XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 21 a 24 de julho de 2015 Fornecedores e livros digitais para bibliotecas Auto(a): Jorge Luiz Cativo Alauzo. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. [email protected]. Autor(a): Danielle de Lima [email protected] Silva. Universidade Federal do Piaui. Introdução: A necessidade de inclusão do livro digital e a implementação e uso de novas tecnologias vem afetando as relações entre a comercialização, aquisição e oferta de conteúdos informacionais em bibliotecas, instituindo novos modelos de negócios e papeis a fornecedores e agentes: editores, distribuidores, agregadores de conteúdo e lojas virtuais. Esses modelos de negócios, se considerado o ciclo da produção editorial, envolvem algumas questões sobre custos implicados consoante a modalidades de aquisições distintas, controles de acesso, permissões e proteções de direitos autorais, exigindo a participação de um profissionais na negociação, ciente de seu papel e de sua responsabilidade em relação a recursos humanos e tecnológicos disponíveis e carências e necessidades do público atendido. Para tal, é necessário que os agentes e as novas formas de comercialização vigentes do mercado editorial sejam de conhecimento desse profissional, garantindo a inclusão de publicações digitais nas bibliotecas. Tal competência, facilita na negociação e escolha da adequada modalidade que venha atender sua realidade em detrimento de interesses comerciais dos diversos fornecedores existentes. E priorizando as reais necessidades da biblioteca e das demandas de seus usuários. Este resumo pretende discutir os diferentes papeis de alguns fornecedores de livros digitais para bibliotecas. Objetiva alertar sobre a importância das bibliotecas nesse cenário de mudanças em que a imaterialidade dos conteúdos também são instrumentos de registro, controle, guarda e disseminação em instituições criadas para este fim. Método da pesquisa: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório e descritivo com o intuito de apresentar algumas reflexões acerca dos agentes do processo de comercialização de publicações digitais e seus papeis no contexto das bibliotecas. Resultados e Discussão: Tanto as bibliotecas quanto o setor editorial respectivamente, enfrentam novos desafios com a oportunidade de oferta e comercialização de publicações digitais por meio de suas coleções. Surgem novos atores de fornecimento de publicações eletrônicas como agentes responsáveis pela comercialização de publicações digitais a bibliotecas. Santaella (2013) compara que “[...] nas publicações digitais, em vez de serem enviados para uma gráfica, eles passam pelas mãos de programadores e outros profissionais que vão inseri-lo de hiperlinks e multimídias [...]” sendo posteriormente comercializados ou disponibilizados em fornecedores. Ademais, surgem algumas questões pertinentes de ao ciclo informacional que relacionam fornecedores, profissionais e a própria biblioteca: a formação das coleções; as modalidades de aquisição; a criação e manutenção de plataformas de gerenciamento; a importação e migração de metadados - poupando tempo e esforços da equipe de colaboradores da biblioteca - a integração dos catálogos online; os empréstimos digitais e os métodos de acesso simultâneos ou não pelos usuários. Este são alguns dos fatores diretamente ligados aos custos estabelecidos em diferentes modelos de negócios propostos pelos fornecedores de publicações digitais. Frisa-se que “[...] alguns editores ainda insistem em pensar que o seu negócio é o livro e, na verdade, o negócio do editor dos novos tempos é o conteúdo.” (PROCÓPIO, 2010, p. 69). Nesse cenário, em que o conteúdo ganha o âmbito digital, cabe esclarecer algumas características dos principais fornecedores de publicações digitais. Sobre isso, Serra (2014, p. 42) descreve que: Existem diversos tipos de fornecedores de livros digitais e, conforme o modelo de negócio utilizado, as possibilidades de comercialização são variadas, assim como os serviços que oferecem. Basicamente, existem cinco tipos de fornecedores: os editores, os agregadores de conteúdo, os distribuidores, as lojas virtuais (varejo) e os próprios autores. Apresentam-se a seguir, alguns dos aspectos de três desses fornecedores: a) Os editores são empresas profissionais que além de editarem livros digitais, fornecem publicações periódicos a bibliotecas, possuem plataformas proprietárias amigáveis, dispensam intermediários na negociação com a biblioteca e por isso o custo e o tempo para aquisição são menores. Limitam-se porém, apenas a suas publicações e algumas preferem não formalizar contratos diretamente com as bibliotecas. Além disso, não é vantajoso financeiramente pra as bibliotecas, obterem publicações de várias editoras. b) Agregadores de conteúdo possuem plataformas únicas e próprias, disponibilizam obras individuais ou coleções de diferentes editoras, com variados custos a partir de diferentes modelos de negócios, dependendo do agregador. Eventualmente disponibilizam metadados – o que pode poupar tempo e esforço da equipe da biblioteca – permitindo a inclusão e disponibilidade no catálogo online da própria biblioteca. No entanto, limitam-se apenas à oferta de obras licenciadas, c) Os distribuidores vendem livros de editoras, auxiliando no processo de vendas, sendo diferenciados dos agregadores por não possuem plataformas proprietárias, permitindo uma negociação flexível, formalizando contrato único, ofertando publicações de diferentes editoras e sendo intermediários entre editoras,. Considerações Finais: A inclusão de livros digitais em acervos das bibliotecas brasileiras é um desafio que ainda carece de algumas discussões e reflexões envolvendo o mercado editorial e suas nuances, ainda que o modelo de negócio vantajoso a ser definido, dependa de diversos fatores. Embora diversos países da Europa tenham consolidado um cenário diferente, no Brasil, seja pela baixa diversidade de títulos em português ou pela percepção e importância da biblioteca como agente e ator desse papel de guarda e memória da produção humana, independente de suporte ou formato, os livros digitais não fazem parte do acervo de muitas bibliotecas. É necessária a discussão sobre o papel das bibliotecas no atual cenário de transformação e inclusão de novos conteúdos nascidos e produzidos em meio digital, conhecendo aspectos e peculiaridades dos modelos de negócios impostos por distribuidores, editores, agregadores de conteúdos e lojas virtuais, principalmente se considerado o papel e a importância da atuação profissional nesse contexto de mudanças. Por fim, cumpre dizer que “[...] o livro como conhecemos não acabou. O livro apenas está evoluindo, como é de se esperar, para os novos suportes ou plataformas tecnológicas”. (PROCÓPIO, 2010, p. 22) Palavras-chave: Modelos de negócio. Livro digital. Fornecedores. Referências: PROCÓPIO, Ednei. O livro na era digital: o mercado editorial e as mídias digitais. São Paulo: Giz, 2010. SANTAELLA, Lucia. Comunicação Ubíqua: repercussões na cultura e na educação. São Paulo: Paulus, 2013. SERRA, Liliana Giusti. Livro digital e bibliotecas. Rio de Janeiro: FGV, 2014. 188p.