz Carlos Alberto Casarini, 47 anos, membro da comunidade desde abril de 2011. Na segunda feira, aliás, porque é o dia de folga dos chefs de cozinha. Cada “orkontro” possui um tema, definido por um consenso entre seus integrantes. “Definimos o tema pra ficar mais harmônico. Depois de tomar várias garrafas de vinho ou alguns barrizinhos de cer- veja a gente fala ”ah, vamos fazer isso” daí todo mundo fala “vamos” aí a gente faz”, declara Andé Leiras, 34 anos, ex-gerente da AmBev e hoje chef do restaurante Kebab Salono. O tema da oitava edição Caroline Cabral “orkontro” para uma pesquisa, pois cria cozinhas e espaços gourmets. Quando questionada se pretendia continuar comparecendo, respondeu: “sempre que estiverem envolvido bons papos, boas pessoas, boa mesa e um bom vinho eu pretendo”. É exatamente essa a definição dos orkontros. “Uma roda de amigos onde a gente come, bebe e dá risada”, como disse o “capiau” Willand Pinsdorf, de 66 anos e dono de uma maetalúrgica. De diferentes profissões, os membros têm em comum o amor pela gastronomia. Muitos desistiram de suas carreiras para virarem chefs, como é o caso de Sônia Cohen, ex-psicóloga que abriu seu próprio restaurante na cidade de Monte Verde e aprendeu a arte culinária na prática. “Gastronomia é isso, ler todo dia, ir pra Acarajé servido como primeira entrada cozinha, colocar a barriga no fogão foi culinária baiana, e o cardápio e ver o que acontece”, ensina Sônia. contou com vatapá, acarajé, mo- Mas engana-se quem pensa queca, farofa de dendê, bobó de que é necessário ser chef para particcamarão, quiabo, cuzcuz, arroz de ipar da comunidade. “Geralmente côco e cocada de sobremesa. O in- as entradas são por indicação, não grediente de cada prato é levado por formação gastronômica”, espor quem irá executá-lo, mas nem clarece Milton Nisti, de 47 anos. todos cozinham. Como é o caso da O realizador de arte em alianfitriões Heloisa Lima e Sérgio mentos ainda revela que a “Capiau” Sayeg, que além de cederem a casa pretende fazer um grande evento, ofereceram vinhos e antepastos. com convites cobrados. Isso para Rita Ruiz, 52 anos, é ar- que seja um grande banquete, e não quiteta e amiga da anfitriã. Foi ao para fins lucrativos. Nisti acredita na idéia da gastronomia é você Lucianna Humaytá Caroline Cabral poder proporcionar prazer a outras pessoas, sem receber nada em troca. E é com essa sinceridade que os “capiaus” vão conquistando cada dia mais membros e fazendo de seus “orkontros” verdadeiras reuniões de família, onde prevalece o bom Cocada: deliciosa sobremesa Evelyn e o cuzcuz de calabreza humor e o tempero da amizade. André fazendo a sua parte Buon apetit! Caroline Cabral