No Negócio Endividamento texto de Marcelo Casagrande e d r o d a r o b a l o c u e M 54 ncionário u f m u Você tem a empresa e su dentro d vivendo á t s e e qu ra financei a d i v a um da? Os complica pessoais s a m e l prob lhando o a p a r t a estão dentro e l e d o h en desemp em. b s i o P ? lho do traba pode ê c o v e Saiba qu a tarefa r u d a n ajudá-lo rmelho, e v o d r i de sa , tem um o r a l c , e l mas e al nisso: t n e m a nd papel fu mudar. r e r e u q precisa ? s a t n o c s a m o c mal 55 No Negócio Endividamento fizesse um novo empréstimo. Além disso, a encaminhamos para o setor contábil da empresa, um dos profissionais ficou incumbido de ajudar com o controle financeiro de suas contas”, explica. A solução arrumada deu certo. A ação de despejo – a qual estava prestes a acontecer por conta dos atrasos nos alugueis – foi interrompida e, com as finanças em dia, a funcionária conseguiu se mudar da capital para o interior de São Paulo. O s sintomas são sempre semelhantes: nervosismo excessivo, falta de organização, dificuldade para cumprir prazos e metas, além de distração constante. São os sinais mais comuns de que os funcionários enfrentam problemas pessoais e deixam transparecer no ambiente de trabalho. A diretora de comunicação da agência Economídia, Iza França, passou por uma situação parecida quando era gestora de outra empresa. Iza lembra como se fosse hoje da funcionária que estava endividada e levou o problema para dentro do trabalho: “Ela andava triste, os resultados caíram significativamente, no começo mesmo acompanhando e traçando metas e organizando suas tarefas percebia que ela não as alcançava. Algumas vezes ficava nervosa à toa, distraída e, por vezes, choramingava pelos cantos. Esquecimentos de coisas simples em sua rotina eram constantes”, conta. Com essas atitudes era de se observar que alguma coisa andava muito errada na vida de sua colaboradora. A suspeita, contudo, era de um problema financeiro, que foi confirmado quando Iza foi procurada para emprestar-lhe dinheiro. A relação naquele momento não era de chefe e subordinado, mas sim de colegas. A executiva se sensibilizou e atendeu ao pedido. “Eu emprestei como pessoa física, mas ela não ficou sabendo disso. Disse que era um adiantamento e que ela poderia pagar em parcelas”, conta Iza França. Passados dois meses, a endividada, ainda mais enrolada, pediu ajuda para outra colega de trabalho. “Não pensei duas vezes. Recorri ao meu diretor e expliquei a situação, propus que a empresa 56 DURA REALIDADE A história contada por Iza reflete uma realidade bastante comum dentro de muitas empresas. Apesar de muitos defenderem a ideia de que “não se pode misturar o pessoal com o profissional”, “Ela andava triste, os resultados caíram significativamente, no começo mesmo acompanhando e traçando metas e organizando suas tarefas percebia que ela não as alcançava. Algumas vezes ficava nervosa à toa, distraída e, por vezes, choramingava pelos cantos. Esquecimentos de coisas simples em sua rotina eram constantes” Iza França, da Economídia são poucos os que conseguem impor esse limite. O sócio e consultor em treinamento e desenvolvimento da Crescimentum, Renato Curi, conta que é provável que uma dificuldade financeira, além de pensamentos pessimistas, venha acompanhada de sentimentos de angústia, incerteza, insegurança e de uma sensação de incapacidade, o que prejudica a autoestima do colaborador e novamente sua produtividade. “A tomada de decisões se torna mais lenta, tarefas são procrastinadas, os relacionamentos podem ser prejudicados; uma vez que a pessoa se isola cada vez mais, a tendência em arriscar diminui”, lista Curi. Qual seria sua ação ao se deparar com um funcionário que deve muito e produz pouco? Segundo o educador financeiro, Mauro Calil, a empresa pode promover cursos e palestras para o funcionário e criar campanhas motivacionais sobre como evitar os gastos desnecessários. “O empregador também pode popularizar o uso das planilhas de controle do orçamento doméstico e da leitura de livros sobre finanças pessoais”, acrescenta Calil. “Para os funcionários que têm dívidas, esses tipos de adiantamento podem ser a solução do problema, desde que se negocie o pagamento da dívida para obter algum desconto. Mas o funcionário já deve ter um plano para pagar as dívidas e não utilizar o dinheiro para outro fim” Mauro Calil, educador financeiro “A tomada de decisões se torna mais lenta, tarefas são procrastinadas, os relacionamentos podem ser prejudicados; uma vez que a pessoa se isola cada vez mais, a tendência em arriscar diminui” Renato Curi, da Crescimentum 57 No Negócio Endividamento INDO A FUNDO: 7 PROBLEMAS QUE SEU FUNCIONÁRIO PODE ENFRENTAR POR NÃO TER DISCIPLINA FINANCEIRA 1. Uma boa parte do dinheiro é consumida por juros bancários 2. Está sempre vivendo com o cheque especial 3. Não consegue criar o hábito de reservar uma quantia mensal para urgências futuras 4. Não consegue planejar o futuro dele e de sua família, que seria definir o que se julga necessário para viver de maneira razoável hoje e o que será necessário fazer de esforços para melhor o padrão de vida a longo prazo 5. Não consegue fazer as suas compras a vista, apenas parceladas a longo prazo, acumulando mais de uma prestação durante um longo período 6. Não consegue pagar fatura de cartão de credito à vista, apenas no rotativo 7. Fica com o nome sujo e não consegue fazer outras opções financeiras mais saudáveis, como financiar a casa própria e sair do aluguel Fonte: Fábio Barretta, especialista em finanças empresariais Outra forma seria adiantar parcelas do 13º salário ou ainda conceder vales mais de uma vez ao mês. “Para os funcionários que têm dívidas, esses tipos de adiantamento podem ser a solução do problema, desde que se negocie o pagamento da dívida para obter algum desconto. Mas o funcionário já deve ter um plano para pagar as dívidas e não utilizar o dinheiro para outro fim”, destaca Calil. 58 “Caso esteja gastando de forma não compatível com seu ganho, o funcionário pode, por exemplo, passar a usar roupas e joias caras que não usava antes, ou comprar um carro acima de suas possibilidades de pagá-lo. Pode ainda estar viajando para lugares luxuosos, enfim, usufruindo mais do que poderia arcar financeiramente e, ao mesmo tempo, contraindo um grande débito” Jussara Nunes de Souza, coach executiva “Ninguém oferece o que não tem. Principalmente para profissionais da área financeira, estar com problemas demonstra inabilidade e incompetência com o contexto” Andrea Deis, da Top Leader Trainning Já o especialista em finanças pessoais, Fábio Barretta, pensa diferente: “Isto geralmente atrapalha, pois a empresa em vez de incentivar o funcionário a retirar estas reversas no tempo certo, deixa o funcionário retirar esse dinheiro para gastar com situações emergenciais, prejudicando o planejamento financeiro a médio e longo prazo”, opina. DETECTANDO O PROBLEMA A coach executiva e interculturalista, Jussara Nunes de Souza, não tem dúvidas: “Um bom gestor deve estar próximo o suficiente de sua equipe para poder acompanhar quando um problema deste surge”. E não adianta pensar que isso só pode ser para equipes pequenas, pelo contrário, deve fazer parte daqueles que também lideram grandes grupos, basta delegar funções. Além dos sinais já citados, Jussara aponta ainda que indícios de extravagância podem ser boas pistas de que algo de errado está acontecendo. “Caso esteja gastando de forma não compatível com seu ganho, o funcionário pode, por exemplo, passar a usar roupas e joias caras que não usava antes, ou comprar um carro acima de suas possibilidades de pagá-lo. Pode ainda estar viajando para lugares luxuosos, enfim, usufruindo mais do que poderia arcar financeiramente e, ao mesmo tempo, contraindo um grande débito” enumera Jussara. CRESCIMENTO COMPROMETIDO Por mais que, a princípio, não se tenha uma relação, aos poucos, o crescimento do profissional “problema” pode ser comprometido. Não adianta! É praticamente impossível confiar em alguém para um cargo maior, quando a pessoa sequer consegue pensar de forma estratégica na vida pessoal. “O líder age pelo exemplo. A instabilidade e descontrole das emoções demonstram para a empresa falta de competência para gerir times, uma vez que não conseguem gerenciar sua própria vida”, afirma a coach e palestrante da Top Leader Trainning, Andrea Deis. A especialista opina, ainda, dizendo que a empresa é um local de trabalho, com um propósito estabeleci- do e isso deve ser mantido íntegro nas ações e metas diárias. “As atividades devem estar focadas no propósito da empresa, uma vez que o profissional esta sendo remunerado por isto e para isto”, afirma Andrea. A coach diz ainda que algumas empresas não contratam profissionais com o nome comprometido, ou seja, sujo na praça. Pode ter um bom currículo, mas se o nome estiver na lista de maus pagadores do Serasa ou do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), a contratação pode ir por água a baixo. “Ninguém oferece o que não tem. Principalmente para profissionais da área financeira, estar com problemas demonstra inabilidade e incompetência com o contexto”, acrescenta Andrea. 59 No Negócio Endividamento A VOLTA POR CIMA: 6 BOAS DICAS QUE VOCÊ PODE PASSAR AO FUNCIONÁRIO ENDIVIDADO 1. Peça para ele listar as dívidas colocando o valor, o prazo de atraso (se houver) e prazo para término, nome do credor, e juros pagos 2. Aconselhe-o a verificar a capacidade de pagamento, ou seja, apertar os cintos, ver o que pode ser vendido para fazer dinheiro e saber quanto poderá pagar 3. Mostre-o que uma das saídas é ir às negociações com os credores e ser agressivo: pedir descontos elevados 4. Aconselhe a ele pagar primeiro àqueles que oferecerem os melhores descontos 5. Se for preciso, ele deve trocar as dívidas mais caras por dívidas mais baratas. Por exemplo, quitar o cartão de crédito usando um CDC ou consignado 6. Por fim, explique como é importante honrar as negociações e/ou novas dívidas, jamais atrasar os pagamentos negociados, pois isso fará ele perder toda a negociação e voltar à estaca zero “É importante criar um planejamento de carreira baseado em avaliação de desempenho, fazendo com que seus funcionários cresçam profissionalmente e cheguem o mais rápido a uma remuneração que permitirá um planejamento financeiro mais elástico e confortável” Fábio Barretta, especialista em finanças pessoais REVERTENDO O QUADRO Renato Curi acredita que o papel da organização, para atingir melhores resultados, é o de olhar para o colaborador como um ser integral, se mostrar disposto a apoiá-lo e ajudá-lo aonde possa ter dificuldade. “A partir do momento que conseguimos ter colaboradores em equilibro com suas vidas, o resultado gerado para a organização sem dúvida é muito melhor”, complementa o executivo da Crescimentum. 60 "A empresa não tem muito como ajudar a curto prazo, mas pode ajudar a médio e longo prazo", é o que defende Fábio Barretta. “É importante criar um planejamento de carreira baseado em avaliação de desempenho, fazendo com que seus funcionários cresçam profissionalmente e cheguem o mais rápido a uma remuneração que permitirá um planejamento financeiro mais elástico e confortável”, conclui.