UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR Laboratório de Metabolismo do Estresse de Plantas TOLERÂNCIA DO FEIJÃO CAUPI À SALINIDADE DO SOLO Joaquim Albenísio Gomes da Silveira VI RENAC, MAIO 2006 Solos salinos no mundo •A salinidade é o principal processo de degradação do solo, ocasionando a perda de 1,5 milhões de hectares de terras aráveis por ano (FAO, 2000) Solos sódicos no mundo Irrigados: 260 Milhões de ha Afetados: 80 Milhões de ha http://www.fao.org/ag/AGL/agll/spush/topic2.htm 52% da região é semiárida Solos sódicos (20-5%) Ministério do Meio Ambiente (2003) Solos salinos Salinização Pedogenética (Oliveira, 1997): Ligeiramente salinos: 2 – 4; Moderadamente salinos: 4 – 8; Fortemente salinos: 8 – 15; Extremamente salinos: >15 dS m-1 Salinização secundária (aumento progressivo nos níveis de sais em função de): Salinidade da água de irrigação; Evapo-transpiração elevada e baixa precipitação; Má drenagem do solo; Adubação UM POUCO DA TEORIA DO ESTRESSE...... Fonte: Bray et al., 2000 AS PLANTAS TENTAM SE AJUSTAR AO ESTRESSE DE DIFERENTES MANEIRAS........ Mecanismos •Genéticos •Moleculares •Morfológicos •Fisiológicos Transientes (Metabólicas) Permanentes (Genéticas) Aclimatação Adaptação Resistência Tolerância EXISTE UM PARADIGMA........ (Fonte: Buchanan et al., 2000) Mecanismos de resposta aos estresses hídrico e salino Zhu, 2002 Mecanismos gerais da resistência ao estresse salino 1. Evitar os íons salinos externos → ↓absorção 2. 3. 4. 5. ↓crescimento Evitar os íons salinos no citosol → ↑ compartimentalização vacuolar Absorver íons e crescer → ↑resistência celular Manter homoestase iônica, osmótica e metabólica Manter estado hídrico favorável → ↑ condutividade hidráulica ↑ resistência estomática ↑ sistema radicular Absorção de K+ e Na+ Membrana Plasmática SOS1 AKT1-Baixa-afinidade K+ NORK-Sensível a voltagem HKT1-Alta-afinidade K+ VIC-Insensível a voltagem Apse, 2000 Compartimentalização de Na+ em vacúolos Tonoplasto NHX1 NHX1 – promove a compartimentalização do Na+ no vacúolo Maathuis, 1999 Homoestase iônica Durante o estresse salino - Redução na absorção de K+ - Aumento no influxo de Na+ Serrano, 2001 Influxo e compartimentalização de Na+ Na+ H+ Maathuis, 1999 Mecanismos da Percepção, transdução e eliminação do Na+ Fonte; Zhu 2003. RESULTADOS COM FEIJÃO - CAUPI I – EM QUAL FASE DO DESENVOLVIMENTO O FEIJÃO É MAIS SENSÍVEL À SALINIDADE? II – QUAL É O TIPO DE RESPOSTA AO NaCl? III – QUAIS OS EFEITOS DO NaCl SOBRE PROCESSOS FISIOLÓGICOS CHAVES PARA O CRESCIMENTO? IV – QUAIS AS ESTRATÉGIAS PARA SELECIONAR MATERIAIS RESISTENTES? ESTUDOS NAS FASES DE GERMINAÇÃO E ESTABELECIMENTO DA PLÂNTULA 0 mM 25 mM 50 mM 75 mM 100 mM Per Pit Tempo 0 36 horas 48 horas Seleção de cultivares em substrato sólido Resposta a 100 mM Perola Pitiúba Desenvolvimento inicial Resposta a 100 mM aplicado em vermiculita na fase de semeio Resposta a doses de NaCl aplicadas após o estabelecimento da plântula Após pré-tratamento com NaCl Pré-tratadas com naCl 100 mM 48h EFEITOS ADITIVOS E INTERATIVOS DE TRATAMENTOS DE SECA E NaCl NA RESPOSTA ANTIOXIDATIVA DE RAÍZES DE FEIJÃO-DE-CORDA [Vigna unguiculata L. (Walp.)] Após tratamento com seca moderada (48h) e recuperação NaCl+seca 2cm seca controle 2cm 2cm NaCl+ H 2O 2cm Efeito do NaCl na germinação e acumulação de Na+ % GERM IVG 12 0 10 10 0 8 80 IVG % 6 60 4 40 pitiuba 20 2 peróla 0 0 0 25 50 75 100 0 25 50 NaCl (mM) 75 100 NaCl (m M) Na + (4 DAS) - Eixo Na + (4 DAS) - Cot 15 0 40 12 0 30 90 mM mM 50 20 60 10 30 0 0 0 25 50 NaCl (mM) 75 100 0 25 50 NaCl (mM) 75 100 Mobilização de reservas para o estabelecimento da plântula e partição de Na+ Na + (8 DAS) - Folha Na + (8 DAS) - Raiz 15 0 40 12 0 30 90 mM mM 50 20 60 pitiuba 10 pitiuba 30 peróla 0 peróla 0 0 25 50 NaCl (m M) 75 100 0 25 50 NaCl (m M) 75 100 Efeito do NaCl na fase de crescimento acelerado Fase de estabelecimento definitivo da planta Plantas expostas a 0, 100 e 200 mM de NaCl durante 7 dias em condições controladas Plantas expostas ao NaCl durante 14 dias Sistema radicular após 7 dias Folhas com a mesma idade cronológica As cultivares pérola (A) e pitiúba (B) em condições de campo As duas cultivares após 14 dias de tratamento A Pérola Controle Pitiúba Controle Pérola NaCl 100mM Pitiúba NaCl 100mM 200 mM recup. cont Efeito de NaCl 100 mM no crescimento PITIUBA PERÓLA 40 y = 6.02x + 5.12 R2 = 0.9681 (C) 30 gMS/planta gMS/planta 30 40 20 y = 2.15x + 10.13 R2 = 0.9593 (NaCl) 10 y = 1.76x + 11.46 R2 = 0.9299 (NaCl) 0 0 2 4 6 8 0 30 30 24 24 y = 4.769x + 1.715 R2 = 0.962 (C) g/planta g/planta 20 10 0 18 y = 5.66x + 6.02 R2 = 0.9634 (C) 12 18 2 4 6 8 y = 3.875x + 2.565 R2 = 0.9745 (C) 12 y = 2.064x + 5.776 R2 = 0.9866 (NaCl) 6 6 0 y = 0.74x + 6.78 R2 = 0.9779 (NaCl) 0 0 2 4 6 DIAS DE TRATAMENTO 8 0 2 4 6 DIAS DE TRATAMENTO 8 Partição de Na+ + Na+ FOLHA - PER mmol/kg MS Na FOLHA - PIT 200 200 150 150 100 100 50 50 controle 100 mM 0 0 2 4 DAT Polinômio 6 8 (controle) Linear (100 mM) 0 0 2 6 8 6 8 RAIZ - PER RAIZ - PIT mmol/kg MS 4 DAT 600 600 450 450 300 300 150 150 0 0 0 2 4 DAT 6 8 0 2 4 DAT Partição de ClFOLHA - PIT FOLHA - PER 1000 1000 800 800 controle mmol/g MS mmol/g MS 100 mM 600 400 200 Polinômio (controle) Polinômio (100 mM) 600 400 200 0 0 0 2 4 6 8 0 DIAS DE TRATAMENTO 2 6 8 DIAS DE TRATAMENTO RAIZ - PIT RAIZ - PER 300 300 250 250 200 200 mmol/g MS mmol / gMS 4 150 150 100 100 50 50 0 0 controle 100 mM 0 2 4 6 DIAS DE TRATAMENTO 8 0 Polinômio 8 (controle) DIAS DE TRATAMENTOPolinômio (100 mM) 2 4 6 Efeitos do NaCl sobre processos bioquímicos e fisiológicos chaves: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Fotossíntese Relações hídricas Assimilação do N Fixação de N2 Estresse Oxidativo Homoestase iônica (seletividade Na+/K+) Expressão de proteínas (proteomas) Sistema de hidroponia Plantas em fase inicial de aclimatação Plantas com 21 DAP com ou sem 50 mM Plantas em processo de recuperação da taxa de crescimento (32 DAP) Planta com intensa taxa de crescimento Plantas em fase de pré-floração com intensa recuperação Plantas tratadas com NaCl exibem verde intenso Sistema radicular em recuperação Sistema radicular em recuperação – 35 DAP Parte aérea em recuperação após 32 dias de tratamento Plantas para experimento com nodulação Influência da dose de “arranque” de N mineral Efeito de 50 mM de NaCl no desenvolvimento de caupi inoculada ou tratada com NO3- Cultivar Vita 3 – 15 DAS Cultivar Vita 7 – 15 DAS Efeito do NaCl em plantas inoculadas e tratadas com N mineral Crescimento, fotossíntese e potencial hídrico Crescimento - 21 DAT Crescimento - 21 DAT parte aérea 30 10 0 raiz controle 24 80 1 g MS planta- 1 g MS planta- 50 m M 18 12 6 60 40 20 0 0 0 25 50 75 100 7 14 NaCl (m M) 28 35 75 100 DAS (dias) Condutância e Fotossíntese (7 DAT) Estado Hídrico 0 12 0 0 25 50 NaCl (m M) 10 0 - 0.25 80 Ψ (MPA) % do controle 21 60 - 0.5 40 gs 20 - 0.75 A Ψw 0 0 25 50 NaCl (m M) 75 100 Ψs -1 Eficiência fotoquímica, assimilação de nitrato e fixação de N2 Conteúdo de Clorofilas 12 0 12 0 10 0 10 0 % do controle % do controle Fluorescência da Clorofila 80 60 Fv/Fm Fo 40 20 80 60 a b 40 20 0 0 0 2 4 6 8 0 2 4 DAT (dias) 6 8 Fixação de N2 12 0 12 0 10 0 10 0 % do controle % do controle 8 DAT (dias) Assimilação de N 80 60 RN abs NO3 40 6 20 80 60 RN Fix N2 40 20 0 0 0 2 4 DAT (dias) 6 8 0 2 4 DAT (dias) Resposta oxidativa induzida por NaCl Estresse Oxidativo Peroxidases de fenol 200 300 240 % do controle % do controle 15 0 10 0 50 raiz 18 0 12 0 60 folha 0 0 0 2 4 6 8 0 2 DAT (dias) 6 8 DAT (dias) Catalase Peroxidase de Ascorbato 12 0 15 0 10 0 12 0 % do controle % do controle 4 80 60 40 90 60 raiz 30 20 folha 0 0 0 2 4 DAT (dias) 6 8 0 2 4 DAT (dias) 6 8 Atividade de SOD e concentração de H2O2 ROOT - SOD 300 240 150 % of control % of control ROOT - H2O2 200 180 120 drought 60 50 NaCl/drought 0 0 12 24 Hours 36 100 48 0 0 12 24 Hours 36 48 Atividades de POX e APX ROOT - POX 300 250 200 200 % of control % of control ROOT - APX 250 150 100 150 100 drought 50 NaCl/drought 0 0 12 24 Hours 36 48 50 0 0 12 24 Hours 36 48 CONCLUSÕES O feijão-caupi pode ser considerado como uma espécie resistente ao NaCl – como base no critério de sobrevivência; Para sobreviver, a espécie utiliza a estratégia de evitar o excesso de sal, restringindo a absorção, o fluxo de água e, consequentemente, o crescimento; As plantas são capazes de tolerar altos níveis de NaCl, mantendo o estado hídrico (altos potenciais) e o aparato fotossintético preservados; As plantas não são capazes de fazer ajustamento osmótico, aparentemente regulando o estado hídrico por aumento da condutividade hidráulica das raízes e diminuição na condutância estomática; O processos de absorção e assimilação do nitrato estão fortemente relacionados com o crescimento; A fixação de N2 é menos afetada pelo NaCl do que o processo de fotossíntese; A resposta oxidativa induzida por NaCl sugere que os danos oxidativos não são importantes per si na redução do crescimento; O feijão é mais sensível ao NaCl na fase de estabelecimento definitivo da planta – formação do índice de área foliar para a fotossíntese. Equipe Labplant • • • • • • • • • • • • • • • • Prof. Dr. Joaquim Albenísio Gomes da Silveira – produtividade do CNPq ([email protected]) Iza Marineves Almeida da Rocha (DCR - CNPq) Fábio Rossi Cavalcanti (DCR – CNPq/Funcap) Eduardo Luiz Voigt (Doutorando - CNPq) Luiz Aguiar Ferreira Gomes (Doutorando) Theresa Christine Filgueiras Russo (Doutoranda - Funcap) João Paulo Matos Santos Lima (Doutorando - CNPq) Sérgio L. Ferreira da Silva (Doutorando - CAPES) Josemir Moura Maia (Doutorando - CNPq) João Batista S. Freitas (Doutorando) Jean Carlos Araújo Brilhante (Mestrando - CNPq) Sandro A. Marinho Araújo (Mestrando - Funcap) Flávia Carinne Furtado (I.C - CNPq) Antonio Rafael Coelho Jorge (I.C - CNPq) Francisco Abel Lemos Alves (I.C - CNPq) Geórgia Barguil Colares (I.C - voluntária) www.labplant.ufc.br Bolsista de