Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Fisioterapia
Marcus Vinícius Ribeiro de Almeida
RISCO ERGONÔMICO PARA DISFUNÇÕES OSTEOMUSCULARES
RELACIONADO À FUNÇÃO DE PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL DA
REDE PÚBLICA DE JUIZ DE FORA-MG.
Juiz de Fora
2011
Marcus Vinícius Ribeiro de Almeida
RISCO ERGONÔMICO PARA DISFUNÇÕES OSTEOMUSCULARES
RELACIONADO À FUNÇÃO DE PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL DA
REDE PÚBLICA DE JUIZ DE FORA-MG.
Trabalho de conclusão de curso
apresentada ao corpo docente
da Faculdade de Fisioterapia da
Universidade Federal de Juiz de
Fora para obtenção do grau de
Bacharel em Fisioterapia
Orientador: Prof. Eduardo de Castro Assis
Juiz de Fora
2011
Almeida, Marcus Vinícius Ribeiro de.
Risco ergonômico para disfunções osteomusculares relacionado à
função de professor de ensino fundamental da rede pública de Juiz de
Fora-MG / Marcus Vinícius Ribeiro de Almeida. – 2011.
47 f. : il.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.
1. Ergonomia. 2. Postura humana . 3. Docentes I. Título.
CDU 331.101.1
Marcus Vinícius Ribeiro de Almeida
RISCO ERGONÔMICO PARA DISFUNÇÕES OSTEOMUSCULARES
RELACIONADO À FUNÇÃO DE PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL DA
REDE PÚBLICA DE JUIZ DE FORA-MG.
Trabalho de conclusão de curso
apresentada ao corpo docente
da Faculdade de Fisioterapia da
Universidade Federal de Juiz de
Fora para obtenção do grau de
Bacharel em Fisioterapia
Aprovado em:__/__/__
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Msc. Eduardo de Castro Assis - Orientador
Universidade Federal de Juiz de Fora
________________________________________
Prof. Msc Marcelo Resende Machado
Universidade Salgado de Oliveira
________________________________________
Fisioterapeuta Esp. Gibson do Carmo Guimarães
Aos meu Pais, Sebastião e Zélia por se dedicarem tanto à minha educação e me
ajudarem a chegar ao que sou agora. Muito obrigado por tudo!
AGRADECIMENTOS
A Deus, por iluminar os meus caminhos e abençoar a minha vida.
Aos meus pais e irmãos, por todo amor e companheirismo.
À minha namorada Marcela por todos os momentos felizes e por seu grande
incentivo. Te Amo!
Ao professor Eduardo de Castro Assis por seu auxílio e compressão no
alcance do meu objetivo.
À professora Wanessa Márcia de Souza e Silva por sua paciência e
participação no presente estudo.
Cada um de vocês ponha à disposição do outro o dom que recebeu.
I Pedro 4, 10.
RESUMO
O ato de lecionar causa sérios prejuízos a saúde do professor. Estes riscos
ergonômicos acarretam sérias disfunções osteomusculares como, LER/DORT, que
afetam o bom desempenho de suas funções, assim como possíveis afastamentos do
trabalho. E, para confirmar isto, o presente estudo quantificou os riscos através do
Método RULA (McAtamney & Corlett, 1993). Após a aplicação de um questionário
em 15 professoras que lecionam em uma Escola Municipal do Município de Juiz de
Fora, escolhida aleatoriamente através de um sorteio, uma professora para que
fossem avaliados os riscos das posturas mais adotadas durante as suas funções.
Após a análise das posturas e do questionário constatamos que todas as posturas
adotadas necessitam de alguma intervenção e que nenhuma é aceitável. Levando a
indicar mudanças de posturas, para que os riscos de aparecimento ou agravamento
de disfunções osteomusculares possam diminuir. Além disso, se faz necessário a
prática de atividade física, visto os benefícios que ela pode trazer.
Palavras-chaves: distúrbios osteomusculares. Riscos posturais. Ergonomia
SUBSTRACT
The act of teaching causes serious damage to health of teachers. These ergonomic
risks causes serious musculoskeletal disorders like LER / DORT, that affect the
performance of their functions as well as possible absences from work. And to
confirm this, this study quantified these risks through the RULA method (McAtamney
& Corlett, 1993). After application of a questionnaire in 15 teachers who teach in a
school of Juiz de Fora city, Minas Gerais, one teacher was chosen randomly with a
lottery to assess the risks of postures adopted during its function. After reviewing the
positions and the questionnaire, it was found that all the posturing need some
intervention, and that none is acceptable. Therefore changes in posture should be
advised to reduce the risk of new or worsening dysfunction ostemusculares.
Moreover, it is necessary to practice any physical activity as a complement.
Key words : musculoskeletal disorders , risks of postures, human factors
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
11
2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
14
3
OBJETIVOS
16
3.1
Objetivos Gerais
16
3.2
Objetivos Específicos
16
4
METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO
17
4.1
Classificação do estudo
17
4.2
Cenário do estudo
17
4.3
Características do posto de trabalho e do sujeito da pesquisa
18
4.4
Instrumentos e meios utilizados
18
5
ORGANOGRAMA EDUCACIONAL DO MUNCÍPIO DE JUIZ DE FORA
20
6
ESTRUTURA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA
21
6.1
Prefeitura de Juiz de Fora (PJF)
21
6.2
Secretária Municipal de Educação (SME)
21
6.3
Conselho Municipal de Educação (CME)
22
6.4
Escola Municipal Dante Jaime Brochado (EMDJB)
23
6.5
Diretoria Administrativa
24
6.6
Serviço de Supervisão e Orientação
24
6.7
Professor
25
6.8
Aluno
25
7
PROFESSORA DO ESTUDO
26
7.1
Relação: Professora do Estudo x EMDJB
26
7.2
Posturas adotadas pela professora
27
8
RISCOS DAS POSTURAS ADOTADAS
29
8.1
Posição 1
29
8.2
Posição 2
30
8.3
Posição 3
31
8.4
Posição 4
32
8.5
Posição 5
33
8.6
Posição 6
34
9
RESULTADO
35
10
ANÁLISE DE DOR
37
10.1 Método
37
10.2 Resultado
37
11
DISCUSSÃO
39
12
CONCLUSÃO
41
13
IMPACTO ESPERADO
42
REFERÊNCIAS
43
ANEXOS
45
UFJF
Marcus Vinícius Ribeiro de Almeida
RISCO ERGONÔMICO PARA DISFUNÇÕES
OSTEOMUSCULARES RELACIONADO À
FUNÇÃO DE PROFESSOR DE ENSINO
FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA DE JUIZ
DE FORA-MG.
2011
11
1.
INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
O
aumento
das
lesões
por
esforços
repetitivos
e
dos
distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) tem grande sua relevância
no cenário brasileiro. Visto a sua incidência e prevalência na população
trabalhadora.
O professor de 5º a 9º ano que trabalha em escola pública representa uma
categoria profissional que reflete este quadro, pois na sua atividade laboral
predominam as posturas com sobrecargas musculoesqueléticas.
Professor é uma profissão merecedora de destaque devido a sua importância
no contexto pedagógico da escola, do município e do estado no processo de ensinoaprendizagem de todo cidadão brasileiro. Avaliar a tarefa ministrar aulas em
disciplina específica no âmbito do 5º ao 9º ano de uma escola pública nos remete a
olhar e focar nossa atenção a partir deste posto de trabalho que tem características
singulares. Este é o ponto de partida para compreendermos o que fazem estes
trabalhadores, como o fazem e porque o fazem. Desta forma acreditamos
compreender como as posturas e acionamentos humanos podem impactar na saúde
funcional dos professores.
O posto de trabalho é caracterizado como a menor unidade produtiva dentro
de uma organização e envolve a relação do trabalhador com o seu local de trabalho.
Portanto para que o trabalhador possa realizar sua tarefa de forma saudável é
importante que o posto de trabalho funcione bem (Lida, 1995).
Análise preliminar do risco ergonômico a partir do posto de trabalho permite
identificar de forma abrangente potenciais riscos que poderão afetar determinadas
atividades produtivas na saúde do trabalhador. Para isso as técnicas aplicadas para
análise ergonômica possuem formatação apropriada para identificar e avaliar os
potenciais riscos na execução da tarefa a partir do posto de trabalho. Compõe da
análise da demanda, da avaliação dos acionamentos e da interpretação dos
resultados à luz das normas de trabalho (Santos, 2006).
Neste
contexto
a
análise
de
risco
ergonômico
para
disfunções
osteomusculares constitui a primeira fase de todas as metodologias empregadas
12
para a análise ergonômica do trabalho (Wisner, 1997).
Para que se identifiquem os riscos ergonômicos, diversas ferramentas
podem ser empregadas e aplicadas, variando de acordo com o tipo de atividade, tipo
de risco e realidade observada na organização da tarefa. Por meio da aplicação de
ferramentas de auxilio à identificação de riscos ergonômicos alguns autores
propõem classificar as situações de risco em níveis ou mesmo classificá-las em
condições ergonômicas a partir dos níveis que variam de excelentes a péssimos
(Couto, 1996).
Para entendermos o perfil do adoecimento musculoesquelético associado ao
trabalho é fundamental explorar as condições laborais e abordar a dor no seus
componentes sensoriais e emocionais. Essa abordagem é articulada à perspectiva
de uma análise de risco ergonômico que parte do posto de trabalho (Assunção,
2009).
No nível de cada setor, em particular, esperam-se esforços entre os atores
para diagnosticar os determinantes internos dos fatores de risco com ênfase nas
inadequações do posto de trabalho; a incorporação de novas tecnologias;
degradação das instalações e equipamentos; fluxo de produção; divisão do trabalho
e sincronia das metas de produção. Os casos incluem a análise do conteúdo das
tarefas, dos modos operatórios, do ritmo e da intensidade do trabalho. Ainda, dos
fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho para identificação
precoce de disfunções osteomusculares ou das primeiras evidências destas no
trabalhador (Assunção, 2009).
A ergonomia é a disciplina que torna possível entender a atividade dos
trabalhadores. Assim como é também uma disciplina científica que trata da
compreensão das interações entre seres humanos e outros elementos de um
sistema de produção; é a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos a
projetos que visam otimizar o bem estar humano e a performance global dos
sistemas (Vidal, 2002).
Devido à experiência na docência em escola pública e no trabalho em
academias, percebo o quanto aumentou a procura dos professores para a prática de
atividade física. Alguns chegam com antigo diagnóstico e inúmeras sessões de
tratamento fisioterapêutico, às vezes sem resolutividade. O objetivo, segundo eles, é
amenizar as dores e evitar lesões futuras.
13
Em virtude disto, aumentou o meu interesse em estudar tais situações
decorrentes de trabalho e assim promover saúde osteomuscular e prevenir agravos
musculoesqueléticos no desempenho da função de professor de escola pública em
nível fundamental de 5º ao 9º ano.
Contudo, faz-se necessário um estudo sistematizado das posturas, dos
acionamentos e da tarefa, cientificamente, para responder quais os reais riscos a
que os professores estão sujeitos durante sua atividade laboral.
14
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As lesões por esforços repetitivas (LER) também conhecidas no Brasil como
distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) designam um conjunto
de sintomas e síndromes que afetam, predominantemente, os membros superiores
(Neves, 2006).
As atividades no trabalho com o predomínio de determinadas posturas levam
a um aumento da contração muscular estática, contribuindo para uma sobrecarga
muscular global (Assunção, 2004).
Posturas estáticas com sobrecarga nos membros superiores podem gerar
dores e desconfortos musculoesqueléticos na região do ombro, pescoço e coluna
lombar, levando a limitações físicas e a sensações incômodas de desconforto
(Takahashi & Canesqui, 2003; Mendonça, 2005; Westgaard e Winkel, 1997).
Essas disfunções musculoesqueléticas são associadas a fatores de risco
individuais e biomecânicos presentes no ambiente ocupacional (Bernard, 1997).
LER/DORT é considerada como a segunda patologia relacionada ao trabalho
com maior incidência no Brasil, e tem como consequências frequentes lesões e
incapacidades para o trabalho (Pessoa, Cardia e Santos, 2010).
Professores de ensino fundamental expostos a situações de risco são
frequentemente acometidos de LER/DORTs. O retorno precoce, sem o total
tratamento da lesão, contribui para a cronicidade do quadro. As disfunções
desenvolvem-se gradualmente, apresentam um curso crônico e permanecem
quando sem tratamento (Polanyi et al, 1997; Barbosa, Santos e Trezza, 2007).
Situações outras a que professores estão expostos contribuem para o
aparecimento de outros sintomas inter-relacionados como, depressão, ansiedade,
medo e ―receio de um futuro incerto‖ (Pessoa, Cardia e Santos, 2010).
A caracterização de profissionais do ensino, mesmo com cobertura do
sistema previdenciário, gera realidades em que os professores temporários
acometidos pelas patologias osteomusculares não se afastam do trabalho com
visíveis prejuízos pessoais e ao processo de ensino-aprendizagem, isto, devido ao
receio de serem preteridos em futuras contratações (Salim, 2003).
15
Pré-disposição genética e aumento no peso corporal podem determinar
também LER/DORT. Em virtude disto, a prática de atividade física pode ser fator
protetor e corresponder a um número menor na prevalência dos sintomas devido
aos seu benefícios (Barbosa, Santos e Trezza, 2007; Metzner e Fischer, 2001;
Pinheiro, Tróccoli e Carvalho, 2002).
Professores que ministram a mesma disciplina, isto é, matérias iguais, podem
apresentar diferentes problemas e transtornos osteomusculares (Leal et al, 2001).
É possível identificar movimentos que freqüentemente estão associados a
situações
de
risco
para
o
surgimento
de
lesões
osteomusculares
e,
consequentemente, identificarem como prevenir e auxiliar o trabalhador em
possíveis procedimentos cinesiológicos que minimizem os agravos, bem como
exercícios laborais para a redução de dores e desconfortos (Coury, Moreira e Dias,
2009).
16
3.
OBJETIVOS
3.1
Objetivos Gerais
Identificar e categorizar os riscos para disfunções osteomusculares em
professores do ensino fundamental de 5º ao 9º ano.
3.2
Objetivos Específicos
Registrar as posturas adotadas e analisar suas implicações mecânicas para o
risco de disfunções osteomusculares.
Realizar análise biomecânica das posturas mais adotadas no desempenho da
função de professor de ensino fundamental de 5º ao 9º ano.
Quantificar os riscos e acionamentos mais comumente adotados pelos
professores de ensino fundamental de 5º ao 9º ano.
17
4.
METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO
4.1
Classificação do estudo
Trata-se de um estudo de caso com intuito de identificar os riscos
ergonômicos para disfunções osteomusculares em uma professora do ensino médio
realizado a partir da avaliação e análise das posturas adotadas no posto de trabalho
de docente de escola pública na função de ensino de disciplina/matéria específica
de 5º ao 9º ano. Para isso aplicamos um questionário (Anexo I) contendo o
Diagrama de Corllet e perguntas relacionadas à docência e seus intercursos, além
de itens pessoais. Dos quinze questionários aplicados um foi escolhido
aleatoriamente para ser o indivíduo alvo do estudo. Após a escolha do indivíduo,
assinou-se um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II), autorizando
a sua participação no estudo.
O presente estudo foi autorizado após aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora por meio do parecer número
058/2011. Tendo como número do protocolo 2308.048.2011, número de FR 405473
e número de CAAE 0040.0.180.000-11.
4.2
Cenário do estudo
O estudo foi realizado em uma Escola de Ensino Fundamental da Rede
Pública do Município de Juiz de Fora, que tem como público crianças moradoras de
um bairro de classe média-baixa.
A sala de aula tem 35 alunos, aproximadamente 45 m 2, e as aulas tem
duração de 50 minutos. A jornada diária contempla preparação prévia de aulas, três
aulas seguidas, um intervalo de 20 minutos e termina com mais duas aulas,
totalizando cinco aulas diárias.
18
4.3
Características do posto de trabalho e do sujeito da pesquisa
O sujeito da pesquisa é uma professora/docente da rede pública do município
de Juiz de Fora - MG, efetivo na função de Professor Regente, com curso de nível
superior, 23 anos de efetivo exercício na função, casada e mãe de duas filhas.
A jornada de trabalho é de 40 horas semanais, sendo 10 horas para
elaboração das aulas. Na Escola são seis horas diárias durante cinco dias e toda a
tarefa está diretamente envolvida com discente dentro da sala de aula e na
biblioteca.
O histórico de saúde do sujeito incluído na pesquisa contém registro de
afastamento das funções por dois meses em virtude de disfunções osteomusculares
como tendinite bilateral de ombros, segundo seu próprio relato.
O posto de trabalho avaliado contempla o espaço físico da sala de aula e
utilização de quadro negro e giz.
4.4
Instrumentos e meios utilizados
Para a análise do posto de trabalho foram utilizados métodos observacionais
diretos e indiretos que se dão com registros de atividades do trabalhador no posto
de trabalho ao longo de um período determinado de tempo usando meios digitais de
registro como uma câmera fotográfica. Esta visão global do posto de trabalho,
denominada macro-ergonomia, permite facilmente observar e registrar posturas
inadequadas, acionamentos e mobiliários inadequados e impróprios, se houver
atividades desproporcionais a tarefa realizada no posto de trabalho (Couto, 1995;
Wisner, 1997).
Para armazenamento dos dados será utilizado microcomputador, desktop e a
planilha do BrOffice.org 2.4 Calc.
A identificação e categorização das queixas e desconfortos mais frequentes e
relatados pelo sujeito da pesquisa serão confrontados com as posturas registradas
19
por meio da técnica descrita como registro biofotogramétrico das posturas e
acionamentos por meio de máquina fotográfica digital.
Os registros foram analisados após identificação dos pontos anatômicos que
a critério do pesquisador melhor caracterizam as desvantagens biomecânicas
relacionadas aos acionamentos durante a execução da tarefa de ensinar.
Estes pontos anatômicos, após demarcados com uso de material visualmente
claro, e o sujeito posicionado nas posturas identificadas pelo pesquisador como de
desvantagem biomecânica, tiveram sua imagem registrada por meio digital.
Posteriormente o ângulo ou ângulos dos movimentos serão medidos por meio
de softwate FBS Sistemas para análise biomecânica com a planilha Rappid Upper
Limb Assessment (McAtamney & Corlett , 1993).
20
5.
ORGANOGRAMA EDUCACIONAL DO MUNCÍPIO DE JUIZ DE FORA
Prefeitura Municipal de Juiz de Fora
Secretária Municipal
Conselho Municipal
de Educação
de Educação
Escola Municipal Dante Jaime Brochado
Diretoria Administrativa
Serviço de Supervisão e Orientação
Professor
Aluno
Lecionar
Elaborar trabalho
Avaliação
Elaborar aula
Direitos
Deveres
21
6.
ESTRUTURA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA
6.1
Prefeitura de Juiz de Fora (PJF)
É a responsável por toda estrutura organizacional do Município de Juiz de
Fora. É ela quem ordena e agrupa as atividades e recursos da organização visando
alcançar os objetivos e resultados pré-estabelecidos pela administração atual
(PREFEITURA..., Administração, 2011).
6.2
Secretária Municipal de Educação (SME)
Órgão de Administração Direta, subordinada diretamente ao Chefe o Poder
Executivo, organizada nos termos deste Decreto 8591 e do art. 7.º da Lei n.º 10.937,
de 03 de junho de 2005. É chefiada por um Secretário e estruturada com a finalidade
de assessorar o Prefeito em cada campo da Educação na Administração Pública
Municipal, na forma do artigo 91 da Lei Orgânica do Município de Juiz de Fora
(PJF..., SME, 2011).
A SME é dotada de autonomia administrativa, orçamentária e financeira, nos
termos do art. 7.º da Lei n.º 10.937, de 03 de junho de 2005. Suas atribuições foram
alteradas pelo Decreto 9789 de 27/02/2009. Sendo responsável, ao seu nível, por
suas diretrizes políticas e programas relativos à sua área de atuação. Além disso,
estabelece as diretrizes técnicas para a execução das atividades elaboradas. E, para
atingir suas finalidades, se articula com as outras Secretarias e com Órgãos e
Entidades federais, estaduais e de outros Municípios.
Dentre muitas de suas competências, algumas delas (PJF..., SME, 2011):
22
-formular e articular as políticas públicas de Educação de forma integrada com as
políticas estaduais e federais e com os demais órgãos ou entidades que atuam
nestas áreas;
-implantar as diretrizes para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação
de Jovens e Adultos do Município;
-planejar, oferecer e coordenar os serviços de Educação Básica para crianças e
adolescentes, articulando-os com as ações de assistência social, esporte, lazer,
cultura e promoção da cidadania, desenvolvidas pela Secretaria Assistência Social
de Juiz de Fora – SAS/JF;
-prestar suporte técnico e administrativo aos Conselhos vinculados à sua área de
atuação;
-coordenar a atividade de organização escolar nos aspectos pedagógicos e
administrativos;
-coordenar o Cadastro Escolar e Censo Escolar.
6.3
Conselho Municipal de Educação (CME)
Órgão deliberativo, consultivo e normativo da Administração no setor da
Educação, que tem como finalidade orientar, estabelecer normas e assessorar o
governo do município na definição da política educacional, na área de sua atuação,
adequando as diretrizes e bases da Educação Nacional e Estadual às necessidades
e condições do Município.
Algumas de suas competências (PJF..., SME/Conselhos, 2011):
-zelar pela universalização da educação básica e pela progressiva extensão da
jornada escolar de tempo integral;
-zelar pelo cumprimento da legislação escolar;
-estabelecer normas e acompanhar as medidas tomadas para aperfeiçoar a
23
educação no Município;
-estabelecer diretrizes de gestão democrática da rede pública, e de participação da
comunidade escolar e da sociedade, na elaboração de propostas pedagógicas das
escolas;
-estabelecer indicadores de qualidade de ensino para as escolas da rede municipal
de ensino e para as escolas privadas de educação infantil;
-elaborar as normas para a organização do Sistema Municipal de Educação;
-colaborar com o Secretário Municipal de Educação na solução de problemas
relativos à educação no âmbito do Município;
-elaborar normas para atendimento de alunos com necessidades educativas
especiais;
-elaborar normas para a organização e funcionamento dos cursos destinados à
Educação de Jovens e Adultos.
6.4
Escola Municipal Dante Jaime Brochado (EMDJB)
A Escola Municipal se propõe a oferecer o ensino gratuito e de boa qualidade.
Possibilita ao aluno oportunidades favoráveis, observando a individualidade e o
desenvolvimento de suas potencialidades. Além de promover adequação de novos
métodos de ensino-aprendizagem e oportunizar a integração do aluno no seu meio
físico e social através da manutenção do intercâmbio comunidade-escola.
Tem como estrutura administrativa: Direção, Órgãos Colegiados (órgão
auxiliar da administração Escolar que participa ativamente na organização do seu
projeto educacional com atribuições de caráter deliberativo e consultivo nos
assuntos da vida da Escola, assim como nos que se referem ao relacionamento
entre ela e a comunidade) e serviços administrativos (constituído pela Secretaria,
Serviços Gerais e Biblioteca) (PORTARIA..., 1992, p. 2).
Ela se encontra situada a Rua Francisco Fontainha, número 163, Bairro Santo
Antônio no Município de Juiz de Fora. Telefone, (32) 3690-7660.
24
6.5
Diretoria Administrativa
Exerce administração da Escola Municipal com auxilio do colegiado. É
constituída pelo Diretor e Vice-Diretor.
-Diretor: representa e faz representar a unidade escolar sob sua direção,
administrando-a de modo a participação comunitária no processo decisório e na sua
gestão; cumpre e determina o cumprimento da legislação de ensino e das normas
da SME; organiza os horários de aulas; preside todas as reuniões que convocar e as
que acontecerem na escola entre outras atribuições.
-Vice-Diretor: Na ausência ou afastamento, exerce as funções do Diretor Escolar;
coordena e organiza o trabalho da secretária; assessora o Diretor em todas as suas
atribuições; entre outras funções (PORTARIA..., 1992, p. 3 e 4).
6.6
Serviço de Supervisão e Orientação
É constituído pelo Orientador Educacional e pelo Supervisor Pedagógico que,
administrativamente estarão subordinados à Direção Escolar. Participam da
elaboração do Plano Curricular Global da Escola, coordenando o seu planejamento
e a sua execução, observando as orientações da SME (PORTARIA..., 1992, p.14 a
16).
- Orientador Educacional: planeja, executa e avalia sistematicamente a ação
educativa juntamente com a Direção e com os Professores; participa de reuniões;
estabelece a dinâmica das turmas e a individualidade dos alunos dentro delas, entre
outras funções.
- Supervisor Pedagógico: Planeja, executa e avalia sistematicamente a ação
pedagógica juntamente com a Direção e com os Professores; orienta professores;
coordena e orienta reuniões entre outros.
25
6.7
Professor
Tem como algumas de suas funções: responsável pela elaboração de
programas e planos de trabalho; desenvolvimento efetivo de sua regência; controle e
avaliação do rendimento do aluno; desenvolvimento de atividades pertinentes ao seu
cargo, determinadas pela direção (PORTARIA..., 1992, p. 46).
6.8
Aluno
Tem o direito à assistência educacional de acordo com suas necessidades e
possibilidades da Escola, além de todos os previstos na legislação de Ensino.
Tem o dever de se esforçar a cumprir todas as atividades escolares em que
for exigido, assim como a todos os deveres previstos na legislação de Ensino
(PORTARIA..., 1992, p. 48).
26
7.
PROFESSORA DO ESTUDO
7.1
Relação: Professora do Estudo x EMDJB
A professora tem laços profissionais estreitos com o Diretor da Escola. Pois é
este quem tem que proporcionar o apoio necessário para que as atividades
elaboradas por ele sejam realizadas da melhor forma possível no âmbito escolar.
Isto se faz com a disponibilização de materiais pedagógicos e logísticos, espaços
adequados, transporte para passeios culturais e de lazer entre outros. Além disso,
ele deve atuar conjuntamente com o professor para manter a disciplina na
Instituição, às vezes sendo utilizado como último recurso para tal.
Outro ator importante que auxilia a professora é o supervisor (coordenador).
Este ajuda no planejamento das atividades a serem desenvolvidas, na elaboração
dos objetivos almejados e análise dos resultados alcançados. Durante o
desenvolvimento das atividades planejadas detectam os seus problemas e as
corrigem. E posteriormente refaz os planejamentos, para que assim os objetivos
propostos sejam finalmente alcançados.
O projeto político pedagógico traçado anteriormente pelos professores,
supervisor e diretor da Escola é essencial para o desenvolvimento de todas as
atividades. Pois é dele que a professora se pauta para organizar as aulas a serem
ministradas durante todo o ano letivo. Ele é de suma importância para o
funcionamento da Escola.
A Biblioteca utilizada pela professora possui grande acervo de livros
educacionais. São livros de pesquisas e de atividades práticas. Portanto, ela é
consultada para o conhecimento e estudo das teorias, assim como fundamentação
para atividades mais significativas. Os alunos a utilizam quando o professor
responsável as conduz e também fora do horário para complementação dos
estudos.
Pra ministrar as aulas, a professora se utiliza de insumos como: livros,
revistas, computador a fim de programar e realizar trabalhos e acessar a internet,
projetor multimídia, lousa, giz, régua, caneta, lápis, jornais, e os materiais que assim
27
julgar necessário para um melhor desenvolvimento do intelecto do aluno. Além de
aplicar e corrigir testes de verificação de conhecimento.
A professora como um dos principais agentes do conhecimento do aluno se
faz no papel do facilitador do processo ensino-aprendizagem. Atuando da melhor
forma para que o aproveitamento seja satisfatório para as necessidades de cada
faixa etária. Além disso, ele é o mantenedor da disciplina e da organização da sala
de aula. Forma pessoas capazes de discernirem o que é melhor para vida de cada
um, auxiliando no desenvolvimento de cidadãos que cumpram com seus deveres e
que saibam lutar pelos direitos que lhe são condizentes.
A base do ensino-aprendizagem das séries (anos) iniciais é a alfabetização.
Sendo assim, o grande desafio e objetivo principal do professor é que o aluno seja
capaz de ler, escrever, interpretar, fazer as quatro operações fundamentais da
Matemática e ter noção básica dos conteúdos da História, Geografia e Ciências
Sociais.
7.2
Posturas adotadas pela professora
Ao ministrar as aulas, a professora adota algumas posturas que se repetem
constantemente durante a sua jornada de trabalho. Essas posturas geralmente
permanecem estáticas durante certo tempo, ocasionando contração isométrica da
grande maioria da musculatura envolvida. Mas também existem os movimentos
ativos, e esses acontecem envolvendo algumas articulações, principalmente a de
punho, devido à escrita no quadro negro.
Durante a jornada de trabalho é possível observar os movimentos da coluna
vertebral. Estes geralmente são pequenos, mas ocorrem a todo instante. No caso do
sujeito destro, ao escrever ocorre flexão lateral esquerda para poder alcançar a parte
mais alta do quadro, além de hiperextensão por estar muito próxima do mesmo. E
quando se faz necessário a utilização de um livro por parte do professor, esta
hiperextensão pode ocorrer mesmo não estando escrevendo, mas quando se vira
para turma para alguma explicação ou indagação por parte dos alunos. Pode ocorre
também flexão de coluna cervical quando o olhar se volta para baixo, extensão
28
quando volta para posição inicial e hiperextensão. Quando se vira para o lado há
rotação deste mesmo seguimento da coluna para direita e para esquerda. Estes
movimentos ocorrem conjugadamente, como ao olhar para o livro quando ocorre
flexão frontal, flexão lateral esquerda e rotação para direita.
Quando segura algum livro, o membro não dominante fica em posição
estática durante certo período de tempo. Ocorre neste caso pequenas flexões de
ombro e punho, mas uma grande flexão de cotovelo. Essa supera 90 graus,
causando uma sobrecarga dos músculos responsáveis por este movimento com o
bíceps braquial. Além disso há o movimento de preensão dos dedos para poder
segurar o livro.
Com relação à movimentação da cintura escapular, os movimentos do ombro
mais frequentes são flexão, abdução, adução e rotação interna. Os de flexão podem
ser suaves quando se escreve no quadro, próximo do corpo, ou abaixo da linha do
ombro, ou mais intensos quando a escrita se dá acima da linha do ombro,
ocasionando uma sobrecarga muito maior na musculatura em torno do ombro. Isto
pode ser agravado pelo movimento constante de rotação interna em virtude da
movimentação necessária para preensão do giz e movimento de escrita. Já os
movimentos de adução e abdução de ombro ocorrem quando se permanece parado,
não acompanhando de perto a sua própria escrita.
Ao escrever no quadro, ocorre desvio ulnar, pronação da mão e flexão de
todos os dedos para segurar o giz.
29
8.
RISCOS DAS POSTURAS ADOTADAS
Os riscos das posturas adotadas foram analisados através do softwate FBS
Sistems para análise biomecânica com a planilha Rappid Upper Limb Assessment
(McAtamney & Corlett , 1993). Sendo:
8.1

Musculatura a: uso da musculatura de braço, antebraço e punho.

Musculatura b: uso da musculatura de pescoço, tronco e perna.

Carga a: carga que a musculatura ―a‖ segura durante a atividade.

Carga b: carga que a musculatura ―b‖ segura durante a atividade.
Posição 1: (figura 1a e 1b)
- Braço: Maior que 90 graus/Flexão.
- Antebraço: De 0 a 60 graus.
- Punho: Maior que + 15 graus/Desvio da linha neutra.
- Rotação de punho: Rotação extrema.
- Pescoço: Extensão/Rotação/Inclinação Lateral.
- Tronco: Ereto/Inclinação lateral.
- Perna: Pernas e pés bem apoiados e equilibrados.
- Musculatura a: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
30
- Musculatura b: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Carga a: Carga menor que 2 Kg intermitente.
- Carga b: Carga menor que 2 Kg intermitente.
8.2
Posição 2: (figura 2a e 2b)
- Braço: De 45 a 90 graus/flexão
-Ombro: 45º de abdução
- Antebraço: De 60 a 100 graus.
- Punho: Maior que + 15 graus/Desvio da linha neutra.
- Rotação de punho: Rotação extrema.
- Pescoço: De 0 a 10 graus/Rotação/Inclinação lateral.
- Tronco: Ereto/Inclinação lateral.
- Perna: Pernas e pés bem apoiados e equilibrados.
- Musculatura a: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Musculatura b: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Carga a: Carga menor que 2 Kg intermitente.
- Carga b: Carga menor que 2 Kg intermitente.
8.3
Posição 3: (figura 3)
31
- Braço: Maior que 90 graus/flexão de ombro.
- Antebraço: De 0 a 60 graus.
- Punho: Maior que + 15 graus/Desvio da linha neutra.
- Rotação de punho: Extensão e Rotação extrema.
- Pescoço: De 0 a 10 graus/Rotação/Inclinação lateral.
- Tronco: Ereto/Inclinação lateral.
- Perna: Pernas e pés bem apoiados e equilibrados.
- Musculatura a: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Musculatura b: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Carga a: Carga menor que 2 Kg intermitente.
- Carga b: Carga menor que 2 Kg intermitente.
8.4
Posição 4: (figura 4)
32
- Braço: Entre - 20 e + 20 graus/flexão.
- Antebraço: De 0 a 60 graus/Cruza o plano sagital ou operações exteriores ao
tronco.
- Punho: Maior que + 15 graus/Desvio da linha neutra.
- Rotação de punho: Rotação extrema.
- Pescoço: Extensão/Rotação/Inclinação lateral.
- Tronco: Ereto/Inclinação lateral.
- Perna: Pernas e pés bem apoiados e equilibrados.
- Musculatura a: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Musculatura b: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Carga a: Carga menor que 2 Kg intermitente.
- Carga b: Carga menor que 2 Kg intermitente.
8.5
Posição 5: (figura 5)
33
- Braço: Entre - 20 e + 20 graus.
- Antebraço: De 0 a 60 graus.
- Punho: 0 grau.
- Rotação de punho: Rotação média.
- Pescoço: De 0 a 10 graus.
- Tronco: Ereto.
- Perna: Pernas e pés bem apoiados e equilibrados.
- Musculatura a: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Musculatura b: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Carga a: Carga menor que 2 Kg intermitente.
- Carga b: Carga menor que 2 Kg intermitente.
8.6
Posição 6: (figura 6a e 6b)
34
- Braço: Entre - 20 e + 20 graus.
- Antebraço: De 0 a 60 graus/Cruza o plano sagital ou operações exteriores ao
tronco.
- Punho: Menor que - 15 graus Desvio da linha neutra.
- Rotação de punho: Rotação média.
- Pescoço: 0 a 10 graus.
- Tronco: Ereto.
- Perna: Pernas e pés bem apoiados e equilibrados.
- Musculatura a: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Musculatura b: Postura estática mantida por mais de 1min ou repetitiva, mais que 4
vezes/min.
- Carga a: Carga menor que 2 Kg intermitente.
- Carga b: Carga menor que 2 Kg intermitente.
35
9.
RESULTADO
O resultado atraves da tabela avaliação do softwate FBS Sistems para análise
biomecânica com a planilha Rappid Upper Limb Assessment (McAtamney & Corlett ,
1993). Sendo:
PONTUAÇÃO
NÍVEL DE AÇÃO
INTERVENÇÃO
1 ou 2
1
Postura aceitável
3 ou 4
2
Deve-se realizar uma observação.
Podem ser necessárias mudanças.
5 ou 6
3
Deve-se realizar uma investigação.
Devem ser introduzidas mudanças.
7
4
Devem ser introduzidas mudanças
imedatamente.
As posturas adotadas pelo braço dominante na Posição 1 e na Posição 3
receberam a mesma avaliação, Pontuação 7 e Nível de Ação 4 (Devem ser
introduzidas mudanças imediatamente), diferindo apenas no grau de flexão. Na
posição 1 figuras 1a e 1b, o braço permanece em uma posição de flexão maior que
90 graus como consequência da professora estar escrevendo acima do nível do seu
olhar, fazendo com que haja também uma extensão de pescoço combinada com
flexão lateral esquerda e rotação. Havendo assim uma sobrecarga maior da
musculatura envolvida. Na posição 3, figura 3, em relação à anterior, com a
professora escrevendo ao nível dos olhos, ela não executa extensão do pescoço e o
braço permanece muito próximo aos 90 graus de flexão. A mesma classificação se
dá para estas posições por permanece estática por muito tempo, ocorrendo
sobrecarga na musculatura envolvida no movimento/postura. Com relação à ação do
braço contralateral nas Posição 1, figura 1a e 1b e Posição 3, figura 3, mesmo em
postura relaxada, ambas receberam Pontuação 3 e Nível de Ação 2 (Deve-se
realizar uma observação/podem ser necessárias mudanças), que é devido ao tempo
36
em que fica na posição estática, maior que um minuto de acordo com a planilha
utilizada.
Na posição 2, figura 2a e 2b, a postura do lado direito foi avaliada com
Pontuação 6 e Nível de Ação 3 (Deve-se realizar uma investigação/Devem ser
introduzidas mudanças). O nível de intervençao proposto foi menor que nas
Posições anteriores, devido a menor flexão do braço e não haver extensão do
pescoço, que fica em posição neutra. Isso acreditamos se deve à posição da
professora mais próxima do quadro e escrever ao nível dos olhos, diminuindo a
sobrecarga na musculatura do ombro e do pescoço. O lado contralateral recebeu
Pontuação 3 e Nível de Ação 2 (Deve-se realizar uma observação/podem ser
necessárias mudanças), devido ao tempo que fica na
posição estática, mesmo
estando numa posição confortável.
Na Posição 4, figura 4, ambos os lados receberam Pontuação 7 e Nível de
Ação 4 (Devem ser introduzidas mudanças imediatamente). O lado direito
acreditamos ser devido à flexão do braço maior, e o esquerdo devido a flexão do
antebraço e por suportar o peso do livro didático. Estas posições estáticas produzem
sobrecarga da musculatura envovida.
A posturas adotadas pelos dois lados na Posição 5 receberam Pontuação 3 e
Nível de Ação 2 (Deve-se realizar uma observação/podem ser necessárias
mudanças). Isto se deve à posição diferente das anteriores, quando a professora se
encontra de frente para os alunos, permanecendo em uma posição mais confortável,
mesmo segurando o livro.
Finalmente, na Posição 6, figura 6, a classificação foi mesma da Posição 5.
37
10.
ANÁLISE DE DOR
10.1 Método
Para análise da dor de todas as professoras foi utilizado o Diagrama de
Corlett, assim como um questionário com questões como: estado civil; se tinha
filhos; tempo de serviço na docência; se trabalhava em outro lugar diferente da
Escola; horas trabalhadas; se já ficou afastada do emprego, tempo e motivo.
10.2 Resultado
Todos os valores correspondentes a nenhum desconforto/dor, equivalente a 1,
não foram registrados na tabela a seguir. O valor 2 equivale a Algum
Desconforto/Dor; 3 a Moderado Desconforto/Dor; 4 a Bastante Desconforto/Dor e 5 a
Intolerável Desconforto/Dor.
Pescoço
2,2/3,3,3/4,4,4/5
Cotovelo esquerdo
Região Cervical
2/3,3,3,3,3/4,4,4,4,4
Antebraço direito
Costas-superior
2,2/3,3,3,3/4,4,4
Antebraço esquerdo 2,2
Costas-médio
2,2/3,3,3/4,4,4,4
Punho direito
2/4,4
Costas-inferior
2/3/4,4,4,4,4,4
Punho esquerdo
2
Bacia
2/4
Mão direita
3,3
Ombro direito
2,2/3,3,3,3,3,3/4,4,4,4,4 Mão esquerda
2,2/4,4
Ombro esquerdo 2/3,3,3/4,4
Coxa direita
3,3/4
Braço direito
2,2/3/4,4,4
Coxa esquerda
3/4
Braço esquerdo
4
Perna Direita
2/3,3,3,3,3/4,4,4
Cotovelo direito
2
Perna esquerda
3,3,3,3/4,4
38
A maior incidência de desconforto foi encontrada no ombro direito,
acometendo 86% das entrevistadas. A segunda maior queixa foi na região cervical,
com 73%. Logo após com 60% o pescoço, costas-superior, costas-média e perna
direita. Com 53% costas-inferior.
Ombro esquerdo, braço direito e perna esquerda com 40%. O antebraço
direito com 26,6%. Já a coxa direita e o punho direito com 20%. Bacia, cotovelo
direito, mão direita e antebraço esquerdo são acometidos desconforto em 13,3% das
entrevistadas. E, finalmente, braço esquerdo e punho esquerdo com 6,6%. O
cotovelo esquerdo e a mão esquerda não sofreram nenhum tipo de desconforto.
Todos os professores entrevistados são do gênero feminino. Sendo três
solteiras, dez casadas e duas divorciadas. Dessas, uma professora possui quatro
filhos, outra professora três filhos, cinco professoras dois filhos, cinco professoras
somente um filho e três professoras não possuem nenhum filho.
O tempo de serviço como professora está no intervalo compreendido entre
nove e vinte e nove anos. Sendo estes os tempos de serviço: 9, 10, 13(duas), 17,
18, 19(duas), 20, 21, 22, 23, 24, 25 e 29 anos. Todas trabalham na área de
Educação como professora. Doze professoras trabalham em turno dobrado, sendo
que uma atua como coordenadora pedagógica e outra como Psicóloga em seu
consultório. Dessas professoras, três tem jornada semanal de vinte horas, onze
trabalham durante quarenta horas e uma por quarenta e quatro horas. Com relação
às horas trabalhadas, todas têm horário extraclasse incluído na jornada semanal que
é destinado a elaboração de planos de aulas entre outras atividades relacionadas
em lecionar. Quem trabalha até vinte horas semanais tem cinco horas e quem
trabalha mais que este número de horas possui dez.
Com relação a afastamentos do trabalho, treze professoras já o fizeram e três
não. Sendo os motivos: cirurgia (15 dias), duas por gravidez (120 dias), depressão
(40 dias), pico hipertensivo (3 dias), fratura do dedo mínimo direito (30 dias),
erisipela (15 dias), estresse associada a dor na região cervical (30 dias), tendinite
com calcificação bilateral de ombro (60 dias), angioplastia (60 dias), estresse (30
dias), afonismo (15 dias), enxaqueca devido a artrose na região da coluna cervical (3
39
dias), linfoma (365 dias), fratura no pé e ombro (60 dias), fasciíte plantar (10 dias) e
ombro congelado (15 dias).
11.
DISCUSSÃO
No nosso estudo encontramos que o ato de lecionar pode estar associado a
sérios riscos osteomusculares. Acreditamos que isso se deve às posturas adotadas
durante a jornada de trabalho. Este dado é agravado se estas posturas são
executadas com os braços flexionados a mais de 90 graus, quando neste caso há a
necessidade de mudanças na postura. Mas se a professora adota posturas mais
naturais, essas também requerem certa atenção, pois devem ser observadas e
sofrerem mudanças se necessário.
Em outro estudo de análise de risco ergonômico, mas em trabalhadores da
construção civil (Saad, Xavier e Michasloski, 2006) foi possível observar que havia
grande solicitação de membros superiores como no ato de lecionar, o que fazia com
que indivíduos adotassem posturas que lhe causassem certo desconforto. Essas
posturas são passíveis de mudanças imediatas.
Nestes dois estudo foi possível observar que a postura do membro superior,
no trabalho de lecionar para as professora e assentar tijolos para os trabalhadores
da construção civil, quando em posições que sobrecarreguem os braços, há
classificação máxima na Pontuação-RULA, 7. Isso demonstra que mesmo profissões
tão distintas, mas com algum gesto profissional parecido podem ser acometidas por
grandes riscos ergonômicos e para saúde do trabalhador.
Atualmente, sabe-se que dores na região cervical e nos ombros são geradas
pela tensão muscular (Santos Filho e Barreto, 2001). Nessas regiões encontramos
uma maior prevalência de queixas de desconforto/dor no ato de lecionar,
provavelmente em virtude do tensionamento muscular ocasionado pelas posturas
adotadas, justificado pelos índices do resultado do Diagrama de Corllet, onde
encontramos nível autodeclarado de ―intolerável desconforto/dor‖.
Programas de promoção da saúde e melhorias nas condições de trabalho
podem geralmente evitar afastamentos temporários ou definitivos (Assunção,
Sampaio, Nascimento, 2010). Se as professoras fossem contempladas com
40
programas e melhorias assim, acreditamos que elas poderiam ser menos
acometidas por patologias o queixas de dor. Evitando assim afastamentos e
prejuízos para sua saúde. Além de não interromper o ensino-aprendizagem do
aluno.
Outro fator muito importante que deveria ser aplicado e facilitado para as
professoras é a prática de atividade física o que causaria adaptações circulatórias e
metabólicas, promovendo alterações benéficas na musculatura esquelética e tecidos
conectivos. Tais alterações contribuem para a diminuição do risco de surgimento de
incapacidades e injúrias osteomusculares (Kjaer, Laeger, 1999). Assim, uma melhora
na qualidade de vida do docente, e maior aproveitamento durante a jornada de
trabalho.
41
12.
CONCLUSÃO
O estudo mostrou que, mesmo as posturas que parecem ser menos
agressivas aos professores ao lecionar, causam desconforto, sendo nenhuma destas
aceitáveis e todas passíveis de alguma intervenção.
Com o resultado do diagrama de Dor de Corllet foi possível observar o quanto
as regiões cervicais, pescoço, ombro direito e perna direita ficam sujeitos a serem
acometidos por Dor/Desconforto. Acreditamos dever-se à posturas adotadas, na sua
maioria estática, sobrecarregando a musculatura e causando tensão muscular. Este
fato pode se agravado devido a aumento na jornada de trabalho, por vezes na
postura ortostática, e estilo de vida pessoal. Pois 86% são mães e todas têm
afazeres domésticos. Deste modo, reduzindo o tempo para descanso.
Algumas patologias podem ser desenvolvidas devido a longos anos na
docência, como patologias degenerativas em nível da coluna cervical, acentuado
enxaquecas, fasciítes e quadros crônicos degenerativos também em ombros. A
professora do estudo relata acometimento de ombro com inflamação e calcificação
bilateral. Mas parece certo que o contínuo e prolongado tempo nestas posições pode
agravar tais disfunções, ou ainda, produzir novas.
É necessário, urgentemente, procurar novas possibilidades de posturas a
serem adotadas por professores no ato de lecionar. Como evitar escrever no quadro
negro acima do nível dos olhos, com o braço a uma angulação menor que 90 graus
e evitar segurar objetos como livros didáticos, diminuindo a sobrecarga muscular.
Isto, acreditamos que possa diminuir os riscos de distúrbios osteomusculares,
promovendo menor incidência dessas patologias, garantindo aos professores um
trabalho que não lhes tragam prejuízo para sua saúde física.
Este estudo nos mostrou que além dos resultados obtidos, fazem-se
necessários novos ensaios para buscar possíveis soluções a fim de minimizar os
riscos ergonômicos para os distúrbios osteomusculares no trabalho dos docentes de
5ª ao 9º ano.
42
13.
IMPACTO ESPERADO
Espera-se
que
o
estudo
biomecânico
de
risco
para
distúrbios
osteomusculares corrobore para que novas pesquisas sejam realizadas no sentido
de alertar os sujeitos envolvidos para os cuidados a fim de evitar alterações
osteomusculares e funcionais relacionadas à atividade da docência.
43
14.
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São Paulo, SP. 1997.
45
ANEXO I – DIAGRAMA DE DOR CORLLET E QUESTIONÁRIO
Nome
Gênero
Idade
Estado civil
Filhos
Tempo de serviço
Outro emprego
Horas por semana
Afastamento
Tempo
Motivo
46
ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome do Serviço do Pesquisador: UFJF
Pesquisador Responsável: Eduardo de Castro Assis
Endereço: Rua Joaquim de Almeida 236 - Jardim Laranjeiras
CEP: 36033-160 – Juiz de Fora – MG
Fone: (32) 3217 8332 - 9987 6156
E-mail: [email protected] / [email protected]
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O(a) Senhor(a) está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa ―RISCO
ERGONÔMICO PARA DISFUNÇÕES OSTEOMUSCULARES RELACIONADO À FUNÇÃO DE PROFESSOR DE ENSINO
FUNDAMENTAL DA REDE PUBLICA DE JUIZ DE FORA-MG‖. Neste estudo observaremos como a atividade
laboral afeta a saúde do professor de escola pública. O que nos interessa é o grande número de
estudos realizados a fim de identificar riscos ergonômicos desta atividade profissional. Para este
estudo aplicaremos um questionário com questões relacionadas à condição social e aspectos gerais
de saúde do professor. Será também aplicado outro questionário no qual pretendemos saber mais
especificamente a presença de queixas de dor e desconforto. Outra ferramenta será utilizada para
dirimir sobre riscos biomecânicos. Este estudo não trará risco para os sujeitos envolvidos, (risco
mínimo) em especial para a saúde dos participantes e contribuirá para a compreensão da realidade
destes trabalhadores. Para participar deste estudo o Senhor(a) não terá nenhum custo, nem receberá
qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto que
desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou
interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em
participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo
pesquisador Eduardo de Castro Assis. O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões
profissionais de sigilo, não o identificando, não revelando detalhes de sua saúde, em particular da sua
saúde funcional. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou
o material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão. O senhor não será
identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Este termo de consentimento
encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador
responsável, na Universidade Federal de Juiz de Fora e a outra será fornecida a você.
Eu, ____________________________________________, portador do documento de Identidade
____________________ fui informado (a) dos objetivos do estudo ―RISCO ERGONÔMICO PARA
DISFUNÇÕES OSTEOMUSCULARES RELACIONADO À FUNÇÃO DE PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE
PUBLICA DE JUIZ DE FORA-MG‖, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a
qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se
assim o desejar.
Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de
consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas
dúvidas.
Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2010.
Nome
Assinatura participante
Nome
Assinatura pesquisador
Nome
Assinatura testemunha
Data
Data
Data
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF/PRÓ-REITORIA DE PESQUISA CEP 36036.900 - FONE: 32 3229 3788.
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Aluno: Marcus Vinícius Ribeiro de Almeida