O Beija-Flor e a Mosca Azul
O beija-flor saiu pelo jardim a beijar todas as flores, e como elas se sentiam felizes! Mas de
repente esse beija-flor, que também comia insetos pequenos, viu uma mosca azul e se encantou por
ela, ficou fascinado pelo tom azulado das suas asas, e não quis de forma nenhuma fazer dela o seu
almoço. O que fez o beija-flor? Saiu voando atrás da mosca, ele se apaixonou por ela, achou a tão
bela, ela tinha as cores que ele gostava. Parecia que ela também sentia o perfume raro das flores;
mas não, mosca nenhuma sente o odor das flores, ela pousa por pousar, mas ele, o beija-flor, que é
belo, que possui sensibilidade, ele saiu para ver aonde a sua mosca azul iria pousar.
Tinha uma gata tão bonitinha, com o seu andar felino, com o seu pelo macio, dormia serena,
elegantemente encostada. A mosca pousou no seu focinho, e ela, a gata, despertou incomodada e
começou a arranhar a sua cara, até ver que o seu focinho estava todo arranhado, e o beija-flor falou:
“Mas por que a mosca foi pousar no focinho da gatinha que dormia sossegada?”
A mosca azul foi e pousou num ninho e ficou. Quando a dona passarinha chegou e viu a
mosca, quis fazer dela o seu almoço, mas a mosca voou, e a passarinha estabanada jogou o seu
ninho no chão que se quebrou e ela ficou triste – “Por causa da mosca azul eu perdi o meu filhinho!”
A mosca voou e pousou num pé de mamão, onde tinha um mamão que já estava roído por um
passarinho. E ali, naquele lugar que tinha apenas uma perfuração pequena, a mosca foi ali depressa
e deixou alguns ovinhos e foi embora, e ele, o beija-flor, falou: “Mas como ela foi sujar o mamão?
Alguma criança pode pegar e comer esse mamão que ela infectou”. A mosca azul continuou voando
e atrás dela o beija-flor que tinha se encantado pelo azul das asas daquela mosca, e eles foram
mais adiante.
De repente, a mosca pousou na orelha de um cachorro muito bravo que estava no seu canil.
Ele começou a latir incomodado, e ela pulou para a outra orelha, ele latia mais ainda e ela pousou
na sua boca, ele ficou feroz, irritado, e começou a bater nas grades e alguém disse: “Afinal de
contas, o que está acontecendo com o cachorro?”. E o beija-flor pensou: “Mas como essa mosca
azul incomoda! Em todo lugar que ela vai ela faz um estrago, tudo mundo perde a paz, ninguém é
feliz, nada está bom!”
Ele continuou seguindo a mosca azul que voava, fazendo círculos no ar, e ele voava, ficava
tonto de olhar, até que pareceu um coelho tão lindo, de olhinhos vermelhos, de orelhas bem
grandes. O beija-flor ficou fascinado por ele. Mas aí a mosca azul entrou dentro da orelha do
coelhinho que coçou-a com a sua patinha, porém, a mosca já havia depositado a sua larva, e o
beija-flor disse: “Mas o que mais que essa mosca pode fazer de maldade? Ela é tão bela com as
suas asas azuis, diferente de todas as moscas”.
Havia uma velhinha dormitando num banquinho, com uma enorme ferida que a mosca
pousou. A velhinha, sonolenta, coçou a ferida que não podia coçar, e a mosca azul foi embora.
Entrou pela janela da casa que tinha um bolo muito bonito na mesa, e ela pousou no bolo, pousou
no pão, nas frutas; e o beija-flor, que era muito inteligente, falou para si mesmo: “Mas como ela
pousa na ferida, no bolo, nas frutas, e todas as crianças que comerem esses alimentos vão ficar
contaminadas! Eu não vou comer essa mosca tão infectada. Eu, beija-flor, vou pousar as flores e
retirar o seu néctar. Eu jamais vou voar atrás dessa mosca azul”. Ele foi para o jardim e a mosca
morreu, as moscas têm vida menor do que o beija-flor que ficou no jardim usufruindo o néctar
precioso de todas as flores.
Mas ele teve uma curiosidade, quis ver aonde a mosca azul havia passado. Chegou lá e
encontrou uma gatinha com um narizinho todo inflamado e arranhado. Depois encontrou o cachorro
tão calmo. Logo em seguida ele procurou voar por todos os lugares e encontrou o coelhinho com
uma bicheira enorme na orelha que estava quase caindo, com o seu narizinho mais vermelho de
febre. A senhora, quase vovozinha, cochilava, e a sua ferida havia aumentado muito. O bolo e o pão
haviam sido comidos, as frutas também. E ele, beija-flor, jamais saberia o efeito desastroso que
havia provocado a contaminação daquela mosca azul.
Ele, vendo o resultado devastador que uma mosca era capaz de fazer, ele pensou: “Oh! Mosca
é mosca. Pode ter as suas asas pretas ou azuis, mosca é mosca, onde pousa contamina tudo. Eu,
como beija-flor, vou cuidar de comer só insetos muito pequeninos e colher o néctar das minhas
flores, porque são belas e puras. Eu terei sempre um jardim e não levarei sofrimento e dor”.
O beija-flor aprendeu uma grande lição, aprendeu que uma mosca pode ter suas asas bem
bonitas, bem coloridas, mas será eternamente uma mosca que um dia irá morrer, irá fenecer, mas
antes de morrer deixará um ninho vazio sem ovinho, um mamão contaminado, uma doce gatinha
ferida pelas próprias unhas, um cão guardião irrequieto e nervoso, uma velhinha com uma ferida
maior, um coelhinho tão lindo com suas orelhinhas infectadas. Tão belo é um beija-flor, tão triste é a
tarefa de uma mosca azul.
Moral da estória: Nem tudo que resplandece é belo, é a luz.
Cotovia Triste
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Mensagem recebida pela médium Shyrlene Soares Campos, no Núcleo Servos Maria de Nazaré, que é uma
Instituição Filantrópica reconhecida como Utilidade Pública: *Municipal (Lei nº 4362 de 11/07/86), *Estadual
(Lei nº 12.877 de 17/06/98) e *Federal (Lei nº 485 de 15/06/2000). Av. Dr. Arnaldo Godoy de Souza, 2275 –
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O Beija-Flor e a Mosca Azul - Núcleo Servos Maria de Nazaré