ABORDAGENS FORMAIS NO ESTUDO DA LINGUAGEM Coordenadores: Marcus Vinicius Lunguinho e Sandra Quarezemin A Teoria de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1981, 1986) trouxe uma nova maneira de ver a organização da linguagem e essa nova concepção abriu a possibilidade de buscar os dois maiores objetivos da teoria linguística: a adequação descritiva e a adequação explicativa. Nos últimos vinte anos, vimos surgir diferentes abordagens do fenômeno linguístico que têm em comum o fato de tomarem a Teoria de Princípios e Parâmetros como quadro teórico de referência: Programa Minimalista, Morfologia Distribuída, Cartografia e Nanossintaxe. O Programa Minimalista (Chomsky, 1993, 1995 e trabalhos mais recentes) é um programa de pesquisa que tenta trazer para a teoria linguística a ideia de que só são necessárias as entidades e as tecnologias descritivas conceptual ou empiricamente motivadas; tudo mais que é proposto, mas que não encontra motivação, deve ser descartado. A Morfologia Distribuída (Halle &Marantz, 1993; Harley&Noyer, 1997; Embick&Noyer, 2007; Marantz&Matushansky, 2013) é uma teoria não-lexicalista, ou seja, uma teoria que assume como princípio a inexistência de um Léxico e que assume como princípios gerais a inserção tardia, a subespecificação e a ideia de que as operações que subjazem à estrutura interna das orações são as mesmas que estão presentes na organização interna das palavras. A Cartografia (Abney, 1987; Pollock, 1989; Belletti, 1990; Cinque, 1994; Rizzi, 1997) tem como objetivo a elaboração de um mapa das configurações sintáticas. Essa abordagem adota o Princípio "one feature-one head", segundo o qual cada traço corresponde a um núcleo, o que equivale a uma projeção (Kayne, 2005). A Cartografia das estruturas sintáticas ainda incorpora o Princípio da Uniformidade (Chomsky, 2001) ao assumir que os princípios de composição sintagmática e sentencial são os mesmos para todas as línguas e que essas línguas compartilham a mesma estrutura funcional da sentença bem com seus principais sintagmas (Cinque&Rizzi, 2010). Finalmente, a Nanossintaxe (Starke, 2009, 2011) é uma proposta segundo a qual a sintaxe não se constrói a partir de morfemas; ela constrói os morfemas. Nessa perspectiva, os itens lexicais podem realizar certas porções de uma representação sintagmática (ou seja, eles vêm em diversos “tamanhos”) e a variação translinguística reside justamente em que porções da estrutura sintagmática esses itens vão realizar. Como se vê, as perspectivas apresentam pontos em comum, mas também há (muitos) pontos de divergências entre elas, os quais conduzem a previsões teóricas e empíricas distintas. Tendo em vista toda essa riqueza de abordagens formais no estudo da linguagem, o objetivo deste GT é ser um espaço de discussão dessas abordagens a partir da apresentação de trabalhos que se desenvolvam tomando-as como quadro teórico de referência. São bem-vindos trabalhos nas áreas de morfologia e sintaxe, seja na perspectiva sincrônica seja na diacrônica, e que tomem como objeto de estudo a língua adulta ou a aquisição da língua pela criança.