12 de dezembro de 2011
Transporte de
carga aérea
A Associação Internacional de
Transporte Aéreo (IATA) divulgou
queda de 4,7% na demanda mundial
por carga aérea em outubro,
comparada ao mesmo mês de 2010.
Segundo a instituição, o mercado
de carga aérea internacional teve
redução acumulada de 5% em
2011. A queda da movimentação de
carga é superior ao percebido no
comércio mundial, que apresentou
queda de 1% no mesmo período.
Especialistas
da
IATA
afirmam que o fenômeno era um
comportamento esperado, dada
a expectativa de maior redução
da atividade econômica em 2012,
especialmente na Europa, que é a
região de maior movimentação de
carga aérea. Com o desaquecimento
da economia, houve uma migração
de carga do modo aéreo para
outros mais baratos e mais lentos.
O transporte aéreo de cargas
é o mais caro, mas também é o
mais rápido e seguro. Por isso ele
é utilizado para o transporte de
produtos com maior valor agregado,
mercadorias expressas e com alto
nível de perecibilidade. Apesar
do frete superior ao observado
em outros modais, o transporte
aéreo tem vantagens operacionais,
como menor valor de seguro,
embalagens mais simples e de
menor valor, maior mecanização do
processo, além da maior agilidade
na liberação da documentação de
transporte AWB (Air Waybill). Essas
vantagens fazem com que, apesar
do preço, o modal seja atrativo
para o transporte de alguns tipos
de cargas.
Porém, o preço do frete,
que limita o tipo de mercadoria
a ser transportada, não é a
única desvantagem do modal.
A capacidade de carga é
significativamente menor que a
dos modais aquaviário, ferroviário
e rodoviário. Soma-se a isso a
grande demanda por infraestrutura
e altos custos fixos e variáveis,
que inviabilizam o surgimento de
economias de escala1. Ou seja,
o custo marginal2 do transporte
aéreo não apresenta o mesmo
comportamento
de
queda
expressiva identificado em outros
modais.
Os bens transportados pelo modal
podem ser classificados, segundo
a INFRAERO, como mala postal e
carga aérea. Mala postal refere-se
aos volumes transportados pelas
companhias aéreas a serviço dos
Correios e carga aérea são todos
os demais volumes transportados.
Eles podem ser divididos em carga
geral, perecível, grande urgência,
alto valor, cargas vivas, restritas e
perigosas.
No Brasil, o maior volume de
bens transportados pelo modal é
o de carga aérea. Em 2011, foram
transportadas, até outubro, 916 mil
toneladas de carga aérea e 150
mil toneladas de mala postal pelos
aeroportos brasileiros, segundo
dados da INFRAERO (Tabela
1). Em contradição ao verificado
na demanda internacional de
carga aérea, o Brasil apresentou
incremento
na
movimentação
em relação ao ano anterior,
registrando-se crescimento de
22% na carga aérea movimentada
em relação a outubro de 2010.
Percebe-se, pelos dados da tabela
1, que a movimentação nacional
no setor está recuperando a queda
na tonelagem transportada depois
da crise econômica mundial. A
recuperação, entretanto, não é
TABELA 1. Transporte de Carga Aérea - Brasil
Movimento Operacional Acumulado
ANO
Carga Aérea (ton)
Mala Postal (ton)
2006
816.348
285.827
2007
980.514
311.090
2008
938.808
201.378
2009
824.946
162.409
2010
891.729
149.959
2011/out
915.917
150.231
Fonte: INFRAERO
percebida no volume de mala
postal, indicando gradual redução
da utilização desse modo pelos
correios.
Apesar da expansão do volume
transportado pelo modal nos
últimos anos, ele ainda tem baixa
representatividade na matriz de
transportes brasileira. Dentre os
motivos, está o fato de que os
principais produtos do país, de
exportação, são commodities, ou
seja, produtos de grande volume e
baixo valor agregado. É importante
destacar que a maior participação
do modo aéreo de cargas para o
país é de viagens domésticas. O
crescimento da tonelagem está,
entre outros, relacionado com a
expansão do e-commerce no país,
que demanda entregas rápidas, de
bens de baixo volume e geralmente
de grande valor agregado.
Entretanto, a expansão da
utilização do modo aéreo no Brasil
não foi acompanhada por similar
crescimento dos investimentos
no
modal.
Segundo
dados
orçamentários, o governo federal
investiu, entre 2006 e 2011, apenas
R$ 3,36 bilhões. O montante
representa, em média, 4% do total
de investimento em infraestrutura
de transporte. O resultado do baixo
investimento é a crise em que se
encontra o sistema aeroportuário
nacional. Deve-se lembrar que,
apesar do destaque ser dado
ao transporte de passageiros, o
transporte de cargas é diretamente
afetado e perde suas maiores
vantagens. A carga que deve ser
entregue de forma rápida e segura
fica presa em aeroportos, o que
gera prejuízo para toda a cadeia
produtiva.
O crescimento da utilização
do modo aéreo para cargas, a
proximidade dos eventos Copa
do mundo e Olimpíadas e a atual
política de governo de expansão
do mercado interno do consumo
de massa tornam urgente o
investimento em aeroportos. É
necessário um plano de investimento
maciço, orientado e eficiente em
infraestrutura aeroportuária a fim
de que o país não tenha mais um
gargalo no transporte de cargas
que afete o desenvolvimento do
país, como já ocorre no transporte
de mercadorias pelos demais
modais. ■
1. Economias de escala
resultam de processo
produtivo que maximiza
a utilização dos fatores
procurando como resultado
redução dos custos e
aumento da produção. De
fato, têm-se economias de
escala quando o aumento de
um dos fatores de produção
(aumento dos custos)
tem como contrapartida
um aumento mais que
proporcional da produção de
bens ou serviços.
2. Custo marginal é
aquele necessário para
a movimentação de
uma unidade adicional
pelo modal, ou seja, é
quanto custa aumentar
em uma unidade a carga
transportada (combustível,
tribulação, pessoal de terra,
equipamento, aluguel de
espaço em terra etc).
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