PRODUÇÃO DE JOGO DIDÁTICO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR DO ENSINO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Renata de Araújo e Silva (Graduanda em Ciências Biológicas) Ramon Lima Silva (Graduando em Ciências Biológicas) Valberto Porto Barbosa (Universidade Estadual do Ceará) INTRODUÇÃO O Brasil possui a maior cobertura de florestas tropicais do mundo, especialmente concentrada na Região Amazônica. Por esta razão, aliada ao fato de sua extensão territorial, diversidade geográfica e climática, nosso país abriga uma imensa diversidade biológica, o que faz dele o principal entre os países detentores de megadiversidade do Planeta, possuindo entre 15% a 20% das 1,5 milhão de espécies descritas na Terra. (LEWINSOHN&PRADO, 2000). Porem esse grande potencial de biodiversidade não é compreendido e muito menos aproveitado de maneira sustentável, observamos uma sede de desenvolvimento econômico e este não vêm atrelado as questões ambientais. Isto nos remete a uma necessária reflexão sobre os desafios e alternativas para mudar as formas de pensar e agir em torno da questão ambiental numa perspectiva contemporânea. Neste contexto, destaca-se a Educação Ambiental (EA), que foi popularizada no mundo todo perante tantos problemas ambientais e tornou-se uma grande necessidade. A Educação Ambiental representa uma nova dimensão a ser incorporada ao processo educacional, trazendo toda uma recente discussão sobre questões ambientais, e as consequentes transformações do conhecimento, valores e atitudes diante de uma nova realidade a ser construída. (GUIMARÃES, 2003). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), lançados pelo MEC entre 1997 e 1999, são uma referência curricular nacional a ser discutida e traduzida em propostas regionais e municipais. Seu principal efeito é provocar uma reflexão acerca da função da escola, sobre o que, quando, como e para que ensinar e aprender, dando destaque a temas sociais urgentes – os chamados temas transversais. Os PCN são uma importante contribuição para a inserção da educação ambiental nas escolas, a partir da implantação dos temas transversais. Guimarães (2003) afirma que um dos fatores que devem ser levados em consideração para o ensino da Educação Ambiental são o aspecto lúdico e o criativo, pois a sensibilização do educando perante as questões ambientais deve ocorrer através de um processo prazeroso, no qual haja seu envolvimento integral, tanto racionalmente quanto emocionalmente. A elaboração, confecção e aplicação dos jogos didático-pedagógicos surgem com essa proposta e podem se constituir como alternativas na metodologia de ensino da Educação Ambiental em algumas escolas de Ensino Fundamental do Município de Fortaleza no Estado do Ceará. Segundo Campos (2003) os jogos didáticos podem ser utilizados para promover a aprendizagem das práticas escolares, possibilitando a aproximação dos alunos ao conhecimento científico, levando-os a ter uma vivência de solução de problemas. A ideia de elaborar e confeccionar um jogo surgiu a partir da dificuldade dos alunos em compreender as relações ecológicas. METODOLOGIA O jogo foi elaborado com base na literatura existente sobre jogos didáticos e o tema escolhido para abordar foi relações ecológicas, o jogo produzido demonstra conceitos de interações ecológicas (intraespecíficas e interespecíficas tanto harmônicas quanto desarmônicas) deste modo, escolheu-se elaborar e confeccionar um baralho de cartas. Após o assunto definido e o tipo de jogo escolhido, fez-se um estudo bibliográfico para melhor compreender os conceitos a serem abordados e também possibilitar uma melhor fundamentação teórica no jogo. Através da pesquisa, obtiveram-se as seguintes definições: Protocooperação: É uma relação não obrigatória que envolve benefício mútuo. (PORTO, V.B. – Vida e Ambiente, 2007, p.70). Comensalismo: Apenas uma das partes envolvida na simbiose beneficia-se, enquanto a outra aparentemente não tira nenhum proveito, mas também não sofre qualquer prejuízo. (PORTO, V.B. – Vida e Ambiente, 2007, p.70). Parasitismo: Relação onde um individuo vive à custa de outro, causando prejuízos, geralmente sem levar à morte.(BONILLA, O.H. – Princípios de Ecologia, 2004, p.71). Predatismo: É a relação em que uma espécie animal predadora se alimenta de indivíduos de outra espécie animal, as presas. (BONILLA, O.H. – Princípios de Ecologia, 2004, p.70). Mutualismo: Relação em que o crescimento e a sobrevivência de ambas as populações são beneficiadas e qualquer uma delas não pode viver em condições naturais sem a outra. (ODUM, E. P.. Fundamentos de ecologia, 2007, p.339). Colônia: Associações entre indivíduos da mesma espécie, que se mantém ligados entre si, formando uma unidade estrutural. (SILVA, Cesar. Biologia 3: genética, evolução, ecologia, embriologia, 1989, p. 258). Canibalismo: Relação em que um animal (predador) consome indivíduos da própria espécie. (BONILLA, O.H. – Princípios de Ecologia, 2004, p.71). Amensalismo: Relação na qual uma das espécies (inibidora) prejudica a outra espécie sem com isso se beneficiar, por meio de substancias que produz e libera, e que prejudicam o crescimento e/ou a reprodução da outra espécie. (BONILLA, O.H. – Princípios de Ecologia, 2004, p.71). Herbivorismo: É a relação entre animais herbívoros e as plantas das quais eles se alimentam. (BONILLA, O.H. – Princípios de Ecologia, 2004, p.71). Sociedade: Associação entre indivíduos da mesma espécie, não ligados anatomicamente, que se agrupam para a divisão do trabalho, organizados portanto de modo cooperativo. (SILVA, Cesar. Biologia 3: genética, evolução, ecologia, embriologia, 1989, p. 258). Verificado isso, propôsse a elaboração e confecção de um baralho, utilizando fotos e conceitos científicos de ecologia. O jogo foi intitulado “LegalECOcard”, e confeccionado em papel cartão A4, papel contact e as imagens dos seres vivos. Primeiramente as imagens foram tratadas no computador através de programas de edição de imagens para formar a ilustração de cartas. O jogo é composto por dois baralhos de 30 cartas, onde para cada relação ecológica existe uma carta conceito e duas cartas ilustrativas mostrando exemplos de animais e/ou vegetais que participam da relação ecológica em questão. RESULTADOS O trabalho desenvolvido tem como resultado o protótipo de jogo didático de cartas, sendo suas características gerais de confecção representada pelo jogo descrito anteriormente. No jogo, cada carta representa um ser vivo diferente e o objetivo é formar sequencias de três cartas que representem as relações ecológicas entre os seres vivos em questão. Durante a partida, o aluno deverá montar e explicar as relações existentes para o restante dos colegas. Ganhando o jogo o aluno ou a equipe que formar primeiro e corretamente pelo menos 2 pares (conceito da relação e os dois seres vivos em questão). O professor participará como mediador do jogo, avaliando as sequencias montadas e a explicação dada pelos alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o desenvolvimento do presente trabalho, procura-se contribuir com alternativas didáticas para o ensino da educação ambiental, para que se apresentem como atividades mais dinâmicas e motivadoras para professores e alunos. Portanto, a proposta da utilização de jogos didáticos no ensino da educação ambiental podem proporcionar ao educador um instrumento que possibilita chamar a atenção do aluno, instigando a curiosidade em buscar novos conhecimentos à respeito do meio ambiente. O jogo didático foi produzido para proporcionar uma melhor compreensão das diversas relações ecológicas encontradas nos ecossistemas, além dos conceitos científicos da ecologia e princípios da educação ambiental. E, através de sua utilização pretende-se possibilitar aos sujeitos uma melhor compreensão da importância da vida dos seres vivos, incluindo os seres humanos e da manutenção do equilíbrio da natureza. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico. 5º ed. São Paulo, ed. Papirus, 2003. LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. Biodiversidade brasileira: síntese do estado atual do conhecimento. Relatório final. Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais e Instituto de Biologia. Unicamp, Campinas, SP, 2000. Disponível em: <www.mma.gov.br/port/sbf/chm/relpub.html> ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara e Koogan, 1988. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998. 138 p. Princípios de Ecologia / Oriel Herrera Bonilla; Luiz Gonzaga Sales Júnior; José Higino Ribeiro dos Santos; Istivan Major – Fortaleza, CE: Coordenação do Curso de Biologia da UECE, 2004. 212P. SILVA, Cesar. Biologia 3: genética, evolução, ecologia, embriologia, 1989, p. 258 Vida e Ambiente / Valberto Barbosa Porto, Oriel Herrera Bonilla. 2ª reimpr. – Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007. 116p.