IDADE GESTACIONAL DE INÍCIO DO USO DE ANTIRRETROVIRAIS POR GESTANTES SOROPOSTIVAS NO CEARÁ 1 MENDES, Igor Cordeiro 2 CHAGAS, Ana Carolina Maria Araújo BEZERRA, Karine de Castro3 SOUSA, Deise Maria do Nascimento3 DAMASCENO, Ana Kelve de Castro4 ORIÁ, Mônica Oliveira Batista4 INTRODUÇÃO: Desde o início dos anos 80, o número de pessoas infectadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) vem crescendo em níveis mundiais, tornando-se um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, uma pandemia de difícil controle e de elevada morbimortalidade. No Brasil, foram notificados um total de 544.846 casos de Aids acumulados no período de 1980 a 2009, sendo que destes, 188.396 são de mulheres, ou seja, cerca de 34% dos casos diagnosticados. O fenômeno da feminização do HIV traz entre os agravantes o elevado número de mulheres em idade reprodutiva infectadas pelo vírus. No Brasil, de 2000 a 2009, a porcentagem de mulheres com idade entre 20 e 39 anos infectadas pelo HIV foi em torno de 66,0% dos casos, acarretando com isso um risco aumentado de transmissão vertical (TV) do HIV. Para prevenção desse agravo, a profilaxia durante o período gestacional visa minimizar o índice de transmissão vertical. Estudos apontam que quando não são realizadas as devidas intervenções de profilaxia, as taxas de transmissão vertical são em torno de 25% das gestações de mulheres infectadas. Entretanto, a administração da Zidovudina (AZT) na gestação e o uso de AZT no pré-natal, no parto e no recém-nascido reduzem esse número para 8,3%, podendo atingir um índice de redução para níveis entre 1 a 2% com a aplicação de todas as intervenções preconizadas pelo Programa Nacional de DST e Aids, Além disso, o Ministério da Saúde recomenda a utilização de antirretrovirais para prevenção da TV do HIV a partir da 14ª semana, pois apresenta uma maior eficácia nessa profilaxia. Portanto, torna-se relevante verificar a utilização da medicação profilática pelas gestantes, avaliando ainda a idade gestacional de início da utilização desses antirretrovirais, pois representa uma intervenção primordial para a prevenção da TV do HIV. OBJETIVO: Avaliar, através dos índices epidemiológicos, 1. Acadêmico de Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem UFC. [email protected] 2. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFC. 3. Acadêmicas de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 4. Doutoras em Enfermagem. Professores Adjunto III do Departamento de Enfermagem da UFC. a idade gestacional de início do uso de antirretrovirais por gestantes soropositivas no Ceará. METODOLOGIA: O presente estudo é do tipo epidemiológico, descritivo, documental, quantitativo e transversal. O estudo foi realizado no Núcleo de Informação e Análise em Saúde (NUIAS) da Secretaria da Saúde do Ceará (SESACE), situada em Fortaleza-CE. A população constituiu-se em 815 casos de gestantes soropositivas notificadas no SINAN entre 2000 e 2006 no estado do Ceará. A coleta de dados foi realizada em janeiro de 2011 a partir do banco de dados estadual disponível no NUIAS da SESA-CE, que contém as informações compiladas das fichas do SINAN. Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, sendo aprovado sob o protocolo nº 302/10. Por tratar-se de um estudo documental, utilizou-se o termo de fiel depositário, o qual foi devidamente assinado pela responsável pelo setor em que o estudo foi realizado. Os preceitos éticos e legais envolvendo pesquisa com seres humanos foram resguardados, de acordo com as normas contidas na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS: Verificou-se, após a análise dos dados, que 32,51% (n=265) das gestantes soropositivas notificadas no período supracitado iniciaram a utilização dos antirretrovirais entre a 14ª e 28ª semana. Esses dados comprovam que um número relevante de gestantes iniciam a profilaxia no período preconizado pelo Ministério da Saúde, ao considerar-se que quase a metade dos casos (49,94%; n=407) não foram preenchidos na ficha de notificação quanto a esse aspecto, indicando índices elevados de subregistro desse quesito. Percebeu-se ainda que um dado considerável é verificado quando se avaliam as mulheres que iniciaram o tratamento profilático após a 28ª semana de gestação, contituindo-se em 11,66% (n=95) dos casos. Portanto, constata-se que há a necessidade de contínua formação dos profissionais de saúde que realizam assistência pré-natal, bem como uma avaliação constante da qualidade dessa assistência, principalmente as destinadas a gestantes soropositivas, uma vez que parcela razoável dessas gestantes apresentaram início da profilaxia após a 28ª semana. Deve ser estimulada a captação cada vez mais precoce dessas gestantes para que se inicie o acompanhamento o mais precocemente possível também e, consequentemente, dar-se início ao uso dos anitirretrovirais dentro do prazo preconizado para que a prevenção da transmissão vertical seja mais eficaz. CONCLUSÃO: Dessa forma, observa-se que ainda existem lacunas na assistência prestada às gestante relacionadas à utilização da profilaxia antirretroviral. São inúmeros os desafios encontrados, sendo necessária a atualização constante para a assistência de enfermagem e a prática profissional, que constitui a aplicação de ações e de informações científicas com objetivo da prevenção e tratamento, em equipe multidisciplinar de assistência, um processo que envolve o aprendizado individual e coletivo, motivador da compreensão e da consciência para o estabelecimento de estratégias fundamentadas no conhecimento. Portanto, a enfermeira obstetra, bem como os demais profissionais de saúde, devem estar organizados para esse atendimento, assim como devem estar envolvidos na busca de soluções para as transformações que a infecção pelo HIV trouxe para a assistência à saúde da gestante, da criança e da família. DESCRITORES: Transmissão Vertical de Doença Infecciosa; HIV; Epidemiologia. 1. Acadêmico de Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem UFC. [email protected] 2. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFC. 3. Acadêmicas de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 4. Doutoras em Enfermagem. Professores Adjunto III do Departamento de Enfermagem da UFC.