O desafio era uma abordagem diferente para um dos mais antigos problemas da
humanidade, a droga. A idéia partiu do Marcelo Ermel, editor de Polícia de ZH.
Que tal abordar o fenômeno do tráfico a partir dos próprios envolvidos?
Começando pelos traficantes, passando pelos viciados e culminando com a
barreira entre a sociedade e a barbárie criminal, que é feita _ ou deveria ser _ por
policiais.
Comecei pelo mais difícil, contatar traficantes. Procurei advogados e líderes
comunitários. Após uns 10 dias, consegui que o meio-campo resultasse em ficar
frente a frente com uma quadrilha de Porto Alegre. Me apresentei e, mediante
promessa de não revelar suas identidades, deixaram que acompanhássemos sua
rotina. Fui com o Ronaldo Bernardi, um dos mais experimentados fotógrafos de
Zero Hora.
Acompanhamos o preparo da droga em pacotinhos (endolação), gravamos
conversas com eles. Circulamos pelos becos onde fazem guarda contra incursões
dos inimigos. Falamos com moradores que os conhecem, entrevistamos a
quadrilha, freqüentamos os botecos onde jogam sinuca, se divertem, dividem os
lucros e tratam dos problemas.
Voltei várias vezes na boca (na realidade, são quatro casas onde a quadrilha se
divide).
Ao mesmo tempo, contatei viciados de todos os tipos. Por meio de médicos,
cheguei àqueles que estão no fundo do poço, fumando o patrimônio da família.
Depois entrevistei um rapaz que é consumidor "leve" e outro que está sem usar
droga há mais de 20 anos.
Por último, contatei policiais de vários tipos (o infiltrado, uma PM que previne o
vício, dando aulas...). E relatamos a história de um policial civil que morreu numa
abordagem contra o tráfico.
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