A importância dos psicólogos se capacitarem para atendimentos online
Katty Zuñiga Pareja
A internet tornou-se uma ferramenta muito importante na vida das pessoas, sendo
usada para trabalho, lazer e até relacionamentos, conhecimento e busca de
informação em geral. Isto vem acontecendo há 20 anos, porém nos últimos anos
esse consumo tem crescido de maneira muito mais veloz e natural, caracterizando
quase uma “simbiose” entre o homem e a máquina, especialmente pela
popularização dos smartphones. Isso impactou o comportamento humano, com as
pessoas vivendo uma nova forma de ser e estar no mundo.
Por conta disso, hoje se pode encontrar todo tipo de serviço na internet. Podemos
buscar profissionais das mais diversas áreas e até mesmo se vê que muitos
serviços, que até então exigiam estarmos na presença do seu prestador, hoje são
executados de maneira totalmente online. Isso já começa a valer também para a
busca de serviços psicológicos.
A demanda por esse tipo de atendimento já é grande e continua crescendo. Os
motivos que levam as pessoas a procurar essa modalidade de atendimento ao invés
de uma visita ao consultório são os mais diversos: “falta de tempo pela correria do
cotidiano”, o fato da pessoa viver em uma cidade pequena que não tenha
psicólogo, pessoas que estão viajando ou aquelas que vivem em outros países, mas
preferem serem atendidos por um profissional de sua nacionalidade, ou ainda
portadores de problemas de locomoção, por diferentes causas. E há também
aqueles que simplesmente preferem o atendimento online, por exemplo, por
timidez, ficando mais à vontade para se expressar pelo computador.
É preciso que fique claro que, apesar de o atendimento online ser tão eficiente
quanto um presencial, ele não pode ser usado em qualquer situação, e de forma
alguma deve ser visto como um substituto da psicoterapia realizada no consultório.
É apenas mais uma modalidade de atendimento, que pode funcionar muito bem
com algumas pessoas, mas nem tanto com outras. Exatamente como acontece com
as diferentes linhas de atendimento tradicionais.
Por conta disso, o psicólogo precisa estar capacitado para lidar com as
peculiaridades e as nuances de um atendimento online, inclusive para poder
identificar casos eventualmente não indicados para essa forma de atendimento.
Portanto, a princípio, qualquer profissional poderia realizar atendimentos online,
desde que esteja habilitado para tanto e siga as boas práticas que já constituem
uma norma do CFP (Conselho Federal de Psicologia), através da Resolução CFP Nº
012/2005. Assim, para realizar atendimentos via WEB, não basta apenas que esse
profissional crie um site e comece a atender.
Por outro lado, por parte do cliente - assim como acontece antes de um
atendimento em consultório - surgem dúvidas na hora de escolher o profissional.
Além de insegurança que muitos sentem por abrir sua vida a um “desconhecido”,
surge o questionamento se um atendimento à distância realmente é eficiente.
Essas questões são naturais, e a busca de um psicólogo para atendimento online
será sempre mais eficaz se realizada com base nas recomendações de conhecidos
ou de outros profissionais da área. Mas na internet essa busca pode ficar ainda
mais simples e refinada, pois, além de perguntar para seus amigos, a pessoa pode
procurar por recomendações do profissional em redes sociais e sites especializados.
Além disso, se o profissional tiver o seu próprio site, este deverá ser credenciado
pelo CFP, sendo essa, em principio, uma boa referência sobre o profissional.
Cabe sempre relembrar: tudo de novo que vem surgindo com base na virtualidade
é produção do próprio ser humano, trazendo em seu bojo sempre coisas boas e
ruins. Cabe a cada um de nós, bem como aos profissionais que lidam com pessoas
(psicólogos, professores, pedagogos e outros) assumirem uma postura aberta à
nova realidade, para trabalhar na conscientização de um bom uso desses recursos
e serviços que surgem de forma cada vez mais acelerada.
No caso dos psicólogos, será necessário estarem preparados para atender essas
demandas, não só de atendimento online, mas também das queixas relacionados
ao uso da tecnologia que chegam aos consultórios. E não apenas do ponto de vista
técnico e ético, mas também para compreender as novas nuances do
comportamento humano. Exemplo dos problemas que não existiam até bem pouco
tempo são os ligados ao uso das redes sociais, como, por exemplo, a ansiedade
e/ou ciúmes, causados por posts do cônjuge, fenômeno esse que parece amplificar
e intensificar de forma exponencial esse tipo de sentimento.
Para o psicólogo, não basta saber o que é o Facebook ou como usá-lo: é preciso
saber conduzir essas situações trazidas pelos seus clientes com um olhar mais
apurado. E, no caso de atendimentos online, quando o trabalho é realizado por
email, por exemplo, é preciso um treino especial para intuir as emoções que estão
plasmadas em aparentemente simples palavras, mas que vêm carregadas de
sentimentos, angústia, insegurança e outros sentimentos.
Seja como for, o atendimento, online ou presencial, deve ser realizado seguindo o
Código de Ética dos psicólogos, respeitando o sigilo e o cuidado com a intimidade
dos pacientes. E, no caso do atendimento online, existem cuidados adicionais, já
que esta modalidade não consiste de uma mera transposição da terapia
convencional para o mundo digital: ela requer, pelo fato de o profissional não estar
no mesmo ambiente do paciente, cuidados específicos, como criar um canal seguro
para que o que for conversado nas sessões não seja acessado por outras pessoas.
Os profissionais devem se apropriar de seu papel nesse momento para oferecer um
atendimento de qualidade a seus pacientes. Uma boa maneira de se fazer isso é
participando de grupos de estudo ou de cursos de capacitação, como os oferecidos
pelo NPPI (um novo módulo, totalmente online, começa agora em março:
http://www.pucsp.br/pos-graduacao/especializacao-e-mba/psicologia-einformatica-um-panorama-sobre-os-relacionamentos-virtuais-e-os-servicospsicologicos-mediados-por-computadores).
Como se vê, os psicólogos vivem um momento muito rico de amadurecimento de
uma nova modalidade de atendimento. Todos devem participar, seja no seu
trabalho cotidiano, seja por meio de pesquisas nas universidades ou das discussões
propostas nos Conselhos de classe.
Download

A importância dos psicólogos se capacitarem para - PUC-SP