Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: DO TRADICIONAL AO INOVADOR
Lucas Vinícius Ferraz Santos Castro (UNEB-Campus X– Bolsista PIBID/CAPES)
Reynan Leal Ferreira (UNEB-Campus X – Bolsista FAPESB)
Grégory Alves Dionor (UNEB-Campus X – Bolsista FAPESB)
Liziane Martins (UNEB-Campus X – Bolsista CAPES)
RESUMO: Um objeto de investigação que despertou o interesse de pesquisadores nas
últimas décadas é a interface saúde-educação. Neste cenário, o Governo Federal implantou o
Programa Saúde Escolar (PSE) para auxiliar a promover a saúde da população. Porém, após
uma análise crítica dos documentos, constatamos que o PSE traz uma abordagem biomédica
de saúde. Assim, construímos uma Sequência Didática (SD) que trata uma das linhas do PSE
segundo a abordagem socioecológica. A SD também propõe uma visão Ciência-TecnologiaSociedade-Ambiente a partir de questões sociocientíficas. Espera-se que a SD seja um
instrumento que auxilie os professores a fomentar a reflexão e a promoção do bem estar, além
de contribuir com o problema da ausência de materiais sobre saúde.
Palavras-chave: Abordagem de Saúde; Programa Saúde Escolar; Sequência didática.
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos o ensino tem sofrido diversas modificações, dentre elas, alterações
nas disciplinas de Ciências e Biologia, nos Ensinos Fundamental II e Médio, respectivamente.
Em geral, as mudanças apresentadas têm como objetivo desenvolver a criticidade e a
cidadania dos discentes, considerando as circunstâncias histórico-culturais da sociedade. Um
dos objetos de investigação que vem acompanhando essas modificações na educação e que
desperta o interesse de pesquisadores nas últimas décadas é a interface saúde-educação.
A situação das concepções de saúde - não muito diferente das de educação - vem,
também, se alterando nas últimas décadas. No Brasil, entre as décadas de 20 e 40,
predominou - com repercussão até hoje - o modelo higienista-eugenista, chamado também de
sanitário, que foca a responsabilização individual no processo de saúde e ausência de doenças
e, para isso, propõe a higienização e a moralização das pessoas e das cidades através de
inspeções sanitárias nos indivíduos. (FREITAS; MARTINS, 2008).
Posteriormente, nos anos 50, a saúde passou a ser relacionada ao modelo biomédico,
no qual estabelece uma visão reducionista de saúde, de modo que, o adoecimento do
indivíduo é visto apenas como uma questão relativa ao organismo e condicionada por ele e os
aspectos psicológicos, socioculturais, políticos e ambientais das pessoas não são levados em
conta (SOUZA, 2001; MARTINS; SANTOS; EL-HANI, 2012).
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Segundo Freitas e Martins (2008) somente décadas depois o aspecto exclusivamente
individual e biológico da saúde passou a ser questionado, pois se percebeu que muitas das
melhorias na saúde estão ligadas a outros fatores. Surgindo, então, a abordagem
socioecológica da saúde, caracterizado pela sua relação com determinantes gerais de natureza
política, social, econômica, ambiental e cultural, bem como sustentando o entendimento de
que saúde se constitui num processo construído com a participação dos próprios indivíduos,
condicionado, também, pelo coletivo e pelas políticas públicas (WESTPHAL, 2006;
MARTINS; SANTOS; EL-HANI, 2012).
Neste cenário, em 2007, diante da importância da inclusão da saúde na escola, o
Governo Federal implantou o Programa Saúde Escolar (PSE), com o objetivo de prevenir
doenças e promover a saúde da população a partir de ações conjuntas dos setores: Saúde e
Educação. Segundo os documentos do PSE, as ações objetivadas nesse programa devem fazer
parte do projeto pedagógico da escola, levando em conta as diferenças culturais das regiões do
país e a autonomia dos educadores.
Para isso, se propõe três componentes para o alcance do objetivo do programa: (i)
avaliação clínica e psicossocial, para obter informações sobre o crescimento, saúde mental e
desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para
promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde; (iii) formação, visando instruir os
gestores e as equipes de saúde e educação que atuam no PSE (BRASIL, 2011).
Apesar de o PSE propor uma contribuição à promoção da saúde e prevenção à doença,
levando em conta, também, as diferenças culturais das regiões do país, o mesmo não ocorre,
pois, de acordo com Freitas e Martins (2008), o conceito de Promoção da Saúde é mais
abrangente do que isso, por considerar que o fator adoecimento não está ligado apenas às
práticas e comportamentos individuais e, também, não é condicionado apenas pelo
determinante biológico. Assim, constata-se que o programa PSE compartilha com a
abordagem biomédica, o reducionismo e o biologicismo em saúde, atribuindo, também, o
papel de agente de saúde ao professor.
Diante disto, este estudo visou à construção de uma Sequência Didática (SD)
motivadora, que alicerce a linha de ação “Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE): prevenção
ao uso de álcool e tabaco e outras drogas” do PSE , aos pressupostos da abordagem
socioecológica, incorporando, também, os constructos do movimento Ciência, Tecnologia,
Sociedade e Ambiente (CTSA) (ver SOLBES; VILCHES, 2004).
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Espera-se que esta SD seja uma ferramenta inovadora que além de alicerçar o PSE,
auxilie os professores em sala de aula e, também, promova o desenvolvimento cognitivo dos
educandos, de modo que, a percepção, interpretação, raciocínio e imaginação dos mesmos
sobre determinados conteúdos resultem em aprendizado e soluções de problemas.
CIÊNCIA,
TECNOLOGIA,
SOCIEDADE
E
AMBIENTE
(CTSA):
UMA
ALTERNATIVA PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
A sociedade vive em um mundo que é diariamente bombardeado por informações de
cunho científico e tecnológico que, na maioria das vezes, tratam a ciência e a tecnologia como
bem feitoras para o avanço da humanidade, condicionando, assim, o pensamento linear de
progresso sobre elas. Nesse sentido, a análise do papel da ciência e tecnologia (C&T) e de
suas repercussões na sociedade e no ambiente do âmbito escolar é de suma importância, tendo
em vista a urgência de discussões que visem a desmitificação do processo científicotecnológico (BAZZO, 2011).
O movimento CTSA propõe, então, que os conhecimentos básicos sobre C&T sejam
incorporados à cultura da população, como forma de superar um ensino fragmentado e não
crítico, a partir da relação entre os conhecimentos científicos, sociais, políticos, econômicos e
culturais (CONRADO, 2013). Há, também, alguns pesquisadores que caracterizam este
movimento como alfabetização científico-tecnológica (BAZZO, 2011), letramento científico
(SANTOS, 2005), formação para a cidadania e ação social responsável (SANTOS;
MORTIMER, 2001).
Deste modo, o CTSA é um movimento que, a nosso ver, compartilha os pressupostos
da abordagem socioecológica de saúde
e, também, norteia as ações do PSE de forma
adequada, pois tende a fazer conexões mais claras entre ciência e seus contextos, social,
cultural, político e ambiental, de modo a desenvolver o posicionamento crítico dos estudantes
sobre questões variadas (ética, saúde, meio ambiente) com implicações sociais e individuais.
Uma das ferramentas proposta neste trabalho e que vem sendo discutida em diversas
pesquisas (BERNARDO; VIANNA; SILVA, 2011; SANTOS et al., 2011; CONRADO,
2013) para alcance dos pressupostos do movimento CTSA, é a utilização de questões
sociocientíficas (QSC), que aqui estarão atreladas à saúde. As QSC são questões
contextualizadas, com objetivo de proporcionar a criticidade dos educandos, para que os
mesmos possam fazer tomada de decisão sobre determinados conteúdos, como estímulo para
o ensino e a aprendizagem (BELL, 2003; CONRADO, 2013).
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SEQUÊNCIA DIDÁTICA
As Sequências Didáticas (SD) são conjuntos de atividades que objetivam de maneira
sistematizada auxiliar o processo de ensino e aprendizagem (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHNEUWLY, 2004), através de ferramentas variadas, como dinâmicas, jogos, textos e
vídeos, diálogos, discussões e resoluções de problemas. Desta forma, as SD com o auxílio de
ferramentas variadas, podem favorecer a construção, pelos alunos, de novos e mais elaborados
conhecimentos num trabalho em grupo ou individual.
Para a construção da SD proposta neste trabalho, utilizou-se alguns procedimentos
compatíveis com as sequências de conteúdos e didáticas apresentadas por Zabala (1998).
Desse modo, a sequência proposta aqui, contempla: análise de conhecimento prévio; aulas
expositivas e dialogadas, de modo a contextualizar os conteúdos de Biologia aos pressupostos
da abordagem socioecológica da saúde. Para isso foram utilizadas diversas ferramentas,
visando contemplar essa contextualização. A sequência é sugerida para o 2º ano do Ensino
Médio, articulando-a aos conteúdos de anatomia e fisiologia humana: sistema nervoso e
sistema respiratório. Para melhor compreensão, a SD foi esquematizada em Encontros.
A PROPOSTA DE SD
I ENCONTRO
Duração: 03 horas/aulas
Objetivos: (i) Promover o interesse a cerca de conteúdos relacionados à anatomia e fisiologia
do corpo humano: sistema nervoso e respiratório; (ii) Reconhecer os conhecimentos prévios,
por meio de um jogo educativo; (iii) Entender o conteúdo que será trabalhado, através de
explanações e diálogos.
Recursos didáticos: Lousa ou quadro-negro; Pincel atômico ou giz; jogo educativo.
Desenvolvimento:
1. Reconhecimento dos conhecimentos prévios e apresentação da situação-problema “Uso de
drogas na contemporaneidade”, através de jogo educativo (ver APÊNDICE A) sobre o
sistema nervoso e o sistema respiratório, no qual os alunos deverão montar os sistemas,
posicionando os órgãos que o compõe.
2. Discussão sobre as ações/fatores que podem causar complicações nos sistemas indicados
pelos grupos.
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» Durante a discussão o professor pode perguntar aos alunos, quais dos fatores indicados
pelos grupos são os que eles consideram mais importantes. Listar no mínimo três para cada
sistema.
3. Explicação sobre o funcionamento do sistema nervoso e diferenciação do sistema nervoso
central do periférico, elucidando os componentes de cada um. Exemplificando como
ocorrem algumas ações/fatores ditas pelos alunos. No máximo duas ações.
4. Atividade avaliativa: discussão em grupos sobre o que foi trabalhado em sala de aula,
seguido de construção de um mapa conceitual sobre o que foi discutido.
II ENCONTRO
Duração: 03 horas/aulas
Objetivos: (i) Discutir o conteúdo “Sistema Nervoso” relacionando-o com a atuação de
algumas drogas como os antidepressivos e o álcool; (ii) Levantar discussões sobre o que leva
o indivíduo a usar tais drogas; (iii) Contextualizar o que está sendo abordado com a realidade
socioeconômica atual.
Recursos didáticos: Lousa ou quadro-negro; Pincel atômico ou giz; data-show ou TV
pendrive; notebook; caixas de som; reportagem “Excesso de Antidepressivos” (TV
MACKENZIE, 2013); textos: “Drogas lícias e ilícitas” (DANTAS, 2014); “Novas drogas
lícitas são problema alarmante, segundo ONU” (OLIVON, 2013); “Prevalência do uso de
drogas e desempenho escolar entre adolescentes” (TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001).
Desenvolvimento:
1. Explicação do sistema nervoso, especialmente do SNC. Rever os componentes que o
compõe e sua funcionalidade. Durante essa explicação é necessário a explanação dos
efeitos – como e onde agem - dos antidepressivos e do álcool neste sistema.
2. Explanar sobre o efeito psicoativo dos antidepressivos e do álcool no SNC, evidenciando a
semelhança de atuação dos dois produtos.
3. Leitura em grupo dos textos: “Drogas lícias e ilícitas” (ver DANTAS, 2014); “Novas
drogas lícitas são problema alarmante, segundo ONU” (ver OLIVON, 2013); “Prevalência
do uso de drogas e desempenho escolar entre adolescentes” (ver TAVARES; BÉRIA;
LIMA, 2001). DICA: Sugere-se a montagem de um texto único e curto a partir dessas
fontes.
4.
Para
complementação,
sugere-se
a
exibição
da
reportagem
“Excesso
de
Antidepressivos” (TV MACKENZIE, 2013).
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5. Contextualização e discussão do vídeo e do texto. Abra uma roda de conversa e levante
algumas questões, como:
- A depressão é uma doença que além de causar problemas psicológicos, leva também
às pessoas a terem problemas de socialização. Ao contrário do que se pensa a depressão
não é uma doença moderna, assim, quais são os fatores que podem levar a depressão?
- O alcoolismo pode conduzir à depressão e a depressão pode complicar-se devido ao
alcoolismo, podendo, inclusive, em casos extremos, levar ao suicídio. Devido aos seus
efeitos, o álcool pode provocar um alívio passageiro à ansiedade e ao stress,
camuflando, assim, durante algum tempo, a sensação de mal-estar. Por outro lado, beber
para “afogar as mágoas”, como se costuma dizer, pode aumentar o risco de dependência
do álcool. Sabendo disso, quais seriam os outros fatores, além da depressão, que podem
levar ao uso de álcool?
- Segundo o texto, o consumo de drogas é milenar e, somente a partir dos anos 60, se
tornou preocupação mundial. Atualmente tem se discutido muito sobre o efeito dessas
substâncias psicoativas para a saúde das pessoas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Contudo,
uma das maiores preocupações atuais é quanto ao uso das drogas legalmente liberadas
(álcool, cigarro, antidepressivos etc.). Sob esse contexto, o que pode estar influenciando
o crescimento do mercado de drogas lícitas? Será a sociedade quem influencia a
produção dessas substâncias devido à alta procura? Ou serão as indústrias que
influenciam a sociedade a consumir essas drogas?
- Muitos questionam a aceitação das drogas lícitas, uma vez que as mesmas são
prejudiciais para a saúde e, também, causam dependência nos usuários. Assim, o
critério de legalidade (ou não) de uma droga é historicamente variável e não está
relacionado, necessariamente, com a gravidade de seus efeitos. Sendo assim, para
vocês, quais seriam os critérios para legalização (ou não) de uma substância psicoativa?
DICA: anotar as respostas no quadro a fim de melhorar a visualização.
4. Atividade Avaliativa: discussão em grupos sobre o que foi trabalhado em sala de aula,
seguido de anotações dos tópicos no caderno.
III ENCONTRO
Duração: 03 horas/aulas
Objetivos: (i) Elucidar os fundamentos sobre o sistema respiratório, principais componentes e
funções; (ii) Explanar o efeito do uso de algumas drogas no sistema respiratório; (iii) Levantar
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discussões sobre o álcool e a maconha, de forma a confrontar pensamentos e opiniões sobre o
assunto.
Recursos didáticos: Lousa ou quadro-negro; Pincel atômico ou giz; texto: “Maconha ou
álcool: o que é pior para a saúde?” (ROMANZOTI, 2014).
Desenvolvimento:
1. Explicação do sistema respiratório, especialmente do processo de inspiração e expiração,
elucidando os componentes desse sistema e suas respectivas funções.
2. Durante esse processo o professor deve perguntar aos alunos se eles saberiam dizer como
funciona o pulmão – por exemplo - de um fumante. A partir disso deve ser explicado como
age a fumaça do cigarro e dos outros produtos (maconha, crack) durante o processo de
respiração, mostrando os efeitos dos mesmos no organismo.
3. Leitura em grupos do texto “Maconha ou álcool: o que é pior para saúde?” (ver
ROMANZOTI, 2014)
4. Após a leitura do texto, abra uma roda de conversa sobre o que foi lido e levante algumas
questões:
- Segundo o texto, a comparação entre o álcool e a maconha é difícil de ser realizada.
Embora saibamos que ambas as substâncias sejam tóxicas, quando usadas para fins
recreativos, sua legalidade, padrões de consumo e efeitos a longo prazo sobre o corpo
são bastante distintas. Assim, para vocês, entre os dois produtos, qual é o mais
prejudicial ao curto prazo? E, em longo prazo? Essas drogas podem trazer algum
benefício?
- Os pesquisadores citados no texto apontam alguns problemas de saúde ligados ao
consumo de álcool e maconha, porém, os mesmos admitem que os efeitos ou
consequências causados por essas substâncias no organismo não são os mesmos em
todos os indivíduos. Sendo assim, para vocês, quais seriam os fatores que poderiam
influenciar as consequências/efeitos do uso dessas drogas no organismo? Por quê?
Para finalizar a discussão, lance uma última pergunta:
- Qual dessas drogas, dentre o álcool e a maconha, seria a mais prejudicial para saúde?
Por quê?
DICA: Nesse momento, deixe que os alunos dialoguem e troquem opiniões sobre a
questão. Somente no final da discussão esclareça que no momento, apesar de haver
algumas pesquisas ligadas a essas drogas, ainda não podemos afirmar qual traz mais
malefícios para a saúde, apenas podemos dizer alguns prós e contras sobre ambas.
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DICA: anotar as respostas no quadro a fim de melhorar a visualização.
5. Atividade Avaliativa: construção – pelos alunos - de argumentos defendendo o seu
posicionamento sobre “O consumo de drogas na contemporaneidade”.
IV ENCONTRO
Duração: 03 horas/aulas
Objetivos: (i) Construir um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “O consumo de
drogas na contemporaneidade”; (ii) Socializar os pontos de vista defendidos nos textos; (iii)
Promover o respeito ao colega de sala, visto a diversidade de opiniões acerca do tema.
Recursos didáticos: Lousa ou quadro-negro; Pincel atômico ou giz; textos produzidos pelos
alunos.
Desenvolvimento:
1. Construção de um texto dissertativo-argumentativo sobre “O consumo de drogas na
contemporaneidade”. Sugerem-se as seguintes instruções aos alunos:
- A partir das discussões e leituras realizadas na sala de aula, anotações no caderno, seus
conhecimentos e os argumentos construídos na avaliação do Encontro III, redija um texto
dissertativo-argumentativo sobre o tema: “O consumo de drogas na contemporaneidade”.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a
defesa de seu ponto de vista.
2. Socialização dos textos produzidos. Neste momento, o professor anotará no quadro os
principais argumentos usados pelos alunos para a defesa do seu ponto de vista (a favor ou
contra) sobre o tema trabalhado.
3. Atividade Avaliativa: discussão dos argumentos utilizados na defesa dos diversos pontos
de vista.
O professor deve agir como mediador, intervindo apenas no intuito de
direcionar o debate e inserir naquele contexto discussões sobre igualdade, respeito e
combate ao preconceito.
O QUE ESPERAR DESTA SD?
A escola possui um papel fundamental no processo de promoção da saúde. Através
dela é possível que os educandos se desenvolvam criticamente, para que estes, possam se
tornar capazes de exercer a cidadania e realizar escolhas conscientes, contribuindo desta
forma, para a melhoria da qualidade de vida. Estudos apontam um problema que limita a
introdução das questões de saúde na sala de aula: a ausência de ferramentas e materiais
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didáticos – ainda que existam – que discutam saúde sob os constructos da abordagem
socioecológica. (MARTINS; SANTOS; EL-HANI, 2012).
Deste modo, esta SD possibilita: entender o conteúdo de biologia (sistema nervoso e
respiratório) e correlaciona-los com a saúde; discutir questões de cunho político-social;
refletir sobre questões familiares e cotidianas; respeitar opiniões divergentes; argumentar
sobre diversos problemas. Contudo, pode haver, também, algumas limitações: conflitos
durante as discussões, pois cada aluno possui bagagens socioculturais (opiniões) que pode
divergir dos demais, cabendo ao professor saber conduzir esses momentos; tempo sugerido
pode ser insuficiente para o desenvolvimento de alguns encontros; alguns alunos podem achar
a leitura e discussões dos textos cansativos, por isso é preciso que eles sejam estimulados
durante todo o processo mostrando que a leitura vai ser de fundamental importância para dar
continuidade; na construção dos textos únicos sugerido no encontro II, o professor talvez não
consiga o foco que se quer.
Vale destacar que além das propostas pedagógicas apresentadas nessa Sequência
Didática, existem outros métodos que também podem ser utilizados para discutir saúde numa
perspectiva socioecológica , como: Aprendizagem Baseadas em Problemas (ABP) (ver
ANDRADE; CAMPOS; 2005; CONRADO, 2013); Atividades experimentais (ver
REGINALDO; SHEID; GÜLLICH, 2012; OLIVERIA; CASSAB; SELLES, 2012). Contudo,
apesar de haver estas metodologias, reafirmamos, mais uma vez, a importância de estudos que
visam à construção de ferramentas que possibilitem introduzir questões de saúde em sala de
aula, tendo em vista sua carência no Ensino de Ciências e/ou Biologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da importância de estudos relacionados à Educação em Saúde para a promoção
do bem estar e melhor qualidade de vida dos estudantes/indivíduos, acreditamos que esta SD
proposta venha contribuir ao professor, no que se refere ao desenvolvimento de atividades
variadas e inovadoras que auxiliem não somente ao modo de abordar saúde, mas, também, ao
processo de ensino e aprendizagem como um todo.
Por fim, apesar de esta SD ter sido construída alicerçada no PSE, a mesma não se
limita apenas a esta aplicação, uma vez que, o tema “Uso de drogas” é cotidiano e a todo o
momento é tratado na mídia. Ademais, informações científicas e tecnológicas e as
implicações sociais do uso de drogas psicoativas são frequentemente trazidas em reportagens,
por exemplo. Deste modo, é de suma importância que este tema – independente do PSE – seja
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discutido em sala de aula, atrelando-o aos pressupostos socioecológico da saúde e aos
conteúdos de Ciências e Biologia.
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2001.
WESTPHAL, M. F. Promoção da saúde e prevenção de doenças. In: CAMPOS, G. W. S. et
al. Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec/Rio de Janeiro: FIOCRUZ, p. 635-667,
2006.
APÊNDICES
APÊNDICE A: Jogo educativo
» A turma deve ser dividida em cinco grupos; » Os alunos devem escrever nas caixas em
branco os nomes dos órgãos indicados nas imagens; » Após a montagem dos sistemas, o
professor deve entregar os cartões que acompanham o jogo (seis cartões no total) para cada
grupo; » Cada cartão terá uma ação ou palavra que indique ser o causador/fator de alguma
falha em um ou ambos os sistemas. Assim, o professor deve pedir aos alunos que, a partir
dos seus conhecimentos, indiquem quais das ações escritas nos cartões podem causar
problemas nos sistemas; » A partir das indicações – pelos alunos - dos cartões para cada
sistema, sugere-se que então seja feita a apresentação da situação-problema norteadora da SD
– O uso de drogas na contemporaneidade. Segue o jogo abaixo:
Figura 1 – Sistemas respiratório (adaptado FARIAS, 2013) e sistema nervoso (adaptado
DOMINGOS, 2012)
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SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
Figura 2 – Cartões com fatores que podem causar prejuízos aos sistemas
4931
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