No Negócio
Endividamento
texto de Marcelo Casagrande
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No Negócio
Endividamento
fizesse um novo empréstimo. Além disso, a encaminhamos para o setor contábil da empresa, um dos profissionais ficou incumbido de ajudar com o controle
financeiro de suas contas”, explica.
A solução arrumada deu certo. A ação
de despejo – a qual estava prestes a acontecer por conta dos atrasos nos alugueis
– foi interrompida e, com as finanças em
dia, a funcionária conseguiu se mudar da
capital para o interior de São Paulo.
O
s sintomas são sempre semelhantes: nervosismo excessivo, falta de organização, dificuldade para cumprir prazos e metas, além de distração
constante. São os sinais mais comuns
de que os funcionários enfrentam problemas pessoais e deixam transparecer
no ambiente de trabalho.
A diretora de comunicação da agência
Economídia, Iza França, passou por uma
situação parecida quando era gestora de
outra empresa. Iza lembra como se fosse hoje da funcionária que estava endividada e levou o problema para dentro
do trabalho: “Ela andava triste, os resultados caíram significativamente, no começo mesmo acompanhando e traçando metas e organizando suas tarefas percebia que ela não as alcançava. Algumas
vezes ficava nervosa à toa, distraída e,
por vezes, choramingava pelos cantos.
Esquecimentos de coisas simples em sua
rotina eram constantes”, conta.
Com essas atitudes era de se observar
que alguma coisa andava muito errada
na vida de sua colaboradora. A suspeita, contudo, era de um problema financeiro, que foi confirmado quando Iza foi
procurada para emprestar-lhe dinheiro.
A relação naquele momento não era de
chefe e subordinado, mas sim de colegas.
A executiva se sensibilizou e atendeu
ao pedido. “Eu emprestei como pessoa
física, mas ela não ficou sabendo disso.
Disse que era um adiantamento e que
ela poderia pagar em parcelas”, conta Iza
França. Passados dois meses, a endividada, ainda mais enrolada, pediu ajuda para outra colega de trabalho. “Não pensei
duas vezes. Recorri ao meu diretor e expliquei a situação, propus que a empresa
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DURA REALIDADE
A história contada por Iza reflete
uma realidade bastante comum dentro
de muitas empresas. Apesar de muitos
defenderem a ideia de que “não se pode
misturar o pessoal com o profissional”,
“Ela andava triste,
os resultados caíram
significativamente,
no começo mesmo
acompanhando e
traçando metas e
organizando suas
tarefas percebia que
ela não as alcançava.
Algumas vezes
ficava nervosa à
toa, distraída e, por
vezes, choramingava
pelos cantos.
Esquecimentos de
coisas simples em
sua rotina eram
constantes”
Iza França, da Economídia
são poucos os que conseguem impor
esse limite.
O sócio e consultor em treinamento
e desenvolvimento da Crescimentum,
Renato Curi, conta que é provável que
uma dificuldade financeira, além de
pensamentos pessimistas, venha acompanhada de sentimentos de angústia, incerteza, insegurança e de uma sensação
de incapacidade, o que prejudica a autoestima do colaborador e novamente sua
produtividade. “A tomada de decisões se
torna mais lenta, tarefas são procrastinadas, os relacionamentos podem ser prejudicados; uma vez que a pessoa se isola cada vez mais, a tendência em arriscar
diminui”, lista Curi.
Qual seria sua ação ao se deparar com
um funcionário que deve muito e produz
pouco? Segundo o educador financeiro, Mauro Calil, a empresa pode promover cursos e palestras para o funcionário
e criar campanhas motivacionais sobre
como evitar os gastos desnecessários. “O
empregador também pode popularizar
o uso das planilhas de controle do orçamento doméstico e da leitura de livros
sobre finanças pessoais”, acrescenta Calil.
“Para os funcionários que têm dívidas,
esses tipos de adiantamento podem ser
a solução do problema, desde que se
negocie o pagamento da dívida para obter
algum desconto. Mas o funcionário já
deve ter um plano para pagar as dívidas e
não utilizar o dinheiro para outro fim”
Mauro Calil, educador financeiro
“A tomada de decisões se torna mais lenta, tarefas
são procrastinadas, os relacionamentos podem ser
prejudicados; uma vez que a pessoa se isola cada vez
mais, a tendência em arriscar diminui”
Renato Curi, da Crescimentum
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No Negócio
Endividamento
INDO A FUNDO:
7
PROBLEMAS QUE
SEU FUNCIONÁRIO
PODE ENFRENTAR
POR NÃO TER
DISCIPLINA
FINANCEIRA
1. Uma boa parte do dinheiro é consumida
por juros bancários
2. Está sempre vivendo com o cheque
especial
3. Não consegue criar o hábito de reservar
uma quantia mensal para urgências
futuras
4. Não consegue planejar o futuro dele e
de sua família, que seria definir o que se
julga necessário para viver de maneira
razoável hoje e o que será necessário
fazer de esforços para melhor o padrão
de vida a longo prazo
5. Não consegue fazer as suas compras a
vista, apenas parceladas a longo prazo,
acumulando mais de uma prestação
durante um longo período
6. Não consegue pagar fatura de cartão de
credito à vista, apenas no rotativo
7. Fica com o nome sujo e não consegue
fazer outras opções financeiras mais
saudáveis, como financiar a casa própria
e sair do aluguel
Fonte: Fábio Barretta,
especialista em finanças empresariais
Outra forma seria adiantar parcelas
do 13º salário ou ainda conceder vales
mais de uma vez ao mês. “Para os funcionários que têm dívidas, esses tipos de
adiantamento podem ser a solução do
problema, desde que se negocie o pagamento da dívida para obter algum desconto. Mas o funcionário já deve ter um
plano para pagar as dívidas e não utilizar
o dinheiro para outro fim”, destaca Calil.
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“Caso esteja gastando de forma não
compatível com seu ganho, o funcionário
pode, por exemplo, passar a usar roupas
e joias caras que não usava antes,
ou comprar um carro acima de suas
possibilidades de pagá-lo. Pode ainda
estar viajando para lugares luxuosos,
enfim, usufruindo mais do que poderia
arcar financeiramente e, ao mesmo
tempo, contraindo um grande débito”
Jussara Nunes de Souza, coach executiva
“Ninguém oferece o que
não tem. Principalmente
para profissionais da área
financeira, estar com
problemas demonstra
inabilidade e incompetência
com o contexto”
Andrea Deis, da Top Leader Trainning
Já o especialista em finanças pes­soais,
Fábio Barretta, pensa diferente: “Isto geralmente atrapalha, pois a empresa em
vez de incentivar o funcionário a retirar estas reversas no tempo certo, deixa
o funcionário retirar esse dinheiro para
gastar com situações emergenciais, prejudicando o planejamento financeiro a
médio e longo prazo”, opina.
DETECTANDO O PROBLEMA
A coach executiva e interculturalista,
Jussara Nunes de Souza, não tem dúvidas: “Um bom gestor deve estar próximo
o suficiente de sua equipe para poder
acompanhar quando um problema deste surge”. E não adianta pensar que isso
só pode ser para equipes pequenas, pelo
contrário, deve fazer parte daqueles que
também lideram grandes grupos, basta
delegar funções.
Além dos sinais já citados, Jussara
aponta ainda que indícios de extravagância podem ser boas pistas de que algo de errado está acontecendo. “Caso esteja gastando de forma não compatível
com seu ganho, o funcionário pode, por
exemplo, passar a usar roupas e joias caras que não usava antes, ou comprar um
carro acima de suas possibilidades de
pagá-lo. Pode ainda estar viajando para lugares luxuosos, enfim, usufruindo
mais do que poderia arcar financeiramente e, ao mesmo tempo, contraindo
um grande débito” enumera Jussara.
CRESCIMENTO
COMPROMETIDO
Por mais que, a princípio, não se tenha uma relação, aos poucos, o crescimento do profissional “problema” pode
ser comprometido. Não adianta! É praticamente impossível confiar em alguém
para um cargo maior, quando a pessoa
sequer consegue pensar de forma estratégica na vida pessoal. “O líder age pelo
exemplo. A instabilidade e descontrole
das emoções demonstram para a empresa falta de competência para gerir
times, uma vez que não conseguem gerenciar sua própria vida”, afirma a coach
e palestrante da Top Leader Trainning,
Andrea Deis. A especialista opina, ainda, dizendo que a empresa é um local de
trabalho, com um propósito estabeleci-
do e isso deve ser mantido íntegro nas
ações e metas diárias. “As atividades devem estar focadas no propósito da empresa, uma vez que o profissional esta
sendo remunerado por isto e para isto”,
afirma Andrea.
A coach diz ainda que algumas empresas não contratam profissionais com
o nome comprometido, ou seja, sujo
na praça. Pode ter um bom currículo,
mas se o nome estiver na lista de maus
pagadores do Serasa ou do Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC), a contratação pode ir por água a baixo. “Ninguém
oferece o que não tem. Principalmente
para profissionais da área financeira,
estar com problemas demonstra inabilidade e incompetência com o contexto”, acrescenta Andrea.
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No Negócio
Endividamento
A VOLTA POR CIMA:
6
BOAS DICAS
QUE VOCÊ PODE
PASSAR AO
FUNCIONÁRIO
ENDIVIDADO
1. Peça para ele listar as dívidas colocando
o valor, o prazo de atraso (se houver) e
prazo para término, nome do credor, e
juros pagos
2. Aconselhe-o a verificar a capacidade de
pagamento, ou seja, apertar os cintos,
ver o que pode ser vendido para fazer
dinheiro e saber quanto poderá pagar
3. Mostre-o que uma das saídas é ir às
negociações com os credores e ser
agressivo: pedir descontos elevados
4. Aconselhe a ele pagar primeiro àqueles
que oferecerem os melhores descontos
5. Se for preciso, ele deve trocar as dívidas
mais caras por dívidas mais baratas.
Por exemplo, quitar o cartão de crédito
usando um CDC ou consignado
6. Por fim, explique como é importante
honrar as negociações e/ou novas
dívidas, jamais atrasar os pagamentos
negociados, pois isso fará ele perder
toda a negociação e voltar à estaca zero
“É importante criar um planejamento
de carreira baseado em avaliação de
desempenho, fazendo com que seus
funcionários cresçam profissionalmente
e cheguem o mais rápido a uma
remuneração que permitirá um
planejamento financeiro mais elástico e
confortável”
Fábio Barretta, especialista em finanças pessoais
REVERTENDO O QUADRO
Renato Curi acredita que o papel da
organização, para atingir melhores resultados, é o de olhar para o colaborador
como um ser integral, se mostrar disposto a apoiá-lo e ajudá-lo aonde possa ter
dificuldade. “A partir do momento que
conseguimos ter colaboradores em equilibro com suas vidas, o resultado gerado
para a organização sem dúvida é muito
melhor”, complementa o executivo da
Crescimentum.
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"A empresa não tem muito como
ajudar a curto prazo, mas pode ajudar a
médio e longo prazo", é o que defende
Fábio Barretta. “É importante criar um
planejamento de carreira baseado em
avaliação de desempenho, fazendo com
que seus funcionários cresçam profissionalmente e cheguem o mais rápido
a uma remuneração que permitirá um
planejamento financeiro mais elástico e
confortável”, conclui.
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Revista Gestão e Negócios