A DISTRIBUIÇÃO DA BIOMPHALARIA SP NO MUNCÍPIO DE JUIZ DE FORA, GEORREFERENCIADA NUMA PERSPECTIVA SÓCIO-ECONÔMICA Sandra Helena Cerrato Tibiriçá1, Elaine Soares Coimbra1, Oscarina da Silva Ezequiel1, Izabella Pinheiro2, Ricardo José de Paula Souza e Guimarães3, Corina da Costa Freitas3, Luciano Vieira Dutra3 1 Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF Cep 36036-330 - Juiz de Fora - MG, Brasil - [email protected] 2 Secretaria de Estado de Saúde-MG - DADS/JF 3 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Introdução: A esquistossomose, patologia causada pelo Schistosoma mansoni que acomete 83 milhões de indivíduos em todo mundo, ocupa lugar de destaque no Brasil entre as doenças negligenciadas e sub-notificadas. No estado de Minas Gerais as maiores prevalências coincidem com os menores índices de Desenvolvimento Humano Municipal, e os maiores índices de desigualdade social. Objetivo: Objetiva-se com esse trabalho traçar um perfil da distribuição do molusco do gênero Biomphalaria, hospedeiro intermediário do Schistosoma mansoni, correlacionando sua ocorrência com as transformações na biosfera causadas pela ocupação humana, condições de saneamento, e características das coleções hídricas. Metodologia: O município de Juiz de Fora situado na mesorregião da Zona da Mata Mineira foi investigado com a coleta de 5.264 espécimes de moluscos identificados por técnicas morfológicas e moleculares, em 31 pontos georreferenciados, e situados predominantemente na área urbana. Foram coleções hídricas incluindo açudes, valas, represas, lagoas, lagos e cachoeira. Resultados: Em 1/3 dos logradouros o hospedeiro esteve presente. As valas de hortas foram encontradas com 100% de ocorrência dos moluscos. As regiões mais prevalentes localizam-se principalmente na porção leste e norte da área urbana, estando leste à jusante de parte das coleções hídricas do município e norte a montante. A principal espécie encontrada foi Biomphalaria tenagophila em 60% dos casos, seguida de Biomphalaria straminea em 20% e Biomphalaria peregrina em 20% (não susceptível à infecção na natureza). Nas regiões norte e leste do município predomina as populações humanas de baixo nível sócio econômico potencialmente mais susceptível a infecção. Conclusão: Muito embora os moluscos capturados não estivessem contaminados pelo Schistosoma mansoni, um dos pontos da área leste situa-se a 15 km de um foco de doença já estabelecido. Em um mundo globalizado em que as regiões neotropicais albergam as altas prevalências da esquistossomose, observamos que a pobreza e as desigualdades sociais traçam uma das bases para a superposição dos mapas de distribuição da doença. D.2. Desigualdades sócio-econômicas em saúde: tendências globais e seu impacto sobre a Saúde Pública.