UNIVE RSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAM A DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
MORFOLOGIA, BIOMETRIA E ASPE CTOS DO
DE SENVOLVIMENTO DE OVOS E LARVAS PRÉ-PARASÍTICAS
DE NEMATÓIDE S RHABDITIDA E STRONGYLIDA PARASITOS
GASTROINTESTINAIS DE Hydrochaeris hydrochaeris (LINNAEUS,
1766) (RODENTIA, HYDROCHAERIDAE), NO MUNICÍPIO DE
JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS
Fabiano Matos Vieira
Dissertação apresentada ao Instituto
de Ciências Biológicas, da Universidade
Federal de Juiz de Fora, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Ciências Biológicas (Área de
Concentração em Comportamento e
Biologia Animal).
Juiz de Fora, Minas Gerais
Fevereiro de 2005
ii
UNIVE RSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAM A DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
MORFOLOGIA, BIOMETRIA E ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO
DE OVOS E LARVAS PRÉ- PARASÍTICAS DE NEMATÓIDE S
RHAB DITIDA E STRONGYLIDA PARASITOS GASTROINTESTINAIS
DE Hydrochaeris hydrochaeris (L INNAEUS, 1766) (RODE NTIA,
HYDROCHAERI DAE), NO MUNICÍPI O DE JUIZ DE FORA, MINAS
GERAIS
Fabiano Matos Vieira
Orientadora: Profa. Dra. Elisabeth Cristina de Almeida Bessa
Coorientadora: Profa. MSc. Sueli de Souza Lima
Dissertação apresentada ao Instituto
de Ciências Biológicas, da Universidade
Federal de Juiz de Fora, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Ciências Biológicas (Área de
Concentração em Comportamento e
Ecologia Animal).
Juiz de Fora, Minas Gerais
Fevereiro de 2005
iii
MORFOLOGIA, BIOMETRIA E ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO
DE OVOS E LARVAS PRÉ- PARASÍTICAS DE NEMATÓIDE S
RHAB DITIDA E STRONGYLIDA PARASITOS GASTROINTESTINAIS
DE Hydrochaeris hydrochaeris (L INNAEUS, 1766) (RODE NTIA,
HYDROCHAERI DAE), NO MUNICÍPI O DE JUIZ DE FORA, MINAS
GERAIS
Fabiano Matos Vieira
Orientadora: Profa. Dra. Elisabeth Cristina de Almeida Bessa
Coorientadora: Profa. MSc. Sueli de Souza Lima
Dissertação apresentada ao Instituto
de Ciências Biológicas, da Universidade
Federal de Juiz de Fora, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Ciências Biológicas (Área de
Concentração em Comportamento e
Ecologia Animal).
Aprovada em 25 de fevereiro de 2005.
________________________________________________
Profa. Dra. Delir Correa Gomes Maués da Serra Freire
Fundação Instituto Oswaldo Cruz
______________________________________
Prof. Dr. José Roberto Machado e Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
_______________________________________
Profa. Dra. Elisabeth Cristina de Almeida Bessa
Universidade Federal de Juiz de Fora
iv
aos meus pais, Rosilda e Silas,
e ao meu irmão Bruno
v
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Rosilda e Silas, por serem meu exemplo de vida e de
luta, e por terem me ensinado que na vida tudo é possível. Obrigado pelo
incondicional carinho, incentivo e apoio em todos os caminhos que escolhi
para minha vida, e por compreenderem e perdoarem as minhas ausências, meu
mau humor e a minha rabugice.
Ao meu irmão Bruno, muito obrigado pela força e eterna amizade,
juntamente com meu pedido de desculpas por estar ausente em muitos
momentos difíceis e felizes. Você é meu exemplo de bondade.
À Beth Bessa, pela grande amizade, ajuda e cumplicidade, por sempre
estar ao meu lado em todas as circunstâncias. Que com sua forma apaixonada
de ver a vida, me incentiva e me apóia na busca dos meus objetivos. Obrigado
também por me orientar nesse trabalho, me dando completa liberdade e
segurança, e principalmente por me orientar pelos caminhos da vida.
À Sueli de Souza Lima, que me iniciou no estudo da helmintologia e
com quem a cada dia, e sempre, vou estar aprendendo lições para vida.
Obrigado por sua eterna orientação e por me mostrar que sempre há uma
maneira simples, boa, tranqüila e positiva de ver a vida.
À Paula Ferreira dos Santos, que desde a preparação para prova de
seleção do Mestrado, passando pelas coletas e trabalhos em laboratório, até a
redação da última linha do texto da Dissertação e sua impressão, esteve
vi
presente com sua incontestável amizade e apoio. Uma amiga e irmã que a vida
me presenteou.
Aos amigos Roberto Júnio Dias, Marcos Rogério Soares Lemes (Ayala),
o pequeno Murilo Lemes e Jonas Byk, pela ajuda nas coletas, e sem os quais
esse trabalho não teria sido realizado.
À Sthefane D’Ávila por sua amizade e ajuda, e pelos desenhos que não
entraram na Dissertação. Obrigado pela paz que a sua serenidade e sensatez
proporciona.
À Thatiana de Oliveira Pereira, amiga de todas a horas, principalmente
nos horários alternativos do “terceiro turno”. Pelos inúmeros litros de café,
pelas pizzas, sanduíches e outros quitutes “saudávei
vii
Aos grandes amigos e irmãos Juliana Lanna, Flávia Oliveira Junqueira,
Maria Carolina Soares, Maria Laine Tinoco, Ana Carolina Carvalho, Leonardo
Meireles e Rafael Lopes de França Félix, dos quais morro de saudades e que
mesmo distantes sempre estão torcendo por mim.
Ao amigo Adriano Reder pelas nossas conversas e eternas “viagens”
pela helmintologia.
Aos colegas da turma de mestrado de 2003, obrigado por poder
compartilhar com vocês um dia a dia, quase sempre harmonioso, nesses dois
anos. Alguns certamente serão amigos para toda a vida.
Aos
amigos
(sem
ordem
de
preferência)
Iara
Novelli,
Leandra
Gonçalves, Camilla Medeiros, Eloá Arévalo, Carla Nascimento, Usha Vashist,
Cecília Maria Magalhães, Danielle Paiva, Juliane Lopes, Juliana Lanini,
Ariane Melo, Maria Isabel Macedo, Fernanda Karina, Daniela Lemos (Cuca),
Cíntia Stefani, Isabel Martinele, Patrícia Costa Fazza, Luiz Francisco Fazza,
Fabrício Horta, Daniel Muzzi, Moara Lemos, Thiago Elisei, André Flávio
Rodrigues, Alexsander Amorim, Diego Pandelo, João Paulo Braga, obrigado
pela ajuda, pelos inúmeros momentos de alegria e por toda torcida.
À Rosângela por sua eterna alegria e bom humor. E pelo dom de deixar
as pessoas mais alegres por onde passa.
Ao Osmar Goulart e Marlú Ferreira pela incansável ajuda e pela
disponibilidade. Obrigado também pela amizade e pelas agradáveis conversas
regadas a cafezinho nas tardes da Pós-graduação.
Às tias Rosane, Roseli e Rosélia, e aos primos Maurício e Carla,
Marcelo e Angélica, por toda força e pela eterna torcida.
À Coordenação do curso de Ciências Biológicas – Comportamento e
Biologia Animal da UFJF, que sempre colaborou com tudo que fosse
necessário para realização deste e de outros trabalhos.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) cuja concessão da bolsa, durante os dois anos de Curso, foi
fundamental para realização deste trabalho.
À todas pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para que este
trabalho pudesse ser realizado.
viii
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS.....................................................................................................
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................
RESUMO.........................................................................................................................
ABSTRACT.....................................................................................................................
INTRODUÇÃO...............................................................................................................
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................
1.Local de realização dos trabalhos.....................................................................
2. Coleta e seleção das fezes................................................................................
2.1. Coleta......................................................................................................
2.2. Seleção do material para os experimentos.............................................
3. Estudos de morfologia e biometria de ovos e larvas.......................................
3.1. Procedimentos laboratoriais....................................................................
3.2. Estudos morfológicos e biométricos de ovos.........................................
3.3. Estudos morfológicos e biométricos dos estágios larvais de vida
livre................................................................................................................
4. Estudos de desenvolvimento de ovos e larvas de vida livre............................
5. Análise estatística............................................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................
1. Caracterização morfológica e biométrica dos ovos.........................................
1.1. Morfologia e biometria de ovos de nematóides Rhabditida...................
1.1.1. Desenvolvimento de ovos de nematóides da ordem Rhabditida
parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris..................................
1.2. Morfologia e biometria ovos de nematóides Strongylida.......................
1.2.1. Desenvolvimento de ovos de nematóides da ordem
Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris...............
2. Caracterização morfológica e biométrica dos estágios larvais de vida livre...
2.1. Larvas de nematóides da ordem Rhabditida parasitos de
Hydrochaeris hydrochaeris...............................................................
2.1.1. Larvas de primeiro estágio (L1).............................
2.1.1.1.Desenvolvimento de larvas de primeiro estágio de
nematóides da ordem Rhabditida parasitos de
Hydrochaeris hydrochaeris..........................................
2.1.2. Larvas de segundo estágio (L2)..................................................
2.1.2.1. Desenvolvimento de larvas de segundo estágio de
nematóides da ordem Rhabditida parasitos de
Hydrochaeris hydrochaeris..........................................
2.1.3. Larvas de terceiro estágio (L3)..................................................
2.1.3.1. Desenvolvimento de larvas de terceiro estágio de
Strongyloides sp parasitos de Hydrochaeris
hydrochaeris.................................................................
2.2. Larvas de nematóides da ordem Strongylida parasitos Hydrochaeris
hydrochaeris......................................................................................
2.2.1. . Larvas de primeiro estágio (L1)................................................
viii
ix
xiii
xv
1
3
7
7
7
7
9
9
9
10
11
12
13
13
14
17
20
27
30
30
30
33
33
38
41
47
49
49
ix
2.2.1.1.Desenvolvimento de larvas de primeiro estágio de
nematóides da ordem Strongylida parasitos de
Hydrochaeris hydrochaeris..........................................
2.2.2. Larvas de segundo estágio (L2)..................................................
2.2.2.1. Desenvolvimento de larvas de segundo estágio de
nematóides da ordem Strongylida parasitos de
Hydrochaeris hydrochaeris..........................................
2.2.3. Larvas de terceiro estágio (L3)..................................................
2.2.3.1. Desenvolvimento de larvas de terceiro estágio de
nematóides da ordem Strongylida parasitos de
Hydrochaeris Hydrochaeris.........................................
CONCLUSÃO ................................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................
52
55
60
61
73
75
77
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Dados relativos a biometria de ovos do tipo Rhabditida, encontrados em fezes de
Hydrochaeris hydrochaeris.................................................................................................
15
Tabela 02. Dados relativos a biometria dos estágios de desenvolvimento dos ovos do tipo
Strongylida,
encontrados
em
fezes
de
Hydrochaeris
hydrochaeris............................................................................................................................. 23
Tabela 03. Dados comparativos dos ovos do tipo Strongylida, contidos em fezes de
Hydrochaeris hydrochaeris, e de V. hydrochoeri e H. anomalobursata, contidos no útero
das fêmeas................................................................................................................................ 25
Tabela 04. Dados comparativos dos ovos do tipo Strongylida, contidos em fezes de
Hydrochaeris hydrochaeris, e de Trichostrongylus spp e Haemonchus spp, contidos no
útero das fêmeas......................................................................... ............................................. 26
Tabela 05. Dados comparativos dos ovos do tipo Strongylida, contidos em fezes de
Hydrochaeris hydrochaeris, e de Cooperia pectinata e C. punctata, contidos no útero das
fêmeas...................................................................................................................................... 26
Tabela 06. Dados de biometria das larvas de primeiro estágio de nematóides Rhabditida,
parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris.................................................................................. 31
Tabela 07. Dados de biometria das larvas de segundo estágio recém mudadas de nematóides
Rhabditida, parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris ...........................................
35
Tabela 08. Dados de biometria das larvas de segundo estágio, antes da muda para L3, de
nematóides Rhabditida, parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris............................................ 38
Tabela 09. Dados de biometria das larvas de terceiro estágio de nematóides Rhabditida,
parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris.................................................................................. 43
Tabela 10. Dados de biometria das larvas de primeiro estágio de nematóides Strongylida,
parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris.................................................................................. 51
x
Tabela 11. Dados comparativos das L1 de Strongylida, parasitos de Hydrochaeris
hydrochaeris e L1 de Haemonchus spp.................................................................................... 52
Tabela 12. Dados de biometria das larvas de segundo estágio recém mudadas, de
nematóides Strongylida, parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris.......................................... 57
Tabela 13. Dados biométricos comparativos entre as L2 de nematóides Strongylida parasitos
de Hydrochaeris hydrochaeris e L2 de Cooperia spp..............................................
57
Tabela 14. Dados de biometria das L2 antes da muda para L3, de nematóides Strongylida,
parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris.................................................................................. 59
Tabela 15. Dados de biometria das L3 de nematóides Strongylida, parasitos de
Hydrochaeris hydrochaeris...................................................................................................... 66
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Área da represa de São Pedro..................................................................................
8
Figura 02. A e B. margens da represa; C. trilha entre a vegetação; D. aspecto das fezes no
momento da coleta.................................................................................................................... 8
Figura 03. Tamanho dos ovos do tipo Rhabditida e Strongylida de nematóides
gastrointestinais parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris....................................................... 14
Figura 04. Ovo do tipo Rhabditida encontrado em fezes de Hydrochaeris hydrochaeris
(escala=10µm)......................................................................................................................... 15
Figura 05. Número médio de ovos de Strongyloides sp por grama de fezes (OPG) de
Hydrochaeris hydrochaeris, durante 24 horas, sob três condições de temperaturas constantes
(A.20ºC,
B.
26ºC,
C.30ºC)
e
umidade
relativa
=
90%........................................................................................................................................... 19
Figura 6. Ovo do tipo Strongylida no estágio de mórula (escala = 10µm), b. detalhe das
camadas da casca (escala = 2µm) (MIC – Membrana interna da casca; MEC – Membrana
externa da casca)....................................................................................................................... 20
Figura 7. Estágios de desenvolvimento dos ovos do tipo Strongylida de nematóides parasitos
de Hydrochaeris hydrochaeris. a. estágio de mórula; b,c. gástrula; d,e,f. “tad pole”; g,h,i.
larvado
(escala
=
10µm)........................................................................................................................................ 21
Figura 08. Dados relativos ao comprimento dos ovos do tipo Strongylida..............................
22
Figura 09. Dados relativos à largura dos ovos do tipo Strongylida..........................................
22
Figura 10. Número médio de ovos de nematóides Strongylida por grama de fezes (OPG) de
Hydrochaeris hydrochaeris, durante 24 horas, sob três condições de temperaturas constantes
(A.20ºC,
B.
26ºC,
C.30ºC)
e
umidade
relativa
=
90%........................................................................................................................................... 29
Figura 11. L1 de nematóides Rhabditida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris. a. vista
geral (escala=10µm), b. região anterior (escala=10µm), c. detalhe da extremidade anterior
xi
(escala=5µm), d. cauda da larva (escala=10µm), e. detalhe do primórdio genital)
(escala=10µm).......................................................................................................................... 32
Figura 12. L2 recém mudada de nematóides Rhabditida parasitos de Hydrochaeris
hydrochaeris. a. Vista dorsal da região anterior, b. Detalhe do esôfago
(escala=20µm).......................................................................................................................... 34
Figura 13. L2 antes da muda para L3. a. região anterior, detalhe do tamanho do esôfago
(escala=20µm); b. extremidade anterior detalhe da muda para L3 (escala=20µm); c. cauda,
detalhe da muda para L3 (escala=20µm); d. região da junção esôfago intestinal)
(escala=10µm).......................................................................................................................... 37
Figura 14. Percentual de estágios larvais de Strongyloides sp, em fezes de Hydrochaeris
hydrochaeris, durante 24 horas, sob três condições de temperaturas constantes (A.20ºC, B.
26ºC, C.30ºC) e umidade relativa = 90%.................................................................................. 40
Figura 15. L3 de nematóides Rhabditida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris. a. vista
geral (escala=30µm); b. região anterior (escala=10µm); c. cauda da larva (escala=20µm); d.
extremidade
anterior
(escala=10µm);
e.
região
da
junção
esôfago
intestinal)(escala=10µm).......................................................................................................... 42
Figura 16a. Dados relativos ao comprimento total dos estágios larvais de nematóides
Rhabditida de Hydrochaeris hydrochaeris............................................................................... 42
Figura 16b. Dados relativos a largura da região da junção esôfago intestinal dos estágios
larvais de nematóides Rhabditida de Hydrochaeris hydrochaeris........................................... 43
Figura 16c. Dados relativos ao comprimento do esôfago dos estágios larvais de nematóides
Rhabditida de Hydrochaeris hydrochaeris................................................................................ 43
Figura 16d. Dados relativos ao tamanho de cauda dos estágios larvais de nematóides
Rhabditida de Hydrochaeris hydrochaeris............................................................................... 44
Figura 17. Biometria comparativa do comprimento total das L3 de Rhabditida do presente
estudo, com as L3 de Strongyloides spp parasitos de mamíferos............................................. 46
Figura 18. Percentual de estágios larvais de Strongyloides sp, em fezes de Hydrochaeris
hydrochaeris, durante 10 dias, sob três condições de temperaturas constantes (A.20ºC, B.
26ºC, C.30ºC) e umidade relativa = 90%.................................................................................. 48
Figura 19. L1 de nematóides Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris. a. vista
geral; b. detalhe da extremidade anterior, c. regi.ao anterior, d. detalhe do primórdio
genital)(escala=20µm).............................................................................................................. 50
Figura 20. Percentual de estágios larvais de nematóides Strongylida, em fezes de
Hydrochaeris hydrochaeris, durante 24 horas, sob três condições de temperaturas constantes
(a.20ºC, b. 26ºC, c.30ºC) e umidade relativa = 90%...............................................
54
Figura 21. L2 recém mudada de nematóides Strongylida parasitos de Hydrochaeris
hydrochaeris. a. vista geral; b. detalhe da extremidade anterior; c. região anterior; d. região
da junção esôfago intestinal, e. cauda da larva; f.detalhe do primórdio genital, g. cauda da
larva no momento da muda de L1 para L2 (escala=25µm)......................................................
56
xii
Figura 22. L2 antes da muda para L3. a. Larva do morfotipo A; b. Larva do morfotipo B
(escala=50µm) ......................................................................................................................... 58
Figura 23. L2 antes da muda para L3. a. Região anterior; b. cauda da larva do morfotipo A;
c. cauda da larva do morfotipo C) (escala=50µm)................................................................... 59
Figura 24. L3 de nematóides Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris a.
Morfotipo A, b. Morfotipo B (escala=50µm)........................................................................... 62
Figura 25. L3 de nematóides Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris a. região
anterior, b. detalhe dos corpos refringentes na extremidade anterior, c. detalhe da cavidade
bucal, d. região da junção esôfago-intestino, detalhe poro e ducto excretor
(escala=10µm).......................................................................................................................... 63
Figura 26. L3 de nematóides Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris. a.
Detalhe da cauda do Morfotipo A. b. Detalhe da cauda do Morfotipo B.
(escala=20µm)........................................................................................................................... 63
Figura 27. L3 de nematóides Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris. a. Cauda
da larva e da bainha do Morfotipo A, b. Ponta da cauda da larva do Morfotipo A, c. Cauda da
larva e da bainha do Morfotipo B, d,e. Ponta da cauda da larva do Morfotipo B
(escala=5µm).............................................................................................................................. 65
Figura 28. Dados relativos ao comprimento da cauda da bainha das L3 de Strongylida de
Hydrochaeris hydrochaeris .................................................................................................... 67
Figura 29. Dados relativos ao comprimento total dos estágios larvais Strongylida de
Hydrochaeris hydrochaeris .................................................................................................... 67
Figura 30. Dados relativos a largura dos estágios larvais Strongylida de Hydrochaeris
hydrochaeris............................................................................................................................. 68
Figura 31. Biometria comparativa do comprimento total dos morfotipos das L3 de
Strongylida do presente estudo, com as L3 de Trichostrongylus spp parasitos de
mamíferos................................................................................................................................... 70
Figura 32. Biometria comparativa do comprimento total dos morfotipos das L3 de
Strongylida do presente estudo, com as L3 de Cooperia spp parasitos de
mamíferos................................................................................................................................. 71
Figura 33. Biometria comparativa do comprimento total dos morfotipos das L3 de
Strongylida do presente estudo, com as L3 de Haemonchus spp parasitos de
mamíferos................................................................................................................................. 72
Figura 34. Percentual de estágios larvais de nematóides Strongylida, em fezes de
Hydrochaeris hydrochaeris, durante 10 dias, sob três condições de temperaturas constantes
(A.20ºC, B. 26ºC, C.30ºC) e umidade relativa = 90%.............................................................. 74
xiii
RESUMO
A capivara (Hydrochaeris hydrochaeris Linnaeus, 1766) é um roedor silvestre
cujo interesse econômico está principalmente relacionado a produção de carne
e couro. Diversos estudos mostram que es ta espécie de roedor é parasitada por
diversos
helmintos,
dentre
eles
os
nematóides
Rhabditida
da
espécie
Strongyloides chapini Sandground, 1925 e Strongylida das espécies Viannella
hydrochoeri (Travassos, 1914), Hydrochoerisnema anomalobursata Arantes &
Artigas, 1980, que são naturais de capivara, além de Cooperia punctata (Von
Linstow, 1907), C. pectinata Ranson, 1907, Haemonchus sp (Cobb, 1898) e
Trichostrongylus axei (Cobb, 1879), nematóides estrongilídeos relatados
como parasitos acidentais. Uma importante alternativa para o diagnóstico e
estudo da helmintofauna de animais silvestres, dentre estes a capivara, é o
processamento
de
fezes
para
obtenção
de
ovos
e
larvas,
visando
a
identificação dos parasitos e estudos relativos a sua morfobiologia. Buscando
fornecer dados morfológicos, biométricos e da biologia de ovos e larvas pré
parasíticas de nematóides parasitos gastrointestinais de capivara, foi realizado
o presente estudo. Utilizando-se as técnicas de Gordon & Whitlock, Flutuação
simples e Baermann modificada, amostras fecais de capivara coletadas no
município de Juiz de Fora, foram selecionadas utilizando-se como critérios a
maior proporção de ovos e larvas em
estágios iniciais desenvolvimento. As
xiv
fezes selecionadas foram destinadas a estudos morfológicos e biométricos de
ovos e larvas nos diversos estágios de desenvolvimento e estudos relativos ao
seu
desenvolvimento
durante
10
dias
consecutivos,
sob
condições
de
temperatura controlada, de 20ºC, 26ºC e 30ºC, e umidade relativa em torno de
90%. Foram caracterizados e diferenciados morfometricamente ovos, L1, L2 e
L3 de nematóides R habditida e Strongylida, provavelmente das espécies S.
chapini, V. hydrochoeri e H. anomalobursata. Observou-se que nas três
temperaturas estudadas ocorre o pleno desenvolvimento dos ovos até L3,
sendo
que a
duração do
proporcional a temperatura.
período
de desenvolvimento
é
inversamente
xv
MORPHOLOGY, BIOMETRY AND ASPECT S OF THE DEVELOPMENT
OF EGGS AND PREPARASITIC LARVAE OF RHABDITIDA AND
STRONGYLIDA GASTROINTESTINAL NEMATODE S PARASITE S OF
Hydrochaeris hydrochaeris (L INNAE US, 1766) (RODENTIA,
HYDROCHAE RIDAE), IN JUI Z DE FORA CIT Y, MINAS GERAIS
ST ATE
ABSTRACT
Capybara (Hydrochaeris hydrochaeris Linnaeus, 1766) is a wild rodent whose
economic interest is mainly related to the meat and leather production. Many
studies shows that this rodent species is parasited by diverse helmints,
amongst
them
the
Rhabditida
nematode
of
the
Strongyloides
chapini
Sandground, 1925 species and Viannella hydrochoeri (Travassos, 1914) and
Hydrochoerisnema anomalobursata Arantes & Artigas, 1980 species of the
Strongylida group, natural parasites of capybara, beyond C ooperia punctata
(Von Linstow, 1907), C. pectinata Ranson, 1907, Haemonchus sp. (Cobb,
1898) and Trichostrongylus axei (Cobb, 1879), strongilid nematodes known as
accidental parasites. An important alternative for the diagnosis and study of
wild animals helmintofauna, amongst these the capybaras, is the excrement
processing for attainment of eggs and larvae, aiming to identify the parasites
xv
xvi
and study its morphobiology. Intending to furnish morphologic, biometric and
egg biology data of preparasitic gastrointestinal nematode larvae of capybara,
was realized the present study. Using Gordon & Whitlock techniques, simple
fluctuation and modified Baermann, capybara fecal samples collected in Juiz
de Fora city were s elected using as criteria the biggest ratios of eggs and
larvae in initial periods of development. The selected excrements were
destined to morphologic and biometric studies of eggs and larvae in the
diverse periods of development and studies relating to its development during
10 consecutive days, under conditions of controlled temperature of 20ºC,
26ºC and 30ºC, and relative humidity maintained around 90%. They were
characterized and morphometrically differentiated: eggs, L1, L2 and L3 of
Rhabditida and Strongylida nematodes, probably of S. chapini, V. hydrochoeri
and H. anomalobursata species. It was observed that in the three studied
temperatures the full development of eggs occurs until L3, being that the
duration of the period of development is inversely proportional to the
temperature.
INTRODUÇÃO
O
interesse
pelo
estudo
da
helmintofauna
de
Hydrochaeris
hydrochaeris (Linnaeus, 1766) (Rodentia, Hydrochaeridae), popularmente
conhecido como capivara, está vinculado especialmente à imp
2
relatados em capivaras como parasitos acidentais (A R A N T E S , 1983), como é o
caso
de
Trichostrongylus
axei
(Cobb,
1879)
(Trichostrongyloidea,
Trichostrongylidae); Haemonchus s p (Cobb, 1898) (Trichostrongyloidea,
Trichostrongylidae); Cooperia pectinata Ranson, 1907 (Trichostrongyloidea,
Trichostrongylidae);
Cooperia
punctata
(Von
Linstow,
1907)
(Trichostrongyloidea, Trichostrongylidae) (A R A N T E S , 1983).
Nos estudos sobre a helmintofauna de mamíferos domésticos, como
canídeos, bovinos, equinos e caprinos, o diagnóstico coprológico se constitui
em uma importante alternativa para o conhecimento dos parasitos, pois não
exige o sacrifício dos hospedeiros. Mas , para que esse tipo diagnóstico seja
utilizado, é necessário o estudo prévio dos ovos e estágios larvais das
espécies de parasitos, assim como de alguns aspectos da biologia.
Da mesma forma, o diagnóstico coprológico pode ser de grande valia
nos estudos da helmintofauna de mamíferos silvestres brasileiros. Porém, a
maior dificuldade para que esta forma de diagnóstico seja utilizada, se deve a
escassez de dados a respeito dos aspectos morfológicos, biométricos e do
desenvolvimento de ovos e larvas dos helmintos desses hospedeiros.
No caso dos nematóides das ordens Rhabditida e Strongylida parasitos
naturais de H. hydrochaeris, dados relativos a morfologia e biometria das
fases não parasitárias (ovos e larvas) e ao seu desenvolvimento são
inexistentes. Buscando suprir tal necessidade, este trabalho teve como
objetivos
fornecer
dados
morfológicos
e
biométricos
das
fases
não
parasitárias desses nematóides, como também elucidar alguns aspectos do seu
desenvolvimento, sob condições de laboratório.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1. Registros de espécies, morfologia, biometria e desenvolvimento de
nematóides da ordem Rhabditida em Hydrochaeris hydrochaeris
1.1. Strongyloides
chapini
Sandground,
1925
(Rhabditoidea,
Strongyloididae)
Em 1925, S A N D G R O U N D descreveu a espécie Strongyloides chapini a
partir de três espécimes do sexo feminino coletados do intestino de um
exemplar de H. hydrochaeris proveniente do Parque Zoológico Nacional de
Washington, Estados Unidos da América. O autor registrou s omente o
comprimento total, comprimento do esôfago e tamanho da cauda das fêmeas
dos nematóides, não fazendo nenhuma referência aos ovos e aos estágios
larvais dessa nova espécie de Strongyloides.
Desde então, são es cassos os trabalhos a respeito do parasitismo por
nematóides
dessa
espécie
em
H.
hydrochaeris.
Após
o
trabalho
de
S A N D G R O U N D (1925), o primeiro registro de S. chapini foi realizado por
A R A N T ES et al. (1985) em capivaras dos estados de São Paulo e Mato Grosso
do Sul, Brasil. Após este trabalho, S. chapini foi relatada novamente no
Estado de Mato Grosso do Sul por C O S T A & C A T T O (1994) e B O N U T I et al.
(2002), e no Rio Grande do Sul por S I N K O C (1997). Nenhum desses trabalhos
4
se referem aos ovos e larvas dessa es pécie de nematóide ou mencionam algum
aspecto do seu desenvolvimento.
Cabe destacar também que são inexistentes os relatos sobre nematóides
de outras espécies da ordem Rhabditida parasitando o trato gastrointestinal de
H. hydrochaeris no Brasil ou em outros países.
2. Registros de espécies, morfologia, biometria e desenvolvimento de
nematóides da ordem Strongylida em Hydrochaeris hydrochaeris
2.1. Viannella
hydrochoeri
(Travassos,
1914)
(Trichostrongyloidea,
Viannaiidae)
O gênero Viannaia f oi proposto por T R A V A S S O S (1914) para acomodar
uma série de espécies de parasitos do trato gastrointestinal de mamíferos,
dentre estas uma denominada Viannaia hydrochoeri, que foi encontrada
parasitando o intestino delgado de H. hydrochaeris, no estado do Rio de
Janeiro, Brasil. Devido a conformação característica dos raios da bolsa
copuladora e dos espículos de V. hydrochoeri, em 1918, T R A V A S S O S propõe a
criação de um novo gênero denominado Viannella, sugerindo uma nova
combinação para o parasito intestinal de capivaras: Viannella hydrochoeri.
Esta espécie já foi registrada em capivaras de várias localidades
brasileiras e em outros países da América do Sul. No Brasil, no estado de
Mato Grosso, V. hydrochaeri foi relatada em capivaras por T R A V A S S O S et al.
(1927). Em Mato Grosso do Sul foi relatada por A R A N T E S (1983), C OS T A &
C AT T O (1994) e B O N U T T I et al.(2002). No estado de Minas Gerais foi
registrada em capivaras por L O U Z A D A et al.(2001). Em capivaras do Paraná há
o relato de T R A V A S S O s (1945). E no R io Grande do Sul esta espécie foi
relatada em intestino delgado de capivaras por S I N K O C (1997) e R I B EI R O
(2002).
Existem registros de V. hydrochoeri em capivaras na Argentina
(L O M B A R D E R O & M O RI E N A , 1973), no Peru (T A N T A L E A N ,
1976) e na
Venezuela (M A Y U D O N -T A R B ES , 1979 e S A L A S & H E R R E R A , 2004).
As únicas referências aos ovos desta espécie, são relatos de biometria
de ovos obtidos do útero das fêmeas. T R A V A S S O S (1914) informa que os ovos
5
possuem em média 45µm de comprimento e 31µm de largura. A R A N T E S (1983)
mensurou 20 ovos registrando uma média de 54µm de comprimento por 30µm
de largura, e R I BE I R O (2002) relatou como resultado da mensuração de 10
ovos uma média de 41µm de comprimento e 29µm de largura.
São inexistentes as informações a respeito dos estágios de desenvolvimento dos ovos,
assim como dos estágios larvais desta espécie de nematóide.
2.2. Hydrochoerisnema anomalobursata Arantes & Artigas, 1980 (Trichostrongyloidea,
Viannaiidae)
A R A N T ES & A R T I G A S (1980) descreveram um novo gêne6to erês s
6
Os registros de outras espécies de nematóides da ordem Strongylida em
capivaras são escassos. Geralmente, essas ocorrências estão associadas a
convivência de bovinos, caprinos, ovinos e eqüinos nas mesmas áreas que
servem de habitat para capivaras (A R A N T E S , 1983). Dessa forma, foram
registrados em capivaras somente nematóides Strongylida, pertencentes a
superfamília Trichostrongyloidea, das espécies Trichostrongylus axei (Cobb,
1879) (Trichostrongylidae) (A R A N T E S , 1983; C O S T A & C A T T O , 1994; B O N U T I
et al. 2002); Haemonchus sp (Cobb, 1898) (Trichostrongylidae) (A R A N T E S ,
1983); Cooperia pectinata Ranson, 1907 (Trichostrongylidae) (A R A N T E S ,
1983);
Cooperia
punctata
(Von
Linstow,
1907)
(Trichostrongylidae)
(A R A N T E S , 1983), todas em animais oriundos do estado de Mato Grosso do
Sul.
Diferente do que ocorre com as outras espécies da superfamília
Trichostrongyloidea parasitos de capivaras, as espécies T. axei, Haemonchus
sp, C. pectinata e C. punctata, possuem elucidados alguns aspectos relativos à
morfologia e biometria de ovos e estágios larvais de vida livre, assim como
seu desenvolvimento sob condições simuladas e naturais.
MATERIAL E MÉTODOS
1. Local de realização dos trabalhos
Os estudos foram realizados nos Laboratórios I e II do Prédio da Pósgraduação em Ciências Biológicas – Comportamento e Ecologia Animal
DZOO/ICB/UFJF
2. Coleta e seleção das fezes
2.1. Coleta
As fezes foram coletadas na área da represa de São Pedro
(21º46’35’’ S. e 43º24’27’’ W; 849,9m de altitude) (FIG.01), setor
oeste do município de Juiz de Fora, MG, entre os meses de abril e
novembro de 2004, por volta das 08:00h.
O material foi coletado de forma manual, com auxílio de sacos
plásticos, diretamente do solo de clareiras na vegetação, de trilhas (FIG
02c) e da margem da represa (FIG.02a,b). Foi utilizado como critério de
seleção das fezes, aquelas que apresentavam o aspecto de recém
eliminadas, ou seja, as que ainda se apresentavam quentes, com
8
superfície brilhosa e úmida, sem a presença de moscas ou outros
organismos (FIG. 02d). Após coletado, o material foi acondicionado em
sacos
plásticos
identificados
numericamente,
de
acordo
com
a
localização em campo, e armazenado em bolsa térmica refrigerada, com
temperatura em torno de 7ºC, para cessar o desenvolvimento dos ovos e
larvas, sendo posteriormente triado e selecionado em laboratório.
Fi gu r a 0 1. Ár ea da r e pr e sa de Sã o Pe d r o ( 21º46’35’’S. e
43º24’27’’W; 849, 9m de altitude), l oc al iz a da n o
se t or oe st e d o m u n ic í p i o de J ui z de F ora ,
M G.
A
B
C
D
Fi gu r a 0 2. A e B . mar ge n s d a r e pr esa ; C. tr i lh a e n t re a ve ge t a çã o; D.
as pe ct o d as f ez e s n o mo me n t o da c ol e t a.
9
2.2. Seleção do material para os experimentos
No laboratório, todas as amostras fecais foram submetidas às técnicas
de Flutuação simples e de Gordon & Whitlock (1939) modificada, segundo
U E N O & G O N Ç A L V E S (1998), para o diagnóstico e a quantificação de ovos de
nematóides gastrointestinais, e à técnica de Baermann modificada (U E N O &
G O N Ç A L V E S , 1998), para o diagnóstico e a coleta de larvas de nematóides
pulmonares e gastrointestinais.
As fezes selecionadas para os registros de morfologia e biometria
foram aquelas que apresentaram a maior proporção de ovos nos estágios
iniciais de desenvolvimento (no estágio de mórula) para nematóides
Strongylida e de larvas de primeiro estágio para nematóides da ordem
Rhabditida.
O material selecionado foi homogeneizado e dividido em sub-amostras que foram
destinadas para os experimentos.
3. Estudos de morfologia e biometria de ovos e larvas
3.1. Procedimentos laboratoriais
As amostras selecionadas foram divididas em culturas de 10g de fezes,
montadas em copos de vidro com capacidade de 250ml, cobertos com placas
de Petri de tamanho 100mm X 15mm e mantidas em estufa incubadora para
B.O.D. com temperaturas de 20ºC, 26ºC e 30ºC e umidade relativa em torno
de 90%. Essas fezes foram submetidas às técnicas de flutuação simples (U E N O
& G O N Ç A L V E S , 1998), para coleta dos ovos; à técnica de Baermann
modificada (U E N O & G O N Ç A L V E S , 1998), para coleta de larvas de primeiro,
segundo e terceiro estágios; e à coproculturas segundo técnica de Roberts &
O`sullivan (1950) (U E N O & G O N Ç A L V E S , 1998), para coleta de larvas de
terceiro estágio.
Os
registros
morfométricos
microscópio Olympus
foram
realizados
com
o
auxílio
de
BX 50 equipado com ocular micrométrica. As
fotografias foram realizadas utilizando-se equipamento fotográfico Olympus
10
PM–C35B e câmara fotográfica digital Sony C yber-shot
DSC -P52 com 3.2
mega pixels de resolução, acoplados ao referido microscópio.
3.2. Estudos morfológicos e biométricos de ovos
As descrições morfológicas e a biometria dos ovos foram realizadas
durante as primeiras 24 horas após as coletas das fezes, em intervalos de três
horas (tempo necessário para execução de todas as técnicas e registro dos
dados). No total, foram observados e mensurados no mínimo 50 ovos em cada
estágio de desenvolvimento. Para cada ovo foi realizado o registro do estágio
de desenvolvimento, do maior comprimento e da maior largura.
Os ovos de Rhabditida foram identificados segundo L I TT L E (1966a) e
C H RI S T E N S O N
(1974).
Os
estágios
de
desenvolvimento
dos
ovos
de
Strongylida foram identificados segundo critérios estabelecidos por M A R Q U E S
(1982), visto que os ovos, em seus variados estágios de desenvolvimento,
foram divididos e organizados em quatro categorias: mórula, gástrula, “tad
pole” (girinóide) e larvado. A descrição morfológica foi realizada segundo
L I T TL E (1966a), C H R I S T E NS O N (1974), S H O R B (1940) e K A T ES & S H O R B
(1943).
3.3.
Estudos morfológicos e biométricos dos estágios larvais de vida livre
Os registros morfológicos e biométricos dos estágios larvais de vida
livre foram realizados durante as primeiras 24 horas após cada coleta, em
intervalos de três horas, prosseguindo-se em intervalos de 24 horas, até o
surgimento das larvas de terceiro estágio, durante nove dias consecutivos.
Para cada estágio de desenvolvimento foram observadas e mensuradas no
mínimo 30 larvas, que foram mortas em solução de lugol, e montadas entre
lâmina e lamínula para visualização ao microscópio. As larvas de cada ordem
foram agrupadas em quatro grupos distintos: L1 recém eclodida (L1), L2
recém mudada, L2 em estágio de transição para L3 (L2-L3) e L3, que foram
identificadas e diferenciadas em morfotipos.
As larvas de Rhabditida de primeiro, segundo e terceiro estágios foram
descritas segundo L I T T LE (1966a), sendo identificadas até a categoria de
gênero.
11
As larvas de primeiro e segundo estágios de Strongylida foram
mensuradas e descritas segundo padrões estabelecidos por R O D RI G U E S (1980),
as larvas de terceiro estágio foram identificadas taxonomicamente até a
categoria de ordem, mensuradas e descritas segundo e D I C K M A N S & A N D R E WS
(1933), K E I T H
(1953 in U E N O & G O N Ç A L V E S , 1998), H A N S E N & S H I V N A N I
(1956).
4. Estudos de desenvolvimento de ovos e larvas de vida livre
As coletas de fezes para a realização dos estudos ocorreram pela manhã,
por volta das 08:00h, e até que o material ideal para a realização dos estudos
fosse selecionado, foram necessárias três horas, portanto, as observações do
desenvolvimento se iniciaram por volta das 11:00h. Assim que coletadas, as
fezes
foram
armazenadas
em
bolsa
refrigerada
a
7ºC,
para
que
o
desenvolvimento dos ovos e larvas fosse cessado, sendo mantidas sob
refrigeração até a montagem das culturas. Dessa forma, os horários de início
dos experimentos serão considerados como se fossem o momento da coleta.
O desenvolvimento dos ovos e dos estágios larvais foi observado sob
condições constantes de temperatura e umidade relativa. As culturas foram
mantidas em estufa incubadora para B.O.D. com umidade relativa acima de
90% e submetidas a três temperaturas: 20ºC, 26ºC e 30ºC, que estão
compreendias na f aixa das temperaturas médias registradas na estação
chuvosa no município de Juiz de Fora, MG (Fonte: Estação Climatológica
Principal, Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental/UFJF), local da
coleta das fezes e de realização dos experimentos.
Os estudos do desenvolvimento de ovos foram realizados durante as
primeiras 24 horas após a coleta. Em cada temperatura, a cada três horas, três
culturas fecais foram submetidas às técnicas de flutuação simples e Gordon &
Whitlock (U E N O & G O N Ç A L V E S , 1998), das quais foram obtidos ovos que
foram quantificados de acordo com os estágios de desenvolvimento.
O desenvolvimento dos estágios larvais foi observado durante as
primeiras 24 horas após a coleta e durante dez dias consecutivos. Nas
primeiras 24 horas, cada três horas, três culturas fecais foram submetidas à
técnica de Baermann modificada (U E N O & G O N Ç A L V E S , 1988), das quais
12
foram coletadas larvas em diferentes estágios, estas foram identificadas e
quantificadas de acordo
com
seu morfotipo. Da mesma
forma, essas
observações prosseguiram durante nove dias consecutivos a cada 24 horas,
totalizando 10 dias de observação do desenvolvimento.
5. Análise estatística
As análises estatísticas foram realizadas com auxilio do Software SPSS 8.0
for
Windows, e consistiram na realização das estatísticas descritivas e na utilização do teste
ANOVA (p<0,05) para verificação das diferenças entre as médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1.
Caracterização morfológica e biométrica dos ovos
No presente estudo foi observada a presença de ovos de nematóides de dois tipos,
divididos em dois grupos: Rhabdtida e Strongylida. Estes, foram diferenciados por três
fatores:
1º) Tamanho dos ovos: comprimento X largura (FIG. 03)
2º) Estágio de desenvolvimento embrionário no início das observações
3º) Número e espessura de camadas da casca do ovo
Os ovos do tipo Rhabditida possuem, em média, menor comprimento e largura
(51,5µm x 30,0µm), apresentando no início das observações, a larva de primeiro estágio já
desenvolvida. Os ovos do tipo Strongylida possuem, em média, maior tamanho (69,9µm x
37,0µm), e no início das observações se apresentaram nos estágios de mórula e gástrula. Esta
diferença entre o tamanho, que permite a distinção dos ovos em dois tipos, é confirmada pelo
teste ANOVA e demonstrada na FIG. 03.
14
!"
Fi gu r a 0 3. T a ma n h o d os o v os d o t i p o R h a b di ti d a e
Str on g yl i d a de ne m at ó i de s ga s tr oi n te st i na is
p ar a si t os d e H y d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s
1.1. Morfologia e Biometria de Ovos de nematóides Rhabditida
Estes
ovos
se
caracterizaram
por
apresentar
forma
elipsoidal,
extremidades polares simétricas e uma casca delgada, composta por uma
camada uniforme. A casca possui as superfícies externa e interna lisas, sem
nenhum tipo de ornamentação. No início das observações, todos os ovos desse
tipo se apresentaram com a larva formada. (FIG 04). Os dados relativos ao
tamanho desses ovos são apresentados na TAB. 01.
15
Fi gu r a
0 4.
O v o d o ti p o R ha b d i t i da
e n c on tr a d o
em
f e ze s
de
Hy d roc h a e ris
h y dro c h a e ris
( e sca l a= 1 0µ m )
T a be l a 0 1 . Da d os r e la ti v os a bi ome tr ia de o v os d o t i p o R h a b di ti da , e n c on tr a d os e m f e ze s
d e Hy d r oc h a e ri s hy d r oc h ae r is
Est ágio d e desenv olvimento
Medida s
La rvad o (n =55)
Máxi mo
Míni mo
Média
D esvio Pa drão
Co mpri ment o ( µ m)
57,50
45,50
51,50
3,77
Largu ra ( µ m)
35,00
25,00
30,00
2,31
Os ovos com as características descritas acima foram associados aos
dos nematóides da ordem Rhabditida, pelo fato de possuírem uma única e
delgada camada na casca e de já apresentarem a larva formada no início das
observações
(S A N D G R O U N D ,
1925;
L I TT L E ,
1966a;
C H RI S T E N S O N , 1974;
L E VI N E , 1980). Segundo C H RI S T E N S O N (1974) estas são as características de
16
espécies partenogenéticas, como é caso de Strongyloides spp e Rhabditis spp.
Essa única camada delgada que forma a casca dos ovos é de composição
quitinosa, e a ocorrência desta se deve ao fato de não existirem as camadas
externa protéica e interna vitelínica, que normalmente ocorrem nos ovos dos
outros grupos de nematóides. No caso dos ovos oriundos de fêmeas parasitas
partenogenéticas de Strongyloides spp, a camada vitelínica é inexistente
porque o esperma produzido pelos machos é o fator que desencadeia a sua
formação (C HI T W O O D & G R A H A M , 1940).
Os nematóides da ordem Rhabditida parasitos de vertebrados pertencem
a
superfamília
vertebrados:
Rhabditoidea,
Cephalobidae
que
possui quatro
(L E VI N E ,
1980),
famílias
associadas
Rhabditidae,
a
Rhabdiasidae,
Strongyloididae (L E V I N E , 1980 e A N D E R S O N , 2000). O gênero que possui a
maior diversidade entre mamíferos é Strongyloides, que pertence a família
Strongyloididae. Os gêneros pertencentes a outras famílias estão associados
ao parasitismo facultativo, sendo menos f reqüentes e diversos, como é o caso
de Cephalobidae (L E VI N E , 1980) e Rhabditidae (C H A N D L E R , 1974), ou são
exclusivos de anfíbios e répteis como no caso de Rhabdiasidae (A N D E R S O N ,
2000). A única espécie de Rhabditida registrada em H. hydrochaeris é
Strongyloides chapini (S A N D G R O U N D , 1925; A R A N T E S et al., 1985; C O S T A &
C AT T O , 1994; S I N K O C , 1997; B O N U T I et al., 2002).
Segundo
L I T TL E
(1966a),
os
ovos
de
nematóides
do
gênero
Strongyloides possuem um formato elipsoidal com a casca extremamente
delgada, com o tamanho variando entre 40µm e 70µm de comprimento e a
largura média com cerca da metade do comprimento, sendo eliminados pelas
fêmeas
parasitas
características
com
a
larva
correspondem
aos
de
primeiro
aspectos
estágio
já
morfológicos
encontrados nos ovos do tipo Rhabditida no presente estudo.
As caract
formada.
e
Tais
biométricos
17
eliminadas, o que ocorre em S. füllerborni, S. cebus , S. papillosus,
S.myopotami e S. venezuelensis. A segunda forma é aquela em que aparecem
nas fezes recém eliminadas, larvas de primeiro estágio, que é o caso de S.
stercoralis e S. westeri. E, a terceira forma é a que em fezes recém eliminadas
se observa a presença de ovos larvados e larvas de primeiro estágio, como
ocorre em S. ratti (S A N D G R O U N D , 1925, L I T T L E , 1966a, L Y O N S et al.,1973).
O gênero Strongyloides é composto atualmente por aproximadamente 40
espécies (A N D E R S O N , 2000), que parasitam anfíbios, aves e mamíferos
(L I T T L E , 1966a), e como se pode observar, na maioria delas, incluindo S.
chapini, ainda não foi determinado que estágio de desenvolvimento é
observado em fezes recém eliminadas pelo hospedeiro. No presente trabalho,
nas condições em que as fezes foram coletadas, foi diagnosticada a presença
de ovos larvados e larvas de primeiro estágio. Entretanto, essa informação
não pode ser considerada como determinante na identificação específica, pois
não se conhece o padrão de eliminação dos estágios de S. chapini. Entretanto,
pode-se sugerir que a eliminação de ovos nas fezes seja característica de
nematóides R habditida de capivaras, semelhante ao que ocorre com S.
papillosus ou S. ratti. Esse dado indica que esses ovos não pertencem a S.
stercoralis e S. westeri, pois segundo L I T T L E (1966a) e L Y O N S (1973) os
hospedeiros infectados com essas espécies eliminam somente larvas nas fezes.
1.1.1. Desenvolvimento de ovos de nematóides da ordem Rhabditida
parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris
Nas
amostras
realizados,
os
características
ovos
fecais
de
selecionadas,
nematóides
morfobiológicas
da
em
todos
ordem
previamente
os
experimentos
Rhabditida,
discutidas,
conforme
supostamente
pertencem ao gênero Strongyloides, portando serão tratados nas discussões
dessa forma.
No início das observações, a denominada hora zero, ocorreram
conjuntamente ovos larvados e larvas de primeiro estágio de Strongyloides
sp. Na análise quantitativa os ovos de Strongyloides sp corresponderam, em
média, a 2% do total de ovos. Os dados referentes ao número médio de ovos
18
de Strongyloides sp por grama de fezes (OPG), e seu desenvolvimento, em
cada temperatura estudada, estão demonstrados na FIG. 05.
Todos os ovos identificados como pertencentes a Strongyloides sp já
estavam com a larva de primeiro estágio. Apesar de existirem poucos ovos
desse tipo nas amostras fecais selecionadas, foi possível observar que o
desenvolvimento
destes
ocorreu
de
forma
mais
rápida
em
maiores
temperaturas. A 30ºC foram encontrados ovos até a terceira hora de
observação, em contrapartida, a 20ºC os ovos foram observados até a
12ªhora. A diferença de nove horas no desenvolvimento dos ovos, em
culturas fecais submetidas a diferentes temperaturas (20ºC, 26ºC e 30ºC) e
mesma umidade relativa (U.R.=90%), é um indicativo de que a temperatura
influencia no período de desenvolvimento dos ovos, e conseqüentemente no
tempo de eclosão das larvas.
19
Ovos de Rhabditida por grama de fezes - 24h - 20ºC
Núm e ro m é dio de ovos por gram a de
f e ze s
8
A
7
7
6
5
5
5
5
4
4
3
2
1
0
0
0
0
15ª hor a
18ª hora
21ª hor a
24ª hora
0
0 hora
3ª hora
6ª hora
9ª hora
12ª hora
Horários de obs e r vação
O PG Rhab dit ida
B
Ovos de Rhabditida por gram a de fezes - 24h - 26ºC
Núm e ro m é dio de ovos por gram a de
f e ze s
11
10
10
9
9
9
8
7
6
5
5
4
3
2
1
0
0 hora
3 ª hora
6ª hora
9ª hora
0
0
0
0
0
12ª hora
15ª hora
18 ª hora
21ª hora
24ª hora
Horár ios de obse r vação
O PG Rhab dit ida
Núm e ro m édio de ovos por gr am a de
f e ze s
Ovos de Rhabditida por gram a de fezes - 24h - 30ºC
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
C
16
7
0 hora
3ª hor a
0
0
0
0
0
0
0
6ª hora
9ª hor a
12ª hora
15ª hora
18ª hora
21 ª hora
24ª hora
Horários de obs e r vação
O PG Rhab dit ida
Fi gu r a 0 5 . N ú me r o m é d i o d e ov os de S tro n g y l oi d e s sp p or gr a m a de f eze s (OP G ) d e
Hy d roc h a e ris hy d r oc h a er is, d ur a n te 2 4 h or a s, s ob t rê s c on d i ç õe s de
t e mp er at ur as c on s t a nt e s ( A. 2 0ºC , B. 2 6ºC , C. 3 0 ºC ) e u m i da d e r e la ti v a =
90%.
20
1.2. Morfologia e biometria ovos de nematóides Strongylida
Os ovos desse tipo apresentam a forma elipsóide, extremidades polares
simétricas e casca formada por duas camadas (FIG 06a). A camada externa é
espessa e a interna delgada (FIG. 06b). A casca possui espessura uniforme,
com superfícies externa e interna lisas, sem ornamentações. Estes ovos foram
observados nos estágios de mórula (FIG. 07a), gástrula (FIG. 07b,c), “tad
pole” (FIG. 07d,e,f) e larvado (FIG. 07g,h,i), de acordo com as características
e a nomenclatura adotada por M A R Q U E S (1982).
Os
dados
relativos
à
biometria
dos
ovos
em
cada
estágio
de
desenvolvimento são apresentados na TAB. 02 e FIG 08 e 09.
Figura 6. a. Ovo do tipo Strongylida no estágio de mórula (escala = 10µm), b. detalhe das camadas da casca
(escala = 2µm) (MIC – Membrana interna da casca; MEC – Membrana externa da casca)
21
Fi gu r a 7. E stá g i os de de se n v ol vi m e nt o d os ov os d o t i p o S tr o n g yl i d a d e
n e ma t ó i de s pa ra sit os d e Hy d r oc h ae ris hy d ro c h ae ris . a. e stá gi o de
m ór u la ; b, c. gá s tr u la; d, e , f . “ t a d p ol e ”; g, h , i. l a r va d o ( es ca l a =
10µ m).
22
%$
"
"
$
"
&
#$ %
"
"
$
$
Fi gu r a 0 8 . Da d os r e la t i v os a o c omp r i me n t o d o s o v os d o
t i p o Str on g yl i d a
%$
"
"
$
"
&
#$ %
"
"
(
$
'
$
Fi gu r a 0 9. Da d os r el a t i vos à l ar gu r a d os o v os d o ti p o
Str on g yl i d a
23
Tabela 02. Dados relativos a biometria dos estágios de desenvolvimento dos ovos do tipo Strongylida, encontrados em fezes
de Hydrochaeris hydrochaeris
E st á gi o s de de se nv o l vi me n t o
Mór ul a ( n= 6 6)
Medidas
Mé di a
De svi o
P a dr ã o
M a x.
Gá st r u l a ( n =5 5)
M in.
M édi a
De s vi o
Pa dr ã o
M á x.
T a d p o le ( n = 5 7)
Mi n.
M édi a
De s vi o
Pa dr ã o
Má x .
L a r v a do ( n= 1 2 1)
M in.
Mé di a
De svi o
P a dr ã o
M á x.
M in.
C o mp r i me nt o
( µ m)
70,15
3, 1 3
7 7 , 5 0 6 2, 5 0
7 0, 5 6
2, 8 3
7 7, 5 0 6 5, 0 0
7 0, 1 3
3, 0 9
7 5, 0 0 6 2, 5 0
6 9, 1 3
3, 0 8
7 7, 5 0 6 0, 0 0
L ar g ur a
( µ m)
37,13
2, 2 4
4 5 , 0 0 3 2, 5 0
3 6, 8 8
1, 5 1
4 0, 0 0 3 3, 7 5
3 6, 9 1
1, 7 8
4 2, 5 0 3 2, 5 0
3 7, 3 7
2, 1 3
4 5, 0 0 3 2, 5 0
24
Esses ovos foram classificados como do tipo Strongylida pela forma e
pela característica das membranas da casca dos mesmos, estando de acordo
com as informações fornecidas por C H R I S T E N S O N (1974) para ovos de
nematóides daquela ordem.
Os ovos das espécies de nematóides da ordem Strongylida possuem
tamanhos variados, e salvo algumas exceções, apresentam uma casca lisa, de
espessura uniforme e composta por duas camadas, a externa, de maior
espessura, composta de quitina, e a interna, delgada, composta pela
membrana vitelínica, não possuindo camada protéica. Em fezes recém
eliminadas pelos hospedeiros, estes ovos raramente apresentam-se larvados
(C H RI S T E N S O N , 1974).
Alguns trabalhos propõem a identificação a partir de características
biométricas dos ovos de algumas es pécies de nematóides Strongylida
parasitos de ruminantes (S H O R B , 1940; K A T E S & S H O R B , 1943; K R U G &
M A Y H E W , 1949; T E T LE Y , 1950; C U N LI F E & C R O F T O N , 1954), mas devido às
semelhanças entre a morfologia e a biometria, essa forma de identificação se
torna imprecisa, permitindo somente o agrupamento taxonômico destes na
categoria de ordem.
Nos relatos do parasitismo em H. hydrochaeris por nematóides
gastrointestinais da ordem Strongylida, só existem referências a Viannella
hydrochoeri,
Hydrochoerisnema
anomalobursata,
Trichostrongylus
axei,
Haemonchus sp, Cooperia punctata e Cooperia pectinata, todos pertencentes
a superfamília Trichostrongyloidea.
A ocorrência de T. axei, Haemonchus sp, C. punctata e C. pectinata é
menos freqüente, sendo considerada parasitismo acidental, devido a presença
de bovinos, caprinos, ovinos e eqüinos, nos mesmos locais habitados por
capivaras (A R A N T E S , 1983). Os ovos dessas espécies possuem características
morfológicas semelhantes, apresentando apenas algumas diferenças em seu
tamanho, de acordo com os relatos de S H O R B (1940), K A T E S & S H O R B (1943),
K R U G & M A Y H E W (1949), T E T L E Y (1950), C U N LI F E & C R O F T O N (1954) e
U E N O & G O N Ç A L V E S (1998).
As únicas informações existentes a res peito de ovos de V. hydrochoeri
e H. anomalobur sata, são referentes a biometria dos ovos ainda no útero das
fêmeas. T ET LE Y (1941) observou em H. Td
Ebso
(o)Tj 6.49243 0 Td (s)Tj 5.29013 0 Td ( )Tj 6.73289 06.
25
em fezes recém eliminadas e dos ovos retirados direto do útero das fêmeas,
constatando que os ovos eliminados nas fezes apresentam um tamanho
significativamente maior. Talvez, o mesmo fato possa ocorrer com ovos de
outras espécies de nematóides, o que provavelmente torna o tamanho dos
ovos retirados diretamente do útero, impróprio como parâmetro comparativo
para biometria de ovos eliminados nas fezes.
Os ovos do tipo Strongylida observados no presente estudo, no estágio
inicial
de
desenvolvimento
(mórula),
apresentaram
uma
média
de
comprimento e largura maior que o observado nos ovos de V. hydrochoeri
(Travassos, 1914; A R A N T E S , 1983; R I B EI R O , 2002) e de H. anomalobursata
(A R A N T E S , 1983; R I B E I R O , 2002) (TAB. 03). Mas, são de menor tamanho,
quando comparados aos ovos de T. axei (S H O R B , 1940; K A T ES & S H O R B ,
1942; C U N L I F E & C R O F T O N , 1954) (TAB. 04), Haemonchus spp (S H O R B , 1940;
S H O R B , 1939;
T ET L E Y , 1950; C U N L I F E & C R O F T O N , 1954; D O N A L D , 1963;
L E VI N E , 1980) (TAB . 04), C. pectinata (B H A L E R A O , 1942 in L E VI N E , 1980;
K EI T H , 1967 in L E V I N E , 1980) e C. punctata (S H O R B , 1940; S T E W A R T , 1954)
(TAB.
05).
SHORB
(1940)
ressalta
que,
por
existirem
semelhanças
morfológicas e biométricas entre ovos de nematóides Strongylida, parasitos
de ruminantes e
diferença no tamanho médio dos ovos de uma mesma
espécie de nematóide, é de fundamental importância que se conheça
previamente a espécie de hospedeiro e sua localização geográfica. Portanto,
pode existir uma grande variação no tamanho dos ovos oriundos de
nematóides de uma mesma espécie, que ocorre na mesma espécie de
hospedeiro, mas de diferentes localizações geográficas.
T a be l a 0 3. Da d os c om p ar at i v os d os o v os d o ti p o S tr o n g yl i d a, c on t i d o s e m fe ze s de
Hy d r oc h ae r is h y dro c h a er is, e de V . hy d r oc h o e ri e H. a n om a l o b u rsa t a,
c on ti d o s n o ú ter o d a s f ê me a s
Ovos do tipo Strongylida
PRESENTE
ESTUDO
C o mpr i me nt o
mé d i o ( µ m)
L ar g ur a mé d i a
( µ m)
V. hydrochaeri
H. anomalobursata
TR AV AS SOS ARANTES RIBEIRO
( 1 9 1 4)
( 1 9 8 3)
(2 0 0 2)
ARANTES RIBEIRO
(1 9 8 3)
(2 0 0 2 )
7 0, 1 5
4 5, 0 0
5 4, 0 0
4 1, 0 0
5 4, 0 0
5 0, 0 0
3 7, 1 3
3 1, 0 0
3 0, 0 0
2 9, 0 0
3 0, 0 0
2 8, 0 0
26
T a bel a 0 4. Da d os c om p ar at i v os d os o v o s d o ti p o S tr on g yl i d a, c on t id os e m f e ze s de Hy d roc h ae ris h y dro c h ae ri s, e d e
Tr ic h o s tr o n g yl u s sp p e H aem o n c h u s s p p , c on t i d os n o ú ter o d a s fê me as
O v os d o t i p o S t r o ng y l i da
T. axei
EST UDO
SHORB
( 1 9 4 0)
KATES &
SHORB
( 1 9 4 2)
70,15
37,13
84,60
36,00
85,50
36,00
PRESENTE
Com pr i m e nt o m é di o ( µ m )
La r g ur a m é di a ( µ m )
C u nl i f e &
Cr o f t on
(1954)
86,50
39,50
H. contortus
SHORB
(1940)
TETLEY
( 1 9 5 0)
73,5
42,5
76,00
46,00
C u nl i f e &
C r of t o n
( 1 9 5 4)
76,00
45,00
H. placei
SHORB
( 1 9 3 9)
L E V IN E
( 1 9 8 0)
SHORB
( 1 9 4 0)
DONALD
( 1 9 6 3)
82,00
44,00
77,00
42,00
71,00
44,00
65,00
42,00
Ta be l a 0 5. Da d os c om pa r a t i v os d o s o v os d o ti p o S tr on g yl i da , c on t i d os e m f e ze s de
Hy d r oc h ae ris hy d roc h a e ris , e d e C o o p eri a pe c t i n at a e C . p u n c t a ta ,
c o n ti d os n o ú ter o d a s f ê me a s
Ovos do tipo Strongylida
PRESENTE
ESTUDO
Comprimento
médio ( µ m)
Largura
média ( µ m)
C. pectinata
B H ALER A O
Keith (1967
(1942 in
in L E VI NE ,
L EVI NE ,
1980)
1980)
H. similis
C. punctata
S H O RB
(1940)
S TEW ART
(1954)
70,15
79,00
75,00
77,00
79,00
37,13
37,00
38,00
32,00
35,00
O teste ANOVA demonstrou que, ao longo das 24 horas de observação,
não houve diferenças significativas no tamanho dos ovos durante seu
desenvolvimento, o que está apresentado nas FIG 08 e 09. M ARQ UE S (1982),
observou que a diferença de tamanho entre estágios de desenvolvimento dos
ovos
de
Haemonchus
contortus,
Cooperia
punctata,
Bunostomum
phlebotomum (Railliet, 1900) (Ancylostomatoidea, Ancylostomatidae) e
Oesophagostomun radiatum (Rudolphi, 1803) (Strongyloidea, Chabertidae)
só ocorreu com o aumento de volume dos ovos larvados, o que não foi
observado com os ovos do presente estudo. O que se constatou foi uma maior
homogeneidade na largura dos ovos larvados (FIG. 09). Nos demais estágios
de desenvolvimento, tanto o comprimento e a largura apresentaram as
mesmas faixas de tamanho.
1.2.1. Desenvolvimento de ovos de nematóides da ordem Strongylida
parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris
Os ovos de nematóides da ordem Strongylida observados no presente
estudo, no início das observações, apresentavam-se nos estágios de mórula ou
gástrula. Em fezes recém coletadas, os ovos de nematóides da superfamília
Trichostrongyloidea, como Cooperia spp, Trichostrongylus spp e Haemonchus
spp, apresentam-se todos no estágio de mórula (A ND E RS ON , 2000). No
presente
estudo,
tal
fato
não
foi
observado,
provavelmente
devido
a
impossibilidade da coleta de fezes recém eliminadas. Para viabilizar a
comparação das amostras, nas três temperaturas estudadas, estabeleceu-se o
critério de se trabalhar com fezes que apresentassem no mínino 75% dos ovos
no estágio de mórula, e que apresentassem somente dois estágios de
desenvolvimento, mórula e gástrula.
Os ovos no estágio de mórula, em temperatura mais baixa (20ºC),
ocorreram até a nona hora de observação, e a 30ºC ocorreram somente na
primeira hora. Os ovos em outros estágios apresentaram o período de
desenvolvimento inversamente proporcional ao aumento da temperatura (FIG
10). Nas culturas mantidas nas três temperaturas, os ovos larvados surgiram a
partir da terceira hora, sendo que, mesmo com a diminuição do número médio
de ovos por grama de fezes, estes ocorreram até o final das 24 horas de
28
observação, nas culturas mantidas a 20ºC e 26ºC. Nas culturas mantidas a
30ºC, não apareceram ovos a partir da 15ª hora de observação (FIG 10).
São inexistentes os estudos a respeito do desenvolvimento dos ovos de
Vinnella spp e Hydrochoerisnema spp, mas em espécies de outros gêneros de
nematóides Trichostrongyloidea, que também ocorrem em capivaras, existem
relatos do desenvolvimento sob condições simuladas.
Em Cooperia curticei, sob condições de laboratório, ocorre o completo
desenvolvimento dos ovos em temperaturas entre 10ºC e 37ºC, mas não a 6ºC
e 42ºC (A H L U WAL I A & C HA R L E S T ON , 1974). Os ovos de Trichostrongylus
colubriformis se desenvolvem até a eclosão da L1 em temperaturas entre 18ºC
e 21ºC (M ON NI G , 1926) e não se desenvolvem a 5ºC e 35ºC (W A NG , 1967). Em
temperaturas entre 5ºC e 30ºC ocorre o desenvolvimento completo dos ovos de
T. retortaeformis, mas temperaturas acima de 35ºC são letais (G UP T A , 1961).
Em todos os trabalhos citados acima, sob condições de laboratório, o
completo desenvolvimento dos ovos ocorre no máximo até 26 horas após a
coleta das fezes.
Os ovos de nematóides Strongylida observados no presente trabalho,
apresentaram o completo desenvolvimento nas três faixas de temperatura, da
mesma forma que ocorre com os ovos das espécies de nematóides da
superfamília Trichostrongyloidea.
29
A
De s e n vo lvim e n to d o s o vo s d e Str o n g ylid a - 24h - 20ºC
550
OPG m é d io d e cad a e s tág io
500
450
0
120
400
24
95
100
149
350
300
185
250
200
195
300
405
244
150
290
295
110
100
141
50
82
0
0 hora
3ª h o r a
6ª h o r a
118
54
62
27
23
0
34
34
0
24
0
14
0
33
0
9ª h o r a
12ª h o r a
15ª h o r a
18ª h o r a
21ª h o r a
24ª h o r a
Ho r ár io s d e o b s e r vação
m órula
gás trula
Tad pole
Larvado
B
De s e n vo lvim e n to d o s o vo s d e Str o n g ylid a - 24h - 26ºC
550
OPG m é d io d e cad a e s tág io
500
450
400
350
0
60
87
157
300
328
250
200
150
445
330
121
139
100
141
128
50
0
0 hora
3ª h o r a
38
0
19
0
0
54
0
66
0
29
0
16
0
6ª h o r a
9ª h o r a
12ª h o r a
15ª h o r a
18ª h o r a
21ª h o r a
24ª h o r a
Ho r ár io s d e o b s e r vação
m órula
gás trula
Tad pole
Larvado
C
De s e n vo lvim e n to d o s o vo s d e Str o n g ylid a - 24h - 30ºC
650
OPG m é d io d e cad a e s tág io
600
550
500
0
130
450
439
400
350
300
250
468
200
299
150
184
100
50
0
0 hora
162
125
12
0
20
5
0
0
0
0
0
0
0
3ª h o r a
6ª h o r a
9ª h o r a
12ª h o r a
15ª h o r a
18ª h o r a
21ª h o r a
24ª h o r a
Ho r ár io s d e o b s e r vação
m órula
gás trula
Tad pole
Larvado
Fi gu r a 1 0 . N ú mer o mé d i o d e o v os d e n e ma t ói d e s Str on g yl i d a p or gr a ma d e f ez es
( OP G) de Hy d r oc h a e r is h y dr o c h ae ri s, d u r a n t e 2 4 h or a s, s ob tr ê s
c on d iç õe s de t e mp e r a t ur a s c on s ta n te s ( A. 2 0ºC, B . 2 6ºC, C. 3 0ºC) e
u m i da d e r el a t i va = 9 0% .
30
2. Caracterização morfológica e biométrica dos estágios larvais de vida
livre
As larvas de primeiro estágio originadas a partir dos ovos dos tipos
Rhabditida
e
Strongylida
foram
diferenciadas
por
três
fatores
morfobiológicos:
1º) momento da eclosão;
2º) tamanho e forma do primórdio genital;
3º) forma da cavidade bucal
As larvas do tipo Rhabditida ocorreram no início das observações e/ou
eclodiram poucas horas após o início do trabalho. Possuem um primórdio
genital evidente, alongado e de forma oval. A cavidade bucal é curta, possui
paredes pouco refringentes e tem formato oval.
As larvas do tipo Strongylida ocorreram após algumas horas do início
das observações. Possuem um primórdio genital pouco evidente e de forma
arredondada. A cavidade bucal é longa, com paredes paralelas, refringentes e
espessas.
2.1. Larvas
de
nematóides
da
ordem
Rhabditida
parasitos
de
Hydrochaeris hydrochaeris
2.1.1. Larvas de primeiro estágio (L1)
Tanto os ovos, quanto as larvas de primeiro estágio do tipo Rhabditida
ocorreram desde o primeiro horário de observação das 24 horas. A
mensuração
des sas
larvas
foi
realizada
nas
primeiras
três
horas
de
observação e os dados estão demonstrados na TAB. 06.
Quando vistas lateralmente, essas larvas possuem a extremidade
anterior com dois lobos cefálicos (um dorsal e outro ventral), separados pela
cavidade bucal, que é curta, com paredes delgadas e pouco refringentes (FIG
11c). Apresentam esôfago do tipo rhabditiforme, com corpo, istmo e bulbo
distintos e evidentes (FIG 11a,b), anel nervoso periesofagiano envolvendo a
região do istmo, intestino com células indiferenciadas e luz retilínea (FIG
31
11a) e primórdio genital ventral, localizado na região do terço médio
intestinal,
proeminente,
alongado
e
de
forma
oval,
com
células
indiferenciadas (FIG 11a,e). Apresentam cauda afilada (FIG. 11d)
T a be l a 0 6 . Da d os de bi ome tr ia da s lar va s de p ri me i r o es tá gi o d e n e m at ói d e s R ha b d it i d a,
par a sit os d e Hy d roc h a e ris h y d r oc h ae ri s
Est ágio d e desenv olvime nto
Medidas
La rvas de p ri mei ro estágio Rha bditida (n =32)
Máxi mo
Míni mo
Média
Desvio Pa d rão
350,00
270,00
319,68
20,85
Largu ra (na regiã o da jun ção
esôf ago int estinal) ( µ m)
18,75
15,00
16,71
1,21
Co mpri mento do esôfago ( µ m)
87,80
75,00
83,37
4,04
Tama nho da cauda ( µ m)
55,00
45,00
49,84
2,42
Co mpri mento Total ( µ m)
32
Figura 11. L1 de nematóides Rhabditida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris. a. vista geral (escala=10µm),
b. região anterior (escala=10µm), c. detalhe da extremidade anterior (escala=5µm), d. cauda da
larva (escala=10µm), e. detalhe do primórdio genital) (escala=10µm) (A – Ânus, B – Bulbo
esofagiano, C – Corpo esofagiano, CB – Cavidade bucal, E – Esôfago, In – Intestino, Is – Istmo
esofagiano, JEI – Junção esôfago intestinal, LC – Lobo cefálico, PG – Primórdio genital.)
33
A descrição morfológica e biométrica das larvas de primeiro estágio do
tipo Rhabditida, encontradas no presente estudo, corresponde aos dados
fornecidos por L I T T L E (1966a) para larvas de primeiro estágio do gênero
Strongyloides. O ref erido autor informa que as larvas de primeiro estágio das
várias
espécies
de
Strongyloides
são
morfologicamente
semelhantes,
apresentando entre 150 e 300µm de comprimento total e 14 e 20µm de
largura. O esôfago rhabditiforme possui tamanho aproximado de 1/3 do
comprimento total, e a extremidade anterior possui um lobo cefálico ventral e
outro dorsal, separados pela abertura bucal, que possui formato oval. O autor
destaca também a posição e a proeminência do primórdio genital que possui
entre cinco e nove células, o que não foi possível evidenciar nas larvas
observadas neste estudo.
2.1.1.1. Desenvolvimento de larvas de primeiro estágio de nematóides da
ordem Rhabditida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris
As larvas de primeiro estágio de Strongyloides sp, ocorreram desde o
início das observações (hora zero). Desde o início das observações, as larvas
de primeiro estágio de Strongyloides sp foram as únicas encontradas.
Os dados relativos ao desenvolvimento da L1 de Strongyloides sp
durante as primeiras 24horas de observação, sob diferentes condições de
temperaturas constantes e umidade relativa de 90%, são apresentados na FIG
15. Em temperaturas mais altas, as L1 de Strongyloides sp apresentaram um
desenvolvimento mais rápido, da mesma forma ocorreu com os ovos.
2.1.2. Larvas de segundo estágio (L2)
Devido a grande variação morfológica e biométrica, das larvas de
segundo estágio do tipo Rhabditida, as mesmas foram observadas em dois
momentos de seu desenvolvimento: logo após muda de L1 para L2 (L2 recém
mudada), e antes da muda de L2 para L3 (L2-L3).
Logo que sofrem a muda para L2 (L2 recém mudada), as larvas do tipo
Rhabditida possuem a morfologia semelhante a das larvas de primeiro estágio.
34
A mudança ocorre na morfologia do esôfago, que se torna mais longo (FIG.
12a), com as divisões do corpo, istmo e bulbo menos pronunciadas (FIG
12a,b), no aumento de todo o corpo da larva, e na redução do tamanho do
primórdio genital. As L2, neste momento são maiores que as L1 (FIG 17A).
Os dados relativos a biometria das L2 recém mudadas são apresentados na
TAB. 07.
Fi gu r a 1 2. L2 re cé m m u d a d a de ne ma t ói d es R ha b di t i d a
p ar a si t os d e Hy d r oc h ae ri s h y d ro c h ae ri s. a.
Vi st a d or sal da re gi ã o a n ter i or , b. De ta l he
d o e s ôf a g o ( B – B ul b o e s of oa gi a n o, E –
E sô fa g o, I n – I nt es ti n o, LC D – Lob o
c ef á lic o d or sa l) ( e sc a la= 2 0µ m)
35
T a be l a 0 7. Da d os d e bi ome t r ia da s la r v a s de s e gu n d o es tá gi o r ecé m m u da d as de
n e ma t ó i de s R ha b d i t i da, par a sit os d e H y d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s
Est ágio d e desenv olvimento
L2 recé m muda da Rhabditida (n =30)
Medidas
Co mpri mento Total ( µ m)
Largu ra (na r egiã o da jun ção
esôf ago int estinal) ( µ m)
Co mpri mento do esôfago ( µ m)
Tama nho da cauda ( µ m)
Máxi mo
Míni mo
Média
D esvio Pa drão
450,00
380,00
410,41
19,59
22,50
16,25
19,89
1,95
107,00
90,00
97,60
5,52
67,50
52,50
60,31
4,33
As larvas de segundo estágio do gênero Strongyloides possuem uma
peculiaridade em relação a sua morfologia, que está relacionada ao tipo de
ciclo que as larvas de terceiro estágio vão apresentar. Os nematóides des se
gênero apresentam um ciclo homogônico, no qual as larvas de terceiro
estágio (L3) irão infectar hospedeiros vertebrados, originando fêmeas
parasitas partenogenéticas, e um ciclo heterogônico, no qual as L3 originam
uma geração de machos e fêmeas de vida livre (A NDE R S O N , 2000).
De acordo com o tipo de L3 que irá originar, as L2, antes da muda,
possuem nítidas distinções morfológicas. As L2 que originarão larvas
infectantes,
ou
seja,
L3
do
ciclo
homogônico,
já
apresentam
como
característica um longo es ôfago filiforme, sem a distinção de corpo, istmo e
bulbo, e corpo filiforme típico das larvas infectantes, porém ainda não
realizaram a muda, pois elas apresentam neste momento uma dupla cutícula.
As L2 que irão originar larvas de terceiro estágio para o ciclo heterogônico,
apresentam um típico esôfago rhabditiforme, que se mantém por todos os
estágios larvais e nos adultos de vida livre (L I TT L E , 1966a).
No
presente
estudo,
foram
considerados
apenas
os
aspectos
morfológicos e biométricos relativos as L2 no momento antes da muda, que
resultou em larvas infectantes do ciclo homogônico. Estas larvas se
caracterizaram por apresentar o corpo afilado, com a extremidade anterior
contendo
dois
lobos
cefálicos,
um
dorsal
e
outro
ventral,
menos
desenvolvidos que nas L1. A cavidade bucal é também menos evidente do que
nas L1 (FIG. 14B). O esôfago é do tipo filariforme, não havendo distinção
36
entre corpo, istmo e bulbo, e corresponde à cerca de 40% do comprimento
total da larva (FIG 14D). O primórdio genital é ventral, pouco evidente,
possui a forma arredondada e se localiza próximo a região mediana do
intestino, que possui a luz retilínea. A cauda é
37
Fi gu r a 1 3. L2 a nte s d a m u d a pa ra L3 . a. r e gi ã o a nt er i or ,
d e ta l he d o ta ma n h o d o e sôf a g o (e sc ala = 2 0µ m) ; b.
e x tr e m i da d e a n te r i o r d eta l he d a mu d a par a L3
( e sca l a= 2 0µ m ) ; c. c a u d a, de tal h e da m u d a par a
L3 ( e s cal a = 2 0µ m ); d. r e giã o d a ju n çã o e sôf a g o
i n te s ti na l) ( e sc ala = 1 0µ m) ( C L 2 – C ut íc ul a da L2 ,
J EI n – J u n ç ã o e s ôf a g o i nt e st i nal) .
38
T a be l a 0 8. Da d os d e b i om e tr ia d a s lar va s de se gu n d o e stá gi o, a n te s d a mu da pa r a L3 , d e
n e ma t ó i de s R ha b d i t i da, par a sit os d e H y d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s
Est ágio d e desenv olvimento
L2 –L3 Rhabditida (n =32)
Medidas
Máxi mo
Míni mo
Média
D esvio Pa drão
650,00
600,00
625,00
17,67
25,00
15,00
23,17
2,63
Co mpri mento do esôfago ( µ m)
315,00
232,50
256,73
25,40
Tama nho da cauda ( µ m)
100,00
77,50
89,23
6,32
Co mpri mento Total ( µ m)
Largu ra (na r egiã o da jun ção
esôf ago int estinal) ( µ m)
As descrições sobre formato de esôfago, características das regiões
cefálica e caudal das L2 recém mudadas e das L2 antes da muda para L3
infectante, correspondem às descrições das larvas de s egundo
estágio
pertencentes ao gênero Strongyloides, realizadas por L I T T L E , (1966a). Quanto
a biometria, quando comparadas as L2 recém mudadas, as L2-L3 possuem o
comprimento total e a largura corporal na região da junção esôfago intestinal
maiores, e esôfago e cauda mais longos (FIG. 17)
2.1.2.1. Desenvolvimento de larvas de segundo estágio de nematóides
da ordem Rhabditida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris
De acordo com L E VI NE (1980), o tipo de desenvolvimento que as larvas
de Strongyloides spp irão apresentar depende, dentre outros fatores, da
temperatura ambiental. As L2 de Strongyloides sp, do presente estudo
apresentaram nítidas diferenças morfológicas, assim que sofreram a muda de
L1 para L2; estas ainda retinham algumas características do estágio anterior,
mas
à
medida
que
foram
se
desenvolvendo
tornaram-se
distintas
morfologicamente, apresentando dois padrões corporais. No presente estudo,
foram levados em consideração somente os aspectos do desenvolvimento de
larvas que seguiram o ciclo homogônico. E como a princípio todas as L2
recém
mudadas
consideradas.
A
são
partir
morfologicamente
semelhantes,
do
que
momento
em
foi
todas
possível
foram
distinguir
39
morfologicamente
as
L2
do
ciclo
homogônico,
somente
estas
foram
consideradas.
P RE M VAT I
(1963),
observou
que
existe
uma
faixa
ótima
de
temperatura, entre 20ºC e 37ºC, em que o ciclo heterogônico é mais freqüente
no desenvolvimento de S. papillosus, e que, fora dessa faixa a ocorrência do
ciclo homogônico é mais freqüente. G AL L I A RD (1947 in L E VI NE , 1980) afirma
que o ciclo homogônico em S. stercoralis é mais freqüente em regiões de
clima temperado. Portanto, a temperatura atua como fator determinante no
tipo de
desenvolvimento que estas larvas irão
seguir,
sendo o tipo
morfológico da larva um indicativo disto.
Confirmando a influência da temperatura no desenvolvimento das
larvas de Strongyloides sp do presente estudo, as L2 surgiram primeiramente
nas culturas mantidas na temperatura mais alta (30ºC), a partir da terceira
hora de observação, atingindo a sua totalidade nesse momento, o que não
ocorreu com as larvas das culturas mantidas a 20ºC e 26ºC, até o final das 24
horas (FIG. 14).
40
Desenvolvimento de larvas de Rhabditida - 24h - 20ºC
100
100
100
100
100
90
Pe rce ntual dos e s tágios
A
100
86.3
84
83.1
80
72 .2
70
60
50
40
27.7
30
16.8
20
10
0
0
0
0
0 hor a
0
0
3ªhora
0
0
6ª hora
0
0
9ªhor a
0
12ª hora
16
0
1 5ªhora
13.6
0
0
18ª hora
0
21ªhora
24ª hora
Horár ios de obs e rvação
L1
L2
L3
B
Desenvolvim ento de larvas Rhabditida - 24h - 26ºC
100
100
100
100
95
90
Per ce ntual dos e s tágios
90
92.1
88
84
80
70
54.7
60
45.2
50
40
30
20
10
0 0
0
0 hor a
0
0
3ªhora
0
5
0
6ª hora
16
10
11.9
0
0
0
0
9ªhor a
12ª hora
1 5ªhora
18ª hora
7.8
0
0
21ªhora
24ª hora
Horár ios de obs er vação
L1
L2
L3
Desenvolvim ento de larvas Rhabditida - 24h - 30ºC
100
100
100
94
1 00
100
100
100
100
C
Pe rce ntual dos e stágios
90
80
70.7
70
60
50
40
29.7
30
20
10
0
0 0
0 hor a
6
0
0
3ªhora
6ª hora
0
0
9ªhor a
0
0
12ª hora
0
0
1 5ªhora
0
0
18ª hora
0
0
0
21ªhora
0
24ª hora
Horár ios de obse r vação
L1
L2
L3
Fi gu r a 1 4 . P er ce n t ua l de e stá gi os la r v a i s de St ro n g y l o i de s sp , e m f e ze s de
Hy d roc h a e ris hy d roc h a eri s, d ur a n te 2 4 h or a s, sob tr ê s c on d i ç õe s d e
t e mp er at ur as c on s ta n te s ( A. 2 0ºC, B. 2 6ºC , C. 3 0ºC) e u mi da d e r e la t i va
= 9 0% .
41
Após as 24 horas inicias de observação, nos experimentos sob as três
diferentes condições de temperatura constante e umidade relativa por volta
90%, verificou-se que somente nas culturas mantidas na temperatura mais alta
(30ºC) todas as larvas estavam no estágio de L2. (FIG. 14C). Isto confirma,
nestas condições, que a temperatura é o fator que está influenciando o tempo
do desenvolvimento larvar.
Nas três temperaturas, foram observadas nas primeiras 24 horas apenas
larvas de primeiro e segundo estágios. As L2 ocorreram até o oitavo dia nas
culturas mantidas a 20ºC, nas culturas a 26ºC foram observadas até o sexto
dia, e até o segundo dia nas culturas mantidas a 30ºC (FIG. 18).
2.1.3. Larvas de terceiro estágio (L3)
As
larvas
encontradas
no
de
terceiro
presente
estágio
trabalho
(L3)
de
possuem
nematóides
a
Rhabditida
extremidade
anterior
arredondada, com os lobos cefálicos inconspícuos, e cavidade bucal pequena
(FIG. 15e). O esôfago é longo e do tipo filariforme (FIG. 16a,b), com corpo,
istmo
e
bulbo
indistintos
(FIG.
16b,f).
O
intestino
tem
células
indiferenciadas e luz retilínea (FIG. 16b). O primórdio genital ventral, está
localizado na região do terço médio intestinal, é pouco perceptível e de
forma arredondada. A cauda é afilada (FIG 16c), com a ponta possuindo um
entalhe apical. Os dados relativos a biometria das L3 estão contidos na TAB
09.
42
Fi gu r a 1 5. L3 d e ne ma t ó id e s R ha b d it i da p ar a si t o s de H y dro c h ae ri s hy d ro ch a e ri s. a . vi s ta g er a l
( e sca l a= 3 0µ m ) ; b. r e g iã o a n te r i or (e sc a la = 1 0µ m ) ; c. c a u da da lar va (e sc ala= 2 0 µ m) ;
d . e xtr e mi d a de
a nt er i or ( e sc al a= 1 0 µ m ) ; e. r e gi ã o d a ju n ç ã o es ô f a g o
i n te s ti na l) ( e sc al a = 1 0µ m ) (A- Â n us , E – E sôf a g o , JE I n – J u nçã o esô f a g o in te s ti na l )
43
T a be l a 0 9. D a d os d e bi om e tr ia da s l a r v a s de t er ce ir o e st á gi o de n e ma t ó i de s R ha b d it i da,
p ar a si t os d e H y d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s
Est ágio d e desenv olvimento
L3 R hab ditida (n=52)
Medidas
Co mpri mento Total ( µ m)
Máxi mo
Míni mo
Média
D esvio Pa drão
662,50
460,00
573,13
48,03
16,25
10,00
14,55
1,24
300,00
205,00
256,81
19,08
92,50
40,00
78,88
8,58
Largu ra (na r egiã o da jun ção
esôf ago int estinal) ( µ m)
Co mpri mento do esôfago ( µ m)
Tama nho da cauda ( µ m)
A descrição morfológica das L3 de Rhabditida do presente estudo está
de acordo com a descrição feita por L I T T LE (1966a) para as L3 pertencentes ao
gênero Strongyloides.
Quando comparadas aos outros estágios de desenvolvimento larval
(FIG. 16), as L3 apresentaram o comprimento total próximo ao encontrado
para as L2-L3. Isto ocorre porque as L2-L3 já apresentam as mesmas
características das L3, exceto pela maior largura corporal e tamanho da cauda
(FIG. 16 a,d), o que se explica pela presença da dupla cutícula das L2 no
momento da muda.
L2 recente
#$ %
$
$
"
L1 Rhabditida
L2 - L3 Rhabditida
L3 Rhabditida
280
340
310
400
370
460
430
520
490
"
580
550
$"
640
610
670
$
Fi gu r a 1 6a. Da d os r e la ti v os a o c om p r i me nt o t ot al
d os e stá gi o s lar va i s d e ne ma t ói d e s
R ha b d i t i da
de
Hy d r oc h ae r is
hy d r oc h a e ri s
44
L2 recente
L2 - L3 Rhabditida
#$ %
$
$
"
L1 Rhabditida
L3 Rhabditida
12
14
16
18
20
$"
22
24
26
$
Fi gu r a 1 6 b. Da d o s r e la t i vos a l a r gu r a d a r e g i ã o d a
ju n çã o e s ôf a g o i n te st i n al d os e stá gi os
lar va i s de n e ma t ói d es R ha b d it i da d e
Hy d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s.
L2 recente
#$ %
$
$
"
L1 Rhabditida
L2 - L3 Rhabditida
L3 Rhabditida
70
110
90
150
130
190
170
230
210
270
250
310
290
330
$)*
Fi gu r a 1 6c . Da d os r el a ti v os a o c om p r i me n t o d o
e sôf a g o d os es tá gi os la r va i s de
n e ma t ó i de s
R ha b d i ti da
de
Hy d roc h a e ris h y d r oc h ae ri s
45
L2 recente
L2 - L3 Rhabditida
#$ %
$
$
"
L1 Rhabditida
L3 Rhabditida
45
50
55
60
65
70
75
+
80
85
90
95
100 105
"
Fi gu r a 1 6 d . Da d os r el a t i vos a o ta ma n h o de c a u da
d o s está gi os l ar va i s d e ne mat ó i de s
R ha b d it i da
de
Hy dr o c h ae ri s
h y d roc h a e ri s.
Foi realizada a análise biométrica comparativa do comprimento total
das L3 do presente estudo, com as L3 de Strongyloides spp parasitos de
mamíferos, descritas por B AS I R (1950), R EE S AL (1951), W E RT HE I N & L E NGY
(1965), L I TT L E (1966a), L I T T L E (1966b) e L YO N S et al. (1973) (FIG. 17). O
tamanho do esôfago e da cauda das larvas não foi levado em consideração
pois, em todas as espécies de L3 de Strongyloides spp descritas por estes
autores, o esôfago corresponde a cerca de 40% do comprimento total e a
cauda entre 10% e 14% do comprimento total da larva. O mesmo foi
observado com as L3 do tipo Rhabditida encontradas no presente estudo,
demonstrando claramente que o tamanho do esôfago e da cauda são fatores
diretamente proporcionais ao comprimento total da larva. Dessa forma, o
comprimento total do corpo, juntamente com características morfológicas, se
constituem nos únicos fatores que poderiam se diferir nas L3 das espécies de
Strongyloides spp.
46
Fi gu r a 1 7. Bi o m etr ia c om p a r at i va d o c om p r i me n t o t ota l da s L3 d e R h a b d it i da d o
p re se nt e e s t u d o, c om a s L3 de St r o n gy l oi d e s s p p par a s it os d e ma míf e r o s ( 1.
B A S IR , 1 9 5 0; 2. R E E S A L , 1 9 5 1 ; 3. W E R T H E I N & L E N G Y , 1 9 6 5; 4. L I T T L E ,
1 9 6 6 a .; 5. L I T T L E , 1 9 6 6 b; 6. L Y O N S et a l., 1 9 7 5 ).
Observou-se que as L3 do presente estudo possuem um comprimento
total médio, semelhante ao das L3 de S. ratti Sandground, 1925 e S.
venezuelensis B rumpt, 1934, coletados de Rattus norvegicus (Berkkenhaut,
1769) (R odentia, Muridae) infectados experimentalmente, de S. stercoralis
(Bavay, 1876) parasito de Canis familiaris (Linnaeus, 1758) (Carnivora,
Canidae) e de S. procyonis Little, 1966, parasito de Procyon lotor Linnaeus,
1758 (Carnivora, Procyonidae). Entretanto, Little (1966a) afirma que os
únicos fatores de identificação específica do gênero Strongyloides são os
baseados na conformação morfológica da cavidade bucal e do útero das
fêmeas parasitas partenogenéticas, e no estágio de desenvolvimento (ovos
larvados ou L1) encontrado em fezes recém eliminadas pelos hospedeiros.
Assim, não existem características morfológicas e biométricas das L3, que
sejam determinantes na identificação das espécies de Strongyloides.
47
2.1.3.1. Desenvolvimento de larvas de terceiro estágio de Strongyloides sp
parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris
Passadas as primeiras 24 horas, após 48 horas da coleta das fezes, entre
as culturas mantidas sob as três condições de temperaturas, a única que
continha larvas de terceiro estágio (L3), foi a cultura mantida a 30ºC, que já
no terceiro dia após a coleta apresentou 100% das larvas no terceiro estágio
de
desenvolvimento.
As
culturas
mantidas
nas
outras
temperaturas
apresentavam 100% de L2 com 48 horas após as coletas (FIG. 18). As L3
surgiram em pequeno número a partir do quinto dia, nas culturas mantidas a
20ºC, que apresentaram 100% das larvas neste estágio s omente a partir do
nono dia. As culturas mantidas a 26ºC apresentaram as larvas de terceiro
estágio a partir do terceiro dia.
Baseado nesses resultados pode-se afirmar que as culturas mantidas
sob temperatura constante de 30ºC e umidade relativa por volta de 90%
apresentam menor tempo de desenvolvimento até o estágio de L3. São
necessários mais trabalhos que verifiquem outros aspectos da biologia de
ovos e larvas de Strongyloides sp parasitos de H. hydrochaeris, tais como o
desenvolvimento desses estágios sob condições extremas de temperatura e
umidade
relativa,
sua
sobrevivência
comportamento infectante.
e
longevidade,
assim
como
seu
48
A
Desenvolvimento lar vas Rhabditida - 10 dias 20ºC
100
100
100
100
94.4
100
93.6
100
86.3
90
Pe rc ent ual dos es tágios
100
75
80
66.6
70
60
50
40
33.3
25
30
20
13 .6
10
0 0
0
0 hora
1 (24h)
0
0
0
2 (48h)
0
0
3 ( 72h)
0
0
4 (96h)
5.5
0
5 (120h)
0
0
6 ( 144h)
0
7 (168h)
6.3
8 ( 192h)
0 0
0 0
9 (21 6h)
10 (24 0h)
Dias de obs e rvaç ão
L1
L2
99.13
99.1
L3
B
Desenvolvimento lar vas Rhabditida 10 dias 26ºC
100
100
100
98.45
92 .1
Pe rcent ual dos e s tágios
90
80.75
74.64
80
68.1
70
59
60
50
40.9
40
31.8
30
20
25.35
19.24
7.8
10
0
100
0 0
0 ho ra
0
1 (2 4 h)
0
0
2 (4 8 h)
01.54
0
0
0
0
3 ( 7 2 h)
4 (9 6 h)
5 (1 2 0 h)
6 ( 1 4 4 h)
7 (1 6 8 h )
0 0.86
8 ( 1 9 2 h)
0 0.9
9 (2 1 6 h )
0 0
1 0 (2 4 0 h )
Dias de obs e rvaç ão
L1
L2
L3
Desenvolvim ento larvas Rhabditida - 10 dias - 30ºC
100
100
100
100
96
100
100
100
10 0
5 (120h)
6 ( 144h)
7 (168h)
100
100
8 ( 192h)
9 (21 6h)
100
Pe rcentual dos e st ágios
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 0
0 hora
0
0
1 (24h)
0
4
2 (48h)
0 0
0 0
3 ( 72h)
4 (96h)
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
10 (24 0h)
Dia s de obs e rvação
L1
L2
L3
Fi gu r a 1 8. Pe rc e nt ua l d e est á gi os la r vai s d e St r o n gy l oi de s sp, e m f e z e s de
Hy d roc h a e ris hy d r oc h a e ri s, d ur a n te 1 0 d ia s, s ob tr ês c on d i ç õe s de
t e mp er at ur as c on s t a nte s ( A. 2 0ºC, B . 2 6ºC , C . 3 0ºC) e u mi da de
r e la ti va = 9 0 %.
C
49
2.2.
Larvas
de
nematóides
da
ordem
Strongylida
parasitos
Hydrochaeris hydrochaeris
2.2.1. Larvas de primeiro estágio (L1)
As larvas de primeiro estágio do tipo Strongylida ocorreram a partir da
sexta hora de observação. Essas larvas foram mensuradas no horário de
observação relativo a eclosão das mesmas, ou seja, assim que foram
diagnosticadas. Os dados relativos a sua biometria estão demonstrados na
TAB. 10.
Essas larvas possuem a extremidade anterior sem lobos cefálicos (FIG.
19b).
A
cavidade
bucal
tem
forma
tubular,
alongada,
com
paredes
refringentes, formando duas linhas paralelas (FIG. 19b). O esôfago é do tipo
rhabditiforme, com a divisão corpo, istmo e bulbo bem distinta (FIG. 19c). O
anel nervoso periesofagiano envolve a região do istmo. O intestino tem
células indiferenciadas e luz sinuosa (FIG. 19a). O Primórdio genital é
ventral, e está localizado na região do terço médio intestinal, pouco
proeminente e de forma arredondada (FIG. 19d). A cauda é afilada (FIG.
19a).
50
Fi gu r a 1 9. L1 de ne ma t ói d e s Str on g yl i d a par as i t os de Hy d roc h a e ri s hy d r oc h ae r is. a.
vi s ta ger al ; b. de ta l he da e xtr e m i da d e a n ter i or , c. r e gi .a o a n ter i or , d.
de ta l he d o p r i m ór d i o g en it al) ( esc a la= 2 0 µ m) ( A – Â n us, C B – Ca vi d a d e
b uc a l, E – E sôf a g o, JE In – J u nç ã o e sôf a g o i n t e st i nal , P G – Pr i m ór d i o
ge n it a l) .
51
T a be l a 1 0 . Da d os d e b i o me tr ia da s la r va s de p ri me i r o e st á g i o de ne m at ó id e s Str on g yl i d a,
par a sit os d e Hy d roc h a e ris h y d r oc h ae ri s
Est ágio d e desenv olvimento
Medidas
Co mpri mento Total ( µ m)
Largu ra (na região da jun ção
Larva s d e pri me iro estágio St rongylida (n=34)
Máxi mo
Míni mo
Média
D esvio Pa drão
390,00
300,00
346,85
24,42
20,00
15,00
16,87
0,93
105,00
91,25
97,59
3,93
62,50
50,00
54,58
3,75
esôf ago int estinal) ( µ m)
Co mpri mento do esôfago ( µ m)
Tama nho da cauda ( µ m)
As larvas de primeiro estágio do tipo Strongylida, observadas no
presente
estudo,
apresentaram
as
mesmas
características
morfológicas
descritas por R ODRI GUE S (1980), para larvas de primeiro estágio de
Haemonchus contortus e Haemonchus placei, exceto pelo fato de que a autora
considera a cavidade bucal das larvas des sas duas espécies, pequena, o que se
torna bastante relativo, pois não foram fornecidos dados biométricos desta
estrutura que sirvam como parâmetro para comparação com as larvas do
presente estudo. As L1 de Cooperia spp pos suem corpos refringentes na
extremidade anterior, cauda cônica terminada em ponto, e as L1 de
Trichostrongylus spp apresentam papilas refringentes na extremidade anterior
e cauda cônica, quase triangular, possuindo características bem distintas das
larvas de primeiro estágio dos Strongylida de capivaras. A morfologia da
cavidade bucal e o formato da cauda das L1 de Strongylida do presente
estudo estão de acordo com a descrição feita por V E GL I A (1916) para L1 H.
contortus.
Quando comparadas biometricamente, as L1 observadas apresentaram
um comprimento médio na faixa observada por V E GL I A (1916) em H.
contortus. As L1 de H. contor tus e de H. placei estudadas por Rodrigues
(1980), apresentaram respectivamente menor e maior média de comprimento
total, quando comparadas com as L1 de Strongylida do presente estudo. A
cauda também é proporcionalmente menor que a cauda das duas espécies de
Haemonchus spp
52
T a be l a 1 1 . Da d o s c om p a r at i v os da s L1 de S tr on g yl i d a, p ar a si t os de Hy d r oc h ae r is hy d ro c h ae ri s e
L1 d e H a em o n c h us sp p
L a r va s de pr i m e i r o e s t á gi o St r o ng y l i da
H . c o nt o r t us
H. placei
(RODRIGUES,
(RODRIGUES,
1980)
1980)
340 - 350
304,35
369,35
16,87
-
19,82
19,32
C o m pr i m e nt o d o e s ôf a g o ( µ m )
97,59
-
-
-
Tamanho da cauda (µ
µm)
54,58
-
60,25
74,86
C o m pr i m e nt o T o t a l ( µ m )
L a r g ur a ( na r e g i ã o da j u nç ã o
e s ô f a g o i nt e s t i na l ) ( µ m )
PRESENTE
H . c o nt o r t us
ESTUDO
( VE GL IA , 19 16)
346,85
Portanto, as larvas que apresentam maior semelhança morfológica e
biometrica com as L1 observadas neste estudo são as larvas de primeiro
estágio de Haemonchus spp, segundo o que foi observado por V E GLI A (1916) e
R ODRI GU E S (1980).
2.2.1.1. Desenvolvimento de larvas de primeiro estágio de nematóides
Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris
As larvas de primeiro estágio surgiram, nas culturas mantidas sob as
três temperaturas, durante as primeiras 24 horas de observação. Nas culturas
mantidas a 30ºC as L1 eclodiram por volta da sexta hora de observação. Nas
outras culturas, o surgimento das L1 ocorreu de forma mais lenta (FIG. 20).
Sob
condições
simuladas,
I S E NS T EI N
(1963)
observou
que,
em
temperaturas entre 26ºC e 30ºC, as L1 de C. oncophora eclodem após 16
horas. Em culturas com ovos de C. punctata, as L1 eclodem em 20 horas, em
temperaturas entre 20ºC e 26ºC (S T E WAR T , 1954). M ON NI G (1926) constatou
que em temperaturas entre 18ºC e 21ºC, culturas com ovos T. colubriformis
apresentaram larvas de primeiro estágio a partir de 19 horas. Dos ovos de T.
sigmodontis, mantidos em temperaturas entre 20ºC e 25ºC, T HAT CHE R &
S COT T (1962) observaram a eclosão das L1 entre 36 e 48 horas. As L1 de T.
vitrinus, eclodem a partir de 19 horas em culturas mantidas a 36ºC, 24 horas
em culturas a 28ºC, 48 horas em culturas a 18ºC e em 7 dias nas culturas
mantidas entre 9ºC e 10ºC (C ROF T ON , 1965).
53
Portanto, mesmo sob as condições em que foram realizadas as coletas
de material fecal no presente estudo, as L1 de nematóides Strongylida
parasitos de H. hydrochaeris estudados, apresentam o mesmo padrão de
eclosão das L1 de nematóides de espécies de Trichostrongyloidea dos
gêneros Cooperia e Trichostrongylus, exceto no caso de T. sigmodontis onde
a eclosão da L1 ocorre de forma mais lenta.
As larvas de primeiro estágio, nas culturas mantidas a 20ºC, ainda
ocorreram até o quarto dia de observação. Nas outras culturas só foram
observadas nas primeiras 24 horas, sendo que a 30ºC as L1 ocorreram entre a
sexta e 15ªhora de observação, não ocorrendo mais desde então.
54
Desenvolvim ento de larvas Strongylida - 24h - 20ºC
100
100
100
100
Pe r ce n tag e m do s e s tág io s
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 hora
3ªh or a
6ª ho r a
9ªh or a
12ª ho r a
15ªh or a
18ª h o r a
21ªh or a
24ª h o r a
Hor ár ios d e o bs e r vação
L1
L2
L3
Desenvolvim ento de larvas Strongylida - 24h - 26ºC
100
100
100
100
100
100
100
Pe r ce n tu al d os e s tág ios
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0 hora
3ªh or a
6ª ho r a
9ªh or a
12ª ho r a
15ªh or a
18ª h o r a
21ªh or a
24ª h o r a
Ho r ár io s d e o b s e r vação
L1
L2
L3
Desenvolvim ento de larvas Strongylida - 24h - 30ºC
100
100
100
100
100
100
100
Pe r ce n tu al d o s e s tágio s
90
80
70
62.5
60
50
37.5
40
30
20
10
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
12ª h o r a
15ªh o r a
0
0
0
0
0
0
0
0 ho r a
3ªh o r a
6ª h or a
9ªh o r a
18ª h or a
21ªho r a
24ª h o r a
Ho r ár io s d e d e s e n vo lvim e n to
L1
L2
L3
Fi gu r a 2 0. Pe r ce n t ua l d e e st á gi os la r va i s de n e ma t ói d e s Str on g yl i d a , e m f ez e s de
Hy d roc h a e ris h y d ro c h a eri s, d ur a nt e 2 4 h or as , sob tr ê s c on d i ç õ es de t em p er a t ur a s
c on sta nt es ( a. 2 0ºC , b. 2 6ºC , c. 3 0ºC ) e u mi d a de r ela ti va = 9 0 %.
55
2.2.2. Larvas de segundo estágio (L2)
As larvas de segundo estágio do tipo Strongylida, foram observadas em
dois momentos de seu desenvolvimento, também devido a grande variação
morfológica e biométrica desse estágio: logo após muda de L1 para L2 (L2
recém mudada), e no momento antes da muda de L2 para L3 (L2-L3).
Após a muda para L2, as larvas possuem características morfológicas
semelhantes as larvas de primeiro es tágio. Porém, as paredes da cavidade
bucal são mais evidentes e refringentes (FIG. 21b). O esôfago ainda é do tipo
rhabditiforme, mas a diferenciação entre corpo, istmo e bulbo é menos
distinta (FIG. 21c,d). O intestino possui paredes de coloração escura (FIG.
21a), com células indiferenciadas e luz intestinal retilínea. O primórdio
genital é semelhante em posição e forma ao das L1 (FIG. 21f). A cauda
continua semelhante a da L1 (FIG 22e, g). Os dados biométricos relativos as
L2 nessa fase do desenvolvimento podem ser vistos na TAB 12.
56
Fi gu r a 2 1. L2 r e c é m mu da d a de ne m at ó i de s St r on g yl i d a pa r a si t os d e Hy d roc h ae ri s
h y d roc h a e ri s. a. vi st a ge r a l ; b. d eta l he da e xt r e mi d a de a nt er i or ; c. re giã o
a n ter i or ; d . r e gi ã o d a j u nç ã o e s ôf a g o i nt e st i nal , e . ca u d a da lar va ; f . det a l he d o
p r i m ór di o ge n it al , g. c au d a d a lar va n o mom en t o d a mu d a d e L1 p a r a L2
( e sca l a= 2 5µ m ) ( A – Â n u s, B E – B u l b o e sof a gi a n o, C B – C a vi d a de b uca l, C L 2 –
C a u d a da L2 , C u t. L 1 – C u tí c u la da L1 , E – E sôf a g o, J E I n - J u n çã o es ôf a g o
i n te s ti na l, PG – Pr i m ór d i o ge ni ta l) .
57
T a be l a 1 2 . Da d os de bi o m et r ia da s l a r va s d e se gu n d o e st á gi o re c ém m u d a da s, de
ne m at ó i de s Str on g yl i d a , pa r a si t os de Hy d roc h ae ri s h y dro c h ae ri s
Est ágio d e desenv olvimento
L2 r ecé m mudada Strongylida (n=35)
Medidas
Co mpri mento Total ( µ m)
Largu ra (na r egiã o da jun ção
esôf ago int estinal) ( µ m)
Co mpri mento do esôfago ( µ m)
Tama nho da cauda ( µ m)
Máxi mo
Míni mo
Média
D esvio Pa drão
650,00
480,00
562,75
60,12
25,00
20,00
22,50
1,95
140,00
107,50
119,75
11,08
90,00
72,50
80,50
6,10
A biometria das L2 recém mudadas, quando comparada às L2 de outros
Trichostrongyloidea,
como
C.
oncophora
(Railliet,
1898)
(Trichostrongyloidea, Trichostrongylidae) (I S E NS T E I N , 1963) e C.punctata
(S T E W AR T , 1954) apresenta diferenças em relação ao comprimento total (TAB
13), que é o único parâmetro corporal apresentado pelos autores na descrição
da L2 dessas espécies. Em relação aos aspectos morfológicos, a coloração
escura das células intestinais é relatada por I S E NS T EI N (1963) e S T E W A RT
(1954), que atribui tal escurecimento a grânulos de “nutrientes” que são
acumulados.
T a be l a 1 3. Da d os b i o mé tr ic os c om p a r a ti v os e ntr e a s L2 de ne ma tó i de s S tr on g yl i d a
par a sit os d e Hy d roc h a e ris h y d r oc h ae ri s e L2 d e C o o pe r i a s p p .
L 2 r ecé m mud a d a St r o n gy lid a
C o mpr i me nt o T ot al ( µ m)
L ar g ur a ( n a re g i ã o d a j un ç ã o
e sôf a g o i nt e st i n al ) ( µ m )
C o mpr i me nt o d o e s ôf a g o ( µ m)
Tamanho da cauda (µ
µm)
PRESENTE
C. o nc o p h o ra
C. p unct a t a
EST UDO
( I S E N S T E I N , 1 9 6 3)
( S T E W A R T , 1 9 5 4)
650,00
8 0 8, 0 0
6 1 9, 0 0
25,00
-
-
140,00
-
-
90,00
-
-
58
As L2 no estágio de pré L3 (L2-L3) observadas no presente estudo
apresentaram diferenças em relação a sua morfologia e biometria. Essas L2 já
apresentavam cauda semelhante à das L3. Foram identificadas L2-L3 que
apresentaram a cauda da larva afilada e de ponta arredondada, denominadas
Morfotipo A (FIG 22a, 23b), e larvas de cauda afilada com a ponta
filamentosa, denominadas Morfotipo B (FIG 22b, 23c). No mais, essas larvas
apresentaram dimensões corporais maiores que as L2 recém mudadas (FIG.
29 e 30). Morfologicamente, as L2-L3 apresentam-se semelhantes às L2
recém mudadas, exceto pela característica das caudas. Os dados biométricos
das L2 nessa etapa de desenvolvimento estão demonstrados na TAB. 14
Fi gu r a 2 2 . L2 a nt e s da m u da pa r a L3 . a. La r va d o
m or f ot i p o A; b. Lar va d o m or f ot i p o B
( e sca l a= 5 0µ m )
59
Fi gu r a 2 3. L2 a n te s d a mu da par a L3 . a. R e gi ã o a nte r i or ; b. ca u da da la r va d o m or f ot i p o A ;
c . c a u d a da lar va d o mo r f oti p o C) ( e sca la = 5 0 µ m)
T a be l a 1 4 . Da d o s de b i o me tr i a da s L2 a nt es d a m u da p ar a L3 , de ne m at ói d e s S tr on g yl i d a ,
p ar a si t os d e H y d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s
E s t á g i o de de s e nv ol vi m e n t o
L 2 - L 3 St r o ng y l i da
M or f ot i po A ( n= 3 3 )
C om pr i m e nt o T ot a l
(µm)
Máximo Mínimo
M é di a
975,00
775,00
871,42
27,50
27,00
165,00
M o r f ot i po B ( n= 3 0 )
Desvio
D e s vi o
Máximo Mínimo
M é di a
79,61
975,00
800,00
865,00
72,02
26,42
0,86
27,50
25,00
26,00
1,36
145,00
152,50
7,35
150,00
140,00
145,00
3,53
92,50
103,57
6,74
225,00
170,00
195,20
21,96
Padrão
P a dr ã o
L a r g ur a ( na r e g i ã o
d a j u nç ã o e s ôf a g o
i nt e s t i na l ) ( µ m )
C om pr i m e nt o d o
e s ôf a g o ( µ m )
Tamanho
(µ
µm)
da
cauda 1 1 2 , 5 0
60
As L2-L3 do Morfotipo B, apesar de possuírem a cauda com
aproximadamente o dobro do tamanho da cauda do Morfotipo A, apresentam
comprimento
total
médio
semelhante.
As
L2,
nessa
etapa
de
desenvolvimento, ainda não poss uíam a dupla cutícula característica das L3
dos nematóides Strongylida.
2.2.2.1. Desenvolvimento de larvas de segundo estágio de nematóides
Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris
As larvas de segundo estágio surgiram, nas culturas mantidas a 20ºC e
26ºC, a partir do terceiro e segundo dias de observação respectivamente (FIG
34). Nas culturas mantidas a 30ºC, as larvas nesse estágio surgiram a partir
da 15ªhora de observação. Nas culturas mantidas a 20ºC e 26ºC as L2
ocorreram
até
o
sexto
dia
de
experimento.
Nas
culturas
em
maior
temperatura, as L2 ocorreram até o segundo dia de observação (FIG 34).
Em culturas com ovos de C. oncophora, mantidas em temperaturas
entre 26ºC e 30ºC, as L2 ocorrem com 28 horas (I S E NS T E I N , 1963). Em C.
punctata, com temperaturas entre 20ºC e 26ºC, as L2 s urgem a partir da
15ªhora e a 28ºC surgem em 30 horas (S T E WAR T , 1954). Em T. colubriformes,
com temperaturas entre 18ºC e 21ºC, as L2 surgem entre 25 e 28 horas
(M ONNI G , 1926). Como no caso das L1, as L2 de T. sigmodontis também
surgem tardiamente, entre 2 e 3 dias, em culturas mantidas em temperaturas
entre 20ºC e 25ºC.
Da mesma forma que ocorre nos outros estágios, o desenvolvimento
das L2 de nematóides Strongylida de capivaras, nestas condições de
temperatura, ocorre de forma semelhante a de outras espécies de nematóides
da superfamília Trichostrongyloidea.
2.2.3. Larvas de terceiro estágio (L3)
As larvas neste estágio possuem a extremidade anterior arredondada,
quando vista lateralmente (FIG. 25a,b,c), contém dois corpos refringentes
pequenos juntos a parede interna dorsal e ventral da cutícula (FIG. 25b) e
cavidade bucal reduzida (FIG. 25c). O esôfago é do tipo filariforme sem a
61
divisão corpo-istmo-bulbo (FIG. 25a,d). O poro excretor é ventral e evidente,
localizado próximo a região do quarto distal do esôfago (FIG. 25a,d). O
intestino tem células de formato irregular, de coloração escura (FIG. 24a,b).
O primórdio genital é ventral, localizado na região do terço médio intestinal,
pouco evidente e de forma arredondada. A principal característica dessas
larvas, assim como de todas as L3 pertencentes a espécies da ordem
Strongylida, é a presença de uma dupla cutícula. A cutícula interna é a
cutícula da L3, conhecida como cutícula da larva, e a externa é a cutícula da
L2 que permanece, chamada de cutícula da bainha (R OGE RS & S OM M E R VI L L E ,
1983).
Assim como nas L2-L3, foram observados os mes mos dois morfotipos
nas L3. O Morfotipo A (FIG. 24a), que s e caracteriza por apresentar a cauda
da larva de forma cônica (FIG. 26a, 27a), terminando em uma ponta que vista
lateralmente possui uma pequena depressão ventral (FIG. 27b), e cauda da
bainha
curta,
que
se
afila
de
forma
abrupta,
terminando
em
ponta
arredondada (FIG. 26a, 27a). O Morfotipo B (FIG. 24b), possui a cauda da
larva com a forma de um cone de ponta entalhada (FIG 27c,d,e), que vista
lateralmente, possui um tubérculo dorsal maior que o ventral (FIG 27d,e), a
cauda da bainha é longa e se afila de forma gradual, terminando em ponta
filamentosa (FIG. 26b, 27c). Os dados relativos a biometria desses dois
morfotipos de L3 estão organizados na TAB. 15.
62
Fi gu r a
24.
L3 de n e ma t ó i de s St r on g yl i da par as it os de
Hy d r oc h ae r is hy d r o c h a er is a. Mor f ot i p o A, b.
Mor f ot i p o B (e sc al a= 5 0 µ m)
63
Fi gu r a
2 5. L3 d e ne m at ó i de s S tr on g yl i d a par as it os d e Hy d r oc h a er i s
hy d r oc h a e ri s a. r e gi ã o a nt e r i or , b. de ta l he d o s c o r p os r ef r i n ge n te s na
ex tr e m i da d e a n ter i or , c . det al h e da c a vi da d e b uc a l, d. r e gi ã o da
ju n çã o
e s ôf a g o- i nt es ti n o,
d e tal h e
p or o
e
d uc t o
e xc re t or
( es cal a = 1 0µ m ) ( C B – C a vi da de b uc al, C R – C o rp os r ef r i n ge n t es , DE
– D uc t o e xcr et or, E – E s ôf a g o, PE – P or o e x c re t or )
64
Fi gu r a 2 6. L3 d e n e ma t ói d es Str on g yl i d a p a r asi t os de Hy d r o c h ae ri s hy d roc h ae ris . a.
Det a l he d a ca u d a d o Mor f ot i p o A. b . Det al h e d a ca u da d o M or f ot i p o B.
( es cal a = 2 0µ m ) ( C B – C a u da da ba i n ha , C L – Ca u da d a l ar va)
65
Fi gu r a 2 7. L3 d e n e ma t ói d es Str on g yl i d a p a r asi t os de Hy d r o c h ae ri s hy d roc h ae ris . a.
B
Ca u d a da la r v a e da ba i n ha d o M or f ot i p o A, b . P on ta da ca u d a d a l a r v a d o
Mor f ot i p o A, c. Ca u da d a la r va e da ba i n ha d o Mor f o t i p o B , d, e. P on t a d a
ca u da d a l ar va d o Mor f ot i p o B ( e sc a la = 5µ m) ( C B – Ca u da da b ai n ha , C L –
Ca u d a da lar va , E A – E n ta l he a p ic a l d a c a u d a d a l ar va, R V – R ee nt r ân cia
ve n tr a l , T D – Tu b é r c u l o d or sa l, T V – T u b ér c u l o ve n tr a l) .
66
T a be l a 1 5.
Da d os d e bi om e tr ia d a s
Hy d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s
L3
de
ne m at ó i de s S tr on g yl id a,
Estágio d
par a s it os
de
d
67
cutícula. No mais, as L3 são consideravelmente maiores que as L1 e L2
Strongylida A
$"
$
* +
$
recém mudadas (FIG 29 e 30).
,
*
Strongylida B
80
100
120
140
160
180
200
220
240
260
+
Fi gu r a 2 8 . Da d os r e la ti v o s a o c om p r i me n t o da ca u da da
ba i n ha
da s
L3
de
Str on g yl i d a
de
Hy d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s
L1
"
L2 Recente
$
L2 - L3 Strong. A
#$ %
$
L2 - L3 Strong. B
L3 Strongylida A
L3 Strongylida B
250
350
300
450
400
550
500
650
600
750
700
"
$"
850
800
950
900
1050
1000
$
Fi gu r a 2 9 . Da d os r e l a t i vos a o c om p r i m e nt o t ot al d os
es tá gi os
l ar vai s
Str on g yl i d a
de
Hy d r oc h ae r is h y d r oc h ae ri s
68
L1
"
L2 recente
$
L2 - L3 Strong. A
#$ %
$
L2 - L3 Strong. B
L3 Strongylida A
L3 Strongylida B
14
15 16 17
18 19 20
21 22 23 24
$"
25 26 27
28
$
Fi gu r a 3 0 . Da d os r e la t i vo s a la r gu r a d os es tá gi os lar va i s
Str on g yl i d a de Hy d roc h a e ris hy d r oc h ae ris
Até o presente estudo, os relatos de parasitismo em capivaras por
nematóides da ordem Strongylida paras itos do trato gastrointestinal, estão
restritos
a
espécies
Trichostrongyloidea:
de
cinco
Viannella,
gêneros
pertencentes
Hydrochoerisnema,
a
superfamília
Trichostrongylus,
Haemonchus e Cooperia, sendo esses três últimos pouco freqüentes e
considerados como parasitos acidentais. Por esse motivo, toda discussão a
respeito da morfologia e biometria das L3 encontradas no presente estudo
será feita tendo as larvas infectantes de algumas espécies desses gêneros
como parâmetro.
Diferente do que ocorre com as espécies de nematóides do gênero
Strongyloides, é possível a identificação de algumas espécies de nematóides
da superfamília Trichostrongyloidea, a partir de características morfológicas
e biométricas das larvas de terceiro estágio (L3) ou larvas infectantes.
Algumas espécies dos gêneros Trichostrongylus, Haemonchus e Cooperia
possuem relatos detalhados da morfologia e biometria das L3, principalmente
as espécies que parasitam hospedeiros de importância econômica, como
bovinos, caprinos e ovinos. O mesmo não se aplica aos gêneros Viannella e
Hydrochoerisnema, que possuem suas larvas, em todos os estágios de
desenvolvimento, ainda desconhecidas.
69
As
L3
de
nematóides
da
ordem
Strongylida
parasitos
de
H.
hydrochaeris apresentam diferenças morfológicas significantes em relação as
L3 das espécies dos gêneros Trichostr ongylus, Haemonchus e Cooper ia. As
L3 de Trichostrongylus spp possuem como principais características a
extremidade anterior sem cápsula bucal e corpos refringentes, células
intestinais de número e formato definido, cauda da larva contendo tubérculos
de número variável, e cauda da bainha curta, de formato cônico e sem ponta
filamentosa (D I KM A NS & A NDR E WS , 1933; H A NS E N & S HI VN AN I , 1956;
M C M UR T R Y et al., 2000; O’C AL L AG H AN , 2004). Dessas características,
apenas a presença de tubérculos na extremidade da cauda da larva se
assemelha com a descrição da cauda da L3 do Morfotipo C, mas as larvas
desse morfotipo apresentam como principal característica a cauda da bainha
alongada e com ponta filamentosa, não se assemelhando a de cauda da bainha
da L3 de Trichostrongylus spp. Além disso, as L3 de Strongylida do presente
estudo apresentam células intestinais de número indefinido e forma irregular,
o que não ocorre com as L3 de Trichostrongylus spp. Morfometricamente, as
L3 de Trichostrongylus spp, também são diferentes das L3 de Strongylida de
capivaras. As diversas espécies analisadas apresentaram uma média de
comprimento total, incluindo a cauda da bainha, menor que o observado nas
L3 de Strongylida do presente estudo (FIG. 31). Portanto, as L3 de
Strongylida de capivaras, observadas no presente estudo não se assemelham
às L3 de Trichostrongylus spp já descritas, não pertencendo a este gênero.
70
Comprimento total das L3: Trichostrongylus spp X L3 de Strongylida de Hydrochaeris hydrochaeris
1050
Comprimento total (micrômetros)
1000
950
900
850
800
média
750
700
650
600
550
T.a
T
T
T
T
T
T
T
T
M
T
T
Mo
T
T
xei . axe . sigm .ruga .ruga .ruga .insta .insta .insta . falc .vitri .vitri .colu orfo
nus
nu
i (2
tip rfotip
ula
b
(4)
b
b
b
odo tus ( tus ( tus (
)
(6) riform o A p o B p
1)
7) ilis (2) ilis (1) ilis (3) tus (2 s (3)
2)
ntis
is (
re s
r
)
(5)
6)
ent esent
ee
e
stu estu
do
do
Espécies
Fi gu r a 3 1. B i ome tr i a c om p a r at i va d o c o mp r i m en t o t ot al d os m or f ot i p os d as L3 d e
Str on g yl i d a d o pr e se n te est u d o, c om as L3 de T r ic h o st ro n gy l us s p p p a ra si t os
d e ma m íf er os ( 1. M O N N IG , 1 9 2 6; 2. M O N N I G , 19 3 1 ; 3. D I C K M A N S &
A N D R E W S , 1 9 3 3; 4. H A N S E N & S H I V N A N I , 1 9 5 6; 5. T H A T C H E R & S C O T T ,
1 9 6 2 ; 6. M C M U R T R Y et al ., 2 0 0 0 ; 7. O´ C A L L A G H A M , 2 0 0 4) .
Em relação às L3 de Cooperia s pp, as L3 de Strongylida de capivaras
apresentam comprimento total médio semelhante ao de algumas espécies (FIG
32). No caso da L3 do Morfotipo A, o formato da cauda da larva e da cauda
da bainha também apresenta semelhanças com algumas L3 do gênero
Cooperia. Mas, as principais características morfológicas que justificam a
diferenças entre essas larvas, são a presença de células intestinais de número
e formas definidos no caso de Cooperia sp (D I KM ANS & A NDR E WS , 1933;
H ANS E N & S HI VN ANI , 1956; K E I T H , 1953), o que não ocorre com as L3 do
presente estudo, e a existência de dois corpos refringentes que são
espessamentos da parede da cavidade bucal das L3 do gênero C ooperia
(D I KM A NS & A N DRE WS , 1933; H ANS E N & S HI VN ANI , 1956; K E I T H , 1953). Nas
L3
de
Strongylida
de
capivaras,
os
corpos
refringentes
descritos,
aparentemente, possuem maior tamanho e não são espessamentos da parede
da cavidade bucal, que nessas larvas, é de tamanho reduzido.
71
Comprimento total das L3: Cooperia spp X L3 de Strongylida de Hydrochaeris hydrochaeris
1050
Comprimento total (micrômetros)
1000
950
900
850
média
800
750
700
650
C.
fue
C.
C.
C.
C.
C.
C.
C.
C.
C.
C.
C.
C.
C.
Mo
Mo
s
a
o
o
o
p
o
c
c
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p
p
p
r
r
lle errat ntido urtic urtic ncop ncop ncop ncop unct unct unct ectin ectin fotip fotip
bo
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o
ata
ei
ata
ata
o
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ata
ata
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ho
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(
1)
(
2)
3)
r
r
r
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(7)
(4)
(7) A pre B pre
(8)
(1)
(1)
(2) a (6) a (5) a (7) (5)
s
se
nte ente
e
es
tud stud
o
o
Espécies
Fi gu r a 3 2. B i ome tr ia c om p a r at i va d o c om p r i me n t o t ot al d os mo rf o ti p os d as L3 d e
Str on g yl i d a d o pr e se n t e e st u d o, c o m a s L3 d e C o o pe ri a s p p pa r a si t os d e
ma m íf e r os ( 1. M O N N IG , 1 9 3 1 ; 2. D I C K M A N S & A N D R E W S , 1 9 3 3; 3. A N D R E W S ,
1 9 3 3 ; 4. S T E W A R T , 1 9 5 4 ; 5 . H A N S E N & S H I V N A N I , 1 9 5 6; 6. I S E N S T E I N , 1 9 6 3 ;
7. K E I T H , 1 9 5 3 ; 8. H E R L I C H , 1 9 6 5 ) .
As
L3
de
espécies
do
gênero
Haemonchus
possuem
como
características, a extremidade anterior contendo uma cápsula bucal globular
ladeada por estrutura cuticular côncava e refringente, voltada para a cavidade
da cápsula, células intestinais com número e formatos definidos. (D I KM AN S &
A NDRE WS , 1933; H ANS E N & S HI V NA NI , 1956). A cauda da larva é afilada
bruscamente com a ponta sem a presença de tubérculos, a cauda da bainha é
alongada, com a ponta filamentosa (M O RGA N , 1930; D I KM ANS & A NDRE WS ,
1933; H A NS E N & S HI VN ANI , 1956). Das características descritas para as L3 de
Haemonchus spp, a única que se assemelha as das L3 de Strongylida de
capivaras é o formato da cauda da bainha. As L3 do Morfotipo B possuem a
cauda da bainha afilada e terminando em ponta filamentosa, mas a cauda da
larva desse morfotipo, vista lateralmente, possui dois tubérculos, o que não
ocorre com as L3 de Haemonchus s pp. Comparando-se com a biometria das
L3 de Haemonchus spp, as L3 de Strongylida de capivaras, de ambos
morfotipos, são em média maiores (FIG. 33).
72
Comprimento total das L3: Haemonchus spp X L3 de Strongylida de Hydrochaeris hydrochaeris
1050
Comprimento total (micrômetros)
1000
950
900
média
850
800
750
700
650
600
H. c
o
Mo
Mo
H. p
H. b
H. s
H. c
H. c
H. c
H. c
H. c
H. c
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ont
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ont
lac
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tipo
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ort
ort
ort
ort
ort
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(7)
7
us
us
us
us
us
us
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(3)
(1)
(4)
re s
res
ent
ent
ee
ee
stu
stu
do
do
Espécies
Fi gu r a 3 3. Bi om e tr ia c o mp a r a t i va d o c o m p ri men t o t ot al d os m or f ot i p os d a s L3 d e
Str on g yl i d a d o pr e se n te est u d o, c om a s L3 de H aem o n c h us sp p p ar a si t os
d e m a míf er os ( 1 . V E G L I A , 1 9 1 6 ; 2. M O R G A N , 1 9 3 3 ; 3. M O N N IG , 1 9 3 1 ; 4.
D I C K M A N S & A N D R E W S , 1 9 3 3; 5 . K E I T H , 1 9 5 3 ; 6. H A N S E N & S H I V N A N I ,
1 9 5 6 ; 7. D O N A L D , 1 9 6 3 ) .
Pelo histórico do parasitismo por nematóides da ordem Strongylida em
H. hydrochaeris, onde, em pouco mais de 90 anos de estudos, são relatadas
as
espécies
dos
gêneros
Viannella,
Hydrochoerisnema,
Cooperia,
Trichostrongylus e Haemonchus, e por relatos de morfologia existentes a
respeito dos estágios larvais de vida livre das espécies desses gêneros, podese supor que as larvas de nematóides da ordem Strongylida apresentadas no
presente estudo, em todos os seus estágios de desenvolvimento, até então não
haviam sido descritas. E, como as L3 pertencentes a algumas espécies de
Cooperia spp, Trichostrongylus spp e Haemonchus spp, já são conhecidas e
bastante características, e os relatos de parasitismo acidental por nematóides
da ordem Strongylida em H. hydrochaeris, são pouco f reqüentes, acredita-se,
que as larvas, assim como os ovos do tipo Strongylida, pertençam às espécies
Viannella hydrochoeri e Hydrochoerisnema anomalobursata, as únicas
espécies desses dois gêneros, até então relatadas em H. hydrochaeris.
73
2.2.3.1. Desenvolvimento de larvas de terceiro estágio de nematóides
Strongylida parasitos de Hydrochaeris hydrochaeris
As larvas de terceiro estágio, ou larvas infectantes, de ambos
morfotipos, surgiram mais rapidamente nas culturas mantidas a 30ºC, com 48
horas de experimento. Nas culturas mantidas a 26ºC, as L3 já estavam
presentes no terceiro dia de experimento, e nas culturas a 20ºC este estágio
larval foi observado a partir do quinto dia de observação (FIG. 34).
As L3 de C. fuelleborni surgem em culturas mantidas sob condições
simuladas, a 26ºC, entre 6 e 7 dias (A ND E RS ON , 1986). Em C. punctata, s ob
temperaturas entre 20ºC e 26ºC, as L3 surgem após 96 horas, na temperatura
de 28ºC, as L3 surgem em 75 horas (S T E W ART , 1954). As L3 de T.
colubriformis, em culturas mantidas entre 18ºC e 21ºC, surgem em 60 horas
M ONNI G (1926), com 25ºC surgem em 4 dias (C I OR DI A & B I Z Z E L L , 1963), e a
28ºC as L3 surgem por volta de 72 horas. As L3 de T. retortaeformis, com
temperatura de 25ºC, surgem entre 3 e 5 dias (P RAS AD , 1959). Em culturas de
ovos de T. sigmodontis, mantidas entre 20ºC e 25ºC, as L3 surgem a partir do
quarto dia (T HAT C H E R & S C OT T , 1962). As L3 de H. contortus, em culturas
mantidas entre 16ºC e 20ºC surgem entre 10 e 14 dias (R ANS ON , 1906 in
A NDE R S ON , 2000) e a 26ºC surgem com 65 horas (G AM B L E et al., 1989).
No presente estudo, as L3, assim como todos outros estágios de
desenvolvimento dos nematóides Strongylida parasitos de H. hydrochaeris,
apresentam semelhanças, em relação ao desenvolvimento, com os nematóides
da superfamília Trichostrongyloidea, dos gêneros Cooperia, Trichostrongylus
e Haemonchus. Mas devido às diferenças morfobiológicas de ovos e estágios
larvais de vida livre, pode-se afirmar que os as pectos do desenvolvimento
abordados no presente trabalho não são referentes aos ovos e larvas de
nematóides pertencentes aos gêneros anteriormente citados. Portanto, como
proposto nos estudos de morfologia e biometria de ovos e larvas de vida
livre, acredita-se que os aspectos do desenvolvimento de ovos e larvas
apresentados no presente estudo sejam referentes à Viannella hydrochoeri e
Hydrochoerisnema anomalobursata.
74
Desenvolvim ento larvas Strongylida 10 dias 20ºC
100
100
100
100
100
100
100
85.7
Pe r ce n tage m dos e s tág io s
90
78.1
74.2
80
73.9
70
60
50
40
25.7
30
26
21.8
14.2
20
10
0 0 0
0 0
0 0
0
0
0 hor a
1 (24h)
2 (48h )
3 (72h)
4 (96h)
0
0
0 0
0 0
0 0
0 0
0
5 (120h)
6 (144h )
7 (168h)
8 (192h)
9 (216h)
10 (240h)
Dias de ob s e r vação
L1
L2
L3
Desenvolvim e nto larvas Strongylida 1 0 dia s 2 6ºC
100
100
100
100
100
100
100
Pe r ce ntage m do s e s tágios
90
80
70
57.6
60
50
56
55.2
42.31
53.2
46.7
44.7
43.9
40
30
20
10
0 0 0
0 0
0 hor a
1 (24h)
0
0
0
0
0
3 (72h)
4 (96h)
0
0 0
0 0
0 0
0 0
0
2 (48h )
5 (120h)
6 (144h )
7 (168h)
8 (192h)
9 (216h)
10 (240h)
Dias de obs e r vação
L1
L2
L3
Dese nvolvim ento larvas Strongylida - 1 0 dia s - 30ºC
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
Pe r ce n tage m dos e s tágio s
90
77.7
80
70
60
50
40
33.2
30
20
10
0 0 0
0
0
0 h or a
1 (24h)
0
0 0
0 0
0 0
2 (48h)
3 (72h )
4 (96h)
0 0
0 0
0 0
0 0
0 0
0
5 (120h)
6 (144h )
7 (168h)
8 (192h)
9 (216h)
10 (240h)
Dias de obs e r vação
L1
L2
L3
Fi gu r a 3 4. P er ce n t ua l de est á gi os la r v a i s de ne m at ó i d e s S tr on g yl i d a, e m f e ze s de
Hy d r oc h ae r is hy d r oc h a er is , d ura n te 1 0 dia s, s ob tr ê s c on d iç õ e s de
te m per at u r a s c on st a nt e s ( A.2 0 ºC, B . 2 6ºC , C. 3 0ºC) e u m i da de r e la t i va =
9 0 %.
CONCLUSÕES
1.
os
ovos
encontrados
nas
fezes
estudadas
são
de
nematóides
Rhabditida e Strongylida, parasitos de capivaras, e se diferenciam
entre si pelo tamanho e número de camadas componentes da casca.
2.
os ovos de R habditida, contendo as larvas de primeiro es tágio, são
eliminados com as fezes do hospedeiro; já os ovos de Strongylida ,
que são em média maiores do que os de Rhabditida, são encontrados
nas fezes do hospedeiros nos estágios de mórula e gástrula.
3.
A temperatura influenciou o tempo de desenvolvimento dos ovos dos
nematóides estudados.
4.
As larvas de 1º e 2º estágios de nematóides Rhabditida e Strongylida
se diferenciam pela morfologia das estruturas circum-orais, da luz
intestinal e do primórdio genital.
5.
As larvas de 3º estágio de Strongylida possuem maior largura e
comprimento total do corpo e as L3 de R habditida apresentam maior
comprimento do esôfago, que corresponde a cerca de 40% do
comprimento total da larva.
6.
As L3 de Strongylida constituem-se em dois morfotipos, que se
diferenciam entre si pelo formato e tamanho da cauda da larva e da
cauda da bainha.
76
7.
A
temperatura
influenciou
o
desenvolvimento
das
larvas
dos
nematóides estudados.
8.
Pelos dados obtidos até o presente momento sobre o parasitismo em
capivaras e diante dos resultados apresentados nesse estudo, pode-se
indicar que os ovos e larvas descritos para nematóides Rhabditida e
Strongylida sejam, respectivamente, das espécies Strongyloides
chapini,
Viannella
anomalobur sata.
hydrochoeri
e
Hydrochoerisnema
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universidade federal de juiz de fora instituto de ciências biológicas