Biografia Escritor e jornalista, Miguel Serrano, de seu nome completo Miguel de Jesus Albardeiro Serrano, nasceu em Moura, em 17 de Maio de 1922. Feita a instrução primária, ganhou uma bolsa de estudo, instituída pelo Município, para estudar no Instituto Politécnico que era dirigido pelo professor/poeta, Bento Caeiro. Completado o Curso Geral dos Liceus, emprega-se numa firma de Moura que se dedicava ao fabrico e venda de azeite. Aos 17 anos, depois de ler toda a obra de Emílio Salgari e Júlio Verne, encontra, por indicação de um mestre barbeiro anarquista, Zola, Balzac, Romain Roland, Tolstoi e Dostoievsky, entre outros escritores que o viriam a influenciar definitivamente. Era o início da grande aventura de uma vida, dedicada à escrita e ao jornalismo. Tal como José Valente, foi um dos elementos mais destacados da equipa do Moura Atlético Clube, (de que foi fundador) que militava na II Divisão Nacional e foi campeão Distrital de Beja, em 1946 e, curiosamente, a sua primeira missão consistiu em integrar uma comissão de três elementos para criar uma biblioteca no clube. Escreve e representa peças de teatro para adultos e para crianças que se destinam a angariar fundos para a cantina escolar, para o hospital e para a Sopa dos Pobres. Principiou a sua carreira no jornalismo, como colaborador no “Jornal de Moura” após haver-se afirmado como valioso cronista no Diário do Alentejo e, em 1953, reúne no livro “Crónicas do Meu Caminho” os textos que vinha publicando com regularidade naquele jornal. Em 1952, funda, com João Varregoso e Joaquim Costa, o jornal “A Planície”, projecto a que se juntaria Afonso Cautela, Domingos Janeiro e Jacquelino Telo. No suplemento cultural de “A Planície”, o Ângulo das Artes e das Letras, colaboraram jovens e consagrados escritores como António Ramos Rosa, Carlos Porto, Serafim Ferreira, Cristovam Pavia, Ernesto Sampaio, Domingos Janeiro, Fernando Vieira, Alberto de Lacerda, Irene Lisboa, Maria Rosa Colaço, Jorge de Sena, Casimiro de Brito e José Rodrigues Miguéis, entre muitos outros. Em 1957, já em Lisboa, foi admitido no recém-criado “Diário Ilustrado”, do qual foi delegado no Porto. Nesta cidade, funda com Maria Virgínia Aguiar e Orlando Neves, uma revista chamada “A Cidade”. Em 1959 publicou, na Editora Orion o livro de contos para jovens “O Sinal”, que teve uma segunda edição nas Publicações Imbondeiro, de Sá da Bandeira, em Angola, então dirigidas pelo escritor Garibaldino de Andrade. Regressa Lisboa, em 1961, e ingressa nos quadros do jornal “A República”, do qual foi, nos últimos cinco anos, chefe de redacção e onde se manteve até finais de 1974. Foi sub-chefe de redacção do “Diário de Notícias” e director da revista “Vida Rural”. Simultaneamente, trabalhava também no jornal “O Comércio do Porto”. Em 1976 foi um dos fundadores do matutino “O diário”, tendo sido chefe de redacção e coordenador do Suplemento Cultural. Em 1990 reformou-se e regressou ao Alentejo para exercer, em Beja, o cargo de director-adjunto do “Diário do Alentejo”. Ao longo da sua vida colaborou nas revistas “Ocidente”, “Vértice”, “Seara Nova” e “Vida Mundial”, bem como nas páginas literárias dos jornais “Comércio do Porto”, “Jornal do Fundão”, “Notícias da Amadora”, “Jornal de Notícias” e “Diário de Lisboa”. Publicou os livros “Noite Destruída e Procissão”, “Escada Rolante” e “Praia da Memória”. Textos seus estão publicados em inglês, checo e galego. Em 1994, juntamente com Domingos Janeiro, Correia da Fonseca e Armando Rodrigues, funda e dirige o jornal “ABC” de Algés, quinzenário regional e cultural. E este foi o último projecto de um mourense ilustre que se caracterizava por uma grande cordialidade e afectividade no trato. Dele se pode dizer que era um homem para quem a cultura era o ingrediente indispensável ao desenvolvimento integral do ser humano. Morreu a 24 de Julho de 1996.