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ID: 32111648
01-10-2010 | Conferências
Tiragem: 19403
Pág: XII
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Ocasional
Área: 26,77 x 37,70 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 2
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E N T R E V I S TA JOSÉ MANUEL ENTRECANALES, ‘CHAIRMAN’ E PRESIDENTE EXECUTIVO DA ACCIONA
“Preço do gás está baixo mas isso vai
mudar e temos que estar preparados”
José Manuel Entrecanales, presidente da espanhola Acciona, salienta que os baixos preços do gás não vão durar
para sempre. E que a Europa, em particular, tem de preparar-se para esse momento: com saber e estruturas.
MIGUEL COSTA NUNES
[email protected]
O
Paulo Alexandre Coelho
‘chairman’ e presidente
executivo da espanhola Acciona defende que o custo
das energias renováveis tem
de ser quantificado em função do custo geral da energia. E aponta caminhos e prioridades.
Em que medida vão os baixos custos do gás atrasar a introdução plena do modelo das energias
renováveis?
É indiscutível que têm um efeito. Há um efeito
de comparação com o preço das renováveis
que dificulta o processo de alguma maneira.
De todas as formas há que estar consciente de
que os preços do gás estão num momento artificialmente baixos e conjunturalmente baixos. E isto vai mudar em 8 anos, 6, 4, mas vai
mudar. E quando mudar há que estar preparado, porque desenvolver infraestruturas alternativas não é uma coisa que se possa fazer
numa semana ou em dois meses. Ao contrário,
Até quando, e em que percentagem, será possível reduzir a dependência face às energias renováveis?
Esse é um processo em que Portugal está envolvido também. E julgo que temos de aspirar
a percentagens de independência energética
muito elevadas. Mas é um processo de tempo.
“[As subvenções às energias
fósseis] são mais de dez vezes
superiores às das renováveis.
E disso não se fala, porque
não são subvenções
tranparentes, enquanto
as das renováveis sim.”
Pode chegar aos 80% a 70%, ou menos? E em
quanto tempo?
Sim, pode. Mas chegará um momento em que
nós europeus, os países ocidentais ou países
ricos, conseguiremos reduzir a nossa dependência o suficiente. Então chegará um momento em que não será tão necesario continuar a aumentar a nossa independência, porque consumiremos menos, muito pouco, e
esse pouco será obtido de muitas fontes. Este é
um sistema que à medida em que vamos crescendo se converte num círculo virtuoso:
quanto mais crescemos, mais reduzimos a necessidade de ter novos recursos energéticos.
os preços sobem numa semana ou em dois
meses. Por isso, temos que nos preparar para o
vai chegar, e indiscutivelmente vai acontecer,
que é uma subida nos preços energéticos e
uma limitações de optimibilidade e de disponibilidade dos preços energéticos. Isso vai
acontecer dentro de dois anos, dentro de cinco, não sei: mas vai acontecer.
Qual é o verdadeiro custo das energias renováveis?
Creio que a pergunta deveria ser feita num duplo sentido: não se pode preguntar, ou responder, qual é o custo real das energias renováveis se não se responde qual é o custo real da
nergia em geral, e sobretudo da energia fóssil.
Uma referência do custo da energia fóssil é
imprescindível. Por exemplo, o estudo que
mencionei na minha intervenção [na conferência “The Global Clean Energy Forum” do
Diário Económico em parceria com o International Herald Tribune] em que se fala das
energias fósseis, tendem a esquecer-se as
subvenções às energias fósseis. É curioso que
no último estudo a que tive acesso sobre o volume de subsídios e de subvenções às energias
renováveis se calcula que esteja nos 50 mil
milhões de dólares. Em simultâneo foram estudadas as subvenções às energias fósseis: ao
carvão, à extracção de petróleo, etc., e são 550
mil milhões de dólares. Mais de dez vezes superiores. E disso não se fala, porque não são
subvenções transparentes, enquanto as subvenções às energias renováveis são muito
transparentes, muito visíveis e muito claras.
Por isso, relativamente, o apoio é muitíssimo
menor, com um acréscimo: nesses 550 mil
milhões de apoios económicos quantificáveis
às energias fósseis não está quantificado, por
exemplo, o efeito do meio ambiente. Nem estão quantificadas as consequências do ‘oil
spill’ dos Estados Unidos. Só os quantificáveis
de dinheiro empregue. Todos os restantes não
estão quantificados.
>> E N E R G I A E CO N T R O LO D O M U N D O
José Manuel Entrecanales defende que as renováveis não
são controláveis e rejeita que quem controla a tecnologia
possa controlar o mundo. “Creio que é precisamente o
contrário: que as renováveis não são controláveis,
precisamente porque são distribuídas e porque 50% da
capacidade instalada das energias renováveis pertence
a 50 empresas, por estar muito distribuída e muito
atomizada, ao contrário das energias fósseis convencionais
que estão concentradas em cinco a dez grandes ‘players’.”
A prioridade máxima das energias renováveis é
para si uma relação entre o crescimento e o consumo. Como se processa essa relação?
A minha prioridade máxima é que separemos,
que afastemos, o crescimento do consumo.
Não podemos continuar a crescer, ou aspirar a
crescer, à base de consumir mais. Porque isso
fará explodir a bolha e isso não podemos permitir. Se passamos a crescer a 4% e com isso
pomos o petróleo a 175 [dólares], chegaremos
de novo à recessão, como explicava Jeremy
Rifkin [primeiro orador da conferência e presidente fundador da Foundation on Economic
Trends]. ■
ID: 32111648
01-10-2010 | Conferências
Tiragem: 19403
Pág: I
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Ocasional
Área: 24,74 x 1,90 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 2 de 2
◗ Preços do petróleo e do gás vão ter de aumentar, afirmam as empresas
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“Preço do gás está baixo mas isso vai mudar e temos que