Operação do MP prende quadrilha que falsificava documentos e aplicava
golpes no mercado
O Ministério Público do
Estado de São Paulo, por
meio do Grupo de
Atuação Especial de
Combate
ao
Crime
Organizado (GAECO) Núcleo
Bauru,
em
conjunto
com
a
Promotoria Criminal de
Marília, deflagrou, na
manhã desta quarta-feira
(25),
operação
que
resultou na prisão de sete
pessoas integrantes de
uma quadrilha suspeita
de
falsificação
de
documentos,
fraudes
bancárias e comerciais, receptação e lavagem de dinheiro, entre outros crimes
praticados em várias regiões do País.
Originais de documentos em branco apreendidos em Marília
A operação teve como objetivo o cumprimento de 11 mandados de prisão e 12
mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da 2º Vara Criminal de Marília,
em diversas cidades do Estado de São Paulo (Marília, Júlio Mesquita, São Paulo,
Guarulhos e Itaquaquecetuba) e Minas Gerais (Ipiaçu) visando à desarticulação da
organização criminosa. Participaram da operação Promotores de Justiça do GAECO –
Núcleo São Paulo e do GAECO de Minas Gerais, Polícia Federal de Marília, Polícia
Militar e Polícia Civil da Capital.
Em Marília foram presos o contador Adelino Brandt Filho, Marisa de Lima Furlaneto
Cardoso e Guilherme Furlaneto Cardoso. Em São Paulo foram presos Carlos Martinelli
e Dorival Carvalho Ramos, enquanto Eliel Valentin de Souza foi preso em Júlio
Mesquita. Em Ipiaçu, Minas Gerais, foi preso Marcos da Silva.
Outras três pessoas apontadas como integrantes do grupo, não foram encontrados e
são consideradas foragidas: o advogado Carlos Alberto Gonçalves, de Marília; João
Bosco Dias da Silva, de Itaquaquecetuba, e Esther Rodrigues Diego, de Guarulhos.
Segundo as investigações, sob responsabilidade do GAECO - Núcleo Bauru, parte do
grupo criminoso centralizava em São Paulo a recepção de encomendas de diversas
partes do Brasil para que fossem inseridos dados falsos no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF) da Receita Federal, o que era feito por outros integrantes da quadrilha na Capital
e também no Estado de Minas Gerais.
Apurou-se
que,
num período de
apenas
quatro
meses,
a
quadrilha inseriu
mais de 300 CPFs
falsos no sistema
da
Receita
Federal, o que
revela também a
fragilidade
do
sistema. O grupo
ainda é suspeito
de receptação de
espelhos de carteiras de identidade e outros documentos verdadeiros furtados ou
desviados de órgãos públicos de São Paulo, Alagoas e outros Estados. Nesses originais
a quadrilha inseria dados falsos, sob encomenda de compradores, e os documentos
eram utilizados para a aplicação de golpes por todo o País.
Material apreendido com a quadrilha em SP: golpes eram aplicados em todo o País
O grupo também fornecia documentos falsificados para outras quadrilhas, aceitando
encomendas de no mínimo 10 documentos, ao preço de pelo menos R$ 550 por
documento.
Com a quadrilha foram encontrados cerca de 30 mil “espelhos” em branco de cédulas
de identidade dos Estados de São Paulo, Ceará, Alagoas, Santa Catarina, centenas de
selos supostamente desviados de cartórios utilizados para autenticar documentos,
documentos de transferência de veículos em branco, RGs e CPFs falsificados, carteiras
de trabalho, ‘espelhos’ de CNHs em branco e falsificados, grande quantidade de
documentos públicos falsificados e em branco, mais de 50 cartões bancários,
documentos de empresas fantasmas, telefones celulares, além de cerca de R$ 32 mil
em dinheiro, R$ 3 mil em cheques, e pequena quantidade de notas de euro.
O grupo é liderado por um advogado e um contador residentes em Marília, segundo as
investigações. Parte da organização criminosa cooptava “laranjas” para participação no
esquema de fraudes bancárias. A quadrilha recebia centenas de documentos
falsificados sob encomenda, e, beneficiando-se das inserções falsas no sistema CPF da
Receita Federal, criava empresas “de fachada”, colocando os “laranjas” como sócios, e
com elas abriam contas em bancos e financeiras, entabulavam diversas outras
falsificações e simulações de faturamento, e, depois, obtinham empréstimos
simultâneos em diversas instituições.
As apurações apontam que o grupo cometeu centenas de crimes de estelionato em
várias partes do Brasil. A quadrilha também falsificava talões de cheques verdadeiros
subtraídos em branco de instituições financeiras, neles inserindo os dados de pessoas
com nome limpo e boa reputação, revendendo-os para outros agentes disseminá-los
por várias partes do Estado de São Paulo e Estados vizinhos.
Um dos membros da quadrilha é apontado como um dos principais nomes do
comércio clandestino de veículos de luxo, produtos de estelionato que são revendidos
por preços muito abaixo do valor de mercado.
A Justiça já decretou, a pedido do Ministério Público, a indisponibilidade dos bens dos
investigados e de diversas empresas ligadas ao grupo.
As investigações continuam para apurar também eventual participação de funcionários
de bancos e da Receita Federal no esquema.
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