MPRJ lança Censo Módulo de Saúde Mental 2014 com diagnóstico da rede psiquiátrica O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) promoveu, nesta segundafeira (11/05), o evento Módulo de Saúde Mental: Percursos e Desafios na Garantia de Cuidados, Direito e Cidadania ao Usuário da Rede de Saúde Mental. Na ocasião, foi lançado o documento Censo Módulo de Saúde Mental 2014, que contém dados estatísticos sobre as internações psiquiátricas involuntárias no Estado do Rio de Janeiro e as características dos pacientes cadastrados, para acompanhamento do Ministério Público. A abertura do evento contou com a palestra do professor do Programa de PósGraduação em Psiquiatria e Saúde Mental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Pedro Gabriel Godinho Delgado, que explicou que a Lei 10.216, de 2001, responsável pela reforma psiquiátrica, tinha a intenção de limitar as internações realizadas contra a vontade do paciente, mas tem sido utilizada nos últimos anos para justificar as internações compulsórias de forma indiscriminada, principalmente a de dependentes químicos. O professor esclareceu ainda que a legislação previu a comunicação obrigatória das internações involuntárias ao Ministério Público, como é feito através do Módulo de Saúde Mental (MSM), e elogiou a iniciativa do MPRJ de realizar um censo para o acompanhamento desses dados. Em seguida, a promotora de Justiça de Carmo, Sheila Cristina Vargas, traçou um histórico do fechamento do Hospital Psiquiátrico Teixeira Brandão até a criação das residências terapêuticas em todo o município, criando um modelo que é referência no atendimento de saúde mental. A promotora explicou como o MP acompanhou esse processo, que levou à ampliação da atuação ministerial na defesa dos direitos individuais desse grupo. Na segunda parte do evento, a titular da Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Região Metropolitana I, Carla Carrubba, e o médico psiquiatra do Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE) do MPRJ, Sebastião Felix Pereira Júnior, apresentaram como foi criado o sistema informatizado do MSM, que permitiu o acompanhamento online das informações enviadas pela rede de saúde mental. A ferramenta também deu visibilidade às necessidades dos pacientes alvos de internações involuntárias, ao compilar dados como a falta de documentação, de vínculo familiar ou ausência de moradia. No encerramento, a promotora de Justiça Vanessa Martins dos Santos, que coordenou o Censo MSM 2014, indicou os principais dados do projeto. Até dezembro do ano passado, 18.432 pacientes haviam sido cadastrados no sistema. A promotora destacou que 64,2% dos pacientes estão internados há mais de um ano, o que caracteriza longa permanência, e 89% não recebem visitas regulares. Vanessa Martins dos Santos explicou que a ferramenta está sendo aperfeiçoada, mas já permite traçar tendências para a melhoria do atendimento de saúde mental e seu acesso poderá ser ampliado a promotores de outra áreas, gestores e ao meio acadêmico. Assessoria de Comunicação do MPRJ - 12/05/2015