Especial 175 Anos Trimestral €1
montepio
número
16
série
SIGA O CORAÇÃO
E CONHEÇA UM CAMINHO COM FUTURO.
UM CAMINHO PARA PERCORRERMOS
JUNTOS… POR TODOS
FUTURO DO
MUTUALISMO
António Tomás Correia,
em entrevista, revela
perspetivas de
presente e futuro
O MUNDO
EM 2015
Economia, política
e ambiente são algumas
das áreas nas quais vão
ocorrer mudanças no
futuro próximo
POUPAR
E INVESTIR
2015 é o ano das reformas.
Conheça as alterações
que poderão afetar
as suas finanças
ii
EM 1840
OUSÁMOS MUDAR O MUNDO.
O NOSSO. OUSÁMOS TRANSFORMAR
AS NOSSAS VIDAS, PROTEGENDO O PRESENTE E
GARANTINDO O FUTURO. PARTILHÁMOS UM CAMINHO,
UMA HISTÓRIA. FIZEMOS DA UNIÃO A NOSSA FORÇA. DA SOMA
DE VONTADES A NOSSA MARCA. HOJE SOMOS MAIS DE 630 MIL.
AJUDAMOS A CONSTRUIR O FUTURO DE FAMÍLIAS E COMUNIDADES.
FAZEMOS DA SOLIDARIEDADE O PILAR DA NOSSA AÇÃO. SOMOS
A MAIOR ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA PORTUGUESA E UMA DAS
MAIORES DA EUROPA. PARTILHAMOS O CAMINHO
QUE INICIÁMOS HÁ 175 ANOS. UM CAMINHO MAIOR
QUE CADA UM DE NÓS. UM CAMINHO
CAPAZ DE TRANSFORMAR O MUNDO.
PORQUE, NO MONTEPIO,
ESTAMOS JUNTOS POR UM,
JUNTOS POR TODOS.
PELO NOSSO
FUTURO.
MUTUALISMO
JUNTOS
POR TODOS
COMO O MONTEPIO
TRANSFORMA
O FUTURO DA
MARIA. A VIDA
DO MANUEL.
A NOSSA
VIDA.
COLABORADORES
PÁG.
18
Nesta edição...
António
Tomás Correia
Rui Zink
Escritor e professor
universitário
Presidente do
Grupo Montepio
PÁG.
30
PÁG.
82
O líder da maior
associação
portuguesa
Polémico mas
conservador,
irreverente porém
tradicional.
assinala o 175.°
aniversário
da Associação
Mutualista
Montepio com
uma análise
do mutualismo
nas sociedades,
destacando o papel
de instituições
como o Montepio
no setor social
da Economia
e no futuro.
À conversa com a
Montepio, Rui Zink
evoca referências
literárias, recorda
o percurso
académico e
revela a paixão
pelo Rio Ave, clube
do coração. Perfil
de um homem
que é o espelho
da personalidade
dissonante do
povo português.
propriedade
#16
série
ii
diretor
António Tomás Correia
-adjunto
Rita Pinho Branco
diretor
coordenação
Gabinete de Relações Públicas
Institucionais
Esta revista foi redigida ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Atriz e
apresentadora
Medos, heróis
e a noção
de felicidade.
Filomena Cautela
responde
ao questionário
de Proust
do Montepio.
A “voz”
do Montepio,
gostava
de ser a
Supermulher,
viver no mundo
inteiro e ser
um pouco mais
otimista.
c o l a b o r a ç õ e s
Montepio Geral – Associação
Mutualista, Rua do Ouro, 219-241
1100-062 Lisboa
Tel. 213 249 540
INVERNO 2014
Filomena
Cautela
Baptista-Bastos, Eudora Ribeiro,
Francisco Moita Flores, Helena C. Peralta,
Mafalda Aguilar, Rita Maria, Rita Vaz
Silva, Sara Raquel Silva, Susana Marvão,
Susana Torrão (texto), Artur, Luís Viegas
(fotografia), Ana Seixas (ilustração)
p u b l i c i d a d e
Isabel Costa (918 708 613)
Maria João Siqueira (918 704 396)
Fátima Quaresma (913 038 394)
Laurinda Barata (918 708 558)
Helena Ferraia (918 697 562)
Tel. 213 804 010 | Fax 213 804 011
i m p r e s s ã o
editor
Plot - Content Agency
Av. Conselheiro Fernando de Sousa, 19,
6º, 1070-072 Lisboa
Tel. 213 804 010
e d i t o r
Ana Ferreira
g e s tã o
e
c o o r d e n a ç ã o
Catarina Carneiro, Filipa D´Avillez
e Miguel Ferreira da Silva
Certificado PEFC
Este produto tem
origem em florestas
com gestão florestal
sustentável e fontes
controladas
PEFC/13-31-011
www.pefc.org
MONTEPIO INVERNO 2014
d i r e t o r
Inês Reis
d e
Rita Barata Feyo, Sónia Garcia,
César Caramelo e João Caetano
e
a r t e
| Revista trimestral |
Depósito Legal nº 5673/84
| Publicação periódica |
registada sob o nº 120133
t i r a g e m
457 000 exemplares
a r t e
d e s i g n
p r o d u ç ã o
LiderGraf - Artes Gráficas, SA
Rua do Galhano, 15 (E N 13),
Árvore
4480-089 Vila do Conde
f i n a l
Ana Miranda e Pedro Pinguinha
O Montepio é alheio ao conteúdo
da publicidade externa. A sua exatidão
e/ou veracidade é da responsabilidade
exclusiva dos anunciantes
e empresas publicitárias.
Conheça
alguns temas
da próxima
edição
Reportagem
^ ARTE URBANA
As paredes da cidade
são as telas de um novo
movimento artístico
português. Conheça os
novos artistas urbanos.
Observatório
^ PARA ALÉM DO PIB
Existem outros índices
determinantes para
uma estratégia a longo
prazo. Conheça os novos
indicadores.
Empreendedor
^ STARTUPS DE VERÃO
Como vender uma ideia.
Reunimos um grupo de
empresários que revelam
à Montepio o segredo
do seu sucesso.
Errata
Na nossa edição de Outono
2014, nº 15, série II, no artigo
Agricultura - Alimentar
o Mundo em 2050, página 19,
parágrafo Banco de Terras,
referimos que a Bolsa de
Terras disponibilizava
13,5 hectares e que o Estado
contribuía com 12 hectares,
quando, na realidade,
são 13,5 mil hectares que
a Bolsa tem à disposição,
dos quais 12 mil hectares são
a contribuição do Estado.
Aceite o desafio, participe
na próxima edição e
envie-nos as suas sugestões
e comentários para
[email protected]
ou, se preferir, para Revista
Montepio, Gabinete de
Relações Públicas Institucionais, Rua General
Firmino Miguel, 5, Torre 1, 7º,
1600-100 Lisboa
EDITORIAL
Juntos
por todos
a celebrar a cidadania
O arranque de 2015 ficou marcado na história desta Instituição
pelo início das comemorações dos 175 anos de atividade da
Associação Mutualista e, também, no mesmo passo, pela revelação
da sua nova imagem e assinatura.
Novas cores e uma promessa – “Juntos por todos” – trazem ao
presente uma identidade construída em 1840 por um grupo de
funcionários da Fazenda Pública, mas que, até agora, não se havia
afirmado a partir de uma construção própria.
Juntos por todos. Juntos em torno de uma associação criada para
colocar a economia ao serviço das pessoas. Juntos na afirmação da
cidadania e do seu poder. É disso que se trata quanto nos referimos
ao Montepio e é esse perfil de organização que faz com que muitos
considerem esta “casa” diferente.
E o Montepio é isso mesmo, diferente. Diferente na sua natureza associativa, diferente na base cidadã, diferente na capacidade de crescer e agregar mais e mais cidadãos em redor de um
projeto associativo que é hoje o maior de Portugal e um dos maiores da
Europa, diferente na democracia interna. Numa expressão: diferente por se assumir enquanto instituição de pessoas e não de capitais.
Falar de Montepio é, portanto, falar de pessoas – de associados
(e não de clientes) –, de fins não lucrativos, mas solidários; da
possibilidade de ser parte ativa na definição da sua proteção social
a partir de uma lógica nascida da solidariedade responsável.
Há 175 anos que defendemos esta causa,
que apoiamos o seu crescimento e afirmação
e que concretizamos o que definimos por instituição-cidadã. Este mundo que vimos criando
também se desenvolve com o seu contributo.
Obrigado, pois, por ajudar a levar ao Mundo um
dos maiores exemplos de participação cívica.
"O que é meu, é teu"
A explicação do Mutualismo radica
na própria palavra: mútuo.
“O que é meu, é teu”.
Ou seja, é uma forma de
associativismo na qual um grupo
de pessoas decide contribuir para
um fundo comum, que serve para
momentos de necessidade de
proteção social, bem-estar, saúde
ou qualidade de vida, de cada um/a,
na medida da sua contribuição.
MONTEPIO INVERNO 2014
GLOCAL
Associativismo
O MONTEPIO É A MAIOR ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA
DE PORTUGAL E UMA DAS MAIORES DA EUROPA.
INSTITUIÇÃO LÍDER DA ECONOMIA SOCIAL
PORTUGUESA, CONCRETIZA OS VALORES
DA SOLIDARIEDADE, IGUALDADE,
RESPONSABILIDADE E CIDADANIA
+
=
+
Mutualismo
Cooperativismo
Economia
Social
ORGANIZAÇÕES
SOLIDÁRIAS
Economia Social
2,8%
Em 2010, a Economia Social (ES)
representava 2,8% do produto interno
português e do VAB (Valor Acrescentado
86 274
Europa Bruto). Este valor é superior, por exemplo,
gerado em setores como
Associações ao produto
o da eletricidade, agricultura,
e Outras
Cooperativas
silvicultura e pesca,
Existem mais
Existem mais de 2 200.
agroindústria.
de 52 mil.
14% do emprego na ES
(empregam cerca de
31 800 trabalhadores)
Representam 64,9%
do emprego na
Economia Social
(empregam cerca de
147 400 trabalhadores)
Misericórdias
Fundações
Existem mais de 380.
14,7% do emprego na ES
(empregam cerca
de 32 500 trabalhadores)
Existem mais de 530.
4,7% do emprego na ES
(empregam cerca
de 10 700 trabalhadores)
Europa
MONTEPIO INVERNO 2014
Existem 119.
2% do emprego na ES
(empregam 4 600 trabalhadores)
*Inclui as caixas económicas anexas
Mutualismo
O mutualismo concretiza
um sistema privado de natureza
associativa através de
mutualidades que são
agrupamentos de pessoas que
praticam, no interesse dos seus
associados e suas famílias, fins
de entreajuda de proteção contra
as consequências de riscos sociais.
As mutualidades aplicam diversos
valores, nomeadamente de
solidariedade, liberdade, igualdade,
democracia, inclusão social,
transparência e independência.
Em Portugal, as associações
mutualistas atuam, sobretudo,
nas áreas da saúde, proteção social
e segurança social.
250
Mutualidades
existem
em 23 países
da União Europeia.
Sabia que...
Cinco países da União Europeia não
têm organizações mutualistas devido
à ausência de legislação específica
sobre o setor - Chipre, Eslováquia,
Estónia, Lituânia e República Checa.
Mutualidades*
+ Emprego
+ Atividade Produtiva
+ Solidariedade
+ Capital Social
As mutualidades,
mútuas
e cooperativas
de seguros
empregam mais de
350 mil pessoas.
73% França
TOP 5
UE
(2010)
9,7% Roménia
4,6% Espanha
3,5% Alemanha
1,3% Portugal
MILHÕES
Cidadãos
beneficiados pelas
mutualidades,
mútuas e
cooperativas
de seguros.
+50%
9 300
Mutualidades
mútuas
e cooperativas
de seguros.
Total na
União Europeia
(2010)
Mais de metade
das seis mil
seguradoras
europeias são
mútuas ou
cooperativas de
seguros.
Correspondem a
28% dos prémios
na Europa.
28%
Há 4 500 anos
Idade Média
Primeiros vestígios
do Mutualismo.
Egito – Associação
funerária.
1728
Primeiros
Montepios criados
nos Países Baixos.
Criada a associação
mutualista mais antiga
do mundo - Unión
Tipográfica Italiana de
Socorros Mútuos.
3000 A.C.
Grécia Antiga
e Império Romano
– Criação de orfeões,
colégios, funerárias.
MUTUALISMO
1840
1822
Criado em Portugal
o Montepio Geral,
maior associação
mutualista do país e uma
das maiores da Europa.
Socialista francês
Charles Fourier usa pela
primeira vez o termo
Mutualismo.
1807
PORTUGAL
associações
mutualistas
Mundo
Criação de sociedades
filantrópicas
em França.
Maior Associação
Mutualista em Portugal
Mutualismo – Números (2010) – Portugal
119
1780
É criada em Lisboa a
primeira associação
mutualista portuguesa,
O Montepio do Senhor
Jesus do Bonfim.
630 mil
+de 2,5
1 milhão
associados
MONTEPIO
em fevereiro
2015
milhões
de associados
de beneficiários
Movimento mutualista e cooperativo está presente
em mais de 30 países. Em 2014, representava:
1MILHÕES
000
12% do emprego
total no grupo
dos G20
Emprega
250 milhões pessoas
de afiliados.
Américas
120
Entidades
mutualistas em
18 países.
+de
África
24
MILHÕES
de beneficiários.
40
Mutualidades
inscritas na
União Africana
do Mutualismo.
€€ €
1,8 milhões
de euros em volume
de negócios
6
MILHÕES
de pessoas
beneficiadas.
CAMARÕES
País com maior
representação.
8 associações ligadas ao
setor da saúde.
MONTEPIO INVERNO 2014
O MEU MUNDO
TENDÊNCIAS NA
ECONOMIA, SOCIEDADE,
VIDA E CULTURA
página 12
página 18
O que é o mutualismo e
qual o seu impacto nas
sociedades? Descrevemos
esta ideia de sociedade
que integra conceitos como
solidariedade, humanismo
ou abnegação
António Tomás Correia,
presidente do Grupo
Montepio, traça o caminho
para os próximos dez anos.
Conheça a visão mutualista
que inspira todas as
atividades do Montepio
TEMA DE FUNDO
ENTREVISTA
Página 24
EDUCAÇÃO
FINANCEIRA
Casa de pais, escola de
filhos. Aprender a lidar
com o dinheiro, desde cedo,
poderá vir a revelar-se
muito útil na formação de
cidadania dos seus filhos
Página 34
OBSERVATÓRIO
Acompanhe as tendências
de 2015. Não falamos só
de moda, mas também
de economia, sociedade,
ciência, cultura e turismo.
Porque uma das constantes
do mundo é a mudança
1
o meu mundo
TEMA DE FUNDO
MUTUALISMO
O QUE É MEU
É TEU
12
TENDO COMO MOTOR
A SOLIDARIEDADE,
O MUTUALISMO VAI MAIS
ALÉM E CONCRETIZA UMA
LÓGICA DE RELAÇÃO QUE
BENEFICIA IGUALMENTE
TODAS AS PARTES. VALORES
HUMANOS E AUSÊNCIA
DE FINS LUCRATIVOS SÃO
ALGUMAS CARATERÍSTICAS
DESTA ATIVIDADE QUE SE
MOSTRA CADA VEZ MAIS
ATUAL E NECESSÁRIA
por rita maria
A entreajuda é própria do ser
humano. A partilha de recursos
é o motor de desenvolvimento
das sociedades. Na Grécia Antiga
esta prática deu origem ao
mutualismo. Os problemas da
nossa sociedade do século xxi
podem não ser os mesmos que
existiam nos séculos iv e v a.C.,
mas esta forma de organização,
que promove a reciprocidade
e participação de todos os
membros da sociedade, mantém-se tão atual e necessária como
nos primeiros tempos.
MONTEPIO INVERNO 2014
? AS
ASSOCIAÇÕES
MUTUALISTAS
regem-se pelo
Código das
Associações
Mutualistas,
que está
atualmente
em processo
de revisão,
assim como
pela Lei de
Bases da
Economia
Social.
Um sistema livre
Os teóricos afirmam que uma obra,
programa ou forma de estar só tem
continuidade se as pessoas aderirem com liberdade. Defendem que
ninguém pode ser obrigado a ajudar,
sob pena dessa ajuda ter um ciclo de
vida mais curto que o próprio problema. Por outro lado, a história já mostrou que quando, por sua vontade,
um grupo de pessoas se junta para
prevenir eventuais desequilíbrios sociais, verdadeiros impossíveis acontecem. E assim nasce o mutualismo.
Primeiro a necessidade, o desejo de
ser parte de uma solução. Depois a
organização, a estrutura, os benefícios para todas as partes envolvidas.
O mutualismo como o conhecemos hoje – sistema de entreajuda
que concede benefícios de proteção
social a cada um dos seus membros
– mantém os princípios que nortearam a sua origem, há mais de 25 sé-
culos, acrescidos dos ideais da Revolução Francesa: liberdade (de adesão
e saída), igualdade (dos associados) e
fraternidade (um fundo comum que
O QUE É
Saiba mais
sobre mutualismo
Para saber
mais sobre
mutualismo
aceda ao site
do Montepio
(www.montepio.
pt). Também
pode informar-se
através dos livros
O Mutualismo
em Portugal –
– Dois Séculos
de História e
Suas Origens,
1996, Multinova,
de Vasco
Rosendo, e
O Mutualismo
Português:
Solidariedade
e Progresso
Social, 1998,
Vulgata, de
Carlos Pestana
Barros e José C.
Gomes Santos.
VALORES
Economia Social – Mutualismo – Montepio
O
Montepio é a maior associação mutualista de Portugal e uma
das maiores da Europa. Integrada no setor da economia social,
orienta toda a atividade para o benefício de uma comunidade de
associados, a partir dos valores de confiança, transparência e solidariedade.
MONTEPIO INVERNO 2014
13
1
o meu mundo
? O MEU QUE
TEMA DE FUNDO
mutualismo
TAMBÉM É TEU
O mutualismo
nasce de uma
necessidade,
cresce na
1 milhão
14
cooperação e
realiza-se no bem
O movimento mutualista
reúne, em Portugal,
mais de um milhão
de associados
comum. Os seus
25%
igualdade entre
É a percentagem da
juntos somos mais
população portuguesa que
beneficia do mutualismo
fortes
14,5 milhões
Número de empregados
nas empresas de economia
social na União Europeia
18 milhões
São as pessoas que
beneficiam com a ação dos
membros da Organización
de Entidades Mutuales
de las Américas (ODEMA)
princípios são
os da liberdade
de participar, da
associados e da
fraternidade, pois
dilui o risco individual no risco coletivo). A designação provém do latim
mutuum, que se traduz por “o meu é
teu”. Com efeito, as associações mutualistas podem atuar no campo da
saúde, da segurança social ou no âmbito de grupos profissionais – como as
que nasceram com a proletarização
decorrente da Revolução Industrial.
Inserido na esfera da economia
social, conhecida também como terceiro setor e que abrange as esferas
do associativismo, cooperativismo e
mutualismo, a verdade é que as di-
ferentes organizações deste setor
aliam rentabilidade e solidariedade,
gerando empregos, atividade produtiva, solidariedade e capital social.
Uma coisa é certa: o seu trabalho
visa o fomento ou a proteção social
dos seus membros, que podem ser
em número ilimitado.
Não estamos sozinhos
O mutualismo carateriza-se também
pela ausência de fins lucrativos e
insere-se no setor da economia
social. Esta, por sua vez, congrega a
EVOLUÇÃO
O sistema de proteção mais antigo do mundo
IDADE MÉDIA
1789
SÉCULO XIX
O mutualismo
surge ligado
a organismos
religiosos e
profissionais.
Servia, sobretudo,
as agremiações de profissionais.
Promovia a sua regulamentação e
qualidade além de proteger viúvas,
inválidos e órfãos.
Com a Revolução
Francesa ganham força os
valores que norteavam
o mutualismo e as mutualidades:
liberdade de adesão e de saída,
igualdade dos associados
e fraternidade refletida
no fundo comum que
dilui o risco individual
no coletivo.
O liberalismo do século xix destruiu
os mecanismos de solidariedade
existentes e deu origem a novas
classes sociais. Estas encontravam-se desprotegidas e assim o
mutualismo tornou-se uma resposta
à necessidade de apoio.
Associado a grupos profissionais,
ganhou a forma de associações
mutualistas ou mutualidades.
MONTEPIO INVERNO 2014
capacidade de iniciativa e auto-organização dos cidadãos que trabalham
no sentido da solidariedade social.
Pelo seu papel na criação de uma sociedade mais forte e inclusiva – além
de mais justa, mais forte e mais próspera – a economia social tem atraído
a atenção de governos e organizações
internacionais.
Dados sobre o nosso país revelam
que existem associações mutualistas em todos os distritos. Já a Association Internacionale de la Mutualité (AIM), sediada em França, mostra
que os seus associados se concentram sobretudo na Europa, América do Sul e África, continente no
qual Marrocos é o país com mais associações mutualistas, registando
atualmente 15 associações membro
da AIM. A Organización de Entidades Mutuales de las Américas (ODEMA), que reúne os interesses mutualistas da América do Sul, Central e
do Norte, informa no seu relatório
de 2013 que entre as suas associadas
existem 99 entidades e mais de 18
milhões de beneficiários.
BIOLOGIA
Os exemplos
da Natureza
? PROTEÇÃO MÚTUA
Em 1902 o russo Peter Kropotkin
causou polémica com o seu livro,
A Natureza é pródiga em
mutualismo e há vários tipos
de relações de mutualismo
entre espécies. A mais típica
é a dos líquenes, cuja existência
se deve à relação entre os fungos
– que absorvem e metabolizam
os nutrientes e as algas – que
realizam a fotossíntese. Os bovinos
e as bactérias que neles se instalam
A maior associação portuguesa
Criada em 1840, a Associação Mutualista Montepio é a maior de Por-
tugal e uma das maiores da Europa
e tem hoje 630 mil associados que
beneficiam de um extenso conjunto de iniciativas em diversas áreas,
além do acesso a soluções exclusivas.
Qualquer cidadão pode ser associado
e ter acesso a soluções mutualistas de
poupança e proteção com condições
são outro exemplo. Enquanto estes
lhes dão abrigo e alimento, estas
produzem ácidos que permitem
aproveitar melhor os nutrientes
das plantas de que se alimentam.
As aves que removem os parasitas
da pele dos hipopótamos que,
por sua vez, as protegem dos
predadores é mais um caso
de mutualismo entre espécies.
O pelicano, que tira de si para
dar às crias, é o símbolo do
Montepio, que assim mostra
a relação intergeracional que
deve existir entre pais e filhos,
avós e netos, para além da proteção.
1807
1840
1995
É criada em Lisboa a primeira
associação mutualista portuguesa,
o Montepio do Senhor Jesus
do Bonfim.
Nasce o Montepio Geral – Associação
Mutualista. Foi fundado por um
grupo de funcionários públicos e
assume-se como promotor e gestor
de regimes complementares de
Segurança Social, de serviços e
equipamentos sociais e de saúde,
da economia do bem-estar e da
qualidade de vida. É a cabeça do
Grupo Montepio.
Nasce a Fundação Montepio.
No âmbito da sua missão estabelece
um contato permanente com a
comunidade envolvente e procura
conhecer a diversidade do setor
da economia social, identificando
e promovendo boas práticas
de intervenção social.
Mutual Aid: A Factor of Evolution,
no qual defendia que a evolução das
espécies está diretamente relacionada
com as relações de proteção mútua
que forem capazes de criar entre si
e umas com as outras
MONTEPIO INVERNO 2014
15
1
o meu mundo
TEMA DE FUNDO
mutualismo
16
exclusivas, seguras e personalizadas. Na saúde, pode beneficiar dos
serviços e estruturas da Residências Montepio – para seniores – e
também da redeMut (www.redemut.pt). Esta compreende a prestação de serviços e cuidados de
saúde, acessíveis a todos os associados de todas as mutualidades
que integram esta rede. E não é tudo. Um Associado Montepio tem
direito a serviços e condições exclusivas na compra, venda ou permuta de imóveis, acesso em condições muito especiais aos produtos financeiros das empresas do
Grupo, para além da possibilidade de participar em atividades ao
ar livre (passeios e visitas), cursos,
workshops, concursos e desafios
que ajudam a interpretar o mundo e as tendências.
Para além da sua obra associativa, a Associação Mutualista está intimamente ligada à economia social
e às suas instituições através das atividades da Fundação Montepio. Focando apenas dois exemplos, refere-se a Corrida Montepio que, na sua
segunda edição e sob o mote “Corremos uns pelos outros”, reuniu no
mês de outubro de 2014 cerca de 60
mil euros entregues na totalidade
à Cáritas Portuguesa, para serem
aplicados no programa “Prioridade às Crianças”, e a Frota Solidária, criada em 2008 para devolver
à sociedade civil os montantes que
os contribuintes atribuem à Fundação Montepio através da consignação fiscal, e que já respondeu às necessidades de mobilidade de mais
de 100 instituições de solidariedade.
No fundo, é uma forma de estar na vida, aproveitando o que esta tem de melhor, incluindo o facto de estar protegido.
MONTEPIO INVERNO 2014
Estratégia de união
Rita Pinho Branco, diretora de Marketing e Comunicação do
Montepio, destaca a “dimensão
humana” da nova campanha
Nunca a Associação Mutualista
tinha tido uma campanha assim.
O que motivou esta investida?
A marca Montepio é identificada de
forma imediata pela generalidade das
pessoas na sua dimensão bancária,
sendo menos reconhecida na sua vertente mutualista. A verdade é que se
trata de uma Associação Mutualista,
a maior de Portugal e uma das maiores da Europa. Como tal, e quando celebramos 175 anos de atividade, considerámos ser momento de comunicar
esta realidade, afirmando o que nos
distingue e diferencia.
O que muda com a nova campanha?
Diria que muda, de modo fundamental, a visibilidade e a afirmação de
uma instituição do setor social da economia, de natureza mutualista e que
configura um dos maiores exemplos
de cidadania ativa no nosso País. Esta nova campanha, ao comunicar a
mensagem “Juntos por todos” afirma
a dimensão humana e de partilha do
Montepio Geral - Associação Mutualista, revela a sua identidade e confirma a solidariedade e o quadro de valores que a orienta.
O que os associados podem esperar
de diferente?
A diferença encontra-se na afirmação
de um projeto que os associados criam
e fortalecem a cada dia. A dedicação
das equipas, a adequação das modalidades mutualistas e o alargado leque
de benefícios, descontos, iniciativas e
dinâmicas que a Associação desenvolve a favor da comunidade de associados, e que apertam os laços entre a
instituição e os seus membros, esses
mantêm-se.
A imagem da nova campanha é um
caminho. Qual o significado?
Desde 1840 que o Montepio Geral Associação Mutualista responde às
necessidades de poupança e proteção
de pessoas e famílias através de soluções de proteção à fragilidade individual, que diluem os riscos e acautelam o futuro dos associados.
O conceito de comunicação que inspirou esta campanha assenta precisamente nessa realidade e recorre a
uma metáfora - o “caminho” - para
simbolizar a vida, as suas vicissitudes, as dificuldades e os sucessos, mas
também para revelar que, quando falamos de mutualismo, as dificuldades
são partilhadas e superadas a partir
do apoio e da força do grupo. O lema
é: Juntos por todos.
Qual a ideia representada pelo coração no logótipo ?
Na vida e no que às relações humanas
diz respeito, as emoções configuram
uma das maiores forças. O que sentimos uns pelos outros, os laços que vamos tecendo, as relações que vamos
construindo valorizam cada momento das nossas vidas. Numa associação
mutualista como o Montepio, que nasce das pessoas e para as pessoas, que
melhor forma de simbolizar esta dimensão senão recorrendo a um coração e à cor intensa que o define?
Por isso, a nova identidade do Montepio Geral - Associação Mutualista
concretiza-se num tom mais quente, para garantir maior proximidade
e envolvência, mantendo, ainda assim, a relação cromática com a marca financeira.
Os cartazes e materiais têm sempre
pessoas. Isto demonstra que os associados estão em primeiro plano?
Se considerarmos que a Associação
Mutualista reúne mais de 630 mil associados, é de pessoas que falamos e
estas pessoas, a razão de ser de todo
o projeto que o Grupo Montepio cumpre a cada dia, estão, indiscutivelmen-
> DE PESSOAS
PARA PESSOAS
A nova campanha
do Montepio tem
um coração no
logótipo e coloca
as pessoas em
PUB
primeiro lugar
te, no primeiro plano. Uma associação
é o resultado da vontade das pessoas,
é um exercício de cidadania, de união
de esforços, interesses e forças, razão
por que o projeto de comunicação que
desenvolvemos assumiu rosto e dimensão humanos.
A Associação Montepio tem mais de
630 mil associados. Como esperam
acabar 2015?
Ainda mais perto de cumprir a próxima meta: um milhão de associados.
O que vem a seguir a nível de comunicação?
Orientamos o nosso trabalho no sentido do aprofundamento da relação e da
proximidade da Associação com a sua
comunidade de associados, ampliando e completando, a cada momento,
o quadro de resposta, benefício e correspondência que enquadram a relação associativa e caraterizam o setor
social da economia. É para as pessoas
que trabalhamos e isto significa que
é nosso objetivo fortalecer os laços tecidos com os associados.
MONTEPIO INVERNO 2014
17
1
o meu mundo
ENTREVISTA
18
MONTEPIO INVERNO 2014
ANTÓNIO
TOMÁS CORREIA
MUTUALISMO
TEM FUTURO
É ESSA A CONVICÇÃO DE TOMÁS CORREIA,
QUE VÊ NA LÓGICA MUTUALISTA UMA
FORMA DE ANTECIPAR E PROTEGER
AS NECESSIDADES DE CADA UM.
EM DEZ ANOS, ANTECIPA, O MONTEPIO
JÁ TERÁ ULTRAPASSADO O MILHÃO DE ASSOCIADOS.
PARA DEIXAR CLARO AOS PORTUGUESES
O VERDADEIRO ESPÍRITO DO GRUPO,
EM JANEIRO ARRANCOU UMA CAMPANHA
DE COMUNICAÇÃO QUE SUBLINHA A LÓGICA
MUTUALISTA COMO FORÇA MOTRIZ
DE TODAS AS ATIVIDADES MONTEPIO,
CAIXA ECONÓMICA INCLUÍDA
por susana torrão
fotografia artur
“Dentro
de dez anos
entendo que o Montepio
tem todas as condições
para ser uma instituição
com mais de um milhão
de associados.”
Numa conversa em torno do mutualismo, mas também do Estado Social
e da relação que temos com o tempo,
Tomás Correia, presidente do Grupo
Montepio, partilhou uma visão de futuro na qual as instituições da economia social terão mais peso e os cidadãos serão mais interventivos.
Ao fim de mais de 170 anos, qual é o
papel do mutualismo em Portugal?
O Montepio vive tempos de rejuvenescimento, embora tenha vivido tempos
de dificuldade, como, em geral, todo o
movimento associativo. Enquanto se
foi construindo o Estado Social pensámos que este viria a resolver todos os
nossos problemas, da saúde à reforma:
o Estado Social cuidava de nós do nascimento até à morte. Creio que a crise veio mostrar que, afinal, o Estado
Social, por muito que lutemos por ele,
não vai ter condições para cuidar de
nós durante uma tão grande longevidade. Esta consciência tem tido como
consequência que o mutualismo seja
visto como um meio de cada um, juntamente com os outros, encontrar formas alternativas de proteção e de complemento do que o Estado Social pode
– ou possa – continuar a oferecer-nos.
Este é um problema só português?
É um problema mundial, que decorre de dificuldades que podem centrar-se em três pontos: por um lado
uma crise de emprego, que terá como
consequência que cada vez menos
empregados terão de fazer face, em
termos de Estado Social, aos custos
deles próprios e de todos os que deixam de contribuir; um problema de
equidade, em que há grandes dificuldades na repartição de rendimentos;
uma crise de pensamento ao nível
da distribuição das responsabilidades em termos intergeracionais. Estas questões ligam-se depois com outras mais técnicas, relacionadas com
MONTEPIO INVERNO 2014
19
1
o meu mundo
ENTREVISTA
António Tomás Correia
20
problemas como o rendimento dos
ativos que hão-de proporcionar condições para pagar pensões ou a questão do aumento da esperança de vida
– hoje aponta-se para que em 2050 a
esperança de vida ronde os 100 anos.
O que levanta questões ao nível da vida ativa já que as pessoas, se vivem
mais, passarão também a trabalhar
mais tempo.
Também levanta essas questões. Mas
essa reflexão não está feita. As pessoas
vão trabalhar mais tempo mas se hoje, com um número de anos de trabalho mais reduzido, temos dificuldades
de emprego, como é que vamos enquadrar ainda mais pessoas no mercado
de trabalho com uma vida ativa muito mais longínqua? Há toda uma reflexão, que do meu ponto de vista passa
pela transformação do modo como encaramos a vida em sociedade e a economia, que faz com que o mutualismo
seja visto como um meio para encontrar mecanismos de proteção.
É isso que distingue o mutualismo?
O mutualismo é concretizado através
de associações que vivem de acordo
com determinados princípios, nomeadamente um, muito importante, que diz respeito à democracia interna – são as pessoas que discutem
o modo como a sua associação deve
funcionar, que regras deve respeitar
e como deve organizar-se. As associações, sendo instrumentos que pro-
curam acrescentar valor para as disponibilidades que os associados lhes
confiam, encontram mecanismos de
rentabilização cujo proveito é distribuído exclusivamente pela associação, para cumprir os fins para que foi
criada. Ou seja, todos os rendimentos
acabam por destinar-se aos associados. Há outras instituições de capital
privado, como por exemplo as companhias de seguros, que aparentemente visam o mesmo objetivo mas nas
quais parte dos resultados são canalizados para o capital.
Falou da crise no movimento associativo. Consegue identificar o momento em que recomeçou a haver
maior dinamismo nesta área?
As coisas não acontecem com um
click, vão acontecendo. Há qualquer
coisa que, sem se dar por ela, vai
ocorrendo no desenvolvimento da
sociedade e, neste caso, no desenvolvimento do movimento mutualista.
Recordo-me que quando cheguei ao
Montepio tínhamos um pouco menos de 200 mil associados e que me
diziam “já temos muitos associados,
não há muita possibilidade de continuar a crescer neste registo”. E o
que é facto é que o Montepio teve das
maiores taxas de crescimento de toda
a sua vida nos últimos anos.
Como explica isso?
Pelo facto de as pessoas terem tomado
consciência dos problemas e das necessidades, elegendo o mutualismo como instrumento apto a satisfazer essas
necessidades, sobretudo na cobertura
ao nível da reforma, da saúde, etc. Não
se passa de 200 mil associados em 166
anos para os 630 mil em pouco mais
de meia dúzia de anos. Há aqui um fenómeno que produz um movimento
no sentido da congregação de esforços, que se traduz na adesão a uma associação e a um movimento mutualista que acaba por mobilizar uma parte
importante da nossa população, intergeracional, interclassista, sem atender
a questões como a idade, a religião, o
género, a ideologia, etc. O Montepio é
muito transversal à sociedade portuguesa e o mesmo acontece com o movimento mutualista.
O espírito mutualista acentua-se em
alturas de crise económica?
A crise é um elemento que coloca
questões. Interrogamo-nos sobre o
que vai acontecer amanhã. Um dos
problemas que temos atualmente é a
gestão do tempo. Vivemos muito numa lógica de curto prazo. Se a economia corre bem, se tudo corre bem,
não temos que nos preocupar muito
com aquilo que possa acontecer daqui
por dez anos. Com o Estado Social era
a mesma coisa, acreditávamos que
funcionava e não havia com que nos
preocuparmos por causa disso.
E durante cerca de uma década houve a ilusão de que as coisas também
corriam bem financeiramente.
Foram muito mais anos. O meu pai
tinha a certeza de que a minha vida
seria melhor do que a dele, que a dos
meus filhos seria muito melhor do
que a minha, etc. Hoje vivemos o inverso. Aquilo que sabemos é que os
nossos filhos dificilmente terão uma
vida tão boa como a nossa e nos nossos netos nem queremos pensar!
IDENTIDADE
No trabalho está o ganho
Tomás Correia considera
ter-se tornado uma pessoa
melhor no Montepio.
Mas é nas suas raízes que
radicam as premissas que
lhe norteiam a vida: é do
trabalho que tudo vem
MONTEPIO INVERNO 2014
e um homem nada mais tem
do que a sua honra, pelo que
a palavra dada terá sempre
de ser cumprida. Natural de
Pedrógão Grande, retém
os preciosos ensinamentos
do tio-avô – homem alto e
vertical, na postura e nas
atitudes – que ainda hoje
lhe servem de exemplo.
A infância e a adolescência
passou-as entre as Beiras
e a lezíria, para onde os
“ratinhos” – nome dado
aos pedrogueses devido
à sua baixa estatura –
vinham trabalhar durante
alguns meses. Chegou a
Lisboa com 14 anos, em
1960, uma cidade que
hoje mal reconhece.
Claro que muitas pessoas dizem que
tínhamos menos exigências, mas isso
é conversa fiada. O que é facto é que
hoje as pessoas têm muito mais dificuldades. O que se passa hoje ao nível
do emprego é brutal. Tinha a certeza
de ter emprego, podia escolher a área
de atividade em que queria trabalhar,
tinha a certeza que se me concentrasse no trabalho e na aprendizagem podia chegar cada vez mais longe. Hoje não há essa certeza. Era muito fácil deslocar-me, hoje perdemos horas
nos transportes, a qualidade de vida
piorou, sobretudo nas grandes cidades. O tempo é gerido numa lógica de
curto prazo. O que significa que raramente pensamos a vida em termos de
futuro porque o dia-a-dia, que é muito
exigente, nos consome. Raramente há
tempo para dizer: vou fazer isto hoje
com uma determinada lógica de concretização e daqui a dez anos isto terá
o impacto x, y ou z. Como diz um autor cujo nome não me recordo, o que
andamos a fazer é transformar o presente na lixeira do futuro. E com isto
matamos a esperança. Há um desafio
hoje que é o de pensar o futuro e reconstruir a esperança.
E isso passa por quê?
Passa muito por questões de sustentabilidade: das organizações, do planeta, dos países, das regiões. Mas não há
tempo para pensar, vivemos num quadro mediático que nos impede de pensar melhor as coisas.
E o mutualismo permite recentrar as
coisas numa lógica de longo prazo?
É exatamente isso que eu penso. Apesar de tudo, as pessoas começam a
dar-se conta de que se não tratarem
do seu futuro dificilmente alguém
tratará, muito menos o Estado Social.
E quando refletem sobre isso acabam por construir ou procurar soluções que vão ao encontro dessa
proteção do futuro. E é aqui que eu
penso que o mutualismo, e a economia social num contexto muito
mais alargado, fazem sentido. Em
Portugal, tenho esperança que com
esta crise que está a ser muito vio-
lenta – e vai continuar a sê-lo, não
tenhamos ilusões acerca disso – finalmente tenhamos aprendido alguma
coisa. No sentido de criar um quadro
sustentável de funcionamento do país
que nos evite voltar atrás constantemente e viver sob a tutela dos nossos
credores internacionais. Sei que vamos levar muitos anos a recuperar
da situação de catástrofe em que nos
encontramos, mas se tivermos consciência que este é um problema que
não queremos voltar a viver, certamente seremos capazes de construir
soluções, modelos de funcionamento,
modos de abordar a nossa vida coletiva que nos protejam de novas catástrofes desta natureza. Se formos capazes de o fazer, e desejo sinceramente
que sim, teremos outra vez de pensar
o tempo em termos de futuro e estaremos a reconstruir a esperança. E se
formos por aí, é minha convicção que
o mutualismo e a economia social desempenharão um papel importantíssimo na sociedade portuguesa.
De que forma?
Entre outras coisas, numa componente cidadã. Creio que a nossa sociedade vive uma grande crise de cidadania.
E essa crise vem de onde?
Vem muito daquilo que já Eça descrevia: somos uma sociedade dependente dos favores do Estado, que procura construir as suas soluções de vida
com recurso a mecanismos em que
cada um não aposta nas suas capacidades mas procura, em primeiro lugar, encontrar soluções que lhe facilitem a vida, mecanismos que não funcionam com base na interajuda mas
que, na velha gíria portuguesa, funcionam com base na cunha para tudo. Isto em vez de, de uma forma cidadã, nos empenharmos no nosso trabalho, nos contributos que podemos
dar à sociedade e a nós próprios, tornando-nos muito mais exigentes para com a sociedade e para com quem
tem a responsabilidade de nos governar, perante as organizações que têm
o dever de nos servir. No fundo, dan-
do o nosso contributo para que todas
as organizações, a partir do próprio
aparelho de Estado – os institutos públicos, as empresas, as associações
–, tenham uma atitude que vá ao encontro das necessidades do Homem.
Todas estas organizações devem servir o cidadão.
Em termos práticos, como é que uma
associação como o Montepio pode fomentar essa intervenção cidadã?
Desde logo funcionando com regras
que obedecem a uma democracia
muito intensa e a uma pluralidade
de opiniões que se manifestam livremente. Mas o Montepio não se fecha sobre si próprio e sobre a relação
com os seus associados e tem tentado
abrir-se à sociedade e estar presente
nos eventos levados a cabo pela sociedade civil. Pode parecer pouco mas o
nosso auditório é um espaço aberto a
todas as iniciativas da sociedade civil.
Temos os chamados espaços Atmosfera m – um no Porto e outro em Lisboa – que são espaços que o Montepio disponibiliza para que a sociedade possa levar a cabo os seus eventos e
que nós cedemos às organizações que
nos contactam. Além disso, procuramos apoiar ativamente iniciativas que
conduzam à capacitação das diversas organizações da economia social.
Somos parceiros de praticamente todas as instituições ou centros de saber que em Portugal se dedicam às
questões da economia social. Quando
olhamos para as questões da música,
praticamente não há novos projetos
criativos que não tenham o apoio do
Montepio.
Como selecionam os projetos a
apoiar?
São projetos que devem acrescentar
valor à cultura e ao saber portugueses. Não censuramos. A única coisa
que nos preocupa, e queremos ter essa
convicção quando apoiamos, é que se
trata de um projeto que vai ao encontro de uma forte parcela do sentir da
nossa sociedade. Não haverá disco de
fado que não tenha o apoio do Montepio. O último fruto fantástico do apoio
MONTEPIO INVERNO 2014
21
1
o meu mundo
ENTREVISTA
António Tomás Correia
22
do Montepio é a Gisela João. Cantava
no Senhor Vinho mas não conseguia
apoios para gravar um disco. O Montepio apoiou-a e estamos muito satisfeitos por ser hoje considerada a grande revelação da música portuguesa na
área do fado. Esta é uma forma de estarmos atentos e abertos às iniciativas
da sociedade e das pessoas. Falamos
pouco das pessoas, mas elas devem
ser o centro das nossas preocupações.
Não se perderia nada se voltássemos
à ideia da Revolução Francesa, quando o Homem era o centro da norma
jurídica. O Homem é o destino de todas as nossas atividades. É bom que tenhamos capacidade para voltar a esta
ideia. Qualquer coisa que façamos que
não faça sentido para a pessoa, não deve ter sentido de realizar.
O Montepio é uma instituição mutualista mas também é uma caixa económica. Como conjugam os
ideais de entreajuda do mutualismo
com uma lógica financeira?
Reconheço que, em geral, a sociedade
portuguesa olha para o Montepio e vê
nele um banco. Quer queiramos quer
não, muitas pessoas pensam no Montepio como uma instituição financeira. Somos uma associação mutualista que tem todo um grupo empresarial no qual cabe a atividade bancária,
a atividade seguradora, a atividade de
gestão de património, etc. Queremos
alterar esta situação. Trabalhamos ativamente no sentido de começarmos a
ser vistos por aquilo que na realidade somos: uma associação mutualista
que desenvolve uma série de atividades; e depois termos desdobramento
para explicar também por que desenvolvemos essas atividades e atuar em
conformidade. Queremos transmitir
uma ideia que vá ao encontro da nossa realidade e queremos que cada vez
mais pessoas nos vejam como uma
MONTEPIO INVERNO 2014
PERFIL
Percurso
profissional
Licenciado
em Direito pela
Universidade
Clássica de
Lisboa, Tomás
Correia inicia a
carreira na Caixa
Geral de Depósitos
(CGD), em 1967.
Foi administrador
e Banco Simeón.
Em 2004 assume
funções no Grupo
Montepio Geral,
como vogal
do Conselho de
Administração.
É presidente
do Conselho
de Administração
da CGD, entre
1995 e 2003, onde
ocupou vários
cargos, inclusive
como presidente
do Banco Luso
Español, Banco
de Extremadura
desde 2008.
Foi ainda presidente da Mesa
da Assembleia
Geral da Associação Portuguesa
de Bancos entre
2012 e 2014.
associação mutualista. Este é um trabalho que já dura há bastante tempo e
que vai demorar muito tempo.
Passa a haver uma separação clara
entre a Associação e a Caixa Económica. É isso?
No início de janeiro levámos a cabo
uma campanha na qual afirmámos
o Montepio enquanto associação mutualista. Continuaremos a ter atividade na área da banca, seguros e gestão
de patrimónios. O que é importante é
que todas estas instituições estejam
subordinadas à associação mutualista, aos seus princípios e valores, que
trabalhem para cumprir os princípios
e valores da associação e que acrescentem valor à própria associação.
A atividade bancária não viverá de si
e para si, mas de uma forma subordinada às orientações da associação
mutualista – tudo faremos para que o
país nos veja assim –, e os resultados
que obtenha acrescentarão valor à associação e serão destinados a servir os
associados e o país, através de todas as
atividades de responsabilidade social
que desenvolvemos.
Daqui por dez anos como pensa que
será o Montepio enquanto associação mutualista?
Entendo que o Montepio tem todas as condições para ser uma instituição com mais de um milhão de
associados, com intervenções nas
áreas em que já intervém atualmente, mas com outras, muito mais profundas, na área da saúde, do turismo, daquilo que são as necessidades das pessoas, de uma forma cada
vez mais alargada, funcionando de
modo complementar às ofertas do
Estado Social.
Esse Montepio futuro corresponderá a uma sociedade na qual a economia social tem mais peso e as pessoas são mais interventivas?
É esse um dos nossos objetivos. Uma
das coisas que tenho dito é que a economia social em Portugal tem muito
pouco peso quando comparada com o
peso que tem nos nossos congéneres
europeus. Temos sensivelmente metade do peso na economia que têm as
nossas congéneres europeias. Portugal tem de suprir esse gap. A economia social deve crescer. Faz sentido
para termos um país com preocupações que permitam entender e viver
à dimensão humana e não num quadro em que, por vezes, as pessoas não
têm lugar. Não pretendemos crescer
só para nos congratularmos com isso. Podemos crescer mas se o país, as
regiões onde estamos, se as pessoas
que nos rodeiam não crescerem connosco, isso não faz sentido nenhum.
E os portugueses estão dispostos a
isso?
Não só es tão disp os tos como
querem. Os portugueses estão fartos de uma vida de incertezas, de dificuldades, em que não há a certeza
do que vai acontecer no futuro e se
mata a esperança a cada dia. Os portugueses precisam de algo que lhes
devolva a esperança. E a economia
social e as suas instituições são excelentes instrumentos para ajudar a
devolver a esperança às portuguesas
e aos portugueses.
MONTEPIO INVERNO 2014
23
1
o meu mundo
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
CRIANÇAS
ABC DO
DINHEIRO
24
APRENDER A LIDAR
COM O DINHEIRO
É ALGO QUE DEVE
COMEÇAR NA
INFÂNCIA, PARA
QUE AS CRIANÇAS
SE TORNEM ADULTOS
RESPONSÁVEIS.
DEVIDO À CRISE,
A EDUCAÇÃO
FINANCEIRA É AGORA
UM DOS TEMAS
QUENTES EM TODO
O MUNDO
por helena c. peralta
ilustração ana seixas
De pequenino se torce o pepino,
diz o ditado popular. Pretende
passar a mensagem de que é desde
cedo que se educam as crianças,
para que mais tarde possam manter
sólido o mundo em que vivemos.
Educação a todos os níveis, incluindo
a financeira, que é vista atualmente
como uma ferramenta essencial
à participação na construção
de uma sociedade moderna.
MONTEPIO INVERNO 2014
A importância dos comportamentos e dos conhecimentos financeiros
tem sido cada vez mais reconhecida
a nível mundial, pois um grau mais
elevado de literacia financeira – que
é a capacidade de fazer julgamentos
informados e tomar decisões tendo
em vista a gestão do dinheiro – leva a que os cidadãos organizem com
maior responsabilidade os seus orçamentos familiares.
A crise que se instalou em 2008
a nível mundial, resultado de um excesso de crédito subprime nos Estados
Unidos, que rapidamente se estendeu
à Europa e ao resto do mundo, forçou
uma alteração da realidade financeira. “A redução na concessão de crédito
obrigou a desalavancar (diminuição do
endividamento) e, paralelamente, existiu um aumento do desemprego e da
tributação. As famílias foram obriga-
das a serem mais cautelosas e a definirem prioridades. A poupança passou
a ser uma prioridade”, explica Ricardo Ferreira, economista e fundador da
Escola Financeira. Este projeto foi lançado em Portugal em 2008, com o estalar da crise, e pretende ser um espaço
de educação e promoção da cidadania.
Crianças e jovens estão a crescer
e a desenvolver-se num mundo cada vez mais complexo e, mais tarde ou mais cedo, terão de debater-se com questões financeiras a vários
níveis. A OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico recomenda que a instrução financeira se inicie o mais
cedo possível e que tenha lugar nas
escolas, como parte do seu currículo escolar. Esta entidade realizou pela primeira vez, em 2012, o estudo
PISA – Avaliação da Literacia Financeira dos Estudantes, através de
inquéritos a quase 30 mil adolescentes de 15 anos, em 18 economias distintas, e concluiu que os jovens estão
muito confusos no que ao dinheiro
diz respeito. O estudo aferiu que um
em cada sete estudantes de 13 países da OCDE é incapaz de tomar decisões simples sobre os seus gastos
diários, e apenas um em cada dez
consegue resolver questões financeiras mais complexas. Neste estudo, a
zona Xangai-China atingiu a pontuação mais alta, seguida da comunidade flamenga da Bélgica, da Estónia e
da Austrália. Nos EUA, por exemplo,
quase 18% dos estudantes inquiridos
não atingem a fasquia desejável em
termos de literacia financeira. Ou seja,
conseguem distinguir a diferença entre o que necessitam e o que desejam e
só são capazes de tomar pequenas decisões relativas aos gastos diários.
Literacia financeira em
Portugal ainda é baixa
Portugal não participou nesta investigação, pelo que os dados nacionais
são mais diminutos. O Banco de Portugal realizou um inquérito à literacia
financeira da população portuguesa,
P&R
Paula Guimarães
Responsável pelo Programa de Educação Financeira do Montepio
A responsável pelo
programa faz o balanço
de quatro anos de
atividade, que envolveu
mais de 80 voluntários
formação presencial,
desenvolvida pelos
colaboradores do
Montepio no contexto
do programa de
também o Grupo
Auchan que, desde
a primeira hora, se
disponibilizou para
acolher as crianças
do Grupo Montepio.
Como surgiu o
Programa de Educação
Financeira (PEF)
do Montepio e qual
foi a necessidade
sentida aquando
da sua criação?
Este programa nasceu
do reconhecimento
da importância do
tema para todos os
nossos stakeholders
e da necessidade
de responder
afirmativamente ao
repto lançado pelo
ESBG (associação
de bancos europeus),
entidade a que
pertencemos em
representação de
Portugal. Inicialmente
destinava-se a
colaboradores,
clientes e associados,
bem como a adultos
provenientes de
contextos vulneráveis
e a crianças que
frequentassem
estabelecimentos
de ensino público e
privado.
Como se desenrola
este programa?
O Programa assenta em
voluntariado de
competências, e
decorre em diversas
fases pedagógicas.
Ao longo destas os
formandos aprendem
conceitos financeiros
básicos, descobrem
a importância do
orçamento familiar
mas, sobretudo,
descobrem os
valores da partilha,
do mutualismo e do
planeamento.
A metodologia seguida
depende da faixa
etária e há sempre o
cuidado de adaptar
linguagens e exemplos
à realidade de cada
grupo. A mensagem de
proximidade foi, mais
tarde, complementada
com a informação
disponibilizada no
portal de educação
financeira do Montepio.
Quais os parceiros
Montepio envolvidos
e de que forma
participam?
Todas as escolas
e professores são
claramente parceiros
extraordinários,
mas devemos referir
na fase da visita ao
supermercado, e a
ANJAF que assegura a
formação dos públicos
adultos. Por último, na
fase de atualização e
revisão do Programa
para Crianças
contámos também com
o precioso auxílio da
Fundação Gonçalo da
Silveira.
Considera importante
introduzir a
educação financeira
nas escolas?
De que forma?
Pelas razões já
invocadas entendemos
que o território da escola
é muito importante
para a transmissão
destes conceitos, mas
da nossa experiência
resulta a convicção
de que a abordagem
deve ser feita fora dos
currículos obrigatórios
e por pessoas da
comunidade educativa,
que não sejam
professores. Trata-se
de uma matéria que
deve ser encarada
de forma lúdica e em
estreita sintonia com
a realidade.
MONTEPIO INVERNO 2014
25
1
o meu mundo
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
crianças
jj
EDUCAÇÃO
FINANCEIRA
DAS CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
AUTOR
Ricardo Ferreira
EDITORA
Escolar Editora
PVP € 13,50
26
em 2010, para avaliar e melhor compreender os seus comportamentos.
Detetou-se que 11% dos portugueses
não têm conta bancária, e a mesma
percentagem entende que o planeamento financeiro é pouco ou nada
importante. Cerca de 7% dos entrevistados não conhecem o saldo das suas
contas e 40% desconhecem as comissões aplicadas pelos bancos. São 35%
aqueles que afirmam que escolheram
o seu banco por indicação de familiares ou amigos e 54% dos inquiridos
admitem que contrataram produtos
sugeridos pelos próprios balcões.
SEMANADA OU MESADA?
Os primeiros
passos
das finanças
pessoais
Ou seja, o desconhecimento relativo a esta área das nossas vidas ainda
é grande. Muitos especialistas acreditam que a educação financeira pode
ser a chave para melhorar a qualidade de vida individual e das sociedades. E nada melhor do que começar
essa mesma educação em criança.
Quando iniciou a atividade da Escola Financeira, Ricardo Ferreira começou por implementar cursos de
formação para adultos, no âmbito de
projetos promovidos por empresas e
posteriormente por universidades seniores, em juntas de freguesia e associações. “Mas à medida que o número
de formandos ia aumentando, constatei que a mudança a prazo só poderia
acontecer se trabalhássemos a partir
da infância. Os adultos, por vezes, já
se encontram em situações difíceis, o
que dota as formações de um caráter
de emergência e não preventivo”, explica. Este segmento envolve não só
as crianças como os próprios encarregados de educação e professores.
Foi, pois, fundamental adaptar a linguagem e o material didático de apoio
às diferentes idades e em função dos
resultados. Outro projeto de Ricardo
foi a criação de um manual, Educação
Financeira das Crianças e Adolescen-
SEMANADA
1.a
FASE
1€
QUANTO?
Comece por dar 1€
de duas em duas
semanas.
EXPLIQUE a importância
de poupar e os riscos
de gastar o dinheiro
de imediato. Recorra
a exemplos práticos.
ACOMPANHE
o comportamento
do seu filho perante
o novo desafio.
Ricardo Ferreira deixa
aqui as suas sugestões
do que entende ser
o mais correto a fazer.
Esta é uma
das mensagens que
deixa aos pais na
sua obra Educação
Financeira das Crianças
e Adolescentes.
Dos 3 aos 4 anos
MONTEPIO INVERNO 2014
tes, “um elemento fundamental para
sensibilizar para a premência da educação financeira e, indubitavelmente,
um veículo de promoção do projeto”.
Uma ideia prioritária na educação financeira é a noção de poupança. Como explica, o termo “poupança” deixou progressivamente de estar
no topo das prioridades de muitas famílias. Mesmo em tempos financeiramente conturbados, o objetivo dos
nossos avós era tentarem acumular
algumas poupanças de forma a fazer
face a situações inesperadas. Para tal,
eram bastante cuidadosos nos gastos
supérfluos. Mesmo durante períodos económicos difíceis, existia uma
preocupação constante em poupar.
“Com a adesão à Comunidade Europeia, em 1986, o acesso ao crédito por
parte das famílias tornou-se mais fácil e barato, criando-se um efeito ilusório de que seria possível ter mais
produtos e serviços. Com este progressivo tombar da poupança na hierarquia das prioridades familiares
foi-se afirmando uma ideia negativa face ao termo, uma vez que a palavra era associada a restrição”, refere
Ricardo Ferreira. Por isso, defende
que com a crise a poupança tem de
aumentar obrigatoriamente.
2.a
FASE
O CONCEITO DE
SEMANADA começa agora
a ser levado mais a sério.
CONVERSAR COM
A CRIANÇA é fundamental
de forma a definir,
com precisão, quais as
despesas que são cobertas
pela semanada e que tipo
de encargos serão pagos
à parte (livros escolares,
material escolar, aulas de
apoio).
Dos 7 aos 10 anos
PUB
Iniciativas privadas para
crianças e jovens
Ensinar as crianças a lidarem com o dinheiro e, sobretudo, a pouparem e a serem conscientes nos seus gastos é um
tema que está em cima da mesa em
vários países. Uma das medidas que o
atual governo tem preparadas – consta
do anteprojeto das Grandes Opções do
Plano (GOP) para o próximo ano – é a
introdução da educação financeira nas
escolas. No entanto, ainda se desconhece como será feita esta inclusão.
Sabe-se que os desafios são vários. Pode ler-se no relatório do programa Todos Contam, do Plano
Nacional de Formação Financeira, que
“a implementação da educação financeira nas escolas coloca, desde logo, a
questão da perspetiva a adotar para a
sua abordagem. Esta dificilmente poderá passar por uma receita única e
abrangente (uma disciplina, um módulo de formação, um curso, um projeto,
um seminário, uma conferência, um livro) para ensinar os jovens a tornarem-se financeiramente mais capazes”.
Enquanto o governo não introduz
a educação financeira nas escolas, há
organizações privadas que têm tomado
a dianteira. Por exemplo, a Fundação
António Cupertino Miranda iniciou
em 2009 um projeto designado “No
Poupar é que está o Ganho”, através
do Museu da Moeda, destinado à sensibilização de crianças e adolescentes.
“O museu foi pioneiro na deteção da
falta de literacia financeira em Portugal e a educação financeira assumiu
assim um papel de grande relevância
dentro da programação deste espaço”, afirma Sónia Santos, responsável
pelo Serviço Educativo da fundação.
A procura tem crescido e “este ano letivo conta com a inscrição de 64 turmas de 14 escolas, num total de cerca
de 1 600 alunos, isto só em projetos de
continuidade”, explica. Um parceiro
fundamental tem sido a Faculdade de
Economia da Universidade do Porto,
que apoia tanto na criação e validação
de conteúdos, como na própria monitorização junto das turmas inscritas.
A fundação conta também com a ajuda da Câmara Municipal do Porto na
divulgação junto das escolas e com a
ajuda de 17 voluntários.
Outro projeto privado nesta área é o
do Montepio. Esta instituição mutualista também criou o seu Programa de
Educação Financeira (PEF), no âmbito da responsabilidade social do grupo, destinado a adultos e a crianças,
também com o objetivo de estimular
MESADA
INÍCIO
DA
MESADA
10%
GASTOS DIÁRIOS
A mesada começa a ser
apropriada para os gastos
diários, como lanches,
revistas e coleções,
carregar o telemóvel e para
poupar (deve poupar-se
10% do valor da mesada).
A partir dos 10 anos
1 Os pais não devem impedir
os filhos de gastar o dinheiro, para
que estes aprendam por si.
2 Deverão promover-se
incentivos à poupança
e evitar-se montantes extra.
3 Não se deve confundir
resultados escolares com mesada.
4 Se o seu filho pedir um
aumento, deverá perceber
as razões que motivam o pedido
e analisar se o aumento
é necessário ou antes resultado
de má gestão.
5 É necessário definir
as despesas cobertas pela
semanada e os restantes
encargos pagos à parte.
1
o meu mundo
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
crianças
ff
POUPANÇA
EM AÇÃO
O Montepio criou
o Programa
de Educação
Financeira
que conta com
diversos materiais
didáticos, entre
eles o portal
ei.montepio.pt
28
a poupança e prevenir sobreendividamento. Esta iniciativa tem sido distinguida por várias entidades, nomeadamente pela Organização Mundial da
Família, e foi ainda aplicada junto dos
técnicos responsáveis pela coordenação de equipas na área do Rendimento de Inserção Social. Deste programa
surgiu o Ei - Educação, Informação
(ei.montepio.pt), portal que serve de
ferramenta para ajudar a organizar as
finanças pessoais. Este portal garante
a todos os cidadãos o acesso a conteúdos informativos relevantes e didáticos
na área da educação financeira e destina-se a cinco públicos diferentes, entre eles crianças e educadores. Segundo a responsável pelo programa, Paula
Guimarães, “entre 2009 e 2013 o Programa de Educação Financeira para
Crianças abrangeu 5 277 crianças com
idades compreendidas entre os 6 e os
10 anos. As 707 ações do programa, desenvolvidas em 226 turmas, foram implementadas por mais de 80 colaboradores voluntários”.
Como educar em casa
Porém, quer chegue ou não às escolas, os pais são os primeiros a encarregarem-se do ensino financeiro dos
seus filhos. Como devem as crianças
MONTEPIO INVERNO 2014
ser educadas para gerirem o seu dinheiro? Bárbara Romão, psiquiatra
da Infância, refere que é importante
que os mais jovens percebam desde
cedo o valor do dinheiro, e isto acontece por volta dos 4 anos. É nesta altura que surgem as primeiras perguntas sobre o tema e é fundamental fazê-los entender que este recurso não
é ilimitado.
“Depois de entrarem na escola
primária começam a fazer perguntas mais concretas: quanto custam as
coisas, quanto é que os pais ganham.
Devemos responder sempre de forma
a que entendam e não fugir aos temas
difíceis. As crianças reagem bem ao
que lhes explicam”, diz. Nesta fase, é
aconselhável deixá-los fazer algumas
compras e serem eles a pagar e a receber o troco. Talvez o velho mealheiro
tenha caído em desuso, mas incentivar a fazer poupança é também uma
atitude positiva por parte dos pais,
pois as crianças divertem-se a juntar
dinheiro. Quando chegam ao segundo ciclo, por volta dos 10 anos, o caso
muda de figura. Começam a ter o cartão da escola, que necessitam de carregar para almoçar, lanchar ou comprar material na papelaria, ou vão ao
cinema com os amigos. Aqui convém
dar pouco de cada vez, como dois ou
três euros, para evitar gastos supérfluos. “A crise também veio ajudar as
crianças a terem consciência das dificuldades dos pais e, em certos casos,
os próprios adultos, que não sabiam
dizer não”, comenta Bárbara Romão.
Para esta especialista, por volta dos
12 anos já se pode começar a dar uma
semanada para aprenderem a gerir
o seu dinheiro. De início pequena,
mas poderá ser aumentada conforme
as necessidades. Começar com uma
quantia elevada e ir depois reduzindo
conforme os gastos é que é desaconselhado. Pelos 15, 16 anos, os adolescentes já pedem um pouco mais para saírem com os amigos e uma mesada é a melhor forma de os orientar.
Assim, sabem que apenas têm aquele
dinheiro disponível para o mês inteiro e se o gastarem todo ao início não
terão mais.
A responsabilidade de ensinar as
crianças a lidarem com o dinheiro é
dos pais e deve começar cedo. Não faz
sentido esperar que cheguem à escola para serem educadas pelos professores. Este é um trabalho conjunto de
pais, educadores e sociedade em geral
para termos, no futuro, adultos financeiramente mais responsáveis.
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1
o meu mundo
ENTREVISTA
RUI ZINK
Um português
sem papas
na língua
30
TEM MEDO DE MUITA
COISA MAS NÃO DE
FALAR. ESCRITOR,
PRESTES A LANÇAR UMA
PRIMEIRA EDIÇÃO EM
BENGALI, E PROFESSOR
UNIVERSITÁRIO, RUI ZINK
FALA NESTA ENTREVISTA
À MONTEPIO DA SUA
PAIXÃO PELA
LITERATURA, DOS
PORTUGUESES E DAS
SUAS IDIOSSINCRASIAS
por rita vaz silva
fotografia artur
Foi o primeiro português a apresentar,
em 1997, uma tese de doutoramento
sobre Banda Desenhada. Não se considera um rebelde e é adepto da disciplina e do civismo, mas admite o fascínio por tudo o que está do outro lado,
pela marginalidade. No seu discurso,
nos seus romances (um dos quais contemplado com o prémio do P.E.N. Clube Português), nas suas aulas e em tudo o que faz, Rui Zink é um agent provocateur que se serve do humor para
espalhar sementes de mudança.
Leciona uma cadeira de Literaturas
Marginais na Universidade Nova de
Lisboa. O que é literatura marginal?
É aquela que se desvia do central,
que as pessoas duvidam se é ou não
MONTEPIO INVERNO 2014
literatura. Ou seja, é a poesia visual,
a poesia popular, o cante alentejano,
a ficção científica, a banda desenhada. São tipos de literatura que usam
o papel mas que enfrentam uma desconfiança de que se possa fazer algo
de bom nesse género. E depois há os
sítios onde a palavra também dança
mas onde o suporte já não é o papel:
a televisão, a rádio. O teatro radiofónico, a performance poética que é meio
pintura, meio teatro, meio literatura,
podem ser literatura. Eu gosto destas
misturas, da mestiçagem. Acho que
os melhores portugueses são aqueles
que saem e voltam diferentes.
É um marginal na literatura e na vida?
Não. Como dizia o Lou Reed: “Hey baby
take a walk on the wild side.” Sempre
gostei de ver o que está do outro lado, deve ser o meu lado meio índio, meio cowboy. No século xix, as pessoas em Boston diziam: “Aqueles tipos que estão lá
para fora, na Califórnia, a caçar bisontes, esses indivíduos já não são bem
brancos, já viraram indígenas.” Mas a
verdade é que hoje o símbolo da América são os cowboys, são os pioneiros. As
pessoas que têm medo do desconhecido
são as pessoas que mandam e têm uma
certa inveja das pessoas que ousam viajar. E na arte aquilo que é marginal um
dia pode tornar-se o principal.
Como na vida...
Sim. Por exemplo, a cultura portuguesa não é portuguesa sem as viagens.
A viagem marítima é aquilo que nos
define, é a nossa grande glória, aquilo
que nos dá a nossa identidade.
Os portugueses têm esse lado conquistador, rebelde, mas também têm fama
de mansos e conservadores.
O mais interessante no nosso caso é
que sempre tivemos consciência da
nossa pequenez e por isso é que somos
grandes. Essa noção de que não somos
BIOGRAFIA
Quem é Rui Zink?
T
“Lembro-me
que o meu avô
gostava muito do Montepio
e foi aí que tive a minha
primeira conta bancária.
Conheço pouco como
funciona o mutualismo,
mas é uma ideia boa
de organização civil e
republicana e tem a ver
com uma época em que
se acreditava no progresso,
na educação e no bem
comum.”
o centro do mundo é a nossa qualidade,
ao contrário de outros povos que pensam que são o centro do mundo e não
sabem que não são. O nosso grande
mal é só termos duas fronteiras, uma
com Espanha e outra com o mar.
Ou será a nossa sorte?
Sim, por um lado, protegeu-nos das
guerras mas também nos protegeu das
ideias. A Alemanha tem 14 fronteiras.
Portugal só tem uma. Sempre fomos
periféricos tanto para o Mediterrâneo
como para a Europa, e o facto de estarmos longe e com apenas um vizinho
maior do que nós tornou o país conservador. Por outro lado, temos muita
curiosidade em relação ao que vem de
fora. Por exemplo, ao contrário de Inglaterra, achamos que os bons livros
são os que vêm do estrangeiro e isso
Tem 53
anos, é
casado
há 22, tem dois
filhos e quatro
gatos. Polémico
e irreverente,
Rui Zink tornou-se conhecido
da maioria dos
portugueses, entre
1994 e 1997, ao
(tema da sua
dissertação de
mestrado). Trabalhou nos EUA
como leitor de
Língua Portuguesa na Universidade do Michigan
e, entre 2009 e
2010, foi professor convidado na
Universidade de
integrar o painel
do programa de
“escárnio e maldizer” da SIC, a
“Noite da Má Língua”. Natural de
Lisboa, o escritor e
professor auxiliar
na Faculdade de
Ciências Sociais
e Humanas da
Universidade
Nova de Lisboa
(onde se licenciou em Estudos
Portugueses) foi o
primeiro português a escrever
uma tese de doutoramento sobre
Banda Desenhada
e admira autores
“marginais” como
Alberto Pimenta,
Ana Hatherly e
José Vilhena
Massachusetts,
Dartmouth. Podia
ter sido artista
plástico mas aos
14 anos decidiu-se
pelas Humanidades. Entre
as suas obras,
que combinam o
romance, o ensaio
e as novelas gráficas, destacam-se
Apocalipse Nau
(1996), Os Surfistas (2001), Dádiva
Divina, galardoado com o Prémio
P.E.N. Clube
Português (2005),
A Instalação do
Medo (2012) e
O Destino Turístico (2008), obra
da antologia Best
European Fiction
2012.
tem graça porque, de um certo modo,
torna-nos mais abertos e, por outro,
torna-nos mais inseguros. Uma das
marcas da cultura portuguesa é a extrema insegurança. Os portugueses
levaram tantos pontapés durante tantos anos e ainda não se habituaram à
liberdade passados 40 anos. Se quiserem uma expressão que define Portugal é o medo de pisar o risco.
MONTEPIO INVERNO 2014
31
1
o meu mundo
ENTREVISTA
Rui Zink
32
A nossa história parece mostrar o
contrário.
Foi sempre uma minoria que não teve medo. Eu acho que fomos empurrados para a aventura, raramente fomos
à aventura por querer. Houve sempre uma alegre irresponsabilidade.
Um dos absurdos portugueses é o nosso prato nacional: é peixe mas não
é fresco, num país com tanta costa, e
vem da Noruega. Somos o país do bacalhau e da pimenta, duas coisas que
não temos. Somos um país curioso mas
com pouca curiosidade, somos um país
divertido mas com pouco humor.
Admira alguém por não ter medo?
O Alberto Pimenta, a Ana Hatherly,
cuja arte foi sempre desdenhada e que
começa agora, aos 80 anos, a receber homenagens, o Miguel Vale de Almeida.
O Miguel Esteves de Cardoso: as crónicas dele são uma prova de liberdade, escreve sempre sobre o que lhe apetece.
É uma pessoa com medo?
Tenho imensos medos.
Não tem medo de falar.
Esse não tenho. Mas tenho medo da
dor física. Sou um corajoso num país
onde felizmente não nos dão tiros por
dizermos o que pensamos. Se estivesse na Síria era provável que tivesse medo de falar. Aqui podem tentar lixar-nos no emprego, não nos dar trabalho.
A vingança portuguesa é no bolso.
Digo sempre aos mais jovens: digam
mal dos políticos mas não das empresas, senão a vossa carreira é má.
Temos muito a cultura da bazófia,
de querer mostrar coragem batendo
no mais fraco. Eu fui ensinado desde
criança a não bater nos mais fracos, o
que é estúpido porque bater nos mais
fortes não é prático. A minha carreira
seria melhor se eu tivesse o gosto e o hábito de bater nos mais fracos. Ser servil com quem manda e arrogante com
quem serve é uma coisa muito portuguesa. E ser da corte, exibindo o chama-
MONTEPIO INVERNO 2014
do sorriso de assessor. O ministro ainda
não disse a piada e eles já estão a rir.
E o lado bom de Portugal?
Não damos tiros na oposição, só fazemos
com que não tenha emprego, que não
ganhe dinheiro. Isso é uma coisa boa.
Outra coisa boa é a solidariedade em
certos momentos e o nosso compadrio.
As pessoas dizem mal do compadrio
mas sem compadrio não se poderia
viver em sociedades com um Estado
abusivo como nós tivemos durante tantos anos. É uma aliança informal que
permite que pessoas sem bens possam
sobreviver. No velório da minha mãe
perguntei a uma sua amiga de infância como tinha a minha família sobrevivido em 1938 quando o meu avô foi
preso. E ela disse: “Foi com a ajuda das
pessoas todas.” Durante ano e meio, a
minha mãe, com 13 anos na altura, o
meu tio com 12, a minha avó, uma doméstica na casa dos 30, conseguiram
sobreviver sem o salário do meu avô
porque houve solidariedade social no
bairro onde viviam.
Quando começou a interessar-se pela
literatura?
Quando aprendi a ler, aos 6 anos. A minha família não tinha dinheiro, não
havia televisão, mas tinha livros em casa. Li os Cinco, os Sete, o Júlio Verne
todo com os meus 10, 11 anos. Quando
ia para a terra da minha avó, em Soure, havia uma carrinha da Gulbenkian
que parava ao pé da Várzea e eu ia lá
todos os dias, trazia um ou dois livros.
Houve alturas em que estava mais interessado noutras coisas mas nos momentos-chave da minha vida acabei
por voltar sempre à leitura. Quando
me comecei a apaixonar violentamente, por exemplo, ler Dostoievski ajudou-me imenso a lidar com a turbulência que me ia na cabeça. E percebi que
os livros podem ser importantes para
dizer coisas que o padre ou o psicanalista não dizem.
Seguiu essa paixão. Estudou literatura, tornou-se professor da disciplina
e escritor.
Sempre me interessei pela área artística. Pintava, desenhava, e até muito
tarde na minha juventude não sabia
para que lado iria. Ainda fiz algumas
exposições. Mas a partir dos 14 anos as
Humanidades foram o caminho óbvio.
Gosta de dar aulas?
Ser professor é uma boa atividade para quem gosta de pintar ou de escrever.
É uma forma de rendimento honesta
que não distrai demasiado da arte.
Com que idade começou a escrever?
Comecei a ter noção do que era a escrita aos 14 anos. Escrevi o primeiro livro aos 18 mas não foi publicado, graças a Deus. Chamava-se “Maionese Fatal” e, como todos os primeiros livros,
era involuntariamente um pastiche.
Mas ajudou-me porque me incutiu disciplina. Escrevia cinco páginas por dia
e cumpria a quota. A ideia de “trabalho
é trabalho, conhaque é conhaque” criei
mais ou menos pelos 18 anos.
E ainda é assim hoje em dia?
Essa disciplina ficou e sem ela não se
pode escrever. É uma regra do anarquismo que aprendi com o meu avô.
O anarquismo não é a indisciplina, é
ter uma disciplina interior que dispensa haver um polícia: limpa o que
sujaste, dá lugar aos mais velhos,
respeita os outros como gostavas que
te respeitassem. Esta é a essência.
É uma autorresponsabilização e é
fundamental para a arte.
Como se caraterizaria enquanto escritor a alguém que nunca leu uma das
suas obras?
Se escrevo é porque acho que tenho coisas válidas a dizer, não tenho falsas modéstias. Acho que sou um bom autor,
com uma voz própria, uma cabeça minha. Há dias em que acho que não presto para nada e outros em que penso que
sou o Shakespeare do século xxi. Vai
variando conforme a minha disposição,
uns dias deprimido, outros em euforia.
É uma pessoa otimista?
Sou um otimista desconfiado, isto é, estou sempre atento ao que pode correr
mal. Fui amaldiçoado com uma visão
periférica, que chamo de imaginação,
e que é ver uma série de possibilidades numa coisa que está a acontecer,
sendo que algumas dessas possibilida-
HOBBIES
Além da escrita
G
osta de
ver futebol no
café da esquina
e diz ser um excelente treinador
de copo na mão.
É varzinista.
Antigamente
des são más. Como qualquer pai tenho
medo em relação aos meus dois filhos
e estou sempre com o credo na boca.
Mas o nosso maior inimigo é o nosso medo. Se ficarmos na nossa casca
sufocamos, mais vale arriscar. Portanto, sou um otimista atento.
Deu aulas nos EUA. Que diferenças
notou entre o ensino português e o
norte-americano?
Foi uma experiência muito boa. Senti uma falta terrível do oceano quando estava no Michigan, a mais de
dois mil quilómetros do mar. Essa
era uma grande diferença. Outra era
a simplicidade, o conforto e a facilidade com que se tratava dos assuntos
e as bibliotecas abertas 24 horas por
dia. Lá existe uma força da palavra,
uma responsabilização individual,
um sentido cívico que não temos.
Tem saudades de fazer televisão?
Tenho saudades de ganhar dinheiro.
A televisão vive sobretudo da borla.
Ganhei em alguns momentos e noutros não.
Foi na TV que se tornou conhecido.
Sim, tem vantagens, mas trouxe
desvantagens porque se faz inimigos.
Atualmente não sou pago para escrever para jornal nenhum, não sou pago
para colaborar com qualquer rádio ou
televisão. Não sei se beneficiei ou não.
Mas diverti-me muito.
Tem mais de 5 mil seguidores no
Facebook e reparamos que gosta muito de escrever sobre gatos.
Quando o meu filho mais velho saiu
de casa de repente, a casa ficou vazia
e a minha mulher foi pondo lá em casa um gato, dois, três... neste momento,
temos quatro gatos e um filho adolescente. Gosto de chatear as pessoas que
têm cães. Sem inimigos a vida não tem
piada e se não chatearmos alguém,
acabamos por nos chatear a nós próprios. Gosto de rabujar, umas vezes sai
com humor, outras vezes não. Os ga-
ia ao cinema,
ao teatro, fazia
desporto, saía à
noite. Agora fica
em casa, lê, vê
televisão e lança
“bocas” no
Facebook. “É
uma evolução.”
tos ajudam-me a rabujar com humor.
São espantosos, têm personalidade
própria e é como ter deuses em casa.
Como consegue estar casado há 22
anos e ao mesmo tempo gostar de chatear alguém?
Não é incompatível, é divertido. O casamento é uma instituição maravilhosa.
Os primeiros 20 anos foram duros mas
agora não. A minha esposa tem mais
humor do que eu e ganha sempre.
Quando me quer enervar, consegue.
Porque é que os primeiros 20 anos foram difíceis?
Porque o casamento é uma chatice, é
contranatura, é uma violência. Porque
ainda não encontrámos, e se calhar não
vamos encontrar, uma fórmula adequada de sermos felizes e completos. Entre
muitas outras coisas, o casamento é tentar ter uma coisa que não foi feita para
durar muito tempo com outra pessoa.
O casamento só é eterno se as pessoas
morrerem novas e agora vivemos muitos anos e o amor morre muitas vezes.
O lado bom é que como é uma morte
metafórica, pode ressuscitar.
Como encara o futuro?
Estou sempre a tentar novos projetos, mas tenho sempre dificuldade em
dar-lhes forma. Vivo muito o dia-a-dia,
e no fim de cada um faço um balanço. Há quase um século, James Joyce
adaptou a longa viagem de Ulisses para
um só dia em Dublin: uma ideia simples mas luminosa. A vida inteira num
só dia. Acho que ser adulto é perceber
que o paraíso é o quotidiano, e todos os
dias são mundos onde cabe a vida toda.
MONTEPIO INVERNO 2014
33
1
o meu mundo
OBSERVATÓRIO
TENDÊNCIA
O MUNDO
EM 2015
34
NÃO SÃO ESPERADAS
GRANDES REVOLUÇÕES
NO MUNDO EM 2015,
MAS HÁ AINDA MUITO
PARA FAZER EM TERMOS
ECONÓMICOS, POLÍTICOS,
SOCIAIS E AMBIENTAIS.
PEQUENAS MUDANÇAS
PODERÃO AJUDAR
A CONSTRUIR UM FUTURO
MELHOR. CONHEÇA
AS TENDÊNCIAS ATUAIS
PARA CADA UMA DAS
ÁREAS: ECONOMIA,
SOCIEDADE, CIÊNCIA,
CULTURA E TURISMO
por helena c. peralta
ilustração ana seixas
Dizem que, por vezes, a realidade
pode ir ainda mais longe do que
a própria imaginação. Porém,
não foi isto que aconteceu no filme
de Robert Zemeckis, Regresso
ao Futuro II. Neste filme de ficção
realizado em 1989 e protagonizado
por Michael J. Fox, no ano
de 2015 – mais especificamente
a 21 de outubro – já existiriam
carros e skates voadores, telefones
inseridos nos óculos, previsões
meteorológicas ao segundo, entre
muitos outros gadgets futuristas.
MONTEPIO INVERNO 2014
O jornal Chicago Tribune dedicou
um artigo a este filme no qual avalia quais destas previsões tecnológicas já são uma realidade e as que estão ainda longe de o ser. Segundo os
especialistas contactados pelo jornal,
em 2015 estão apenas disponíveis algumas destas invenções, como a possibilidade de ter um smartphone nos
óculos ou drones para cobertura jornalística, ou até mesmo um hidratador de comida, ainda que muito embrionário. Quanto aos veículos voadores, ainda vamos ter de aguardar
uns bons anos para os vermos a sobrevoarem as nossas cidades.
Não se espera que o mundo em
2015 seja muito diferente do que foi
jj
EQUILÍBRIO
GEOPOLÍTICO
As tensões
entre a Rússia
e o Ocidente,
a China,
que poderá
ultrapassar
os Estados
Unidos como
superpotência,
e a reação
da Europa ao
terrorismo e
nacionalismos
internos serão
questões de peso
em 2015
ECONOMIA
35
Desafios trazem incertezas várias
A
economia
mundial
já devia
estar em franca
recuperação durante
2015. Mas apesar do
crescimento de 3,4%
previsto pelo Banco
Mundial a nível
global, o planeta vai
ainda enfrentar uma
situação nebulosa.
Um estudo intitulado
A Era da Austeridade,
realizado por Isabel
Ortiz, diretora no Iniciative for Policy Dialoge, e por Matthew
Cummins, refere que,
em 2015, cerca de 6,3
milhões de pessoas
serão afetadas pelas
medidas de austeridade, ou seja, 90% da
população mundial.
Falam mesmo numa
pandemia de austeridade já que, analisando 314 relatórios
do FMI relativos a
174 países, se verifi-
ca que praticamente
todas as economias
reduziram os seus
orçamentos.
Para o economista João César das
Neves, a crescente
incerteza política,
nomeadamente na
Ucrânia, e a fragilidade de algumas
regiões, como a
Rússia, Brasil, Japão
e Estados Unidos,
levam a uma situação mundial menos
favorável. Também
o Fórum Económico
Mundial prevê, no
seu Outlook On the
Global Agenda 2015,
que a geopolítica se
torne uma questão
central, com consequências a nível
económico, político
e social, sobretudo
com a intensificação
do nacionalismo.
Nesta matéria assume particular relevo
a tensão crescente
entre a Rússia e o
Ocidente. Outra importante movimentação surge na Ásia, já
que se acredita que a
China possa vir rapidamente a suplantar
os Estados Unidos
como superpotência
mundial. As disputas
entre a China e o
Japão aumentam a
concorrência a oriente e ameaçam
a economia dos
Estados Unidos,
apesar de estar
mais saudável.
Já no que à Europa
diz respeito, que,
em bloco, continua
a ser a região com o
maior PIB mundial,
também pairam
algumas incertezas.
Para João César das
Neves, com a nova
Comissão Europeia e
uma nova presidência, liderada por
Jean-Claude Juncker, poderão surgir
algumas novidades.
“O principal problema da Europa é a
desconfiança entre
credores e devedores, o que cria uma
situação de tensão
latente entre os
Estados-membros”,
refere, a propósito,
o economista. Para
este, uma mudança
de atitude é fundamental para que
tudo corra da melhor
forma. Um dos desafios atuais da Europa
é combater o perigo
de deflação, que
cria obstáculos ao
crescimento económico. Para travá-la,
o Banco Central Europeu está a manter
as taxas diretoras a
níveis muito baixos,
o que, por outro lado,
também não incentiva a poupança.
PRINCIPAIS
TENDÊNCIAS
NA ECONOMIA
1
Incerteza geopolítica
afeta crescimento
económico mundial
2
Políticas
de austeridade
vão continuar
em diversos países
3
Desemprego
continua a aumentar
no mundo
4
Caso BES
vai continuar a ter
impacto na economia
portuguesa
5
Dívida pública
e défice nacionais
mantêm-se elevados
6
PIB português
deverá crescer 1,5%
MONTEPIO INVERNO 2014
1
o meu mundo
OBSERVATÓRIO
o mundo em 2015
36
em 2014, mas há, com certeza, tendências que vão dar continuidade ao
progresso civilizacional em áreas tão
distintas como a científica, a cultural, a social e a económica. Por vezes
damos mais importância aos desenvolvimentos científicos e tecnológicos por serem aqueles que mais marcam visualmente o futuro, mas não
são apenas estas inovações que contam. De facto, atualmente a sociedade é marcada pela tecnologia, que dita o grau de desenvolvimento em que
se vive. A computação está em toda
a parte, a Internet revolucionou o
mundo e a forma das pessoas se relacionarem entre si. As redes sociais
criaram um novo eu, o eu jornalista
que tudo sabe e tudo divulga, ainda
que sem confirmação de qualquer veracidade. As máquinas inteligentes
estão na ordem do dia: smartphones,
smart cars, smart grids, smart cities.
A impressão 3D, uma tecnologia ainda
a dar os primeiros passos, poderá alterar a forma como comemos e vivemos.
Poderá permitir, num futuro próximo,
revolucionar a arquitetura, as construções e as cidades. Os avanços tecnológicos no conhecimento do espaço estão também a dar cartas. É já em julho
deste ano que a sonda New Horizon
vai passar perto de Plutão para recolher informação, nove anos depois de
ser lançada.
Apesar do envelhecimento de algumas regiões, estima-se que a população mundial cresça a um ritmo
acelerado. A forma como as pessoas
se vão acomodar num planeta com
recursos finitos e escassos é uma das
grandes questões do mundo moderno. Como dar emprego e alimentar
toda a população, que se prevê que
chegue, em 2050, aos 9 mil milhões?
Como resolver o problema da sustentabilidade, incluindo a ambiental?
Estes temas continuarão a ser deba-
MONTEPIO INVERNO 2014
ff
ÁSIA
Uma importante
movimentação
surge na Ásia, já
que se acredita
que a China possa
vir rapidamente
a suplantar
os EUA como
superpotência
mundial
PRINCIPAIS
TENDÊNCIAS NA
CIÊNCIA
1
A China vai continuar
a ser um dos maiores
investidores em
investigação e ciência
2
CIÊNCIA E INVESTIGAÇÃO
Ciências
da saúde em alta
A
nível mundial vamos
continuar
a assistir, durante
2015, ao crescimento da investigação
na China. Este país
tornou-se o segundo
maior investidor em
ciência e investigação, ultrapassando
o Japão e ficando
apenas atrás dos
Estados Unidos.
Já na Europa espera-se que comece a sério, como afirma o físico Carlos Fiolhais,
o Horizonte 2020, o
programa comunitário de investigação e
inovação, dotado de
77 mil milhões
de euros destinados
à investigação.
Raquel Seruca,
investigadora e vice-presidente do Instituto de Patologia e
Imunologia Molecular da Universidade
do Porto, refere que a
investigação científica está a beneficiar
de uma abordagem
multidisciplinar, que
tende a continuar
em 2015. A especialista avança que
há um grande investimento na saúde
pública, nomeadamente no combate
a doenças como
a malária e o ébola.
Na área da Física,
Carlos Fiolhais, docente e investigador
na Universidade de
Coimbra, prevê que
a continuada expansão das nossas
possibilidades de
cálculo continue a
dar aso a simulações
sobre matéria condensada e matéria
complexa. O interesse pelo sistema solar
vai continuar.
No caso português,
Fiolhais espera que
em 2015 haja uma
inversão na política
científica de retração
do investimento.
“É previsível que a
mudança de política
traga a necessária reposição de confiança
na gestão da ciência
em Portugal, que
neste momento está
muito abalada”!, diz.
A investigação beneficia
de uma abordagem
multidisciplinar muito
importante
3
Acentua-se a
investigação no campo
da saúde, sobretudo das
doenças da pobreza,
como a malária
4
Doenças neurodegenerativas e cancro
estão a atrair maior
atenção da comunidade
científica
5
Novas tecnologias,
sobretudo na imagem,
estão ser muito úteis
nas ciências da saúde
6
Na Física continuará
a expansão das
possibilidades de
cálculo. A Universidade
de Coimbra instalará o
maior supercomputador
português
7
Interesse pelo sistema
solar vai continuar,
estando prevista para
julho a passagem da
sonda New Horizon pelo
planeta Plutão
8
Entra em funcionamento
o acelerador LHC, o maior
acelerador de partículas
construído pelo homem
ARTES E CULTURA
Marketing domina as
manifestações culturais
A
s manifestações
artísticas
acompanham o homem desde sempre.
Há vestígios de que
já nas comunidades primitivas dos
primeiros povos o
homem recorria à
pintura para manifestar ou registar as
cultural no mundo
e que se acentuará
ainda mais durante
este ano.
Para este especialista, o valor da cultura
deve ser articulado
com a educação e
a ciência numa sociedade que se quer
do conhecimento e
da aprendizagem.
suas preocupações.
Muitas são, atualmente, as formas de
arte que educam as
sociedades no sentido de exprimirem
os seus sentimentos
e expressarem a sua
criatividade. Falamos de manifestações como a música,
o cinema, o teatro, a
dança, a literatura
e a pintura, entre
muitas outras não
menos importantes.
A arte é cada vez
mais global e, como
explica Guilherme
d’Oliveira Martins,
presidente da direção
do Centro Nacional
de Cultura, associação para o debate e
defesa da diversidade cultural fundada
em 1945, “a criação
cultural é cada vez
mais dominada pela
diversidade de meios
de comunicação,
desde os tradicionais
às novas tecnologias
de informação”. Esta
é, pois, uma das tendências mais transversais da atividade
Guilherme d’Oliveira
Martins refere que
o multilinguismo,
resultado de uma
cada vez maior globalização, obriga a
cuidar com especial
atenção a língua materna, em articulação
com uma língua
estrangeira. A qualidade e importância
da língua, neste
caso em particular a portuguesa,
nem sempre é uma
prioridade. Outra
tendência comum
e que deverá ser
quebrada é a ideia
de que a cultura não
tem preço, que não
é um luxo destinado
a apenas alguns
eleitos, mas sim um
instrumento essencial de criatividade e
de resposta à inércia
da crise.
INFANTILIZAÇÃO
DA ARTE
Richard Zimler,
escritor, afirma que
a influência neoliberal na sociedade
ocidental dita que
PRINCIPAIS
TENDÊNCIAS
NA CULTURA
1
A criação cultural é cada
vez mais dominada
pela diversidade de
meios de comunicação
2
O valor da cultura no
mundo contemporâneo
articula-se com a
educação e a ciência
a cultura que não
seja comercial não
é rentável, e se não
é rentável não tem
espaço na sociedade.
E, infelizmente, esta
tendência está instalada, sem sinais de
volte-face. “O propósito é vender, ganhar
dinheiro. Não posso
concordar com isso.
A cultura é a base da
nossa sociedade e
sem ela um povo não
tem identidade”, diz.
Ou seja, a tendência
atual é para que a
cultura seja usada
apenas como uma
ferramenta para
ganhar dinheiro.
Os editores de
livros, por exemplo,
só editam o que é
comercial.
A concentração dos
grupos editores,
bem como os de
media e de produtores de espetáculos,
leva a uma busca
ainda maior pelo
lucro. “Atualmente
o mundo cultural
é dominado pelo
marketing, pelo
que vende, seja na
nn
CINEMA
A moda são
os filmes
inspirados em
personagens de
BD. É uma forma
de recuperar
arquétipos
de heróis dos
“quadradinhos”
para o circuito
das salas de
cinema e de DVD
literatura, no cinema,
no teatro, na música,
na dança”, afirma.
Surge o primeiro
sucesso, original, e
multiplicam-se os
clones, que seguem
a mesma fórmula
vencedora. Tudo em
busca das audiências. Outra tendência
bem atual, na sua
opinião, é a demasiada infantilização.
Ou seja, os livros
mais comerciais,
mesmo para adultos,
procuram temas
quase infantis, como
os vampiros, bruxas
e feiticeiras, entre
outros.
3
Cuidar da qualidade
do ensino da língua
materna é fundamental
4
A política da cultura
numa sociedade
moderna terá de
articular o conhecimento
do passado e a criação
contemporânea
5
É necessária a
compreensão de
que a cultura não
é um luxo mas um
instrumento essencial
de criatividade e de
resposta à inércia
6
Demasiada infantilização
das artes, tanto nos
livros como nos filmes,
muito inspirados em BD
e super-heróis
7
Marketing e
rentabilidade dominam
manifestações culturais
8
Tendência atual para
os famosos escreverem
livros, ou para se
fazerem biografias
dos mesmos, no sentido
de criar audiência
37
1
o meu mundo
jj
POPULAÇÃO
OBSERVATÓRIO
o mundo em 2015
Se, em Portugal
e na Europa,
o aumento da
38
tidos em 2015, e com uma urgência
cada vez maior.
As previsões mundiais dizem que
2015 será um ano de grandes incertezas a nível político e económico.
Conflitos na Ucrânia e Rússia, Síria,
Coreia do Norte, a instabilidade em
Israel e na Palestina e várias movimentações separatistas deixam antever problemas geopolíticos com implicações económicas. Apesar disso,
as projeções do Banco Mundial apontam para uma recuperação da economia global, com o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer, em média,
3,4%. A Índia, por exemplo, registará
um aumento de 6,4%. Porém, Arturo Bris, conceituado professor de Finanças do IMD Business School, na
Suíça, e diretor do centro de competitividade da mesma instituição, alerta para a possibilidade de uma nova
crise global a partir de abril de 2015.
Diz que apesar de muitas economias
estarem já a recuperar da crise iniciada em 2008, há sinais de uma nova ameaça. Aponta, para isso, a existência de uma bolha no mercado de
ações, que têm tido um desempenho
excecional durante o último ano, e
que mais tarde ou mais cedo explodirá. Fala ainda de um setor bancário
sombra na China que, se entrar em
colapso, arrasta a economia mundial. Há ainda a ameaça de uma crise energética, espoletada pelos EUA.
No entanto, uma coisa é certa: é
preciso perseverança e acreditar na
aposta da investigação e busca do conhecimento.
? O QUE SIGNIFICA
Num contexto de mundo em
plena explosão demográfica, mas
profundamente desequilibrado,
os movimentos migratórios são
o outro tema incontornável de
reflexão.
MONTEPIO INVERNO 2014
população está em
risco, esta situação
contrasta com o
aumento previsto da
população mundial, que
pode atingir os 9 mil
milhões já em 2050
SOCIEDADE
Os pobres ficam
cada vez mais pobres
A
nível social, 2015
assistirá ao
agravar das tendências já sentidas. Duas
delas prendem-se
com as desigualdades na repartição do
rendimento e com o
preocupante aumento
da pobreza a nível
mundial. E sempre que
os pobres ficam mais
pobres os conflitos
sociais agravam-se,
trazendo dificuldades
na coesão social.
Segundo o Outlook
On the Global Agenda 2015, relatório do
Fórum Económico
Mundial realizado
anualmente, 1% dos
americanos controlam
um quarto da riqueza
nacional. E, nos últimos 20 anos, apenas
uma ínfima percentagem viu o seu rendimento aumentar 20
vezes, quando comparado com o rendimento
do cidadão médio.
Manuel Carvalho da
Silva, sociólogo investigador e responsável
pelo Observatório sobre
Crise e Alternativas
do CES – Centro de
Estudos Sociais da
Universidade de
Coimbra, refere que
2015 vai continuar a
ser um ano de políticas
que aumentam as desigualdades, o que gera
disfunções geracionais
e afeta as relações
familiares. A austeridade económica,
sobretudo em Portugal,
está a retirar direitos
às pessoas e a forçar a
uma mobilidade social
descendente. Maria
João Valente Rosa,
socióloga e demógrafa
responsável pela
Pordata, entende que
um dos maiores desafios é o envelhecimento
da população. Esta não
é uma tendência que
afete apenas Portugal,
que já é um dos países
mais envelhecidos
do mundo, mas atinge
outras sociedades,
sobretudo na Europa,
onde os níveis de natalidade são persistentemente baixos.
PRINCIPAIS
TENDÊNCIAS
A NÍVEL SOCIAL
1
Aumento das
desigualdades e da
pobreza mundial
2
População
a envelhecer nas zonas
económicas mais
desenvolvidas
3
Movimentos
migratórios
acentuam-se
em todo o mundo
4
Estilo de vida
consumista acentua-se
5
Cresce a tendência
dos consumidores
emocionais
a nível mundial
6
Tendência do
Do it yourself (DIY)
cresce em todo o mundo
com a ajuda da Internet
7
Surgimentos de novas
dinâmicas sociais
8
Agrava-se a mobilidade
social descendente
em Portugal
TURISMO
jj
O TURISMO
Ainda há muito
mercado para explorar
O
turismo é
uma das
áreas de
atividade que mais
receitas movimenta
em todo o mundo.
Entre 2000 e 2013
gerou um volume de
negócios de 873 mil
milhões de euros,
sendo a Europa o
destino que mais
de mar e praia.
Ou seja, o Turismo
está a sofrer algumas mudanças significativas. Mafalda
Patuleia, diretora do
curso de Turismo da
Universidade Lusófona, refere que uma
das grandes tendências atuais nesta
indústria é a procura
valor arrecadou,
seguida pela Ásia
e Pacífico. Porém,
apenas um terço
da Humanidade
viaja, pelo que ainda
há potencial de
crescimento nesta
atividade. O incremento anual deste
negócio ronda os
4% ou 5% em média,
nos últimos anos,
o que é superior ao
crescimento do PIB
de muitos países de
destino. Os tradicionais mercados
emissores de turistas – a Alemanha, os
EUA e o Reino Unido
– estão em decréscimo de viagens,
mas a China está
em grande crescimento, sendo um
mercado a explorar.
As viagens de lazer
estão a aumentar
a um ritmo mais
acelerado. Também
o turismo de cidade
está a assistir a uma
maior procura, crescendo 47% no último
quinquénio, contra
os 16% dos destinos
de autenticidade e
identidade de cada
região. Ou seja, a globalização começa a
ser questionada por
uma nova procura,
mais sofisticada,
informada e responsável, que prefere o
chamado turismo de
afinidades, destinado a criar laços
afetivos, e oferece o
que a região tem de
diferente e exclusivo.
Portugal, por exemplo, aposta cada vez
mais num turismo
gastronómico, que
dá a conhecer o que
de melhor tem cada
região a nível alimentar. A culinária
está na moda um
pouco por todo o
mundo, os chefs são
vistos como estrelas,
os pratos são obras
de arte. O Guia
Michelin, edição
de 2015, premiou
mais 14 restaurantes
portugueses com
estrelas, uma distinção que lhes dá
visibilidade a nível
mundial.
EM 2015
Há economias
que vivem
exclusivamente
do produto
turístico
PRINCIPAIS
TENDÊNCIAS NO
TURISMO
1
Maior procura
de autenticidade e
identidade das regiões
2
TURISMO
DE NICHOS
Outra tendência
atual é a cada vez
maior segmentação
do produto turístico.
Miguel Júdice,
presidente do grupo
Thema Hotels and
Resorts, refere que
há cada vez mais
nichos, destinados
a diferentes estilos
de vida e desejos.
Fala na expressão
“exclusividades
das massas” para
identificar esta
tendência. Há uma
procura crescente
para o ecoturismo,
o turismo do bem-estar físico e
espiritual, o arqueológico, da natureza
e de experiências,
entre muitos outros.
Grande parte das
vendas dos hotéis
é hoje feita pela
Internet, relembra
Miguel Júdice, e as
redes sociais têm
tido um forte impacto na promoção
de muitos destinos.
Uma outra tendência, que vai continuar a sentir-se,
é a extensão das
marcas de luxo ao
turismo, como refere Mafalda Patuleia.
Veja-se o caso
dos hotéis de luxo
Armani, em Milão e
no Dubai, nos quais
o esplendor do
design que carateriza o estilista italiano é visível. Por
outro lado, os alojamentos intimistas,
mais acolhedores e
próximos dos lares
dos viajantes, são
outro segmento em
explosão.
O turismo atual é
feito de muitas hipóteses de escolha,
uma para cada tipo
de turista, apostando-se cada vez
mais na personalização do cliente.
Turismo gastronómico
é uma tendência
que veio para ficar
3
Produtos turísticos
cada vez mais
segmentados,
com a aposta crescente
em nichos de mercado,
como o ecoturismo,
o turismo da saúde
e o turismo espiritual,
entre outros
4
Novas tecnologias
estão mais presentes
na hotelaria
5
Internet é estrela
na escolha de destinos
e reservas self made
6
Personalização
do cliente
7
Extensão das marcas,
sobretudo de luxo,
no turismo
8
Aposta crescente
em espaços intimistas
que se tornam o
prolongamento das
próprias residências
MONTEPIO INVERNO 2014
39
1
o meu mundo
CRÓNICA
FRANCISCO MOITA FLORES
SIDÓNIO PAIS
E A INVESTIGAÇÃO
CRIMINAL
40
Em Dezembro passou mais um ano sobre o assassinato
do Presidente Sidónio Pais. Na estação do Rossio,
quando se preparava para embarcar, junto aos arcos que dão
acesso ao cais, ouviram-se dois ou três disparos e o Presidente caiu.
Muito perto estavam jornalistas dos jornais O Século e
Diário de Notícias. Foram duas das muitas testemunhas que viram
dois graves ferimentos no peito e abdómen do Presidente.
A Polícia reagiu com brutalidade. Abateu um
dos presumíveis autores e prendeu o outro, Júlio
da Costa, que haveria de ir para o Governo Civil.
Sidónio acabaria por sucumbir aos ferimentos
quando o transportavam para o hospital de S. José.
Esqueçamos, por agora, este trágico acontecimento. Em Setembro, três meses antes do fatídico
evento, Sidónio Pais assinara os decretos que criavam o Instituto de Medicina Legal e a Polícia de
Investigação Criminal, a PIC, pai e mãe da atual
Polícia Judiciária. Ao longo do séc. xix construíra-se uma percepção clara de que a Justiça liberal e
republicana era farta produtora de injustiça.
O experimentalismo de Bernard, a que se
associara o positivismo de Comte, a revolução
pasteureana, democratizando o microscópio,
permitiram a organização da emancipação do
conhecimento científico e o rompimento de
preconceitos e verdades absolutas herdadas do
Ancien Régime. É neste contexto que a autópsia
ganha uma dimensão nunca vista, sobretudo depois dos estudos de Xavier Bichat e Balthazar.
Que o estudo de impressões digitais (dactiloscopia) se torna emergente com as pesquisas de
Galton, Vucevicth e Bertillon. Que a balística ganha estatuto forense com os trabalhos de Reiss.
Portugal entrou neste espantoso movimento
de colocar a Ciência ao serviço da Justiça. Estudos, entre muitos, de Rudolfo Xavier da Silva
que, em 1908, haveria de conseguir a primeira
identificação de um indivíduo por impressões
MONTEPIO INVERNO 2014
digitais, de Azevedo Neves, director da Morgue
e mais tarde do Instituto de Medicina Legal, de
Asdrúbal d’Aguiar, de Miguel Bombarda, de Júlio de Matos, de Sobral Cid, são nomes que marcaram o arranque das ciências forenses em estreita colaboração com os seus colegas europeus.
Tal verificação leva Edmond Locard, conhecido como pai da investigação criminal moderna, a declarar “guerra” aos velhos procedimentos
judiciais e policiais. Segundo ele, a Ciência e os
métodos a ela associados seriam o caminho para
encontrar uma “justiça justa” que abdicava definitivamente da tortura, que mostraria que A matou B por uma sucessão de evidências cientificamente testadas a que chamou de prova material.
É esta a natureza da PIC, criada por Sidónio
Pais. E a sua morte é uma metáfora sobre as
duas formas de processo.
Júlio da Costa confessou sob tortura. Depois
proclamava-se inocente. Foi preso e libertado várias vezes sem que houvesse julgamento.
E porquê? Porque os exames periciais ao cadáver de Sidónio, realizados em Janeiro, revelaram outra verdade. Até os jornalistas, testemunhas isentas e afastadas da conspiração, mentiram sem saber que os olhos os enganavam.
A Ciência ganhava carta de alforria mas era
demasiado frágil para se opor e contraditar a
tempestade de emoções, de paixões revoltadas,
de justicialismo primário em que agonizava a
iª República. A História entregou-se à leitura
oficial dos acontecimentos e a Justiça, discretamente à confiança da Ciência. E Júlio da Costa
acabou por morrer sem saber se era herói, assassino ou um mero curioso apanhado no meio da
fúria assassina.
NOTA: O autor continua a escrever segundo a
chamada norma antiga.
A MINHA CIDADE
CAMINHOS A PERCORRER EM
MOBILIDADE, URBANISMO,
SOLIDARIEDADE
página 42
página 47
Aproveite os tempos de
lazer para um périplo pela
serra da Estrela. A serra
não é só neve. Descubra
as cidades, as gentes e a
gastronomia da montanha
Quando a tradição se
reinventa. Conheça uma
marca que usa o material que
lhe dá o nome para produzir
peças de design que fazem
sucesso no Japão
ROTEIRO
EMPRESA
2
a minha cidade
ROTEIRO
EM FOCO
QUANDO
A SERRA
É ESTRELA
42
OS DIAS MAIS FRIOS
CONVIDAM A UMA VISITA
À SERRA DA ESTRELA. QUER
SEJAMOS PRATICANTES
EXPERIENTES OU ESQUIADORES
AMADORES DE FIM DE SEMANA
ESTE É O DESTINO NACIONAL
DE ATIVIDADES DE INVERNO,
QUE TAMBÉM INCLUEM A
GASTRONOMIA, AS ALDEIAS
RURAIS E OS PASSEIOS PELA
NATUREZA
por susana marvão
A serra da Estrela é, por excelência,
o destino de neve português.
Os últimos anos têm sido
particularmente animados, sobretudo
no que diz respeito aos investimentos
realizados e às infraestruturas criadas
para melhor receber. Estas mais-valias são o novo farol turístico da
região, que atualiza assim a sua oferta
em relação às congéneres europeias
dos Alpes ou da Sierra Nevada. Além
destes melhoramentos, alia-se todo
um património pleno de autenticidade
que cativa visitantes, nacionais e
estrangeiros, pelas paisagens, aldeias,
monumentos, gentes e gastronomia.
MONTEPIO INVERNO 2014
11
CURADORIA
Conheça o processo
de fabrico, da cura à
prova, no Museu do
Queijo, em Peraboa
11
SE TIVER
ALGUM TEMPO
DISPONÍVEL
e não estiver
muito cansado das
brincadeiras na neve,
visite o Miradouro
do Fragão e do Corvo,
a Vila de Sortelha
e a aldeia Lapa dos
Dinheiros
A Estância de Ski Serra da Estrela
situa-se nas terras mais altas da montanha, na Torre, concelho de Seia,
precisamente onde habitualmente
são registadas as temperaturas nacionais mais baixas, que por vezes
podem atingir a marca de -20°C. No
entanto, a serra da Estrela não é só
conhecida pela neve. O queijo Serra
da Estrela, um dos mais apreciados
queijos portugueses, tem aqui a sua
Denominação de Origem Protegida
(DOP). A serra dá também o nome
ao seu cão pastor e de guarda, o fiel
serra-da-estrela, “primo” da raça são-bernardo. E, se é verdade que a desertificação humana da serra tem tido algum impacto na genuinidade do
queijo Serra da Estrela – pelo menos
na versão de produção que chega às
grandes superfícies – aqui, mesmo
aqui, ainda podemos provar um queijo que mantém as caraterísticas originais. A não perder e um sabor a levar
no regresso a casa.
Mas vamos por partes. Se quiser
vir à serra da Estrela “apenas” para
fazer esqui ou snowboard, é fácil. A
Estância de Ski Serra da Estrela tem
à disposição toda uma panóplia de
serviços e atividades em pacote. Pode
optar pelo mais básico, que junta ao
alojamento o forfait (acesso aos meios
mecânicos) ou pelo que já contempla
o aluguer de material e aulas. Se o
esqui ou o snowboard forem demasiado radicais para si, pode optar por
andar de trenó, de donuts, ou por um
passeio de moto de neve. Sem esquecer a simples caminhada de raquetas.
Só um requinte de malvadez: a estância tem um programa que sugere um
piquenique gourmet… a dois mil metros de altitude.
Mais do que esqui
Mas a serra da Estrela não é só esqui
ou snowboard. Há muito mais para conhecer, o que pode tornar a sua aventura na neve ainda mais proveitosa.
A gastronomia beirã é um bom exemplo disso: temos o caldo da panela e a
famosa açorda de bacalhau com tomate, a miga esturricada, o bacalhau
à Margarida da praça ou então as
couves do lagar. Nos pratos de carne,
a aposta terá de ser na caça: almôndegas de lebre, bifes de lebre ou uma
perdiz estufada com beringelas. E o
javali no forno. Ou então o clássico cabrito assado no forno. Nos doces, prove os nógados, as pantufas ou as papas
de carolo. Ah, e o pudim de abóbora.
E as broinhas de requeijão. E mesmo
só por último, as gargantas de freira e
as filhozes.
MONTEPIO INVERNO 2014
43
2
a minha cidade
ROTEIRO
serra da Estrela
11
A PROVAR
Queijo da Serra
e um copo de
vinho tinto.
Bom proveito
No mapa
44
A serra da Estrela atinge
os 1993 metros, na Torre,
de acordo com medições
realizadas pelo Instituto
Geográfico do Exército e
consagradas pelo marco
geodésico aí localizado.
Este ponto, que é o
mais alto de Portugal
Continental, é limite para
quatro freguesias: Unhais
da Serra (concelho da
Covilhã), São Pedro
(concelho de Manteigas),
Loriga e Alvoco da Serra
(concelho de Seia).
Para completar os dois
mil metros foi construída,
no século xix, uma
torre de sete metros.
Obrigatório é aproveitar
ao máximo e desfrutar
da estrada que liga
Manteigas ao topo da
serra. Chegados à Torre,
existe um miradouro
que oferece uma vista
magnífica, que nos dias
mais claros se estende
até ao mar, na Figueira
da Foz. Lá em cima
ocorre-nos as palavras
de Miguel Torga: “do
seu trono a majestade,
a esfinge de pedra exige
a atenção inteira”.
MONTEPIO INVERNO 2014
A oferta de hotéis neste destino é
bastante competente e diversificada.
Destacamos o Hotel dos Carqueijais,
uma unidade de charme situada a
1 100 metros de altitude, com vista privilegiada para o vale da Cova da Beira.
Ideal para uma escapada romântica, o
hotel conjuga na perfeição a proximidade da cidade da Covilhã, a 5 quilómetros de distância, com a da Estância de Ski Serra da Estrela, a 15 quilómetros. Equipado com 50 quartos,
dos quais dez são de luxo, e uma suite,
esta unidade tem disponíveis sessões
de relaxamento puro no Dharma SPA,
para que o corpo fique em harmonia
com a serenidade da paisagem envolvente. Outra opção de alojamento,
mais próxima do ambiente serrano, é
o turismo de aldeia. Pode encontrar
um bom exemplo em Chão do Rio,
Seia. Esta localidade dispõe de casas
rústicas, em pedra, disponíveis para
alugar, juntando ao charme da aldeia
amenities como bicicletas gratuitas.
São oito hectares de pomares e serra com rebanho de ovelhas incluído.
Outra hipótese de turismo de aldeia
são as Casas do Pastor, também em
Seia. São construções do século xix,
em granito, e em pleno Parque Natural da Serra da Estrela. Os quartos são
tradicionais e estão equipados com cozinha, varandas e uma deliciosa zona
de estar com lareira. Um conselho: vá
ao site booking.com, veja as ofertas que
por lá existem e não se esqueça de ler
os comentários de quem já pernoitou
nos locais. Boa viagem.
SEIA
Um concelho para
quatro estações
É o ponto
de partida
perfeito para
se desvendar
os segredos
da montanha.
Em Seia, está
a prova de que
esta região,
afinal, é um
artística. Caso
opte por fazê-lo aproveite
para almoçar
no restaurante
deste museu,
cujo menu, que
contempla a
gastronomia
tradicional desta
destino para as
quatro estações,
como se
adivinha pelas
praias fluviais
da Caniça, de
Vila Cova à
Coelheira, Loriga
ou Sandomil.
Outra das
grandes riquezas
de Seia, que
urge descobrir,
são as aldeias
de montanha.
Deixe-se
maravilhar pelas
freguesias de
Alvoco da Serra,
Cabeça, Lapa
dos Dinheiros,
Loriga,
Sabugueiro,
Sazes da Beira,
Teixeira, Valezim
e Vide. Na Quinta
Fonte do Marrão
encontramos o
Museu do Pão,
onde é possível
explorar este
alimento na
sua vertente
etnográfica,
política, social,
histórica,
religiosa e
localidade, ronda
os 20 euros. As
crianças até
aos 4 anos não
pagam.
Aconselha-se a
visita, também
em Seia, ao
Museu do
Brinquedo, que
contempla mais
de oito mil peças,
portuguesas e
internacionais.
O preço da
entrada é de
três euros. Para
jovens até aos 17
anos e seniores
com mais de 65
anos a entrada
é de dois euros.
Depois tem
sempre ao seu
dispor pequenos
percursos
terrestres,
nomeadamente
na mata do
Desterro, zona
florestal situada
na margem
direita do rio
Alva. Porque
nem só de neve
se vive na serra
da Estrela.
PUB
2
a minha cidade
ROTEIRO
serra da Estrela
5
1C
arya Tallaya
1
Guarda
A cidade mais alta
de Portugal
46
A Guarda, a 1 056 metros, conquista
facilmente quem por lá passa. A catedral é o exemplo perfeito da conjugação do estilo gótico com o manuelino. No centro histórico podemos
encontrar vestígios do antigo bairro judeu onde residiu uma das mais
importantes comunidades judaicas
em Portugal.
No Museu da Guarda encontramos
um acervo que nos permite conhecer
a região desde a Pré-História até à
atualidade. Este é um bom ponto de
partida para descobrir a rota das aldeias históricas (Sortelha, Belmonte,
entre outras) e das judiarias. Antes
de sair da cidade faça uma paragem
no jardim José de Lemos para umas
tapas no DuPepe Café, e no Teatro
Municipal da Guarda.
ONDE COMER
Digujá Francesinha, para comer esta
especialidade, que não fica em nada
atrás das portuenses, e o Cidália para
provar a gastronomia regional.
ONDE FICAR
O Carya Tallaya Casas de Campo faz
a conjugação perfeita da arquitetura
rústica com uma decoração
contemporânea e sofisticada. Tem
quatro casas, piscina exterior e uma
lareira no pátio que convida a dois
dedos de conversa.
PREÇO
A partir de 90€ com pequeno-almoço.
www.caryatallayacasasdecampo.com
MONTEPIO INVERNO 2014
Casas de
Campo
2C
asa das Penhas
Douradas
2
3P
ousada da
Serra da Estrela
4 Sortelha
3
5 I greja de
4
Santiago
Covilhã
Da universidade se faz o futuro
Situada a 700
metros de altitude, esta é uma cidade dinamizada pela Universidade da Beira
Interior, que ergueu a Covilhã
após a crise da
indústria têxtil.
É preciso recuar
à Idade Média
para encontrar
os primórdios da
produção de lanifícios por estas
paragens. Este é
apenas um dos
pormenores que
vai aprender no
Museu dos Lanifícios (5€, www.
museu.ubi.pt).
Aconselhamos
um passeio pela zona dos Paços do Concelho,
centro nevrálgico da Covilhã, do
qual sobressai a
Igreja de Santa
Maria e a Capela do Calvário.
Os apreciadores
de queijo da serra não podem
deixar de passar
em Peraboa, no
Museu do Queijo (3€).
Penhas
Douradas
Com muito
charme
Em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, a 1 500 metros de altitude, situa-se uma pitoresca aldeia, recortada
pela estrada e por vários chalets com telhados triangulares. Tem vista para Manteigas e para o deslumbrante vale
glaciar do rio Zêzere.
ONDE COMER
Restaurante
Cozinha D’Avó,
que serve
gastronomia
beirã recriada
com todo o sabor.
www.
naturaimbhotels.
com
ONDE FICAR
Pousada da Serra
da Estrela, antigo
Sanatório dos
Ferroviários.
O edifício foi
recuperado pelo
arquiteto Souto
de Moura e conta
com 93 quartos,
piscina interior
e exterior, e uma
envolvência
típica das
Penhas da Saúde.
www.pousadas.
pt
ONDE FICAR
A Casa das Penhas Douradas Design Hotel & Spa tem
17 quartos e uma suite. Construída em madeira e cortiça,
transmite um conforto único. Tem uma piscina interior,
com vista panorâmica, hidromassagem, um spa e um
restaurante gourmet que tem mesmo de experimentar.
2
a minha cidade
EMPRESA
INOVAR
REINVENTAR
A TRADIÇÃO
APROVEITANDO O
CONHECIMENTO DOS
TECELÕES DA VILA DE
MANTEIGAS, A BUREL
FACTORY QUER FAZER
PROGREDIR UMA ARTE
E LEVAR UMA TRADIÇÃO
PORTUGUESA AO MUNDO.
E ESTÁ A SER BEM
SUCEDIDA! O JAPÃO
É O SEU MAIOR
MERCADO
Isabel Costa, proprietária e
fundadora da Burel Factory,
é rápida a afirmar que
“escolhemos o burel pela
sua tradição, pela sua história
e por ser tão português e antigo.
Andámos à volta com o tecido
para ver as suas potencialidades
e perguntámos: o que podemos
fazer com isto? E está à vista,
podemos fazer quase tudo!”
47
2
a minha cidade
11
RENASCIDOS
As Mantecas são uma
EMPRESA
Burel Factory
coleção que inclui
mantas, cachecóis e
écharpes. São padrões
tradicionais que
glossário
agora respiram novos
Conheça o significado
do vocabulário da
tecelagem
fôlegos
- Cardamento
Processo final de
desembaraçamento
das fibras efetuado por
um par de aparelhos
denominados cardas.
48
- Fio cardado
Processo de fiação de
fibras naturais, como a
lã, em que são utilizadas
fibras mais curtas e que,
por isso, não é penteado.
A aparência é a de um
tecido mais irregular.
- Fio penteado
O fio passa por um
equipamento que tem
a função de retirar as
fibras mais curtas e as
impurezas.
- Cerzir
Remendar um tecido
danificado com pontos
muito miúdos, quase
invisíveis.
- Teia ou urdidura
Fios paralelos e fixos no
sentido do comprimento
do tear, entre os quais
passam os fios da trama.
- Trama
Conjunto de fios, no
sentido transversal
do tear, que, com a
ajuda de uma agulha, é
passado entre os fios da
teia por uma abertura
denominada cala.
- Xerga
Estado do tecido à saída
do tear, antes de receber
qualquer acabamento.
MONTEPIO INVERNO 2014
Esta aventura começou em 2010, na
vila de Manteigas, serra da Estrela,
com a Casa das Penhas Douradas Design Hotel e SPA. “O desafio de investir na vila decorreu do contacto com
a comunidade de Manteigas. Quisemos criar alguma coisa que gerasse
emprego e dinamizasse a zona para
evitar que as pessoas saíssem. Como
as fábricas tinham fechado era importante conseguir captar os jovens”,
explica Isabel Costa.
O objetivo era colocar em prática
um projeto sustentável que aproveitasse a arte e o saber dos tecelões da vila
de Manteigas, onde existe um grande
conhecimento na indústria dos lanifícios. Foi numa sala da antiga fábri-
11
TONS DA SERRA
A linha Burel Factory inclui 39 cores
e 16 pontos diferentes. Verde clorofila,
sarrubeco ou mescla dourada são nomes
de cores inspirados na serra da Estrela.
MANTEIGAS
Burel Factory
A
Burel
Factory
(www.
burelfactory.com)
distingue-se por
trabalhar um tecido
muito resistente e
por ter conseguido
reinventar a sua
versatilidade. Evoluiu
das capas e casacos
ideais para os dias
frios na montanha
para inúmeras ideias e
soluções. Apresentam
uma vasta gama de
texturas, padrões e
cores nas áreas da
decoração, moda,
material de escritório
ou produtos para
crianças e animais.
Mas todas as peças
mantêm o mesmo
toque tradicional,
genuíno, 100%
made in Portugal.
“Acreditamos nas potencialidades
incríveis do burel e nos saberes
e fazeres da vila. Queremos pegar
no passado e torná-lo presente”
(Isabel Costa, proprietária
e fundadora da Burel Factory)
PUB
ca Lanifícios Império, a “Sala das Linhas”, que nasceu a Burel Factory, com
o objetivo de manter vivas as tradições
da região. A Burel Factory adquiriu a
matéria-prima e os equipamentos da
antiga fábrica Império, que já se en-
contrava em processo de insolvência. O passo seguinte foi recuperar
o enorme saber das pessoas da vila.
“Já existia esse conhecimento, só tivemos de o aproveitar”, recorda a responsável pela Burel Factory. Esse conhecimento profundo e enraizado foi
considerado o ponto forte e fator diferenciador da fábrica.
Para Isabel Costa era igualmente
importante preservar o equipamento. Conta que “o espólio de máquinas é
muito interessante. Algumas têm mais
de 100 anos e são feitas em madeira”.
Depois de comprar a antiga fábrica foi
necessário recuperar as máquinas e
levá-las para outro edifício, onde fica
atualmente a fábrica da Burel. Apesar
da aquisição a Burel Factory manteve
o nome Lanifícios Império by Trend
Burel, para que não se perdesse o nome de uma empresa que já existe desde 1947, “que tem a sua história, sendo
que a nossa lógica é manter e honrar a
tradição”, defende a proprietária.
Tornar novidade o que já foi...
Para tornar o sonho possível a Burel
Factory associou-se a vários criativos,
artistas, designers e estilistas numa iniciativa multidisciplinar. O desafio foi
criar peças únicas, originais e muito
criativas que demonstrem claramente a versatilidade do burel e a qualidade do “produto português”. Com um
investimento inicial de 300 mil euros,
a Burel Factory tem agora um espaço de design onde se utiliza este produto, 100% nacional, de uma forma muito diferente e inovadora. Reinventam-se formas e criam-se peças originais e
contemporâneas tais como capas para
computadores ou para iPad, malas, almofadas, bancos e até produtos para
animais de estimação. Mas a sua aplicação não é meramente “doméstica”.
49
2
a minha cidade
EMPRESA
Burel Factory
O burel começou também a ser usado
como isolante acústico em escritórios,
espaços comerciais, hotéis, espaços de
lazer e habitação.
Hoje trabalham na Burel Factory 16
pessoas e outras três na loja do Chiado,
em Lisboa. Em 2012 teve início a produção de mantas. Em março de 2013 a
Burel Factory começou a laborar também nos tecidos. “Temos consciência
de que este é um projeto de nicho e não
de massas. É especial, único, cheio de
alma e paixão por cada peça que produzimos”, refere Isabel Costa, que considera que fazer progredir uma arte e
um ofício é “um desafio grandioso, sobretudo no interior do país e dentro do
atual contexto cultural e económico”.
11
CONTINUAR
A MEADA
A Burel Factory
ficou com o espólio
da Lanifícios
Império, incluindo
teares e matéria-prima. Este
trabalho é ainda
visível na Casa
das Penhas
Douradas Design
Hotel e SPA
50
Mostrar o burel ao mundo
A Burel Factory quer que este tecido tipicamente português viaje pelo mundo. Para atingir esse objetivo,
lançou mãos ao Japão, o primeiro e
o maior mercado da Burel Factory.
A equipa vai todos os anos a Tóquio
apresentar as novidades: novas coleções, novos produtos e os revestimentos mais recentes. E porque no mundo dos têxteis é preciso estar sempre
a inovar e a seguir tendências, os designers da Burel Factory trabalham
as cores, atualizam os padrões e lançam coleções inovadoras que são
apresentadas duas vezes por ano nas
feiras de tecidos de Tóquio.
Isabel Costa conta que escolheram o Japão como o primeiro local
para apresentarem o projeto porque
“é um mercado muito exigente e com
clientes muito rigorosos. O que funciona lá, funciona em qualquer parte”. Com o tempo foi-se estabelecendo uma relação de confiança. Hoje,
Isabel considera que os japoneses
são extremamente éticos e organizados. Aquilo que os distingue é que
“não copiam produtos e estão muito
MONTEPIO INVERNO 2014
à frente no que diz respeito a tendências e gostos”.
“Estamos a começar tudo”, explica, mas a produção, essa, já se situa
nos 70% para o mercado nacional e
30% além-fronteiras. “Há um património de tecidos muito importante e
queremos levá-lo a conhecer o mundo”, diz Isabel Costa. Daí ser fundamental a participação em feiras na
Europa e Japão. Atualmente a Burel Factory está também a receber
encomendas dos Estados Unidos da
América, Suíça, Áustria, Bélgica,
Finlândia e Alemanha.
Pensar o futuro
Regressando a Portugal, Isabel Costa
prefere falar sobre o impacto na economia de Manteigas apenas daqui a
alguns anos. Ainda assim, a empresa já é um dos maiores investidores
da região e assume-se como o maior
empregador. “Mas daqui a cinco anos
fazemos outra vez o balanço.” Para a
responsável da Burel Factory o futuro é simples e claro, porque “queremos ser autossuficientes. Penso que
daqui a um ano já conseguimos atingir esse objetivo”. Apesar da dinâmica entre a Casa das Penhas Douradas
Design Hotel e SPA e a fábrica de tecidos Burel ter surgido naturalmente,
a ideia é que se mantenham como projeto conjunto. “É muito importante para nós que a Burel Factory tenha vários
componentes. Por isso vamos incluir
um museu e um centro criativo na fábrica. Queremos que Manteigas e as
Penhas Douradas sejam encaradas como um destino, e é aí que entra o hotel.” Por isso, já sabe. Se rumar a norte
já pode visitar a fábrica da Burel, aberta ao público.
A MINHA ECONOMIA
PRODUTOS FINANCEIROS,
SUGESTÕES E
EMPREENDEDORISMO
página 52
FINANÇAS
PESSOAIS
Tudo o que precisa de saber
sobre rentabilizar as suas
economias em 2015.
Análise às novas regras do
IRS, fiscalidade verde e dicas
de investimento e poupança
página 58
MODALIDADES
MUTUALISTAS
Conheça o que o Montepio
pode fazer por si e pela sua
família. São 11 modalidades
com vantagens em todos
os prazos e concebidas
para as várias fases da vida
página 62
página 66
Comprar ou arrendar?
Traçamos um perfil ao
mercado imobiliário
português e contamos-lhe
tudo o que mudou. Fique
por dentro com a opinião
dos especialistas
Descomplicámos o cálculo
da taxa que dita quanto
paga pela sua casa. Fique
a saber como se calcula, os
diferentes prazos e como se
comportou a Euribor antes
e depois da crise
IMOBILIÁRIO
EURIBOR
3
a minha economia
FINANÇAS PESSOAIS
FINANÇAS
PESSOAIS
S
NÇA
IDA D E V E RDE
S
F
AL
ISC
EN
TO
2015 É O ANO DAS REFORMAS
DO IRS E DA FISCALIDADE
VERDE. MAS O ORÇAMENTO
DO ESTADO TAMBÉM TROUXE
NOVIDADES, BOAS E MÁS.
TODOS OS PORTUGUESES,
SEM EXCEÇÃO, SENTEM
(DESDE JANEIRO) OS EFEITOS
DAS NOVAS MEDIDAS. O QUE
ESPERAR DE 2015? SAIBA
QUAIS AS MUDANÇAS QUE
AFETARÃO AS SUAS FINANÇAS,
PELO MENOS ATÉ DEZEMBRO
DO IR
U PA
52
REFORMA
INV
IM
EST
IMPOSTOS
por mafalda aguilar
Uma vez que a crise ainda se
faz sentir, continua a ser muito
importante adotar ou reforçar
hábitos de poupança. Saiba como
ter finanças saudáveis em 2015 e
melhorar a gestão do seu orçamento
familiar, quais as melhores apostas
de investimento e as aplicações
que deve evitar.
MONTEPIO INVERNO 2014
PO
GUIA PARA
POUPAR
E INVESTIR
EM 2015
ORÇAMEN
TO
O que mudou com
a entrada do novo ano
O ano 2015 ainda não será o do fim
da austeridade. A necessidade de
prosseguir o equilíbrio das contas
públicas (leia-se, atingir um défice
orçamental abaixo dos 3% do PIB)
continua a impor sacrifícios à generalidade dos portugueses.
É certo que 2015 é o primeiro ano
sem a troika, mas mantiveram-se,
grosso modo, as medidas de austeridade aplicadas no passado, embora algumas tenham sido apresentadas com
uma nova roupagem (mais leve), como
é o caso da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e dos cortes
salariais no Estado. Ao mesmo tempo,
a Fiscalidade Verde introduziu novos
impostos e agravou outros (o preço a
pagar pelo alívio do IRS).
Sobretaxa continua
a sobrecarregar famílias
Todos os meses, até ao final do ano, continuará a ser aplicada a sobretaxa de
3,5% de IRS, mas está previsto um mecanismo de crédito fiscal que permitirá a sua devolução, parcial ou total, em
2016, caso a receita de IVA e IRS exceda, em conjunto, o valor inscrito no
Orçamento do Estado (OE) para 2015.
IRS com quociente “à francesa”
Já a Reforma do IRS, que entrou em
vigor em janeiro, traz vantagens fiscais para as famílias que serão sentidas, sobretudo, no próximo ano,
quando as Finanças procederem à
liquidação do imposto relativo a 2015.
A pedra-de-toque da reforma do
IRS é o quociente familiar, inspirado no modelo francês segundo o qual,
Simulador IRS 2014
Saiba quanto vai pagar a mais ou
receber de IRS este ano com o simulador
do Ei Montepio em bit.ly/1yjYLzC
além dos cônjuges, os dependentes e
ascendentes (desde que vivam com a
família e não tenham rendimentos superiores à pensão mínima do regime
geral) passam a ser considerados na
divisão do rendimento coletável, com
uma ponderação de 0,3. Este novo método, que diminui o valor sobre o qual
incide o IRS, vem substituir o anterior quociente conjugal, que dividia o
rendimento coletável por dois (no caso
de um casal). Uma família com dois filhos e um avô a seu cargo, por exemplo, verá o seu rendimento coletável
dividido por 2,9 (2+0,3+03+0,3).
Nova categoria de deduções
Em matéria de deduções à coleta, o
“novo” IRS manteve, no essencial, o
figurino anterior. Assim, tenha presente que continua a ser possível abater à coleta os encargos com educação,
saúde, casa, lares e pensões de alimentos, mas os limites são mais generosos.
A principal novidade é a criação
de uma nova categoria de deduções à
coleta (que constará na declaração de
IRS a entregar em 2016), designada de
“despesas gerais familiares”, onde se
incluem praticamente todas as compras de bens ou serviços (supermercado, roupa, calçado, gás, eletricidade,
telefone, viagens). É possível deduzir
35% destes gastos, com um limite de
250 euros por cada sujeito passivo.
Outra mudança diz respeito ao
limite global de deduções à coleta.
Os rendimentos coletáveis até 7 000
euros continuam a não ter tetos nas
deduções. Já sobre os rendimentos entre os 7 000 e 80 000 euros é
aplicada uma fórmula que fará com
que o teto global seja diferente para
cada contribuinte, oscilando entre
1 000 e 2 500 euros. Para rendimentos acima de 80 000 euros o limite são
1 000 euros, quando antes não tinham
direito a qualquer dedução. Nas deduções pessoais deixa de existir a dedução por sujeito passivo, mas as deduções por dependente e ascendente são
aumentadas. Cada filho passa a valer
325 euros, a que se somam 125 euros
se a criança tiver menos de 3 anos.
A dedução por ascendente com rendimentos até ao valor da pensão mínima sobe para 300 euros, podendo
chegar aos 410 euros se existir apenas
uma pessoa nesta situação.
Se, por um lado, a reforma do IRS
se traduz numa redução do imposto a
pagar pelas famílias, por outro a Fiscalidade Verde cria novas taxas sobre
os combustíveis e sacos de plástico
(utilizados no supermercado) e agrava o Imposto sobre Veículos (ISV).
IRS… a quanto obrigas
Lembre-se que, de 2016 em diante,
o Fisco só terá em conta para efeitos de dedução em sede de IRS as
despesas comprovadas por fatura
com número de identificação fiscal.
É ainda necessário que as faturas
sejam enviadas pelas empresas que
as emitem à Autoridade Tributária
e Aduaneira (AT). Ao longo do ano,
mantenha-se atento à sua página no
Portal das Finanças e verifique se
constam todas as faturas que vai pedindo com o número de contribuinte.
Se faltar alguma despesa poderá introduzi-la no site, tendo até dia 15 de
março de cada ano para reclamar se
for caso disso.
REPOSIÇÃO
Função pública
com menos cortes
O
s funcionários públicos
com vencimentos acima dos
1 500 euros brutos também
têm mais folga financeira este ano,
por via da devolução de 20% do
corte salarial a que estavam sujeitos.
Porém, as progressões e promoções
das carreiras mantêm-se congeladas
e os prémios de desempenho
permanecem condicionados.
Além disso, o pagamento das horas
de trabalho extraordinário para
os funcionários do Estado
com horário semanal de 35 horas
continua reduzido a metade.
MONTEPIO INVERNO 2014
53
3
a minha economia
EMPRESAS
poupar e investir
15%
É A PERCENTAGEM que pode ser
deduzida no IVA suportado por
qualquer membro da família em
contas de cabeleireiros, oficinas,
restaurantes e alojamentos, até um
limite de 250 euros por agregado,
conforme previsto no e-fatura.
10
É O MONTANTE COBRADO (em
cêntimos) por cada saco de plástico
utilizado nos supermercados. Por
isso, lembre-se de levar os sacos que
tem em casa antes de ir às compras.
54
21%
É A TAXA DE IRC que as empresas
com lucros pagam este ano, menos
dois pontos face aos anteriores 23%.
CES afeta menos pensionistas
O ano de 2015 trouxe algum alívio para os pensionistas, sobretudo aqueles
que recebem reformas médias e altas, uma vez que a CES passou a incidir apenas sobre pensões superiores a
4 611,42 euros, quando antes atingia reformas a partir dos 1 000 euros, e quem
sofre cortes perde menos dinheiro.
Deste ano em diante, os pensionistas, sem exceção, passam a beneficiar
de uma dedução específica de 4 104
euros (montante que é abatido automaticamente ao rendimento bruto),
tal como acontece com os trabalhadores por conta de outrem. Na lei anterior, esta dedução começava a diminuir a partir dos 1 607 euros brutos,
desaparecendo a partir dos 3 100 euros ilíquidos.
MONTEPIO INVERNO 2014
POUPAR
Comece agora!
A chegada de um novo ano serve
muitas vezes de pretexto para novas
resoluções, e em tempo de crise uma
das promessas mais comuns diz respeito à poupança.
No entanto, a maioria destas resoluções não tem consequências.
De acordo com um estudo da University of Scranton, publicado no Journal of Clinical Psychology, apenas 8%
das pessoas alcançam os objetivos a
que se propuseram no arranque do
ano. Por isso, quem deseja organizar-se financeiramente “deve começar
hoje e não esperar por uma data em
especial”, defende João Martins,
autor do livro A Economia lá de
Casa, argumentando que, “tal como
nas dietas, só funcionam aquelas mudanças que tomamos por necessidade
e força de vontade”.
Para o também presidente da
APEFI – Associação para o Posicionamento Estratégico e Financeiro,
adiar estas decisões tem a desvantagem de piorar as probabilidades de sucesso. “Se não começamos hoje e esperamos por outro dia, isso significa que
ainda não estamos preparados para
assumir esse compromisso. Acontece que na data escolhida também não
estaremos”, sublinha o responsável,
concluindo que “este tipo de decisões
adiadas acaba geralmente por se desmoronar mais rapidamente do que decisões tomadas com efeito imediato”.
Mais fácil poupar do que
melhorar a forma física
Poupar pode parecer uma missão impossível, sobretudo quando os rendimentos são muito limitados, mas é
menos difícil do que parece à partida.
Segundo um estudo da Fidelity as resoluções financeiras são mais fáceis
de manter do que outras, como fazer
mais exercício, parar de fumar ou encontrar um novo emprego. O que custa mesmo é começar. E, para aqueles que já tomaram a decisão de me-
lhorar a sua saúde financeira, João
Martins sugere uma primeira medida: “Pague-se a si em primeiro lugar.”
Na prática, explica, esta regra “significa que quando recebemos o salário devemos retirar imediatamente a
nossa parte, ou seja, a poupança que
nos vai facilitar o futuro”. O também
autor do livro Dinheiro à Vista indica
que se deve colocar logo de parte entre 5% e 10%. “Será com o valor remanescente que a nossa vida se deve organizar e, caso não seja possível, isso
mostra que estamos literalmente a viver acima das nossas possibilidades.”
Telecomunicações e energia
“debaixo de olho”
Para quem já tem hábitos de poupança, uma das prioridades é analisar
os gastos com as telecomunicações e
considerar diferentes opções de mercado. Tipicamente, este tipo de despesa “representa uma fatia exageradamente grande nos orçamentos dos
portugueses”, refere João Martins.
Além disso, as famílias devem refletir sobre os custos com a energia.
“Importa prepararmos com antecedência o nosso lar para o inverno, de
forma a não gastarmos demasiada
eletricidade ou gás em aquecimento
devido a perdas de calor que podiam
ser facilmente reparadas. Hoje em
dia, com o preço em grande alta, não
devemos descurar esta categoria.”
“No pagar a dívida
é que está o ganho”
Na opinião de João Martins, as folgas orçamentais devem ser canalizadas para o pagamento de dívidas
com juros mais elevados, nomeadamente cartões de crédito, uma estratégia que poderá permitir poupanças
significativas.
Para quem diz que já não consegue cortar mais no orçamento doméstico, João Martins dá um conselho:
“Não ter medo de arriscar uma nova
vida em consonância com a situação
financeira real.” Por que não começar em 2015?
Top 3 das
resoluções
financeiras
1 Colocar mais
dinheiro de parte
2 Pagar as
dívidas
3 Gastar menos
FONTE: FIDELITY
INVESTMENTS
> 2015
CONTINUARÁ
a ser um ano
desafiante para
a maioria dos
INVESTIR
2015: um ano desafiante
para os investidores
“São vários os desafios que se colocam nos mercados financeiros
durante 2015.” Quem o afirma é
Miguel Gomes da Silva, diretor da sala de mercados do Montepio. Isto num
ano em que se perspetiva uma recuperação económica desigual: “O motor da economia mundial deverá assentar nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos da América e o
Reino Unido, enquanto a Europa deverá descolar de um crescimento anémico mas a uma velocidade reduzida,
em torno de 1,5%, e os países emergentes como o Brasil, a Índia, a China ou mesmo a Rússia deverão acusar algum ‘aquecimento’ e ver reduzida a sua perspetiva de crescimento”,
antecipa o responsável.
Em 2015 os mercados ainda deverão estar condicionados por políticas
monetárias distintas. Nos Estados
Unidos, a Reserva Federal deverá começar a subir as taxas de juro na primeira metade do ano, face à evolução
positiva da economia do país. Já na
Zona Euro, as taxas de juro permanecerão próximas de zero, tendo mesmo
o Banco Central Europeu (BCE) avançado com um programa alargado de
Quantitative Easing (QE), compra de
grandes quantidades de dívida pública, para estimular a economia da região e combater a baixa inflação prolongada.
Para Miguel Gomes da Silva, “as
tensões geopolíticas entre a Rússia e
o Ocidente serão também decisivas”
para a evolução dos mercados.
portugueses ao
nível da gestão
do orçamento
familiar, mas
perspetivam-se
melhorias
significativas
para 2016
no que ao IRS
diz respeito
Petróleo, uma incógnita
Em 2015 o petróleo será um dos investimentos mais desafiantes, depois de
ter perdido 45% do seu valor no ano
passado. E a tendência de queda mantém-se este ano. Mas quanto mais poderá cair o preço do petróleo? Esta é
a pergunta de um milhão de dólares
para 2015. “É uma incógnita que de-
P&R
Rui Serra
Economista-chefe Montepio
O ano de 2015 será
melhor ou pior para
os portugueses?
A nossa expetativa é que
a economia portuguesa
reembolso da sobretaxa
de IRS previsto no OE
para 2015 – o chamado
crédito fiscal – que,
contudo, não será fácil de
produza mais em 2015
do que em 2014 e que
os portugueses possam
consumir mais bens e
serviços. Ou seja, que o
ano de 2015 possa ser
melhor. Prevemos que o
PIB cresça 1,6% em 2015,
depois de um crescimento
de 0,9% em 2014.
concretizar. Em relação ao
IMI, existem boas e más
notícias. Por um lado, a
cláusula de salvaguarda
deste imposto terminou
e a proposta de OE 2015
nada referia sobre a
sua manutenção. Por
outro lado, o documento
contempla o alargamento
do universo de famílias
que ficam isentas.
Que fatores mais pesarão
no orçamento das
famílias ao longo do ano?
Em temos genéricos, as
famílias pagarão mais
impostos (nomeadamente
ao nível dos impostos
especiais sobre o
consumo) e contribuições
ao Estado. Este é um
dos motivos para que a
carga fiscal suportada
pelos portugueses (o peso
na economia da receita
fiscal e das contribuições
sociais) chegue aos
37% do PIB este ano, um
novo máximo histórico.
Em compensação,
os pensionistas e
funcionários públicos
poderão sentir algum
alívio a partir de 2015.
Uma potencial boa notícia
para as famílias reside
na possibilidade do
Quem é mais beneficiado
este ano: empresas
ou famílias?
Em 2015, alguns impostos
são agravados, outros
são introduzidos e
alguns aliviados. Em
termos gerais, fica-se
com a sensação de que
as empresas são mais
beneficiadas com este
orçamento. A descida
da taxa de IRC de 23%
para 21%, nos termos
da reforma do IRC, era
já esperada e garantida.
Ainda que não tenha sido
uma surpresa, esta é a
medida do OE 2015 que
mais afetará a vida das
empresas este ano, ao
beneficiarem de um alívio
da carga fiscal que será
progressivo até 2016.
MONTEPIO INVERNO 2014
55
3
a minha economia
EMPRESAS
poupar e investir
pende fundamentalmente de dois fatores: crise geopolítica com a Rússia e
crescimento mundial. Neste momento, ambos os fatores se posicionam para acreditar que o petróleo negociará
em níveis baixos durante um largo período de tempo, tendo já caído abaixo
da barreira dos 50 dólares. Certo é que
a queda do preço do petróleo para um
mínimo de mais de cinco anos “está a
estrangular as economias exportadoras da matéria-prima, como a Rússia,
a Venezuela ou Angola”, alerta Miguel
Gomes da Silva. Pelo contrário, os países importadores de petróleo, como a
China e a Índia, estão a ganhar com
a quebra do preço desta commodity.
Cambial no radar
Na opinião do diretor da sala de mercados, o mercado cambial, espelho da
atividade económica de um país ou
conjunto de países e de tensões geopolíticas, também deve estar no radar
dos investidores, “sobretudo dos que
compram ativos noutras moedas que
não a sua”.
E as bolsas?
Ao nível global, “as ações deverão ter
um comportamento positivo em 2015,
sobretudo nos Estados Unidos da América com a economia a viver um ciclo de
expansão económica e na Europa na
sequência do anúncio do programa de
Quantitative Easing”, antecipa Miguel
Gomes da Silva. Apesar de estar otimista em relação ao desempenho das
bolsas europeias este ano, o responsável
do Montepio alerta que “há ainda fatores que podem comprometer o crescimento económico dos países europeus,
sobretudo na Zona Euro: a questão dos
défices excessivos não está sanada e o
risco político não desapareceu”. Tendo presente estes riscos, “será prudente
acompanhar o investimento em ações
europeias com uma diversificação geográfica fora da Zona Euro, como o Reino Unido e até os Estados Unidos da
América”, aconselha.
Para 2015, o diretor da sala de mercados do Montepio insiste na máxima
financeira de “não colocar os ovos todos no mesmo cesto”, sobretudo nos
investimentos em que o mais importante é preservar o capital sem perder
de vista algum retorno. Assim, os investidores com este perfil devem “espalhar o investimento por vários tipos
de ativos em várias geografias”.
STOP N' PLAY
Música para os seus investimentos
56
PLAY:
melhores apostas
^ AS AÇÕES
norte-americanas
estão entre as
apostas de 2015.
Após conquistar
valorizações de dois
dígitos nos últimos
três anos, o principal
índice norte-americano S&P 500
ainda terá margem
para ganhos.
^ NA PRAÇA
nacional “existem
motivos para
acreditar que as
ações de empresas
como a Jerónimo
Martins, CTT e
EDP terão um
bom desempenho
em 2015”, refere
Miguel Gomes da
MONTEPIO INVERNO 2014
Silva. “A banca
poderá ser uma
agradável surpresa,
dependendo
de eventuais
movimentos de fusão
no setor e evolução
dos indicadores
macroeconómicos,
nomeadamente
desemprego e
investimento”.
^ O DÓLAR deverá
continuar a ganhar
força contra o euro
em 2015, depois
de ter valorizado
mais de 10% no
ano que passou.
“O mercado cambial
tende a refletir a
política de taxas de
juro das respetivas
economias. Sendo
expectável que
o crescimento
económico nos EUA
seja mais forte do
que na Zona Euro, é
esperada uma subida
das taxas de juro
do dólar mais cedo
e mais rápida que
do euro. Assim,
é natural que
o euro continue a
perder valor para a
moeda norte-americana ao longo
de 2015”, explica
o responsável.
^ COMMODITIES
2015 será o ano do
cacau e da carne,
como antecipou Ole
Hansen, especialista
em commodities
do Saxo Bank,
na conferência
“Bolsa em 2015:
Que mercados?
Oportunidades?”
STOP:
investimentos
a evitar
^ EM 2015 os
investidores devem
reduzir a sua
exposição aos países
emergentes devido
às perspetivas de
abrandamento
económico nestas
economias,
aconselha Miguel
Gomes da Silva.
^ NA BOLSA,
as energéticas
ligadas ao petróleo
deverão igualmente
“ser alvo de uma
análise cuidada
antes de qualquer
investimento
em ações destas
empresas”, tendo em
conta “a instabilidade
do preço do barril
e a indefinição
geopolítica”.
^ O OURO também
não oferece grandes
perspetivas de
ganhos em 2015.
“Uma vez que a
moeda norte-americana deverá
continuar a valorizar-se, uma eventual
subida do ouro será
absorvida pela
valorização do dólar”,
explica o responsável
do Montepio,
aconselhando quem
pretenda investir
no metal amarelo
“que o faça através
de instrumentos
financeiros
denominados em
euros, como ETF
sobre o XAUEUR”. 3
a minha economia
MUTUALISMO
POUPANÇA
E PROTEÇÃO
SOLUÇÕES À MEDIDA
DA SUA VIDA
58
SE O MUTUALISMO FOSSE UM
TECIDO TERIA 11 PADRÕES,
O MESMO NÚMERO DE
MODALIDADES MUTUALISTAS
MONTEPIO PROJETADAS PARA
AS VÁRIAS FASES DA VIDA DOS
SEUS ASSOCIADOS. MAS QUE
PRODUTOS SÃO ESTES QUE
ASSENTAM TÃO BEM À SUA
ECONOMIA?
Para quem está a ler este artigo,
expressões como modalidade
mutualista ou solução mutualista
não são, certamente, novidade.
Com mais de um milhão
de subscrições acumuladas,
as modalidades mutualistas têm
uma missão fundamental: proteger
o presente e garantir o futuro.
E cumprem a sua missão através
de 11 soluções que abrangem as
várias fases da vida.
Modalidades
ao milímetro
1 008 557
SUBSCRIÇÕES
totais de modalidades em
31 de dezembro de 2013
1,74
NÚMERO MÉDIO
de subscrições por Associado
Quer seja numa idade jovem, durante
a vida ativa, no momento de constituir família ou na reforma, os associados são convidados a ligarem as suas
necessidades às soluções criadas pela
maior associação mutualista do país.
As soluções mutualistas são regimes complementares ao sistema público de Segurança Social, e nascem
da vontade comum de um grupo de
pessoas em se associarem para protegerem o futuro e partilharem os riscos, num sistema livre, democrático e
voluntário de proteção complementar
à que já existe no sistema público de
contribuições obrigatórias.
É a vida que dita o tipo de prote-
As 3 modalidades mais subscritas em 2013
% de subscrições
MONTEPIO INVERNO 2014
39,9
28,9
22,5
Montepio Capital
Certo
Montepio
Poupança
Complementar
Montepio
Proteção 5 em 5
Uma medida mutualista
Qual é o seu perfil? Saiba como o seu ciclo de vida está protegido
pelas soluções mutualistas e como é concebido, à medida da sua vida,
o mutualismo da Associação Mutualista Montepio.
ção que hoje está presente na Associação Mutualista Montepio e que
inspira a oferta de soluções para
um grupo de diferentes associados.
A procura pela modalidade certa para o Associado certo deve começar
com uma pergunta simples: “Quero poupar ou proteger um capital
ou um encargo?” Embora tenham o
mutualismo como elo de ligação, são
os perfis dos associados que podem
guiar as escolhas.
Em que fase está?
Quem pensa em constituir poupanças
pode contar com soluções mutualistas para todas as idades e para todas
as fases da vida. Por exemplo, enquanto o Montepio Poupança Complementar é uma modalidade que
pode ser subscrita por associados de
qualquer idade e acompanhá-los ao
longo de toda a vida, outras soluções
são mais orientadas para um determinado período da vida. A Montepio
Poupança Reforma é uma modalidade com um regime fiscal semelhante a um Plano Poupança Reforma
(PPR) e que se ajusta aos associados
que querem garantir uma poupança
no momento de descanso de uma vida ativa de trabalho. Por outro lado,
a modalidade Montepio Capital Certo emite Séries que permitem a pou-
É a fase em que se começam
a adquirir os bons hábitos de
poupança. O arranque
de um caminho promissor.
MONTEPIO POUPANÇA
COMPLEMENTAR JOVEM
Designação da modalidade
Montepio Poupança Complementer
para jovens com menos de 18 anos,
para acompanhar os associados
ao longo de toda a sua vida,
permitindo-lhes constituir
uma poupança flexível a médio
e longo prazo.
MONTEPIO PROTEÇÃO 18-30
Modalidade
que serve para um
adulto garantir um montante de
capital definido à partida a um
jovem, quanto este atinge uma
idade
entre os 18 e os 30 anos.
3 perguntas para chegar à solução mais ajustada ao seu perfil
1 Quero poupar ou proteger alguém?
POUPANÇA
PROTEÇÃO
As modalidades mutualistas estão,
2
3 Quero efetuar uma proteção dos riscos
normalmente, separadas em duas
única ou ir poupando regularmente?
morte, invalidez ou velhice/reforma?
grandes áreas: na Proteção, o objetivo
Há modalidades que permitem ir
Algumas soluções mutualistas estão
é proteger um beneficiário face aos
poupando regularmente e outras que
ajustadas a quem pretende proteger-se
riscos de morte, invalidez ou velhice do
apenas permitem entregas únicas
da morte ou invalidez, outras fazem
Associado; na Poupança, a principal ideia
de capital.
mais sentido para quem pretende
é economizar e valorizar poupanças.
Quero poupar uma quantia
proteger-se na velhice.
MONTEPIO INVERNO 2014
59
3
a minha economia
MUTUALISMO
poupança e proteção
O momento de constituir
família, de tomar as decisões
estruturais que vão marcar o
rumo das poupanças do casal.
60
pança, a médio e longo prazo, sendo
as emissões mais comuns a 5 anos e 1
dia, com um rendimento mínimo garantido, em cada ano, a uma taxa fixa
definida logo na emissão.
Nas modalidades de proteção, a
fase da vida pode ser ainda mais relevante para a necessidade dos associados. A compra de uma nova habitação pode levar à proteção por uma
modalidade como o Montepio Proteção – Crédito Habitação. Também
a preocupação dos pais com o futuro dos filhos pode ser o mote para
a subscrição do Montepio Proteção
18 – 30, uma modalidade mista que
combina a poupança de capital para o
futuro do jovem com a proteção desse
capital face ao risco de eventual desaparecimento dos pais.
Mas também é possível que um
Associado esteja a pensar na redução do rendimento mensal depois de
passar de um salário em idade ativa
para uma pensão da Segurança Social, na idade de reforma. O Montepio Pensões de Reforma pode ter a
resposta para estes associados, construindo um complemento vitalício
de reforma.
MONTEPIO INVERNO 2014
MONTEPIO
POUPANÇA COMPLEMENTAR
ATIVO
Designação da modalidade Montepio
Poupança Complementar para
associados na vida ativa, pensada
para acompanhá-los ao longo de toda
a sua vida, permitindo-lhes constituir
uma poupança flexível a médio
e longo prazo.
MONTEPIO PROTEÇÃO 5 EM 5
É uma modalidade
que permite
a constituição de uma poupança
a ser paga de 5 em 5 anos e que,
ao mesmo tempo, cobre o risco
de morte de quem a subscreve,
garantindo nessa eventualidade
o recebimento pelos beneficiários
indicados dos pagamentos
previstos.
MONTEPIO PROTEÇÃO VIDA
O Montepio Proteção Vida é uma
modalidade mutualista criada para
proteger financeiramente familiares
ou outros beneficiários do Associado
na eventualidade da sua morte.
Pode ser transformada numa renda
mensal temporária ou vitalícia. Pode
ser subscrita até aos 65 anos.
MONTEPIO PROTEÇÃO INVALIDEZ
Modalidade criada para precaver uma
situação de invalidez, assegurando
ao associado entre 3 000 € e 50 000 €,
mediante o pagamento de uma quota
mensal. Pode ser subscrita até aos
59 anos.
MONTEPIO PROTEÇÃO
– CRÉDITO À HABITAÇÃO
MONTEPIO PROTEÇÃO
– CRÉDITO INDIVIDUAL
MONTEPIO PROTEÇÃO
– OUTROS ENCARGOS
Modalidades mutualistas que
estão concebidas para garantir
o pagamento de um encargo,
no caso de morte ou invalidez
do subscritor ou subscritores.
No caso do Montepio Proteção –
– Outros Encargos pode também optar
por proteger diretamente a família,
com o recebimento de um capital
em caso de morte ou invalidez.
glossário
7 termos que deve perceber
A reforma prepara-se
na vida ativa. Depois de anos
de trabalho é necessário
manter comportamentos de
gestão económica e poupança.
Há soluções para todos.
Porque há desafios que são
transversais, atingem todas
as idades e reúnem todas
as gerações num objetivo.
Associado
É considerado o Associado
Efetivo, pessoa individual, admitida na Associação Mutualista Montepio, que pague a
joia, a quota associativa mensal e subscreva e mantenha,
pelo menos, uma modalidade
mutualista.
Beneficiário
Titular do direito aos benefícios. Sempre presente no universo de modalidades mutualistas.
Capital subscrito
Capital coberto pago aos beneficiários nas modalidades de
Proteção ou mistas.
MONTEPIO POUPANÇA
REFORMA
É uma modalidade mutualista
destinada a quem quer poupar por
mais de 5 anos
e tem como objetivo
acumular uma poupança regular
após
os 60 anos. Tem um regime fiscal
equiparável aos PPR.
MONTEPIO PENSÕES DE REFORMA
Modalidade para os associados com
mais de 35 anos e menos de 60
que
pretendem destinar mensalmente
uma parte do seu rendimento para
poderem receber uma pensão mensal
vitalícia
que pode começar a ser paga
a partir dos 56 anos.
MONTEPIO CAPITAL CERTO
Com esta modalidade, os
associados podem poupar pelos
prazos determinados nas Séries
emitidas. No tipo de Série mais
corrente, podem efetuar uma
entrega única inicial, poupando
por um prazo de 5 anos e 1 dia e
obtendo um rendimento mínimo
garantido fixo, pré-definido, e
capitalizado, ao longo daquele
prazo, podendo ainda receber
um rendimento complementar
no final do mesmo.
Modalidade
É o nome dado ao regime complementar de Segurança Social, de iniciativa individual ou
coletiva, de natureza mutualista, que permite aos associados
subscritores constituírem/garantirem uma solução de poupança e/ou proteção para benefício próprio ou de terceiros.
Rendimento garantido
Rendimento mínimo que está
assegurado nas modalidades
de Poupança.
Rendimento complementar
Rendimento adicional bruto
que poderá acrescer ao Rendimento Mínimo Garantido,
quando previsto, em Modalidades de Poupança.
Subscrição
É o ato da adesão individual e
autónoma a uma modalidade
individual.
SÉNIOR
MONTEPIO POUPANÇA
COMPLEMENTAR SÉNIOR
Designação da modalidade Montepio
Poupança Complementar para
os associados a partir dos 55 anos.
Está pensada para acompanhar
os associados ao longo de toda a sua
vida, permitindo-lhes constituírem
uma poupança flexível a médio
e longo prazo.
A SABER
Modalidades mutualistas no contexto das soluções
de poupança e proteção
As modalidades mutualistas coexistem com um vasto leque de soluções de poupança e proteção, como os seguros de capitalização, os seguros de proteção ou os
planos poupança reforma, distinguindo-se destes por dois aspetos fundamentais:
> Finalidades dos objetivos das associações mutualistas.
> Natureza jurídica das associações mutualistas.
MONTEPIO INVERNO 2014
61
3
a minha economia
IMOBILIÁRIO
MERCADO
NOVOS
MOTORES DO
IMOBILIÁRIO
RESIDENCIAL
62
TRAÇÁMOS O PERFIL AO MERCADO
IMOBILIÁRIO RESIDENCIAL E
COMERCIAL. PARTILHAMOS AS
OPINIÕES DOS ESPECIALISTAS E
DICAS PARA COMPRAS E VENDAS
SEGURAS. BONS NEGÓCIOS!
por mafalda aguilar
Conheça o ponto de situação
do setor imobiliário, quais as
perspetivas para 2015 e segredos
para comprar e vender um imóvel.
Se está à procura de casa, saiba
também quais as zonas mais
desejadas do país.
“Há sem dúvida um ‘fim de crise’ no
mercado imobiliário residencial, no
sentido em que os preços deixaram de
cair”, defende Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário (Ci),
empresa especializada na produção
de indicadores de análise de mercado. No entanto, o responsável ressalva
que “afirmar que a crise já chegou ao
MONTEPIO INVERNO 2014
fim pode ser um equívoco caso se pretenda com isso dizer que regressámos
ao ponto de partida, ou seja, antes da
crise”. Em meados de 2013 os preços
de venda no mercado imobiliário residencial começaram a estabilizar e,
desde então, registou-se uma tendência de subida, ainda que “ténue”, num
movimento de recuperação face à que-
da acumulada “em cerca de 20%” desde que rebentou a crise do crédito de
alto risco norte-americano, em 2007.
Todavia, esta retoma não é uniforme
no mercado nacional, “sendo mais visível em Lisboa e no centro do Porto,
em especial no contexto do forte investimento em reabilitação urbana”,
destaca Ricardo Guimarães.
O novo paradigma
O mercado imobiliário residencial foi
duramente castigado pela convulsão
financeira global, depois de cerca de
duas décadas com forte aposta no
crescimento da oferta e na promoção do acesso à habitação através da
compra e do financiamento bancário,
lembra o diretor da Ci – Confidencial
Imobiliário, frisando que “este modelo não foi uma especificidade nacional mas o resultado da política de
convergência dos mercados monetários na Europa e da consolidação do
mercado de crédito financeiro”. A crise veio provocar a rutura deste paradigma, abrindo-se um novo ciclo
no mercado imobiliário residencial,
orientado para a reabilitação urbana
e para o arrendamento, os novos motores deste segmento.
“Hoje, numa fase em que a crise
começa a esmorecer e a economia a
estabilizar, vejo o mercado residencial como um setor mais maduro,
no qual se abrem como alternativas
válidas a compra e o arrendamento, e no qual se valorizam os centros
urbanos como alvo da atenção dos
investidores”, frisa Ricardo Guimarães. O especialista conclui, “como
nota de síntese, que, ao contrário do
que sucedia antes, hoje o imobiliário
residencial pode ser visto como um
mercado de investimento, enquanto
no passado se estruturava como um
mercado de consumo. É uma mudança significativa”.
> MUDANÇA
DE CASA
É uma das
decisões mais
importantes que
tomamos na
vida. Será que vai
mudar de casa
em 2015?
Previsão para 2015
O que se pode esperar de 2015 para
o mercado imobiliário residencial?
Por um lado, a incerteza quanto ao
Governo que sairá das eleições legislativas deste ano, o que “terá reflexos
nas expetativas dos agentes económicos, podendo haver muitas decisões de investimento adiadas”. Ricardo Guimarães salienta que, por outro
lado, “começam a sair os primeiros
avisos para projetos cofinanciados pelo Horizonte 2020, havendo expetativas relevantes quanto ao incentivo à
P&R
Ricardo Guimarães
Diretor da Confidencial Imobiliário
Qual o peso dos
investidores estrangeiros
no mercado imobiliário
residencial português?
Os estrangeiros têm
sido os investidores
chineses, mas o mercado
tem revelado procura de
diversas proveniências,
desde o Médio Oriente
ganho quota entre
os compradores de
imóveis desde 2013,
com a entrada em vigor
do regime relativo às
autorizações de residência
(os vistos gold) e do
regime fiscal orientado
para os residentes não
habituais. Essa quota
deverá exceder os 15%.
Contudo, a incidência
deste tipo de procura não
é uniforme em todo o país,
orientando-se em especial
para a região de Lisboa e
para o Algarve. O regime
fiscal para residentes não
habituais é o que mais
tem contribuído para
essa dinâmica, gerando
uma procura de origens
diversificadas, desde
franceses, ingleses
e alemães.
ao Brasil.
No segmento de luxo,
quais são os compradores
estrangeiros mais
dinâmicos?
Este mercado tem
sido alvo de atenção
especialmente pelos
investidores que
procuram Portugal no
âmbito dos vistos gold.
Os protagonistas têm
Qual o impacto dos vistos
gold na habitação de
gama alta?
Um dos efeitos tem sido
a criação de uma nova
indústria de investimento
liderada por agentes
de origem chinesa,
que adquirem imóveis
para reabilitação tendo
em vista a revenda a
concidadãos que, por sua
vez, são os destinatários
dos vistos de residência.
Isso tem-se sentido, por
exemplo, na alienação
de imóveis da Câmara
Municipal de Lisboa
realizada em hasta
pública. Os efeitos dessa
procura são evidentes
pela evolução dos preços
em Lisboa, numa primeira
fase no Parque das Nações
e, numa segunda, nas
zonas históricas.
A consequência tem-se
sentido nos preços com
valorizações relevantes
em Lisboa, onde os preços
de venda na gama alta
rondam os 5 500 euros/m2,
depois de terem estado
em 3 750 em meados
de 2012.
MONTEPIO INVERNO 2014
63
3
a minha economia
IMOBILIÁRIO
mercado
reabilitação urbana, em ligação com
o arrendamento residencial ou eficiência energética”. O Horizonte 2020
é um Programa-Quadro Comunitário
de Investigação & Inovação que contempla um orçamento global superior a 77 mil milhões de euros para o
período 2014-2020.
A estes estímulos somam-se algumas medidas do Orçamento do Estado para 2015, nomeadamente a introdução em Portugal de veículos de
investimento em imobiliário com elevada atratividade fiscal (REITS). “Naturalmente, em 2015 não é de esperar
que haja impactos significativos dessa medida, mas a sua introdução coloca o imobiliário como um ativo de
investimento com potencial de atratividade, ajudando a reforçar o sentimento de oportunidade que o merca-
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Segredos para vender ou comprar
64
A compra de casa
própria é uma decisão
muito importante e,
como tal, deve envolver
alguns cuidados.
Para tornar mais
seguro o processo de
compra de uma casa, o
presidente da APEMIP,
Luís Lima, aconselha
o recurso a um
mediador imobiliário,
argumentando que este
profissional “poderá
aconselhá-lo sobre a
localização, dimensão
do imóvel, qualidade da
construção ou condições
atuais do imóvel”,
apresentando ainda
uma base de dados
para que a escolha seja
bem fundamentada
e dando apoio em
decisões como a escolha
do banco que dá mais
vantagens, taxas de
juro, modalidades e
prestações, seguros
obrigatórios e
complementares,
encargos adicionais
e fiscalidade.
Antes de adquirir
um imóvel deverá
MONTEPIO INVERNO 2014
efetuar um estudo
sobre as implicações
legais e outras. “Neste
aspeto, as mediadoras
imobiliárias mais
qualificadas colaboram
com gabinetes
jurídicos habilitados
a esclarecer o cliente
sobre todas as dúvidas
que possam surgir em
matérias legais, bem
como a preparar e a
acompanhar toda a
tramitação legal que
envolve a compra de um
imóvel”, sublinha.
Contudo, na escolha
de uma mediadora
também deverá ter em
conta alguns cuidados,
como “verificar se a
entidade mediadora
está devidamente
licenciada pelo Instituto
da Construção e do
Imobiliário – InCI,
devendo o número da
sua licença AMI ser
visível em todos os
locais de atendimento,
por forma a garantir
que o profissional
tem formação técnica
e especializada
comprovada em
diversas áreas”, explica
Luís Lima, notando
ainda que o agente
imobiliário é igualmente
obrigado por lei a ter
um seguro obrigatório
de responsabilidade
civil, ao qual o cliente
poderá recorrer em caso
de responsabilidade
comprovada do
mediador em qualquer
litígio. Os serviços de
uma agência imobiliária
são identicamente
“vantajosos” no
processo de venda de
casa, uma vez que o
imóvel será apresentado
por especialistas que
poderão potenciar
as suas principais
caraterísticas e
qualidades, sendo
ainda anunciado em
diversos meios, tanto
em Portugal como no
estrangeiro, defende
Luís Lima. Porém,
existe pelo menos uma
desvantagem do recurso
à mediação imobiliária:
a cobrança de uma
comissão de venda.
do apresenta, depois de ter ajustado
nos preços em cerca de 20%, e numa
altura em que é possível apurar taxas
de retorno no arrendamento residencial na casa dos 7%.” Na opinião do
diretor da Ci, “para 2015 vale a pena
começar a perguntar não pela valorização dos imóveis mas pela evolução
do retorno dos mesmos”.
Comprar ou arrendar?
A pergunta não parece suscitar grandes dúvidas à maioria dos portugueses. “Efetivamente, os portugueses
preferem ser proprietários da casa
onde habitam e na verdade nunca
abandonaram este ‘velho hábito’.”
Quem o defende é Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
Para o responsável, a opção pela
compra de casa, em vez do arrendamento, tem por detrás uma questão
cultural, mas o fator financeiro tem
igualmente um papel importante. “As
rendas praticadas no mercado de arrendamento são, muitas vezes, mais
elevadas do que uma prestação do
crédito à habitação, e por isso a compra acaba também por ser mais vantajosa em algumas situações.”
Contudo, a conjuntura económica
do país, que se refletiu de forma negativa nas finanças e na situação laboral das famílias portuguesas, aliada a
uma contração da concessão de crédito, acabou por fazer com que houvesse uma migração para o mercado de
arrendamento urbano, adiantou Luís
Lima, insistindo que “esta migração
decorre da situação conjuntural e não
da decisão das famílias”.
Cidades “na moda”
No momento de escolher onde comprar casa, a localização é um dos
principais fatores críticos, sustenta Luís Lima. E em Portugal quais
são as cidades mais “na moda”? “No
que diz respeito ao mercado interno, a procura foca-se essencialmente em Lisboa e no Porto. Já no que
diz respeito ao investimento estrangeiro, a procura centra-se (também)
em Lisboa e no Algarve”, adianta o
presidente da APEMIP. De acordo
com o Portal CasaYES, no segmento residencial Lisboa é mesmo a cidade mais procurada de Portugal, com
destaque para as zonas do Lumiar,
Belém, Benfica e Olivais.
Não é de admirar que Lisboa e
Porto sejam as cidades eleitas para
comprar casa em Portugal. A capital e a Invicta ocupam os lugares cimeiros do ranking “City Brand”, que
analisa a performance dos 308 municípios portugueses nas vertentes
de Negócios (Investimento), Visitar
(Turismo) e Viver (Talento).
No estudo da Bloom Consulting,
Lisboa é a cidade com a melhor
“marca” em Portugal, sendo considerada a preferida para viver, visitar
e realizar negócios (as três categorias
examinadas).
O Porto surge na segunda posição
do ranking nacional. A capital nortenha é a quarta melhor cidade do país
para morar, a terceira para fazer turismo e a segunda para atrair investimento, de acordo com a mesma avaliação, que teve em conta variáveis
como o número de novas empresas,
a taxa de ocupação hoteleira e os níveis de desemprego e criminalidade,
assim como o poder de compra de cada munícipe face à média nacional.
“O ranking é indiscutivelmente liderado por dois pesos pesados: Lisboa e Porto”, conclui Filipe Roquette,
diretor-geral da Bloom Consulting,
Lisboa
em análise
frisando que ambas as cidades permanecem como “portas de entrada
de Portugal” tanto para investidores
como para turistas.
Imobiliário comercial em
Portugal anuncia retoma
O investimento imobiliário comercial em Portugal viveu um ano muito positivo em 2014, com o volume a
mais do que duplicar para cerca de
700 milhões de euros, de acordo com
as consultoras de imobiliário Cushman & Wakefield (C&W) e JLL. No
ano passado, os investidores estrangeiros continuaram a dar cartas no
segmento comercial, protagonizando
os maiores negócios. “O volume de
investimento no total de 2014 confirma uma retoma plena do mercado
imobiliário nacional e da sua projeção internacional, já que a quase totalidade deste volume foi transacionado por investidores estrangeiros”,
comenta Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL.
Ano recorde à vista
Este ano há mais operações de relevo
na calha, que estão a ser negociadas,
adianta Pedro Lancastre, defendendo
que “2015 poderá ser mesmo um ano
recorde em termos de investimento”.
Também Eric van Leuven, managing
partner da C&W, encara “2015 com
confiança”, antecipando que “o excesso de liquidez em muitas geografias
e a procura de rendibilidade continuarão a beneficiar o mercado português”.
FONTE: CONFIDENCIAL IMOBILIÁRIO / SIR - 2014
MONTEPIO IMÓVEIS
É o portal onde
encontra uma carteira
diversificada de imóveis
com condições especiais
de financiamento e
vantagens exclusivas.
Estão disponíveis
apartamentos, moradias
ou terrenos, escritórios,
prédios, armazéns
e lojas, para arrendar
ou comprar.
Benefícios
para os associados
Os associados têm acesso
a serviços e condições
exclusivas. Por exemplo,
pode receber uma oferta
de 1 000 euros em
artigos de decoração
e 300 euros em serviços
de mudanças.
Opção Permuta
O Montepio disponibiliza
aos associados a
possibilidade de
realizarem permutas,
em condições a apreciar
caso a caso, desde que
o valor do imóvel a
permutar seja inferior a
50% do valor do imóvel
Montepio a adquirir. SAIBA MAIS
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de um apartamento T2
no Parque das Nações,
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131 114€
Preço médio de venda
de imóveis na Área Metropolitana
de Lisboa
Valor médio de venda
mais elevado no mercado
nacional relativo
a apartamentos T3,
localizados no Parque
das Nações.
MONTEPIO INVERNO 2014
65
3
a minha economia
DESCODIFICADOR
O QUE É A EURIBOR?
A sigla Euribor pode
ser traduzida por Euro
Interbank Offered Rate, um
indicador fixado através da média das
taxas às quais um conjunto de bancos
europeus empresta dinheiro entre si
no mercado interbancário. A Euribor
pode assumir diferentes prazos: uma
ou duas semanas, um, dois, três, seis,
nove ou doze meses. Trata-se de um
indexante que é utilizado no crédito à
habitação, crédito automóvel e pessoal,
entre outros produtos financeiros mais
complexos.
EURIBOR
COMO
INFLUENCIA
A NOSSA
VIDA?
66
Em Portugal, a Euribor é o indexante
mais recorrente no crédito à habitação. Condiciona o orçamento familiar
e tem oscilações que fazem diferença
na carteira de quem compra casa.
As taxas Euribor estão presentes
numa das mais importantes decisões
da vida: o momento em que se pede
crédito à habitação. É necessário escolher o prazo da Euribor ao qual será indexado o empréstimo. Esta é uma decisão que é tomada para muitos anos (décadas). As duas taxas mais recorrentes
são a Euribor a três e a seis meses.
COMO É QUE
A EURIBOR AFETA
O CRÉDITO À HABITAÇÃO?
A prestação da casa é revista
periodicamente consoante o prazo da
Euribor escolhida como indexante do
crédito à habitação. Assim, se escolheu
a Euribor a três meses, a sua prestação
será atualizada trimestralmente.
Se tiver escolhido a Euribor a seis
meses essa revisão será semestral. Se
o indexante for a Euribor a doze meses,
a atualização será anual.
Exemplo: Se o contrato de crédito for
feito em abril e a taxa for a Euribor a
três meses, as revisões da prestação
ocorrerão em julho, outubro, janeiro,
abril e assim sucessivamente.
COMO SE CALCULA?
As taxas Euribor são
calculadas diariamente
com base nos dados solicitados a um
“painel de bancos”, com excelente saúde
financeira, selecionados pela Federação
Europeia de Bancos Europeus. Para se
chegar ao valor de cada taxa calcula-se uma média, da qual se exclui 15%
aos valores mais elevados e a mesma
percentagem sobre os mais baixos.
A prestação da casa determina-se
através do cálculo da média mensal
da Euribor relativa ao mês anterior
àquele em que se verifica a revisão
do crédito. Some os valores das
cotações de todos os dias úteis e
depois divida esse valor pelo número
de dias para obter a média mensal.
Evolução das principais taxas Euribor
— EURIBOR/12 MESES
— EURIBOR/6 MESES
— EURIBOR/3 MESES
4,733%
4,703%
4,665%
3,025%
2,945%
2,859%
1,251%
Sabia que…
As Euribor são também um bom
indicador da tendência para os juros
das contas poupança. A maioria dos
depósitos a prazo segue a evolução
desta taxa para definir a remuneração paga aos depositantes.
0,996%
0,700%
1,504%
1,224%
1,001%
1,937%
1,606%
1,343%
0,543%
0,319%
0,188%
02-01-2008 02-01-2009 04-01-2010 03-01-2011
0,555%
0,323%
0,387%
0,169%
0,284%
0,076%
02-01-2012 02-01- 2013 02-01-2014 02-01-2015
Antes e depois da crise
^ Euribor a seis meses rondava os 5% antes da crise de 2008
^ Prestação mensal de 851,7 euros num empréstimo
^ Euribor a seis meses situa-se atualmente nos 0,1%
^ Prestação desce para 455,4 euros, segundo o simulador
de 150 mil euros, a trinta anos, indexado à Euribor a seis
do Banco de Portugal, o que equivale a uma poupança
meses com spread de 0,5%
de 396,3 euros
MONTEPIO INVERNO 2014
A MINHA VIDA
IDEIAS E DESCOBERTAS EM
LAZER, FAMÍLIA,
SAÚDE, CULTURA
página 68
página 72
página 76
Em vez de destinos
imagine iguarias e venha
descobrir os nossos
melhores sabores.
Percorra o continente e as
ilhas, a partir de produtos
tradicionais certificados
O Montepio e o escritor
Pedro Miguel Rocha
encheram um contentor
de cultura. O resultado
foi uma panóplia de
conversas que deu origem
ao “Contentor 13”
Na Nazaré descobrimos
como as sete saias
convivem com as maiores
ondas do mundo. Apanhe o
funicular e venha conhecer
os segredos de uma terra
que vive do mar
TRADIÇÕES
INICIATIVA
CIDADE À LUPA
página 78
PASSEIOS
COM HISTÓRIA
Traçamos-lhe a Rota
do Românico em
58 monumentos, um
percurso que traz ao
presente a memória da
fundação de Portugal
4
a minha vida
TRADIÇÕES
GASTRONOMIA
DESCOBRIR SABORES
NOS DIAS MAIS FRIOS APROVEITE
PARA CONHECER PORTUGAL
ATRAVÉS DE PALADARES
COM CERTIFICADO DE
AUTENTICIDADE. UM PRETEXTO
PARA DESVENDAR CAMINHOS
DE HISTÓRIA E CULTURA
DE UM PAÍS QUE, APESAR DE
PEQUENO EM TAMANHO, TEM
UMA ENORME OFERTA NO QUE
TOCA AOS DELEITES DO PALATO
Alentejo
AZEITE DE MOURA,
PALADAR MEDITERRÂNICO
por sara raquel silva
fotografia artur
68
Presunto de Barrancos, azeite
de Moura, queijo de Serpa e de
São Jorge, ananás dos Açores
e anona da Madeira são alguns
dos produtos que integram
o Qualigeo Atlas, criado em 2002,
em Itália, que reúne os melhores
produtos da gastronomia
do Velho Continente.
Em 2009, Portugal ocupou
o quarto lugar deste atlas alimentar.
Tendo em conta a dimensão do país
face aos vencedores (França, Espanha
e Itália), é obra!
FESTAS
A celebrar
os produtos
com caráter
MONTEPIO INVERNO 2014
O número de produtos regionais portugueses certificados com Denominação de Origem Protegida (DOP) ascende às centenas. A gastronomia e os vinhos são responsáveis por cerca de 600
mil viagens por ano, segundo dados do
Turismo de Portugal, e envolvem 20
milhões de outros visitantes com interesses paralelos, como a cultura e a natureza. É frequente encontrar um país
tão pequeno com tamanha diversidade
de produtos certificados e DOP? “Nem
por sombras”, responde Ana Soeiro,
fundadora da Associação Nacional de
> FESTA DO SÁVEL
E LAMPREIA
GONDOMAR | MARÇO
A gastronomia é o
ingrediente principal.
Destaque para o sável
e lampreia, iguarias
que neste mês são
o prato forte.
www.cm-gondomar.pt
> FEIRA RURAL
TORRES VEDRAS
ABRIL A OUTUBRO
No primeiro sábado
de cada mês, 250
bancas animam o
Centro Histórico com
produtos biológicos
certificados, queijos,
doçaria e muito mais.
www.cm-tvedras.pt
Entre os azeites
DOP produzidos
em Portugal, o de
Moura é dos mais
afamados.
É obtido juntando
a finura da azeitona Cordovil ao
sabor frutado da
Galega, e ao leve
picante e cor da
Verdeal. Para conhecer o processo
de produção deste
azeite visite o
Lagar de Varas de
Fojo, imóvel de interesse nacional e
exemplar único na
Península Ibérica.
É um lagar comu-
> FESTIVAL
DA GINJA
ÓBIDOS | JUNHO
Uma viagem
merecida para
explorar o sabor
único da ginja de
Óbidos, muitas vezes
servida em copos
de chocolate.
www.obidos.pt
nitário que trabalhava à maquia,
ou seja, qualquer
pessoa que tivesse azeitona poderia aí transformá-la, deixando uma
compensação em
azeite ao dono do
lagar. Divide-se
em três espaços
distintos: a zona
das tulhas onde
a azeitona era
depositada, a sala
de moagem onde
era depois transformada em pasta,
e a zona das varas
onde a massa era
prensada.
> FESTA DA CEREJA
FUNDÃO
6 A 10 DE JUNHO
Oportunidade para
comprar cerejas
da Beira e degustar
pratos confecionados
com cereja,
segundo uma
perspetiva inovadora.
www.cm-fundao.pt
Madeira
ANONA, EXÓTICA SENSAÇÃO
Todos conhecem a
banana da Madeira,
mas a doce anona,
menos popular no
continente, é também um fruto DOP,
denominação gerida pela Associação
dos Agricultores da
Madeira. Oriunda
do Peru, encontrou
nas terras e clima
desta ilha o local
certo para prosperar. Existem duas
variedades: a lisa,
cuja polpa é condensada, feculenta,
dura e doce, com
poucas sementes,
e a escamosa, com
polpa sumarenta,
branca, mole e
bastante doce.
O aumento da sua
produção deu ori-
> FESTIVAL
DO CARACOL SALOIO
LOURES | JULHO
Todos os anos,
no Pavilhão Paz e
Amizade, em Loures,
o caracol é o prato
principal.
Os participantes são
os restaurantes locais.
www.cm-loures.pt
gem, em 1990,
à Festa da Anona,
celebrada em
Santana, onde
o visitante pode
assistir a concertos
e saborear pratos
e bebidas tradicionais. Experimente
este fruto fresquinho no pitoresco
Mercado dos Lavradores, no Funchal.
> EXPOFACIC
CANTANHEDE
23 DE JULHO
A 2 DE AGOSTO
Encontrará variados
expositores
e tasquinhas
com iguarias
gastronómicas
de todo o país.
www.expofacic.pt
> FESTIVAL
DO MARISCO
OLHÃO | AGOSTO
Conhecido pelo
marisco, todos
os anos Olhão
organiza o Festival
do Marisco, no Jardim
Pescador Olhanense,
junto à ria Formosa.
www.cm-olhao.pt
Serra
da Estrela
QUEIJO DA SERRA,
REPASTO DIVINAL
O queijo Serra da Estrela,
com maior ou menor
cura, é um produto DOP
obtido por esgotamento
lento da coalhada após
coagulação, pelo cardo,
do leite cru proveniente
de ovelhas da raça Bordaleira serra da Estrela
ou da raça Mondegueira.
com um sabor inconfundível. É apreciado um
pouco por todo o mundo,
sendo considerado um
dos melhores queijos
portugueses. A época
mais indicada para o
comprar é entre fevereiro
e março e o melhor local
para provar um exemplar
genuíno é mesmo no seu
habitat natural, em terras
da Serra da Estrela.
> FESTIVAL
DA SARDINHA
PORTIMÃO | AGOSTO
Este festival junta
o melhor da
gastronomia algarvia,
com variados pratos
de sardinha, à mostra
de artesanato
e a concertos.
www.festivaldasardinha.pt
> FESTIVAL
DO BACALHAU
ÍLHAVO | AGOSTO
Integra espetáculos,
gastronomia, venda
de padas de vale de
Ílhavo, provas de
vinhos, cinema ao
ar livre, artesanato
e show-cooking.
www.cm-ilhavo.pt
MONTEPIO INVERNO 2014
69
4
a minha vida
TRADIÇÕES
gastronomia
70
Municípios e de Produtores para a Valorização e Qualificação dos Produtos
Tradicionais Portugueses (QUALIFICA). “Além de algumas caraterísticas
naturais que permitem produzir, por
exemplo, o vinho do Porto ou o Alvarinho, o facto de Portugal não ter sofrido uma grande industrialização, como aconteceu noutros países europeus,
permitiu que mantivéssemos as tradições mais vivas”. E, acrescenta: “Além
de que, até há poucos anos, a comunicação com o exterior era muito limitada.”
Para Ana Soeiro, o grande desafio é
manter a pureza dos produtos tradicionais – “que muitas vezes de tradição só
têm um nome” – e incluí-los nos grandes roteiros turísticos do país.
“As pessoas sentem, ao mesmo tempo, uma grande nostalgia e uma vontade de fazer algo de novo na vida”,
afirma. “No Douro as vindimas são
uma atração turística, mas Portugal
tem muito mais para oferecer. Quem
conhece o melão casca de carvalho
riscado, de sabor picante, do vale do
Sousa, ou a maçã que nasce rasteira
ao chão em Sintra? Ninguém.” Na opinião da responsável da QUALIFICA
temos que promover eventos e experiências que divulguem o que oferecemos de único ao mundo. “É uma forma
de combater a desertificação do país e
preservar o património”, acrescenta.
Porque concordamos, deixamos-lhe
aqui algumas sugestões (ver caixas).
> FESTA
DAS VINDIMAS
RÉGUA | SETEMBRO
Participe no evento
de uma das zonas
vinícolas por
excelência do país.
www.douronet.pt,
www.douro-turismo.pt,
www.
cavesvinhodoporto.com
MONTEPIO INVERNO 2014
Óbidos
e Alcobaça
GINJA, NÉCTAR
DOS DEUSES
Aveiro
OVOS MOLES, DOCE TENTAÇÃO
São a imagem de
marca da cidade
da ria. Encontra-os nas melhores
pastelarias que
rodeiam o Rossio de Aveiro no
interior de barricas de madeira
ou revestidos a
massa de hóstia,
em forma de
peixinhos, conchas ou búzios.
A receita original é secreta e
poucas famílias
> FEIRA
DO COGUMELO
BELMONTE |
ENTRE OUTUBRO
E DEZEMBRO
Decorre na Pousada
Convento de Belmonte
e é promovido
pela mesma.
www.
conventodebelmonte.pt
a conhecem.
Foi criada pelas freiras dos
vários conventos
ali existentes
que, até ao século xix, utilizavam
a clara de ovo
para engomar
os hábitos e
as gemas para
confecionar este
doce. Os ovos
moles de Aveiro
foram o primeiro
produto nacional
de confeitaria
> FESTIVAL
DA BATATA-DOCE
ALJEZUR |
NOVEMBRO
Visite restaurantes e
tasquinhas e saboreie
iguarias elaboradas
com batata-doce.
www.festivalbatatadoce.cmaljezur.pt
certificado com
Indicação Geográfica Protegida
(IGP), em 2006.
Os ovos de onde
se tiram as gemas têm de ser
da região.
Os produtores
certificados
com IGP são os
membros da
Associação de
Produtores de
Ovos Moles de
Aveiro e a empresa SATIVA.
> FESTA
DA CASTANHA
MARVÃO |
NOVEMBRO
Todos os anos
festeja-se a castanha
neste certame onde
não falta vinho
nacional de qualidade
e artesanato.
www.cm-marvao.pt
Licor obtido a partir
da ginja macerada,
esta bebida espirituosa é servida com
a fruta curtida no
fundo do copo, popularmente chamada
“com elas”, ou, quando pura, “sem elas”.
A receita original foi
criada pelos monges
de Cister e muito
bem preservada por
algumas empresas
que optam por não
acrescentar corantes ou conservantes
no fabrico deste
néctar. Destaque
para a Oppidum que
foi medalha de ouro
no Beverage Tasting
Institute
em Chicago.
A ginja de Óbidos
e Alcobaça (fruto)
está atualmente em
avaliação para obter
a certificação de IGP.
A região “demarcada” compreende os
concelhos de Óbidos,
Alcobaça, Nazaré,
Caldas da Rainha,
Bombarral, Cadaval
e parte do concelho
de Porto de Mós.
4
a minha vida
XXXXXXXXXXXXX
xxxxxxxxxxxxx
Porto
VINHO DO PORTO,
TESOURO
DURIENSE
Açores
VINHO LAJIDO
“PICO”, UMA PÉROLA
Descrito pelos
enólogos,
o vinho Lajido
V.L.Q.P.R.D.
“Pico” parece
um poema: cor
amarelo-dourada profunda,
aroma vinoso,
complexo, a lembrar especiarias.
Intenso e persistente. Quente
e seco. Obtido a
partir das castas
Arinto, Verdelho
e Terrantez, da
Região Demarcada do Pico,
chegou a ser um
dos vinhos favoritos da corte
russa. As vinhas
são protegidas
da intempérie
por alvéolos
quadrangulares
de basalto.
O calor absorvido e devolvido
pela rocha às
videiras, durante
a época da maturação, explica
os açúcares do
mosto, que atinge um teor de
álcool de 14-15°.
Para o adquirir
no continente recorra à Garrafeira Nacional. Nos
Açores, dirija-se
à Cooperativa
Vitivinícola da
Ilha do Pico.
O vinho do Porto é
um vinho licoroso,
produzido na Região Demarcada do
Douro – a primeira
do mundo, criada
por Marquês de
Pombal. Além do
clima único onde as
vinhas crescem, tem
a particularidade de
a fermentação ser
interrompida numa
fase inicial (dois
ou três dias depois
do início) através
da adição de uma
aguardente vínica
neutra. Torna-se
assim naturalmente
doce, dado que o
açúcar das uvas não
se transforma completamente em álcool. É também mais
graduado do que
os restantes vinhos
(entre 19˚ e 22˚ de
álcool) e pode ser de
três tipos: branco,
ruby e tawny.
Para o degustar e
saber um pouco
mais da sua história,
sugerimos que se
desloque a Vila Nova
de Gaia e visite uma
das muitas caves
junto ao rio Douro.
Será uma experiência inesquecível.
A mulher que mudou o negócio
Leonor Freitas é o rosto da Casa Ermelinda
Freitas, uma das empresas nacionais que mais
se destaca no mercado vitivinícola mundial.
“A marca sobrepôs-se
à minha identidade, o
que, como calcula, é uma
enorme honra.” Leonor
Freitas representa a quarta geração de mulheres
empreendedoras e apaixonadas pelas vinhas de
Fernando Pó, em Palmela. Foi a primeira mulher
da família a “sair de casa para ir estudar”. “Formei-me em Serviço Social e trabalhei no Ministério da Saúde”, recorda.
Em 1997 viu-se confrontada com duas opções:
“Vender a empresa ou
regressar para ajudar a
minha mãe.” No mesmo ano assumiu a gestão
e lançou o Terras do Pó,
o primeiro vinho com
o selo Casa Ermelinda
Freitas. Em 2002 houve
um excesso de produção
e o cliente habitual deixou
de querer comprar. “Foi
um grande susto e, em simultâneo, uma viragem.”
Dois dias depois, veio a solução: “Lançámos o Bag-in-box, as caixinhas que
serviram para escoar o
nosso vinho e que foram
um sucesso.” Leonor expandiu e internacionalizou a marca, tendo arrecadado mais de 400
prémios. A mulher que
mudou o mercado tem como “braço direito” o enó-logo Jaime Quendera e
nos filhos a continuidade do negócio na família.
Um dos seus “sonhos” é a
Revista Montepio entrevistar, em 2115, a 10.ª geração
da sua família. “Adoraria
que a casa continuasse na
família, a respeitar a tradição e a inovar.”
MONTEPIO INVERNO 2014
71
4
a minha vida
INICIATIVA
CULTURA
HISTÓRIAS
FORA
DA CAIXA
72
À BEIRA TEJO,
NUM DOS CONTENTORES
DO VILLAGE
UNDERGROUND,
SURGIU A IDEIA DE
COLOCAR 13 ESCRITORES
LUSÓFONOS À CONVERSA.
O “CONTENTOR 13”
CHEGOU À RTP 2 NO
INÍCIO DO ANO E
JÁ ESTÁ NA CALHA
UMA NOVA SÉRIE
por susana torrão
fotografia pmr
– produções culturais
São 13 escritores com a língua
portuguesa como elo de ligação.
Desde o início de janeiro que as
noites de quinta-feira, do canal
2 da RTP, são animadas por
conversas em torno da literatura,
da ficção e da realidade.
“Contentor 13” é um projeto do
escritor Pedro Miguel Rocha,
apoiado pelo Montepio desde
a primeira hora.
MONTEPIO INVERNO 2014
“Quando, em maio, o Village Underground abriu, aluguei aqui um espaço porque me interessava a ideia de
estar numa aldeia criativa onde todos
pudéssemos aproveitar as sinergias”,
explica Pedro Miguel Rocha. Com o
escritório instalado em pleno centro
de Lisboa, não tardaram a aparecer
por ali vários amigos dedicados à
escrita. “Pensei que seria interessante passar estas conversas para um
programa de televisão e foi assim
que nasceu o “Contentor 13”, que é o
contentor onde tenho o escritório e é
apoiado pelo Montepio”, refere Pedro
Miguel Rocha. Inicialmente foi pensado para o Canal 180, também instalado nos contentores de Alcântara,
mas o projeto acabou por crescer e
por ser aceite pela RTP.
Lídia Jorge, Valter Hugo Mãe,
João Tordo, Manuel Jorge Marmelo
ou Tiago Salazar são alguns dos nomes com presença confirmada no
“Contentor 13”. O programa vai para
o ar às quintas-feiras à noite e na calha está já uma nova série, desta feita
com cantores portugueses.
^^
NÃO
PERCA
na próxima
edição da
Revista
Montepio duas
entrevistas
muito diferentes
a dois autores
portugueses:
Lídia Jorge
e Afonso Cruz
1 Afonso Cruz
2 José Eduardo
ESCRITORES
Agualusa
Galiza
no coração
3 Patrícia Reis
4 Lídia Jorge
5 Manuel Jorge
Marmelo
6 Rui Zink
1
5
7 Tiago Salazar
8 Valter Hugo
Mãe
2
6
3
7
4
8
Pedro Miguel Rocha
nasceu em 1973 em
Vouzela. Hoje, em
Lisboa, divide o seu
tempo entre o ensino,
a escrita e a televisão.
Conhecido como
“o escritor português
de alma galega”, região
espanhola presente
em todas as suas obras,
é um grande defensor
de uma maior
aproximação social
e cultural entre Portugal
e a Galiza. Em 2010
foi finalista do Prémio
Literário Esfera das
Letras. O primeiro
livro surge em 2009
com o título Juntos
Temos Poder. A partir
daí publicou mais três:
Chegámos a Fisterra
(2010), O Eremita
Galego (2011), romance
com o qual ganhou o
Prémio Literário Maria
Ondina Braga, e Contos
Peregrinos (2014).
MONTEPIO INVERNO 2014
73
4
a minha vida
CRÓNICA
BAPTISTA-BASTOS
DAVIDA
CONJUGAL
“Cheiras um bocadinho a copos”, diz ela.
“Estive a beber umas cervejas com uns amigos”, diz ele.
“Senta-te a ver televisão, enquanto faço um café bem forte.”
Vai à cozinha. Diz de lá: “Não. Vou fazer um chá de Lúcialima
que dizem ser muito bom nestas circunstâncias.”
74
Ele pega num livro, mas não está com a atenção
suficientemente desperta. Entrou na reforma há
quatro meses, porque a empresa alemã, onde trabalhou quarenta anos, deslocou-se para a Índia.
Tem uma boa reforma. Mas é um excelente tradutor de alemão técnico e, por igual, de textos literários. Encontrou-se, ocasionalmente, com alguns
colegas, foram comemorar o encontro na Cervejaria Ribadouro, à entrada do Parque Mayer, cervejas e petiscos, uma certa nostalgia na conversa.
A mulher traz-lhe o chá. “Está muito quente”,
diz. “Assim é que faz bem. Logo vem cá jantar a
Amélia e traz o miúdo.”
A Amélia foi por eles adoptada, com seis meses.
Têm três filhos naturais, dois netos, e todos gostam
muito uns dos outros. Como gostam muito uns dos
outros, andam deprimidos porque a Amélia divorciou-se há pouco tempo, e o facto abalou muito toda a família. Rodeavam a Amélia de atenções e de
carinho redobrados. A Amélia é uma bela mulher,
e conversa muito com a mãe adoptiva que, por sua
vez, aprecia desabafar com ela.
“Ainda bem que vem cá jantar com o miúdo”,
diz ele. “Esqueci-me de te dizer que arranjei um
trabalho, numa editora nova, a Parsifal, que adquiriu os direitos de um livro praticamente desconhecido de Hermann Broch.” Ela: “Ainda bem.
Assim ocupas o tempo e ficas feliz. Já bebeste o chá?”
A reforma permite-lhe continuar a ajudar a
família, embora os filhos estejam razoavelmente bem. O mais novo envolve-se em política e,
nesse assunto, é o mais esclarecido de todos, incluindo ele próprio. No tempo do Delgado ainda
MONTEPIO INVERNO 2014
participou nos movimentos populares, e dizia, por
graça, que se metera nos acontecimentos porque
não gostava do nariz de Salazar. Não era nada disso. Um amigo de infância e de adolescência fora
preso como comunista, e a prisão causara-lhe grande sobressalto, porque o Tribunal Plenário condenara o amigo a cinco anos, com “medidas de segurança”, o que equivalia quase a prisão perpétua.
Relacionava-se com inimigos do regime, dava dinheiro para o Socorro Vermelho, organização clandestina de apoio aos presos políticos e às
suas famílias, mas não se comprometia para além
disso. Dizia: “Isto não vai com palavras. Além
disso, o regime existe enquanto os Estados Unidos o quiserem.” O filho, agora, é o mais activo da
família. Vai às manifestações do 1.º de Maio, e
integra-se em todos os protestos que lhe pareçam
justos. “Tem cuidado!”, alertava a mãe. “Agora, as
coisas são outras, embora haja sempre perigo”,
dizia o pai. Mas sentia um secreto orgulho pelo
filho mais novo ser assim. Por vezes, discutiam
a actualidade internacional. Como praticamente
só lia jornais e revistas alemãs, estava presumivelmente mais bem informado.
“Combinámos, eu e os meus antigos colegas,
encontrarmo-nos uma vez por mês”, diz ele.
“Oh!, diabo! Toma cuidado com os copos”,
diz ela que veio sentar-se com ele. “Tu nunca
foste dessas coisas. Nem me recordo, durante estes anos todos, de alguma vez te ver embriagado.
Um pouco alegre, isso sim, e eras muito engraçado, nessas ocasiões. Esqueci-me de te dizer que
vou comprar umas pizzas, e junto-as com fatias
de carne assada e puré de batata. Não gostas de
pizzas, mas estou farta de cozinhar para esta gente toda, desculpa lá o mau jeito.”
Afaga a cabeça do marido, agora com a atenção dirigida para um documentário sobre Almada Negreiros. Lembra-se de o ver à porta da Brasileira do Chiado, exuberante, a querer sempre
dar nas vistas. Também se lembra de outros grandes, desse tempo antigo, Jorge Barradas, José de
Lemos, Aquilino Ribeiro, Manuel da Fonseca,
Armindo Rodrigues. Por vezes, cumprimentava
este e aquele, e ficava feliz quando, por acaso, algum deles lhe retribuía o cumprimento.
“Vou-te dizer uma coisa: não tenho nenhuma
saudade do tempo em que fui novo”, diz ele.
“Não que não tens”, diz ela.
Tocam à campainha da porta.
NOTA: O autor continua a escrever segundo
a chamada norma antiga.
PUB
4
a minha vida
CIDADE À LUPA
DE
MALA
SEMPRE
FEITA
1
N
A
Z
A
R
É
GPS
SAIBA MAIS
SOBRE A NAZARÉ
NA VERSÃO IPAD
N 39° 35’ 7.42”
W 9° 4’ 6.34”
A NAZARÉ FOI NOVAMENTE
INSCRITA NO MAPA
MUNDIAL PELO HAVAIANO
MCNAMARA, QUE NO
INVERNO DE 2013 AÍ
SURFOU UMA ONDA COM
CERCA DE 30 METROS
por sara raquel silva
76
Quando se fala da Nazaré fala-se de
mar. Aliás, a povoação que lhe deu
origem ficava na Pederneira, atraída
pela pesca na lagoa. Era um dos mais
importantes portos de mar dos coutos
do Mosteiro de Alcobaça e, na época
dos Descobrimentos, um dos mais ativos estaleiros do reino. É aí que fica
a Casa da Câmara, na Praça Bastião
Fernandes, exemplar da arquitetura
civil decorada com elementos seiscentistas. Merece ainda visita a Igreja da
Misericórdia, de ampla fachada do
barroco clássico tardio. Este ponto
altaneiro oferece ainda diversos miradouros sobre as povoações da Praia
e do Sítio. Este é o local para onde a
população se deslocou após a decadência da Pederneira, dado o assoreamento da Lagoa e aparecimento da
Praia, em 1700. Aí, não deixe de passar
pelo Miradouro do Santuário de N. S.
Nazaré, pelo Museu da Nazaré, e Forte
de São Miguel Arcanjo - atual “quartel” do projeto North Canyon, levado a
cabo pelo surfista Garrett McNamara.
MONTEPIO INVERNO 2014
2
3
5
A lenda de D. Fuas Roupinho
4
1 Teatro Chaby
Pinheiro
2 Tradicional
secagem de
peixe ao sol
3 Igreja da
Misericórdia
4 As famosas
sete saias
5 Ascensor
da Nazaré
6 Forte de
São Miguel
Arcanjo
É um belíssimo posto para observar
a praia do Norte, célebre pelas suas
ondas entre os surfistas. Por fim,
o terceiro núcleo da Nazaré: a Praia
que só no século xix é que reuniu
condições para a fixação da população neste local, que começa a
ser procurado para “ir a banhos”.
Até aos dias de hoje.
Conta a lenda
da Nazaré que
na manhã de
14 de setembro
de 1182,
encontrando-se a região
em paz com os
mouros, D. Fuas
Roupinho, alcaide
do castelo de
Porto de Mós,
andava à caça
nas suas terras
quando avistou
um veado.
Dirigiu-se para
o litoral e, de
súbito, ficou tudo
encoberto por um
denso nevoeiro
que se levantava
do mar. Quando
o cavaleiro se deu
conta, estava no
topo da falésia
em perigo de
vida. Percebeu
estar ao lado da
gruta onde se
venerava uma
pequena imagem,
de Nossa Senhora
com o Menino e
rogou, num grito
desesperado,
à Virgem Maria:
“Senhora,
Valei-me!”
Milagrosamente
o cavalo estacou,
fincando as patas
no bico rochoso
suspenso sobre o
vazio.
Para agradecer à
santa, o cavaleiro
mandou erguer
a Capela da
Memória.
… uma experiência…
6
para os dias de escassez. A atividade
realiza-se diariamente por um grupo
de peixeiras, no estendal, na praia,
a sul. Era, e ainda é, vendido nos
mercados da região.
PASSEIO DE FUNICULAR
É um dos transportes deste género com
maior tráfego em Portugal, atingindo
um milhão de passageiros por ano.
E é fácil perceber porquê. A vista sobre
a praia e o mar é soberba, além de
que à chegada o viajante fica a dois
passos da Ermida de Nossa Senhora
da Nazaré, revestida por belíssima
azulejaria oitocentista.
TEATRO CHABY PINHEIRO
Pequeno teatro romântico, tipo
italiano, do início do século xx,
projetado pelo arquiteto Ernesto
Korrodi. Foi inaugurado em 1926,
na presença do conceituado ator
Chaby Pinheiro, que lhe deu o nome.
Os frescos e as pinturas da tela da
boca de cena são do pintor português
Frederico Aires.
PEIXE SECO
É uma das imagens de marca e uma
tradição que terá surgido com a
necessidade de conservar o peixe
Se preferir uma aproximação mais
contemporânea, procure pela marca
“Maria da Nazaré” (Rua da Liberdade,
nº 88, www.peixeseco.com),
lançada por Inês, Samuel e Isaura
Fialho. Inês trabalha com a mãe na
secagem do peixe e Samuel criou
uma embalagem na qual explica
esta tradição antiga. A marca é uma
homenagem à avó, com 91 anos,
entretanto reformada. Além de uma
apresentação estética inovadora,
a embalagem contém a explicação
do processo de secagem do peixe,
ao mesmo tempo que oferece a
oportunidade de provar a iguaria,
uma vez que cada pacote inclui um
carapau seco/enjoado.
AS MULHERES DAS SETE SAIAS
Quem vai à Nazaré espera sempre
encontrar a tradicional nazarena,
vestida com sete saias. Hoje, só em
dias de festa – Carnaval e Páscoa –
saem à rua com este traje colorido,
cuja origem é muito discutida. Uns
dizem que as diversas camadas
eram usadas pelas mulheres para
se aquecerem – cabeça incluída
– enquanto esperavam pelos
pescadores na praia. De acordo com
outras opiniões, estas usariam sete
saias para ajudar a contar as ondas do
mar. Isto porque o barco só encalhava
quando viesse o mar raso, e as
mulheres sabiam que só de sete em
sete ondas o mar acalmava.
Na Nazaré,
a utilização
terapêutica da
água do mar
remonta ao final
do século xix,
quando começou
o hábito de
“ir a banhos”
por motivos de
saúde e bem-estar. Surgiram
então os banhos
quentes salgados
da Nazaré, que
faziam parte
das temporadas
balneares da
sociedade da
época.
A tradição é hoje
mantida na Barra
Talasso - Centro
de Talassoterapia
da Nazaré,
inaugurado em
2013, em pleno
areal da praia.
Os princípios
ativos da água
do mar e dos
elementos de
base marinha
(algas, argilas,
ar marítimo e
sol), além das
águas aquecidas,
estão na base de
uma vasta gama
de serviços de
talassoterapia
com fim
preventivo e
curativo.
E a quem não
apetece banho
turco, um
duche Vichy,
hidromassagem
ou uma série de
cuidados estéticos
corporais e
faciais, como
envolvimentos
de algas ou
drenagem
linfática, no
quentinho,
mesmo junto
ao mar?
O SURF
McNamara colocou a Nazaré no
mapa mundial para todos os amantes
de surf quando apanhou uma onda
com cerca de 30 metros no dia 1 de
novembro de 2011. Mas os célebres
canhões são só acessíveis a 0,01%
dos surfistas, mesmo experientes.
Não importa: consoante as condições
do mar, a Praia da Nazaré é excelente
para iniciados e as praias do Norte e
Sul oferecem boas condições mesmo
aos sufistas experientes. Quer tentar?
Contacte a Nazaré Surf School.
Ligações úteis
www.nazaresurfschool.pt
www.talassobarra.com
www.peixeseco.com
MONTEPIO INVERNO 2014
77
4
a minha vida
PASSEIOS COM HISTÓRIA
ROTA DO ROMÂNICO
REDESCOBRIR
O PASSADO
QUALQUER UM
DOS 58 MONUMENTOS
DA ROTA DO ROMÂNICO
SERVE DE PONTO DE PARTIDA
PARA UMA VIAGEM INICIADA
HÁ 900 ANOS. DESCUBRA OS
CONTORNOS DA HISTÓRIA
E O PERCURSO DOS POVOS
QUE, DESDE HÁ MUITO,
HABITAM O VALE DO SOUSA,
TÂMEGA E DOURO
por susana torrão
78
fotografia banco de imagem rota
do românico
^^
CASTELO
DE ARNOIA
(Celorico
de Basto)
Na lápide de
Múnio Moniz,
SAIBA MAIS
ROTA DO ROMÂNICO
Tel. 255 810 706 | 918 116 488
www.rotadoromanico.com
[email protected]
MONTEPIO INVERNO 2014
alcaide do castelo,
lê-se 1034,
o que atesta a
antiguidade da
fortificação
1
A Rota do Românico surgiu
em 1998 enquanto projeto de
desenvolvimento para a região
do vale do Sousa. Dezassete anos
depois, o turismo é a face mais
conhecida da iniciativa. Composta
por 58 monumentos, a Rota do
Românico transporta-nos aos
tempos das famílias Ribadouro
e Sousões, nomes grandes do
Condado Portucalense. Ao longo
de 2015, e parte de 2016, o Montepio
convida os seus associados a
mergulharem em 900 anos de
História da Arte nacional.
“A rota só tem sentido quando se percebe o conjunto.” Quem o afirma é
Rosário Machado, presidente da Rota
do Românico. A responsável destaca
o caráter estruturado e a vertente pedagógica do projeto – a rota faz parte
do programa do quarto ano das escolas dos concelhos da região –, mas assume que o motor da iniciativa é o turismo. “Este território tem uma conjugação de caraterísticas valiosas – a
ligação ao Porto, os rios e a densidade populacional –, mas o que desde
sempre uniu todos estes concelhos foi
o facto de, enquanto território, terem
associado todo um ADN histórico
importante mas esquecido”, explica.
O românico é o elemento agregador de
toda a região. Em 2003, arrancaram
os trabalhos de conservação e restauro, e em 2008, abriram ao público as
visitas guiadas. Sendo inicialmente
um projeto da região do vale do Sousa,
em 2010 a Rota do Românico passou
2
HISTÓRIA
Rota do Românico em datas
3
1 Mosteiro de Stª
Maria de Pombeiro
(Felgueiras)
2 Mosteiro de São
Pedro de Cête
(Paredes)
4
3 Mosteiro de Ferreira
(Paços
de Ferreira)
4 Igreja de Tarouquela
(Cinfães)
5 Torre de Vilar
(Lousada)
5
a integrar seis municípios das regiões
do Tâmega e Douro. O “passa palavra” e a vontade da descoberta são
dois dos aspetos a que Rosário Machado atribui o sucesso da iniciativa.
“Temos vindo a crescer todos os anos,
sempre acima dos 50%. Em 2013 sentimos algum declínio, mas em 2014
voltámos a crescer: 75%, o maior aumento desde a abertura”, afirma.
> 1998 É criada a Rota do Românico
enquanto projeto estruturado
de desenvolvimento regional
para a região do vale do Sousa.
São identificados, inventariados
e investigados os vários monumentos.
> 2003 Têm início os trabalhos
de conservação e recuperação
dos monumentos.
> 2008 Iniciam-se as visitas guiadas.
> 2010
Seis municípios das regiões
do Douro e Tâmega juntam-se
à Rota do Românico, que adquire
assim a sua dimensão atual.
Por terras de Ribadouro
e Sousões
A rota é composta por 58 monumentos. São pequenas ermidas, igrejas,
pontes, antigos paços e mosteiros.
Rosário Machado explica que “é necessário olhar para um mosteiro e perceber o território em que está implantado”. Há monumentos que se destacam,
quer pela dimensão quer pela impor-
MONTEPIO INVERNO 2014
79
4
a minha vida
PASSEIOS COM HISTÓRIA
rota do românico
1 Marmoiral
de Sobrado
(Castelo
de Paiva)
2 Mosteiro do
Salvador de
1
Visita Montepio
MOSTEIRO DE SANTA MARIA
DE CÁRQUERE RESENDE
^ QUANDO 19 de abril, 15h
^ PREÇO 1,5€; gratuito para crianças
com menos de 10 anos
^ INSCRIÇÕES [email protected]
80
tância histórica. É o caso do Paço de
Sousa ou do Mosteiro de Santa Maria
de Cárquere. “Estão ligados à família
Ribadouro. Na altura, o Condado Portucalense era dominado por seis famílias nobres e o herdeiro do condado era
educado pela família mais importante: Egas Moniz, que pertencia aos Ribadouro e foi aio de D. Afonso Henriques, está sepultado no Paço de Sousa”,
explica a responsável. Rosário Machado realça ainda os mosteiros de Santa
Maria de Pombeiro, casa dos Sousas,
ou Sousões, Travanca, ligado à ordem
beneditina e de Arouca, local do sepulcro de Santa Mafalda.
Viajar no espaço e no tempo
“Quem nos visita pode esperar uma
viagem aos tempos da formação de
Portugal. A descoberta dessas raízes
é feita através de um conjunto de elementos que engloba os recursos naturais, gastronomia e os afetos”, garante
Rosário Machado. Para a responsável,
a Rota do Românico marca a diferença
ao permitir a descoberta do tempo histórico in loco através do estilo românico e da sua carga simbólica. Os “intér-
MONTEPIO INVERNO 2014
2
pretes do património”, técnicos formados em História e História de Arte que
guiam a visita, têm a seu cargo projetos
de investigação – alguns em parceria
com equipas da Universidade do Porto
– sobre a Rota do Românico e um conhecimento profundo sobre o restante
património da região. “Queremos marcar a diferença. Contar a história de forma credível, fruto da investigação que
fazemos”, salienta Rosário Machado.
Alguns monumentos são verdadeiras
“enciclopédias”. “No Mosteiro de Santa
Maria de Pombeiro, por exemplo, conseguimos perceber o que é o românico,
mas também percebemos, pela escala,
a fase inicial do gótico, e pela ornamentação um exemplo do barroco no seu
auge. Há monumentos que têm altares
maneiristas e outros que nunca foram
alterados”, revela Rosário Machado.
A história de cada região determina a
evolução de cada edifício. Da dinâmica económica ao poder e influência dos
senhores feudais, sem esquecer a importância da igreja numa determinada
localidade, tudo ajuda a explicar porque determinado monumento foi sendo sucessivamente alterado enquanto
outro se manteve intocável. “Pelo românico apercebemo-nos da evolução
da história e a forma como os homens
e as ideologias foram tirando partido
do património. Além da perícia dos
mestres canteiros é também interessante verificar as sucessivas intervenções a que o monumento foi sendo sujeito e narrar a história por trás dessas
alterações”, afirma Rosário Machado.
Paço do Sousa
(Penafiel)
Recuperação, um esforço permanente
O trabalho de investigação, conservação e recuperação do património
é um dos segredos do sucesso da rota. “Em 1998 alguns monumentos
estavam praticamente em ruínas.
O românico está normalmente associado a monumentos religiosos, mas
sendo esta uma região que tem sido
permanentemente habitada esses espaços continuaram a ser ocupados,
o que impediu que se degradassem”,
explica Rosário Machado.
O trabalho vai continuar em 2015.
Destaque para a abertura de dois centros de interpretação da Rota do Românico: um em Lousada, que funciona como porta de entrada da rota, e
outro em Abragão, Penafiel, dedicado
à escultura românica. Este último está associado a uma descoberta curiosa, conta Rosário Machado: “A igreja
de Abragão só tem a nave românica
e, ao lado, existia uma casa de ferreiro, construída no século xvii com pedras que tinham pertencido à igreja.
Com o início das obras apercebemo-nos de que as pedras eram muito trabalhadas e a opção foi desmontar e inventariar pedra a pedra, algo que não
é comum. No final percebeu-se que
essas pedras pertenciam ao portal e
a uma rosácea da igreja que nem sequer se sabia que tinha existido.” É
impossível devolver estes elementos
ao edifício original, mas o novo centro
de interpretação vai permitir que os
visitantes os admirem ao pormenor.
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Rodrigo Leão, Carminho, José Avillez, Manuel Alves,
José Sarmento de Matos, Nicolau Breyner
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em Buenos Aires e tem o seu trabalho
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o resultado final um retrato de Lisboa
dinâmico, descontraído e realista, que
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lisboeta”, a luz, o Tejo, a gastronomia,
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o fado ou as fachadas da cidade.
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MONTEPIO PRIMAVERA 2014
4
a minha vida
Fotografia: Goncalo Gaioso
TESTEMUNHO
perguntas a...
Esta entrevista foi realizada seguindo as
premissas do famoso Questionário de Proust, que
pretende refletir a personalidade do entrevistado.
82
O nome e popularidade deste questionário
estão relacionados com as respostas dadas pelo
FILOMENA CAUTELA
Começou por ser conhecida do grande público como atriz. Nos últimos anos tem-se
dedicado à apresentação nos programas “5 Para a Meia Noite”, “Agora na RTP” e
“Cá Estamos”, este último transmitido no canal Globo Portugal. O ano de 2015 marca
o regresso à ficção nacional, desta feita numa nova telenovela. Além destes projetos
ainda tem tempo para dar voz à Dona Poupança, uma formiga muito responsável,
escritor francês Marcel Proust.
personagem principal do programa de Educação Financeira do Montepio.
Qual a figura histórica com que mais
se identifica?
Tantas... Julgo até que fui muitas
delas em vidas passadas: Frida Khalo,
Emmeline Pankhurst, Janis Joplin,
Virginia Woolf...
Qual o seu maior medo?
Que aconteça algo aos meus
familiares mais próximos.
Qual a sua ideia de felicidade
perfeita?
Sentimento de realização pessoal,
profissional, e a capacidade de
proporcionar o mesmo aos meus.
Qual o seu maior feito?
Fazer com o que a minha mãe tivesse
orgulho de mim.
Se morresse e ressuscitasse como
uma pessoa ou animal, quem
escolheria ser?
A Supermulher, com todos os poderes
do Super-Homem, voar, superforça,
visão raio-X, e os poderes dos
cavaleiros Jedi do filme Star Wars
(sim, todos temos uma criança dentro
de nós).
Quem são os seus heróis na vida real?
A minha mãe e todos aqueles que
todos os dias, perante a diversidade
extrema, levantam a mão e dizem o
que lhes vai na alma.
Onde gostaria de viver?
No mundo inteiro. Não quereria um
jato mas um cartão de milhas infinitas
e capacidade de viajar sempre e para
sempre.
O que aprecia mais nos seus amigos
e família?
O amor incondicional que sabem
mostrar. A consciência do mundo
MONTEPIO INVERNO 2014
que nos rodeia e a partilha de valores
já tão raros.
Se pudesse mudar algo em si, o que
seria?
Ui... Tanta coisa. Mas seria mais
otimista, e gostava de ser um
bocadinho mais burra... honestamente.
Qual o seu realizador favorito?
Tenho muitos, realmente é muito
difícil. Entre portugueses e
estrangeiros, na verdade depende do
dia, da disposição. Vou de Almodóvar,
a Manuel de Oliveira, a Tarantino, a
João César Monteiro...
Qual o seu escritor favorito?
A situação é a mesma, dependendo
do dia: Oscar Wilde, Saramago,
Kerouac, Marguerite Yourcenar, Paul
Auster, Valter Hugo Mãe, Virginia
Woolf, Cortázar. E a lista continua...
O MEU MONTEPIO
NOTÍCIAS INSTITUCIONAIS,
INICIATIVAS,
PROJETOS E COMUNICADOS
página 84
página 85
página 86
página 88
Lisboa já respira uma nova
atmosfera m. Desde
fevereiro a capital usufrui
de um novo espaço de
cidadania com
a assinatura do Montepio
O Montepio apoia
dez instituições sociais.
Saiba como a iniciativa
"Reis Por Um Dia" ajuda
a melhorar a vida de
associados e clientes
Invista em si e na sua
família com os descontos
e benefícios para
associados. Destaque para
os serviços de assistência
médica domiciliária
noturna da redeMut
Não perca todas as
atividades e iniciativas
que desenvolvemos
este trimestre para
os associados Montepio
CULTURA
INICIATIVA
DESCONTOS
AGENDA
5
o meu montepio
CULTURA
ATMOSFERA M
DÊ VOZ
À SUA
CIDADANIA
O ATMOSFERA M CHEGOU
A LISBOA. A CAPITAL
RECEBE DE BRAÇOS
ABERTOS O SEU NOVO
ESPAÇO DE CULTURA
1
fotografia luís viegas
84
No ano em que se assinalam os 175
anos de Associação Mutualista,
o Montepio inaugurou, em Lisboa,
o atmosfera m, o novo espaço de cidadania da capital. Entre os convidados
encontrava-se o antigo Presidente da
República Jorge Sampaio, recebido
pelo presidente do Grupo Montepio
António Tomás Correia, por Vítor
Melícias, presidente da Assembleia
Geral do Montepio, e pelos administradores da instituição.
A noite começou com o cante alentejano dos Cantadores da Aldeia Nova
de São Bento e a exposição “Mulheres
Guerreiras”, com fotografia de Tracy
Richardson e textos de Adelaide de
Sousa. No auditório principal foram
várias as personalidades que fizeram
questão de salientar a resiliência, credibilidade e referência que a Associação Mutualista Montepio tem revelado ao longo da sua história. Destaque
para as mensagens do ministro da
Solidariedade, Emprego e Segurança
Social, Pedro Mota Soares, dos anti-
MONTEPIO INVERNO 2014
3
1 Cante alentejano
no atmosfera m
2 Jorge Sampaio,
Tomás Correia
e Fernanda Freitas
3 Tomás Correia
e Jorge Sampaio
à entrada do
atmosfera m
4 Exposição
"Mulheres Guerreiras"
5 Tomás Correia
e Ana Mesquita
na recriação de
Francisco Álvares
Botelho
gos Presidentes da República António
Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, de
Luís Barbosa, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Eugénio Fonseca,
presidente da Caritas, Diogo Infante
e Rosa Mota. Já António Tomás Correia destacou ainda a capacidade de
uma “instituição que se reinventa a
cada passo, moderna no tempo, que
mobiliza 650 mil portugueses”.
A cerimónia ficou completa com
a apresentação do retrato do fun-
dador da Associação Mutualista,
Francisco Álvares Botelho, da autoria de Ana Mesquita, seguida de
um apontamento de fados pelo guitarrista Mestre António Chaínho,
Hélder Moutinho e Ana Vieira.
A noite terminou com uma atuação de Herman José. O atmosfera
m consagra a Associação Mutualista no seu eixo de comunicação com
o público. Veja na página 90 a agenda
do atmosfera m para Lisboa e Porto.
4
“O Montepio
renova-se com as pessoas.
Construímos um país à dimensão
do seu povo”
António Tomás Correia
Presidente Grupo Montepio
A construir
um mundo melhor
Montepio transforma presentes
de Natal em donativos
2
5
Foi num ambiente de emoção e reconhecimento que os representantes das
dez instituições de solidariedade social
selecionadas pela Fundação e colaboradores Montepio receberam, este ano,
um donativo de 20 mil euros cada.
A iniciativa, designada por “Reis
Por Um Dia” por ter lugar no Dia de
Reis, consiste na transformação, em
donativos, do montante que o Montepio afetaria à aquisição de presentes de Natal destinados a associados e clientes. Recorde-se que esta
iniciativa teve início em 2007 e já
apoiou perto de 70 instituições de
solidariedade social de todo o país.
Em 2014, o Montepio apoiou dez instituições (ver caixa ao lado), num total
de 200 mil euros.
António Tomás Correia, presidente do Montepio, elogiou o trabalho, a resiliência e a generosidade das
instituições contempladas. “É cada
vez mais devido a instituições de solidariedade social, como as que hoje destacamos, merecedoras da nossa confiança e investimento, que se
constroi, diariamente, um mundo
melhor.”
85
DONATIVOS
10 instituições apoiadas
^ Operação Nariz Vermelho
^ ASMEE – Associação de Socorros
Mútuos dos Empregados do Estado
^ Associação Acreditar
^ Ajuda de Berço
^ Associação Protetora
dos Diabéticos de Portugal
^ Associação Patas Felizes
^ Associação Vale de Acór
^ Comunidade Vida e Paz
^ CRIB – Centro de Recuperação
Infantil de Benavente
^ Espaço T
MONTEPIO INVERNO 2014
VANTAGENS
REDEMUT
Como posso beneficiar deste serviço?
Ao ser Associado/a Montepio beneficia
dos serviços prestados em qualquer
região do país, sem ter que pagar
qualquer quota adicional.
Usufrua dos serviços de saúde
prestados nas seguintes mutualidades:
> A Benéfica
e Previdente
– Associação
Mutualista (Porto)
Clínica da Benéfica
Rua Passos Manuel,
n.° 7, 1.°
Tel. 222 005 603
> CSC – Associação
de Socorros Mútuos
dos Empregados
do Comércio de Lisboa
Clínica de S. Cristóvão
Largo de S. Cristovão,
n.° 1
Tel. 218 813 300
> Associação
de Socorros Mútuos
João de Deus (Silves)
Clínica João de Deus
Rua Comendador Vilarinho, n.° 9
Tel. 282 440 030
86
> Associação
de Socorros Mútuos
Nossa Senhora
da Nazaré
(Torres Novas)
Largo José Lopes
Santos, Ed. Montepio
Torres Novas
Tel. 249 836 451
> A Lacobrigense –
Associação de Socorros Mútuos (Lagos)
Clínica Lacobrigense
Rua Dr. José Francisco
de Matos Nunes da
Silva, Lote 5, Loja A
Tel. 282 770 050
> Montepio Rainha
D. Leonor – Associação
Mutualista
(Caldas da Rainha)
Casa de Saúde
Rua do Montepio
Rainha D. Leonor, 9
> Casa da Imprensa Associação Mutualista
Lisboa (sede)
Rua da Horta Seca,
n.° 20
Porto (delegação)
Rua Fernandes Tomás,
424, 4.°, salas 1-3
> A Mutualidade da
Moita – Associação
Mutualista (Moita)
Policlínica da Moita
Zona Envolvente da
Praça de Toiros, Lote 24
Tel. 212 893 163
> A Previdência
Portuguesa (Coimbra)
Consultas na Sede
Rua da Sofia, n.° 193
Tel. 239 828 055/6
> A Vilanovense –
Associação Mutualista
(Vila Nova de Gaia)
Clínica da Liga de Gaia
Rua Serafim Rodrigues
da Rocha, n.° 39
Tel. 223 771 011
> Associação de
Socorros Mútuos dos
Empregados do Estado
(Lisboa)
Clínica D. Pedro V
Rua da Madalena,
n.° 10-22
Tel. 218 861 451
> União Mutualista
Nossa Senhora da Conceição – Associação
Mutualista (Montijo)
Centro Clínico da U. M.
N. S. Conceição
Tel. 212 310 035
Rua Serpa Pinto, n.° 67
> Associação de
Socorros Mútuos de
Ponta Delgada (Açores)
Centro Médico da ASM
Ponta Delgada
Rua Machado dos Santos,
n.° 20, 1.°
Tel. 296 201 897
MONTEPIO INVERNO 2014
O que é a redeMut?
Nascida por iniciativa de um conjunto de associações mutualistas portuguesas
a redeMut tem como objetivo a prestação de cuidados de saúde à comunidade
de associados que a integram.
Farmácias
Os associados beneficiam
ainda de descontos nas farmácias
das seguintes mutualidades:
10% desconto
A LACOBRIGENSE LAGOS
sobre medicamentos de venda livre
(não sujeitos a receita médica),
cosmética e veterinária
www.alacobrigense-asm.pt
10% a 20% desconto
A VILANOVENSE VILA NOVA GAIA
10% sobre medicamentos de venda
livre (não sujeitos a receita médica),
produtos de saúde, dermocosmética
e cosmética, 10% sobre medicamentos
sujeitos a receita médica (na parte
não comparticipada), 20% em aros
e lentes oftálmicas
www.avilanovense.pt
5% desconto
A MUTUALIDADE MOITA
sobre medicamentos de venda livre
(não sujeitos a receita médica)
e cosmética
www.mutualidadedamoita.pt
10% desconto
UNIÃO MUTUALISTA NOSSA
SENHORA DA CONCEIÇÃO MONTIJO
sobre os medicamentos de venda
livre (não sujeitos a receita médica),
produtos de saúde, dermocosmética,
cosmética, veterinária e sobre os
medicamentos sujeitos a receita
médica (na parte não comparticipada)
www.umutualista.pt
10% a 30% desconto
ASM DOS EMPREGADOS DO ESTADO
(ASMEE) LISBOA
15% sobre medicamentos de venda
livre (não sujeitos a receita médica)
e cosmética.
Até 10% sobre medicamentos sujeitos
a receita médica (não comparticipados)
30% em aros e lentes oftálmicas
25% em óculos de sol
www. asmee.pt
12% desconto
ASM JOÃO DE DEUS SILVES
sobre medicamentos de venda livre
(não sujeitos a receita médica),
produtos de saúde, dermocosmética,
cosmética, veterinária e sobre
medicamentos sujeitos a receita
médica (na parte não comparticipada)
www.asmjoaodedeus.pt
O acesso a todas estas clínicas e farmácias é exclusivo a associados, não sendo extensivo ao respetivo agregado
familiar. Para identificação junto dos serviços é suficiente a apresentação do Cartão de Associado Montepio.
LINHA DE
ATENDIMENTO
REDEMUT: Linha de Atendimento - 808 500 300 (dias úteis das 9h00 às 20h00):
Para a marcação de consultas e exames complementares, bem como todos os pedidos
de informação relativos à redeMut ou esclarecimento do preçário dos serviços de saúde.
Serviço de assistência
médica domiciliária
noturna
Como complemento aos serviços
médicos prestados durante o dia nas
clínicas das associações aderentes,
a redeMut oferece, gratuitamente,
aos seus associados a possibilidade
de acederem ao Serviço de
Assistência Médica Domiciliária
Noturna, de cobertura nacional,
assegurado pela Residências
Montepio - Serviços de Saúde.
Com este novo serviço, os associados
beneficiam de:
> Consultas de Clínica Geral ao
domicílio, nos dias úteis entre as
20h00 e as 7h00, e aos sábados,
domingos e feriados, ao longo das
24 horas, mediante pagamento de
uma taxa de utilização de 20 euros.
> Transporte de urgência gratuito
para o hospital, quando determinado
pelo médico.
> Serviço de aconselhamento gratuito,
por telefone, 24 horas. Para usufruir
deste serviço é necessária a adesão
ao serviço e a emissão de um cartão
de identificação da redeMut, pessoal
e intransmissível.
Descontos para associados Montepio
Novos acordos celebrados
CONSUMO
AUTO
CHAVECA E JANEIRA
SULPNEUS
CENTRO MÉDICO DA
POVOAÇÃO
SÃO BRÁS DE ALPORTEL,
FARO E PORTIMÃO
SEIXAL
CONSUMO
LOJA BENEDITA
CALDAS DA RAINHA, RIO
MAIOR, SANTARÉM E LEIRIA
MY KIDS
ELVAS
NEAR, LDA
VIPAÇOR
VILA PRAIA DA VITÓRIA
E ANGRA DO HEROÍSMO
BEM-ESTAR
INDIGO MEMORY
CLÍNICA MÉDICA PORTAS
DA CIDADE
MARCO DE CANAVEZES
CLINIFORMSAUDE, LDA
JAIME OCULISTA
COGE - SANTA CASA
MISERICÓRDIA DE
ESPINHO
GUARDA
COBERTURA NACIONAL
SAÚDE
ESPINHO
EQUIPAMENTO HOSPITALAR
INSTITUTO PORTUGUÊS
DE REUMATOLOGIA
ORTOMEDIFAR
MAIA
LISBOA
SAÚDE
MEDIGAIA DR FERNANDO
SOUSA
FARMÁCIAS
FARMÁCIA DUQUE D’AVILA
LISBOA
FARMÁCIA SALUTAR
MEDILIFE
SANTA CASA
MISERICÓRDIA MACHICO
LISBOA
FARMÁCIA PINTO LEAL
VILA NOVA DE GAIA
PORTO
FARMÁCIA PALMA
VITASLIM - CLINICA DE
NUTRIÇÃO DE COIMBRA
MACHICO
SINTRA
SANUS CLINIC
COIMBRA
LISBOA
FARMÁCIA SOUSA MOURÃO
SORRISO MEL MEDICINA
DENTÁRIA
LOJA AMSTER
FARMÁCIA TEJO
TAGUS CLINIC
PHIVE - HEALTH
E FITNESS CENTER
FARMÁCIA UNIÃO
TELMA ANTUNES
MEDICINA DENTÁRIA
DESPORTO
E BEM-ESTAR
BENEDITA, GOUVEIA
E COIMBRA
COIMBRA
X5 HEALTH CLUB
SANTA MARIA DA FEIRA
FORMAÇÃO
D´ORFEU - ASSOCIAÇÃO
CULTURAL
ÁGUEDA
LISBOA
VILA FRANCA DE XIRA,
ALENQUER
LISBOA
SAÚDE
HOSPITAL NOSSA
SENHORA DA ARRÁBIDA
SETÚBAL
SAÚDE
CONSULTÓRIOS/CLÍNICAS
CASCAIS
EXTERNATO DAS
PEDRALVAS
CLIFALA
INSTITUTO ESPANHOL
LISBOA
ODD SCHOOL
LISBOA
UNIVERSIDADE EUROPEIA
LISBOA
COIMBRA
MONTIJO
CONDEIXA-A-NOVA E
COIMBRA
SAÚDE
HOSPITAIS/CASAS DE SAÚDE
CENTRO TERAPEUTICO
HUMANIZAR-TE
LISBOA
Serviço de Assistência Médica
Domiciliária Noturna
Para utilizar este serviço contacte a Residências
Montepio - Serviços de Saúde, através do 707 207
001 - Dias úteis entre as 20h00 e as 7h00, sábados,
domingos e feriados durante 24 horas.
Para aceder ao Serviço de Assistência Médica
Domiciliária Noturna é necessária a adesão prévia
ao Cartão redeMut.
O pedido de emissão de Cartão pode ser efetuado
através da Linha Associado - 213 248 112 ou aos
Balcões Montepio.
VENDAS NOVAS
POVOAÇÃO – ILHA DE SÃO
MIGUEL
PORTO
COIMBRA
CLÍNICA MÉDICA
CALENDÁRIO DO TEMPO
LISBOA
MATOSINHOS
COLÉGIO QUINTA DO LAGO
LINHA DE
ATENDIMENTO
ÓTICAS
CCO - ÓPTICA- CENTRO
CLÍNICO OCULAR
PORTO
GONDEMAR
CLÍNICA DENTÁRIA
VANDA GANDUM
PALMELA E SETÚBAL
CLÍNICA FISIÁTRICA DR
PAULO MAIA
REABILITAÇÃO FÍSICA
CLÍNICA PROJECTO SAÚDE
LOULÉ
87
FISIOMIMO
ALCOCHETE
TURISMO
UNIDADES HOTELEIRAS
CASA DIOCESANA DE
VILAR
PORTO
TURISMO
AGÊNCIAS DE VIAGEM
PASSEPARTOUT
COIMBRA E ANADIA
PORTO
CONHEÇA OS BENEFÍCIOS RESULTANTES DESTES ACORDOS
EM GUIA DE DESCONTOS - ENTIDADES PARCEIRAS | MONTEPIO
Acordos anulados
CENTRO CLÍNICO
MATERNO INFANTIL
CLINÉVORA – CLÍNICA
MÉDICA DE ÉVORA
CLÍNICA CAMPOS ROSA
CLÍNICA DENTÁRIA DO
CENTRO MÉDICO DO
PARQUE
MEDIGUARDA CONSULTÓRIO MÉDICO
UNIVERSIDADE
FERNANDO PESSOA
MONTEPIO INVERNO 2014
25
AGENDA
QUINTA
DA BACALHÔA
ATIVIDADES EXCLUSIVAS
DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA
MONTEPIO
NÃO PERCA PASSEIOS,
ATIVIDADES AO AR LIVRE,
CURSOS, VISITAS ORIENTADAS
OU WORKSHOPS CRIADOS
A PENSAR EM SI E NA SUA
FAMÍLIA. MARQUE NA AGENDA,
RESERVE O DIA E INSCREVA-SE
PARA UMAS HORAS OU
UM DIA BEM PASSADOS
WORKSHOP
DIA 12 |
10h | MAFRA
DIÁRIOS GRÁFICOS
“VIVA O BURRO”
30€ Associados, 40€ Não associados
AR LIVRE
DIA 18 |
9h | MANTEIGAS
ROTAS NA SERRA “TRILHO DOS PÓIOS
BRANCOS”
2,5€
CONFERÊNCIAS
VISITA ORIENTADA
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA
“AS REAIS FÁBRICAS-LOCAL DE FORMAÇÃO
PROFISSIONAL “, COM CARLOS FONTES
MUSEU DO QUEIJO (VISITA ORIENTADA COM
DEGUSTAÇÃO DE QUEIJOS)
DIA 13 |
17h | LISBOA
Gratuito
DIA 18 |
15h | PERABOA
3,5€
VISITA ORIENTADA
12
VISITA
ORIENTADA AO ZOO
DA MAIA
ABRIL
DIA 18 |
15h | RESENDE
QUINTA DA MASSÔRA
8€ (inclui duas provas de vinhos
acompanhadas de petiscos regionais)
VISITA ORIENTADA
DIA 19 |
15h | RESENDE
ROTA DO ROMÂNICO
MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE CÁRQUERE
1,5€ (maiores de 10 anos), gratuito
a menores de 10 anos inclusive
VISITA ORIENTADA
88
DIA 14 |
17h | LISBOA
DIA 9 E 10 |
9h | PORTO
INICIE-SE NAS NOVAS TECNOLOGIAS
E APRENDA A NAVEGAR NA INTERNET
Gratuito
DIA 15 |
PASSEIO PEDESTRE
"GRANDE ROTA 23"
DIA 11 |
9h | PORTO
“ELABORE O SEU CV “ E “SAIBA ESTAR NA
ENTREVISTA DE EMPREGO”
Gratuito
VISITA ORIENTADA
DIA 12 |
17h | LISBOA
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA
“APOGEU E DECADÊNCIA DAS FÁBRICAS DE
LANIFÍCIOS", COM MANUEL SANTOS SILVA
15h | MAIA
ZOO DA MAIA
5€
MONTEPIO INVERNO 2014
6€ (inclui prova de vinhos)
AR LIVRE
DIA 25 | 9h | CACHOPO – TAVIRA
MEALHA – CASAS BAIXAS
5€
26
Gratuito
VISITA ORIENTADA
WORKSHOP
15h30 | AZEITÃO
PALÁCIO E QUINTA DA BACALHÔA
Gratuito
INICIAÇÃO À INTERNET PARA SÉNIORES
DIA 25 |
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA
“O PAPEL DAS REAIS FÁBRICAS NA
ECONOMIA DE PORTUGAL", COM JOSÉ LUÍS
CARDOSO
DIA 18 | 10h30 |
MIRANDA DO CORVO
PARQUE BIOLÓGICO DA SERRA DA LOUSÃ
8€
VISITA ORIENTADA
SOB O TEMA
"VARINAS DE LISBOA"
VISITA ORIENTADA
DIA 26 |
10h | LISBOA
WORKSHOP CLUBE PELICAS
VARINAS DE LISBOA
ATMOSFERA M
FAZ O TEU BRINQUEDO
A PARTIR DE MATERIAIS RECICLADOS
VISITA ORIENTADA
DIA 18 |
Gratuito
15h/17h30 | PORTO
Gratuito
DIA 27 |
15h | LISBOA
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA
Gratuito
9
17
CASA
DE TORMES
RUÍNAS DE
CONIMBRIGA
WORKSHOP
VISITA ORIENTADA
DIÁRIOS GRÁFICOS
PERCURSO DE ANA PLÁCIDO
DIA 9 |
MAIO
DIA 23 |
10h | SINTRA
3
0€ Associados, 40€ Não associados
AR LIVRE
11H | VISITA GUIADA À CASA DE TORMES
15H | PASSEIO PEDESTRE CAMINHO DE
S. JACINTO
VILAR DE MOUROS COM “ESPECIAL
ANIMAMINHO DESCIDA DO RIO COURA
EM CANOA”
CLUBE PELICAS
VISITA ORIENTADA
TARDE DE CINEMA – ATMOSFERA M
CLÁSSICOS DA DISNEY – DUMBO
VISITA GUIADA AO CENTRO HISTÓRICO
MEDIEVAL DE CAMINHA
DIA 9 | BAIÃO
DIA 9 |
AR LIVRE
10h | COLARES
FAROL DO CABO DA ROCA
G
ratuito
VISITA ORIENTADA
DIA 2 |
10h | PORTIMÃO
10H | MUSEU PORTIMÃO
15H | CENTRO DE INTERPRETAÇÃO
DE ALCALAR
2
€ (Museu)
1,5€ (Centro de Interpretação)
3€ (Visita orientada conjunta)
Gratuito até aos 15 anos de idade
PASSEIO COM HISTÓRIA
DIA 3 |
10h | LISBOA
LISBOA COSMOPOLITA
Gratuito
INICIAÇÃO À INTERNET PARA SÉNIORES
DIAS 7 E 8 |
9h | PORTO
INICIE-SE NAS NOVAS TECNOLOGIAS
E APRENDA A NAVEGAR NA INTERNET
DIA 16 |
DIA 23 |
10h | VILAR DE MOUROS
15€
DIA 23 |
15h | PORTO
G
ratuito
DIA 1 |
Gratuito
VISITA ORIENTADA
10€
VISITA ORIENTADA
15h | PORTO
15h30 | CAMINHA
Gratuito
30
MUSEU
DO CARMO
15h | PORTIMÃO - ALVOR
BATISMO DE MERGULHO EM PISCINA
7
,5€
10€ (inclui diploma personalizado)
A partir dos 8 anos
AR LIVRE
DIA 17 |
89
9h30 | FARO
CANOAGEM NA RIA FORMOSA
3
€
PASSEIO COM HISTÓRIA
DIA 17 |
10h | CONIMBRIGA
MUSEU E RUÍNAS DE CONIMBRIGA
5
€
17
CANOAGEM
NA RIA FORMOSA
VISITA ORIENTADA
DIA 30 |
10h | LISBOA
MUSEU DO CARMO
2€
Gratuito
WORKSHOP
DIA 9 |
9h | LISBOA
“ELABORE O SEU CV” E “SAIBA ESTAR NA
ENTREVISTA DE EMPREGO”
Gratuito
SAIBA MAIS
www.montepio.org
Informações e inscrições
Gabinete de Dinamização Associativa
[email protected]
T. 213 249 230/1
MONTEPIO INVERNO 2014
AGENDA
UM ESPAÇO
PARA PENSAR E AGIR
COM UMA AGENDA DINÂMICA,
O ATMOSFERA M, AGORA TAMBÉM
EM LISBOA, CONTINUA A APOSTAR
EM EVENTOS CULTURAIS, FORMAÇÃO
E TERTÚLIAS, DINAMIZANDO UM
ESPAÇO DE CIDADANIA
E CULTURA CONCEBIDO PARA
USUFRUTO DOS ASSOCIADOS
MONTEPIO E RESPETIVAS FAMÍLIAS
Sabia que...
90
As atividades permanentes que
os associados Montepio poderão
usufruir são:
f Book crossing
f Clube de leitura
f Formações e cursos livres
f Atividades do Clube Pelicas
FINS DE SEMANA PARA PAIS
E FILHOS
f Hora do Conto
f Ateliers de escrita criativa
f FILHOsofia
f Ilustração infantil
f Filminhos à solta
ABRIL | mês da liberdade
PORTO/LISBOA
Tertúlias
DIA 1
Convidámos os autores e promotores
das exposições para uma reflexão sobre
o que representam as imagens que nos
rodeiam.
DIA 6/8
Deve haver limites para o humor?
DIAS 13/15
O papel das redes sociais na promoção
da liberdade
DIAS 20/22
25 de abril em Portugal: o fim da
censura?
DIAS 27/29
Vivemos numa Europa livre?
Outras datas
DIA 2
Dia do Livro Infantil
DIA 7
Dia Mundial da Saúde
DIA 23
Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor
Os espaços atmosfera m encerram
de 3 a 5 de abril.
MAIO | mês das famílias
PORTO/LISBOA
DIAS 4, 6, 11, 13, 18, 20, 25 E 27
Tertúlias, RUTIS, GEPE
1ª SEMANA
Seminário de ética e deontologia –
Ordem dos Nutricionistas
DIAS 4/6
Uma família: muitas gerações
Dia 6
Filminhos à solta pelo País
DIA 8
Encontro Nacional de Centros
de Recursos para a Inclusão
DIA 9
Café Memória
DIAS 11/13
Desafios das famílias monoparentais
DIA 16
Torneio de xadrez do Clube Pelicas
DIAS 18/20
Como aumentar a família?
– Desafios demográficos nacionais
DIA 23
Palestra – Saúde Familiar
e Qualidade de Vida
DIAS 25/27
Famílias "do coração": quando há laços
tão fortes quanto o sangue
DIA 26
Integração de crianças invisuais
e surdas no pré-escolar,
Clínica da Educação
DIA 30
Oficina “Constrói o teu brinquedo”
Clube Pelicas
JUNHO | mês das crianças
PORTO/LISBOA
Exposições da Associação da Promoção
Cultural da Criança, Rutis, GEPE
DIAS 1, 3, 8, 15, 17, 22, 24, 29
Tertúlias
DIAS 1/3
Brincar será um luxo?
DIA 8
Tertúlia – Nutrição para Pais e Filhos
DIA 13
Café Memória
DIAS 15/17
Existe uma nova educação?
DIA 20
Oficina de Biscuit – Clube Pelicas
DIAS 20, 22, 23
BioMed Woman – Conferência
Internacional
DIAS 20, 22, 23
Summer School Advanced
– IBMC/ Universidade do Porto
DIAS 22/24
Redes sociais: amiga ou inimiga das
crianças?
DIA 26
Auto motivação e entusiasmo na
aprendizagem, Clínica da Educação
DIA 29
Direitos das crianças: quem os assegura?
TEMA E EXPOSIÇÃO
ESPERAMOS POR SI
Mais
informações
sobre as atividades
dos atmostera m
em
www.montepio.pt/
atmosferam
MONTEPIO INVERNO 2014
PORTO | Rua Júlio Dinis, n.° 158/160 | contactos
T.: 220 004 270 e-mail [email protected] |
horário Segunda-feira a sábado, das 9h30 às 19h30 (Biblioteca
das 13h00 às 19h00) | Encerrado aos domingos e feriados
LISBOA | Rua Castilho, n.° 5 | contactos T.: 210 002 730 e-mail
[email protected] | horário Segunda-feira a sexta,
das 9h00 às 19h00 | Sábados, das 11h00 às 17h00
Encerrado aos domingos e feriados
Liberdade de expressão
Os eventos do início do ano, em
Paris e não só, colocaram de novo
a questão: quais as fronteiras do
humor e da liberdade de expressão?
Celebramos em abril a liberdade,
de pensamento e opinião, visível
no trabalho dos artistas que cobrem
as paredes dos atmosfera m.
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Download

Juntos por todos