CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA
DE SEGURANÇA DO TRABALHO
M5 D2 – HIGIENE DO TRABALHO IV
GUIA DE ESTUDO PARTE I – AULA 56
INCÊNDIOS FLORESTAIS E EM SÍTIOS HISTÓRICOS
PROFESSOR AUTOR: Engº Rildo Marcelo Alves
PROFESSOR TELEPRESENCIAL: Engº Rildo Marcelo Alves
COORDENADOR DE CONTEÚDO: Engº Josevan Ursine Fudoli
DIRETORA PEDAGÓGICA: Profa. Maria Umbelina Caiafa Salgado
25 de setembro de 2012
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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: HIGIENE DO TRABALHO IV
O desenvolvimento desta disciplina está organizado em cinco partes,
nas quais serão tratados os seguintes conteúdos:
Parte I: INCÊNDIOS FLORESTAIS E EM SÍTIOS HISTÓRICOS. Introdução.
Incêndio florestal. Componentes do incêndio florestal. Tipos de incêndios
florestais. Principais causas de incêndios florestais. Impactos dos incêndios
florestais. Medidas preventivas. Dinâmica da combustão. Planejando o
combate a incêndio. Executando o combate a incêndio. Referências
bibliográficas
Parte II: PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
Parte III: NR 29 e NR 30
Parte IV: NR 34
Parte V: VENTILAÇAO INDUSTRIAL
2
O Calendário atualizado da Disciplina encontra-se no quadro a seguir.
o
2012 Guia de
N Lista
Textos Complementares de Leitura Obrigatória
aulas Estudo
Exercícios
Análise de risco de incêndio em edificações em
sítios históricos. Rildo Marcelo Alves e Antônio
25 set
Parte I
Maria
Claret
de
Gouvêia.
Acessar:
55
http://www.propec.ufop.br/index/tese.php?idtese
=63
02 out Parte II
56
09 out Parte III
57
16 out Parte IV
58
23 out Parte V
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Objetivos da aprendizagem
 Conceituar incêndio florestal
 Descrever as medidas preventivas do incêndio florestal
 Analisar as causas do incêndio industrial
 Conhecer a dinâmica da combustão do fogo
 Classificar os componentes do incêndio florestal
3
INCÊNDIOS FLORESTAIS E EM SÍTIOS HISTÓRICOS
ÍNDICE
1. Apresentação ...................................................................................
05
2. Incêndio florestal ............................................................................
05
3. Componentes do incêndio florestal ..............................................
06
4. Tipos de incêndios florestais .........................................................
08
5. Principais causas de incêndios florestais ....................................
08
6. Impactos dos incêndios florestais ................................................
10
7. Medidas preventivas .......................................................................
12
8. Dinâmica da combustão .................................................................
14
9. Planejando o combate a incêndio .................................................
15
10. Executando o combate a incêndio .............................................
16
11. Referências bibliográficas ..........................................................
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4
DISCIPLINA: “HIGIENE DO TRABALHO IV”
PARTE I DA DISCIPLINA: INCÊNDIOS FLORESTAIS E EM SÍTIOS
HISTÓRICOS
1. INTRODUÇÃO
Os incêndios florestais causam grandes impactos ambientais e
mesmo sociais, pois colocam em perigo todos os que moram ao redor
da área incendiada, até mesmo meses após o incêndio ter sido
apagado. Foi o que ocorreu nos EUA em 1994, quando, dois meses
após um incêndio ter devastado uma área de 2 mil acres de floresta na
Montanha Storm King, Colorado, uma chuva forte causou um
deslizamento de toneladas de lama e detritos em um trecho de cerca de
5 km de uma rodovia. A lama ainda arrastou dois carros e deixou mais
30 encobertos.
Os incêndios florestais geralmente ocorrem em épocas de seca e
calor quando a vegetação (combustível) encontra-se com pouca
umidade. O calor do sol sobre a folhagem seca, ou sobre galhos e
arbusto menores (quanto menor a área do combustível, mais fácil é a
ocorrência da ignição espontânea, ou seja, vegetações arbustivas e com
muita grama tendem a queimar mais rápido) provoca pequenas faíscas
que acabam queimando a vegetação que já se encontra seca. Após
iniciado o incêndio, a fumaça e os ventos quentes em torno dos locais
em chamas contribuem para secar mais ainda o restante da vegetação
que se encontra em volta, ajudando o incêndio a se espalhar.
2. INCÊNDIO FLORESTAL
Incêndio florestal é fogo fora de controle em qualquer tipo de
vegetação, seja em plantações, pastos ou áreas de cerrado. Além de
destruir a vegetação nativa e matar muitos animais selvagens, um
incêndio florestal também pode causar sérios prejuízos financeiros e, até
mesmo, colocar em risco a vida de pessoas e de animais domésticos.
Os incêndios florestais, além de queimarem lavouras, pastos e
áreas naturais, podem atingir casas, galpões, armazéns e instalações
rurais, como celeiros, galinheiros, viveiros, chiqueiros e currais.
Até o início do século 21, Brasil, Malásia e Indonésia foram os
países que mais devastaram suas florestas através de queimadas. Entre
os anos de 1997 e 2006, os trópicos asiáticos, através de queimadas,
contribuíram com 54% das emissões. Nos trópicos americanos, incluindo
a Amazônia, foram emitidos 32 %, a África ficou com 14 %.
Uma área que requer cuidado especial é o cerrado, dado que
ocupa quase 25% do território brasileiro e também porque é considerado
5
a “caixa d’água” do Brasil, pois é lá (no cerrado) que estão as nascentes
de vários córregos que formam alguns dos grandes rios do País, como o
São Francisco, o Tocantins e o Paraná.
O Cerrado possui duas estações bem definidas durante o ano: uma bem
chuvosa e outra muito seca. No período da seca é que se deve ter bastante
cuidado para não causar incêndios florestais, notadamente entre os meses de
maio e outubro, em que o clima favorece a propagação de incêndios florestais,
pois: a) o ar fica muito seco; b) o céu fica com poucas nuvens; c) a vegetação
fica muito ressecada.
O meio ambiente, ao ficar sem nuvens, aumenta a insolação e, dessa
forma, o sol queima. Sem chuva, a poeira cobre o chão e o verde resseca.
3. COMPONENTES DO INCÊNDIO FLORESTAL
O triângulo do fogo dos incêndios florestais é formado pelo tripé: (i)
fatores climáticos, (ii) combustíveis e (iii) a topografia, que contribuem para a
propagação do fogo..
(i) Fatores Climáticos - o clima é um fator importante para o incêndio. Quem
vai trabalhar na prevenção e combate aos incêndios florestais precisa avaliar
as seguintes condições do tempo:

Temperatura O calor resseca a vegetação tirando a umidade e, como
consequência, facilitando o início e propagação de incêndio.

Vento é um dos fatores que mais interferem na velocidade de
propagação e intensidade de um incêndio. Em uma região com ventos
fortes, o incêndio tende a se propagar mais rápido a até 23km/h. E o
calor produzido pelo fogo ainda produz rajadas que aumentam em até
6


10 vezes a velocidade dos ventos locais, criando, em alguns casos,
redemoinhos de vento que lançam para longe do incêndio principal,
dezenas de labaredas e pedaços de galhos em chamas, formando
novos focos de incêndio. Quanto mais forte o vento, mais fácil o fogo se
espalha.
Umidade Relativa do Ar - Umidade é a quantidade de água existente
no ar. É determinada pela época do ano. A baixa umidade é um dos
responsáveis pelo ressecamento da vegetação, facilitando o início e
propagação do incêndio.
Precipitação - É a quantidade de umidade que cai da atmosfera e
alcança o solo. Podendo ser chuva, orvalho, névoa ou neblina. As
precipitações são importantes porque umedecem a vegetação.
(ii) Topografia – A topografia interfere no sentido de que o fogo tende a se
propagar mais rapidamente na subida do que na descida. Isso ocorre porque
geralmente, o sentido do vento em uma montanha ou colina é para cima, o que
faz com as chamas e a fumaça fiquem neste sentido, secando a vegetação que
está logo acima e fazendo-a queimar mais rápido.
O bom disso, é que quando um incêndio atinge o topo de uma colina, ele
geralmente se extingue, pois o combustível abaixo já foi todo queimado e ele
não conseguirá se propagar em sentido contrário ao do vento. Mas o contrário
pode ocorrer. Se o vento estiver em sentido de descida, o fogo pode se
propagar para baixo. Mas isso é bem mais raro.
Desta forma, no combate ao incêndio, devem ser analisadas as
seguintes características do terreno:

Aspecto - as formas do terreno determinam o grau de exposição da
área às influências dos fatores climáticos. Exemplo: numa colina onde
há sombra, a temperatura é menor do que onde o sol bate. O vento nos
vales é menos intenso que nas montanhas.

Grau de inclinação - incêndios queimam mais rapidamente montanha
acima que montanha abaixo. Quanto mais íngreme a montanha, mais
rápida a propagação do fogo.

Posição do fogo - um incêndio que tem início próximo à subida do
morro, irá propagar-se mais rápido e queimar mais área que um fogo
que se inicia próximo ao topo do morro.

Elevação - é a altitude da área, acima do nível do mar. A elevação
determina as condições e quantidade da vegetação.

Barreiras - são obstáculos posicionados no terreno que contribuem para
impedir a passagem do incêndio. As barreiras podem ser naturais: rios,
córregos, riachos etc., e artificiais, provenientes da ação humana:
estradas, aceiros etc.
(iii) Combustíveis – O combustível é tudo o que se encontrar pelo caminho do
fogo, vegetação e até mesmo casas. Quanto mais seca se encontrar a
vegetação e maior a quantidade de arbustos ou árvores menos robustas, mais
fácil é a propagação do fogo. A vegetação é fator básico para a propagação
7
dos incêndios. Não poderá haver fogo se não houver vegetação para queimar o
combustível dos incêndios florestais.
Os combustíveis são classificados em Leves e Pesados.
Os combustíveis Leves são a vegetação que queima de forma rápida e
o fogo se espalham com mais facilidade. Ex.: Ervas, folhas, capim e pasto.
Os combustíveis pesados são a vegetação que não pega fogo com
rapidez, mas que depois de incendiada, não se apaga com facilidade. Ex.:
troncos de árvores, ramas e galhos grossos.
4. TIPOS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS
Os incêndios florestais se dividem em três tipos: subterrâneos,
superficiais e aéreos.
Incêndios subterrâneos - são incêndios em vegetais orgânicos, raízes
e outros que se encontram sob o solo.
Incêndios superficiais - são aqueles que ocorrem acima do solo.
Ocorrem nas folhas, ramas, arbustos, ou árvores jovens, que se encontram até
1,5 metros de altura.
Incêndios aéreos - são aqueles que acontecem na copa das árvores,
cipós ou em folhagens acima de 1,5 m de altura do solo.
Os incêndios florestais possuem as seguintes delimitações:
Perímetro - é o limite do fogo.
Frente - é a parte do fogo que se movimenta mais rápido. Um incêndio
pode ter duas ou mais frentes, e quando o vento muda de direção, os flancos
ou a retaguarda podem se transformar em novas frentes.
Retaguarda - é a parte do incêndio que se move mais lentamente
Flancos - são os dois lados do incêndio. Ficam entre a frente e a
retaguarda.
5. PRINCIPAIS CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS
Os incêndios florestais possuem diversas causas, entre as quais
citamos:
8
1. Queima para a rebrota de pastagens
Muitos criadores de gado e de outros animais costumam queimar o
pasto para os animais comerem a rebrota. A área queimada pode ser tanto um
pasto plantado, quanto uma área nativa de cerrado.
2. Queima para plantios
A prática de queimar a vegetação para matar plantas nativas e plantar
lavouras no lugar é adotada por alguns povos indígenas, pequenos e médios
agricultores e grandes fazendeiros.
No entanto, sabemos que essa forma de preparar o terreno para plantio
enfraquece a terra.
3. Vandalismo
Tem gente que põe fogo na vegetação sem se preocupar com nada. Os
motivos podem ser vingança, querer prejudicar alguém ou só a vontade de
destruir mesmo. Outro motivo é a desocupação acompanhada de falta de
educação e má formação do caráter.
4. Crianças
Às vezes, algumas crianças querem brincar com fogo. O problema é
quando a brincadeira se transforma em coisa séria e vira incêndio! Por isso,
você que é adulto, fique de olho nas crianças! E isso não é tarefa só dos pais!
E você que ainda não é adulto, preste atenção: brincar com fogo é muito
perigoso!
5. Velas em ritual religioso
Alguns rituais são feitos com o uso de velas em lugares isolados. Cada
pessoa possui sua crença, que deve ser respeitada, assim como devem ser
respeitados o meio ambiente e todos os seres vivos. Por isso, recomenda-se a
escolha de locais que não tenham vegetação perto de onde vão-se acender as
velas.
6. Fogueiras
Fazer fogueiras sem os devidos cuidados pode causar incêndios,
principalmente quando o fogo é aceso em lugares onde tem capim e outras
plantas muito perto. Uma brasa pode rolar, o vento pode levar uma fagulha... O
pior é quando isso acontece depois que todos vão embora sem apagar a
fogueira corretamente...
7. Balões
Soltar balões é crime e pode dar cadeia. Mas, infelizmente, ainda há
pessoas que insistem em soltar balões em festas juninas.
8. Queima de lixo
A queima de lixo é proibida, polui o ar e também pode causar miniincêndios. Além do mais, queimar lixo desperdiça materiais que podem ser
reciclados, reaproveitados ou utilizados para fazer adubação.
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9. Causa acidental
Alguns incêndios florestais têm causa acidental, como, por exemplo,
incêndios causados por fagulhas de máquinas e de grandes veículos ou pelo
rompimento de cabos de eletricidade.
Raios (descarga atmosférica)
Sim, os raios provocam incêndios florestais! No entanto, eles costumam
acontecer na época das chuvas! E, quando tem chuva, o fogo mal acende, a
água vem e apaga! Isso significa que não tem desculpa: o ser humano é, de
fato, o principal causador de incêndios florestais!
Raios: consequências de incêndios florestais
6. IMPACTOS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS
Os incêndios florestais provocam os seguintes impactos:
Impactos negativos no clima
O efeito estufa é um fenômeno natural, ou seja, alguns gases aquecem
o planeta Terra, dando condições à existência da vida. O problema é que um
dos gases responsáveis pelo efeito estufa, o gás carbônico, está sendo
liberado em enormes quantidades no ar por indústrias, veículos e pelos
incêndios florestais.
Várias pesquisas indicam que isso pode provocar um superaquecimento
global e ter consequências desastrosas! E tem mais: a grande quantidade de
fumaça dos incêndios florestais também diminui a quantidade de chuvas. Os
incêndios liberam partículas, como a fuligem, que não deixam as nuvens
ficarem carregadas até virarem chuva. Assim, as nuvens são levadas pelo
vento para outros locais, evaporam e não chove onde era para chover!
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Problemas de saúde
A fumaceira gerada pelos incêndios florestais causa vários problemas de
saúde às pessoas. Os principais são os seguintes:
 Problemas respiratórios (bronquite, asma, infecções);
 Problemas do coração e do sistema nervoso;
 Dores de cabeça e náuseas;
 Conjuntivite;
 Alergias e intoxicações;
 Maior ocorrência de câncer.
Morte de animais e plantas
Na natureza, todo ser vivo tem sua função. Por isso, a morte de animais
e plantas tem como consequência um sério desequilíbrio ambiental. A cadeia
alimentar que envolve as plantas e os animais fica comprometida, prejudicando
o ciclo da vida.
Exemplo da Cadeia Alimentar:
Micróbios da terra
(decompõem plantas e animais
quando morrem, produzindo
nutrientes paras as plantas)
Além disso, a cura para muitas doenças se dá pelo uso de remédios
feitos de plantas nativas e de substâncias extraídas de alguns bichos, por
exemplo: o veneno da jararaca é usado para a fabricação de remédio contra a
pressão alta. É triste ver essa riqueza virar fumaça.
Degradação do solo
Muita gente pensa que é bom queimar a vegetação nativa para fazer
plantações. Isso porque a cinza contém nutrientes importantes para as plantas,
como o potássio. Acontece que, depois da queima, a maior parte dos nutrientes
que ficava nos troncos e ramos das plantas vai embora com a fumaça e é
carregada pelas primeiras chuvas. Queimar a vegetação degrada o solo ao
longo do tempo!
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A cada vez que o fogo passa, a terra fica mais fraca, pois fica sem a
cobertura de folhas e galhos secos. Dessa forma, acontece o seguinte:
- Diminui a capacidade de retenção de umidade do solo, ou seja, a terra
fica seca mais rápido após uma chuva e o orvalho da manhã que fica sobre a
terra também seca mais rápido;
- Diminui a vida do solo, isto é, diminui a quantidade de minhocas,
fungos, bactérias e vários bichos pequeninos que melhoram a terra para as
plantas crescerem saudáveis;
- Quando o solo está descoberto e sem vegetação, o peso das gotas da
chuva vai compactando a camada de cima da terra.
Assim, a maior parte da água da chuva não penetra no solo, dificultando
a recarga dos lençóis freáticos (água armazenada debaixo da terra que
abastece nascentes e poços).
O pior é que o solo descoberto ainda provoca dois problemas:
a) Erosão
A mesma água da chuva que não penetra no solo, pouco a pouco,
carrega a camada superficial da terra e vai abrindo valas no chão, isto é, vai
provocando uma erosão. Isso pode causar desmoronamentos de terra e a
abertura de enormes buracos, pois um solo sem vegetação fica sem raízes
para segurar a terra.
b) Assoreamento de córregos e rios
O Assoreamento é o acúmulo de areia, solo desprendido de erosões e
outros materiais levados até rios, ribeirões, córregos, lagoas e nascentes,
sendo que as principais causas estão relacionadas aos desmatamentos e
queimadas, tanto das matas ciliares quanto das demais coberturas vegetais
que, naturalmente, protegem os solos. O assoreamento reduz o volume de
água, torna-a turva e impossibilita a entrada de luz dificultando a fotossíntese e
impedindo a renovação do oxigênio para algas e peixes, conduzindo rios e
lagos ao desaparecimento.
7. MEDIDAS PREVENTIVAS
As principais medidas preventivas para a prevenção de incêndios
florestais são:
Educação
É preciso sempre aprender e ensinar sobre as causas, as
consequências e as formas de evitar os incêndios florestais. É preciso sempre
alertar e orientar todas as pessoas, adultos ou crianças, seja nas áreas rurais
ou na cidade.
Respeito às leis
Respeitar as leis é um dever de todos! Dessa forma, colocamos no final
deste material algumas das principais leis que falam sobre incêndios florestais.
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Construção de aceiros
Aceiros são faixas de terreno sem vegetação que impedem a
propagação do fogo. Um aceiro deve estar completamente roçado
(recomendamos uma largura mínima de 3 metros). Um aceiro pode ser uma
estrada.
É importante lembrar que os aceiros precisam estar sempre em
manutenção, ou seja, é preciso que eles estejam sempre capinados, pois,
assim, o fogo não se propaga por falta de vegetação para queimar.
Barreiras antifogo (ou aceiros verdes)
Existem muitas plantas que são mais difíceis de queimar, ou seja, não
queimam tão rápido porque retêm umidade. Dessa forma, é sempre bom
construir barreiras vivas anti-incêndio.
Veja abaixo a lista das plantas utilizadas para formar aceiros verdes.
Nome popular
Palma forrageira
Agave
Hibisco Hibiscus
Malvavisco
Cola-nota
Aveloz
Ora-pro-nobis
Cipó-imbé
Pau-de-leite
Jaqueira
Ingá-amarelo
Nome científico
Nopalea spp
Agave sisalana
rosa-sinensis
Malvaviscus penduliflorus
Synadenium umbellatum
Euphorbia tirucalli
Pereskia grandiflora
Philodendrum spp.
Himatanthus obovatus
Artocarpus heterophyllus
Inga laurina
Atenção e cuidados básicos
 Sempre capinar em volta, tirar o mato de onde for fazer uma fogueira ou
colocar velas.
 Ao abandonar uma fogueira, apagar bem apagada, com água ou terra.
 Manter fósforos e isqueiros fora do alcance das crianças.
 Apagar as “bitucas” de cigarro e jogar na lixeira.
 Fazer aceiros ao redor de casas, currais, celeiros, armazéns etc.
 Manter os aceiros sempre bem roçados.
 Se for fazer uma queimada controlada, fazê-la no fim da tarde
 ou de manhã cedo e com a autorização do IBAMA
Além das medidas preventivas, também podem ser adotadas atividades
prevencionistas, entre as quais citamos:
1. Roçagem manual ou com máquinas
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Para evitar um incêndio florestal, ou mesmo a degradação do solo, em
vez de queimar a área para retirar a vegetação do terreno, o agricultor pode
promover uma roçagem manual ou com máquina. E, assim, ao deixar os restos
espalhados no terreno (em vez de juntar num canto), a vegetação roçada vira
adubo para as plantas, ajuda a manter a terra úmida e dificulta o crescimento
do mato. Se a área for relativamente grande e o agricultor não tiver como
utilizar o maquinário adequado, a roçagem pode ser feita por meio de mutirões
organizados pela comunidade.
2. Plantio direto
O plantio direto é uma forma de plantio na qual a palha e os restos
vegetais são deixados no solo. O agricultor não retira toda a vegetação do
local, nem revolve o solo com arado ou grade. Simplesmente abre covas ou
sulcos por entre os restos vegetais secos e deposita as sementes.
Dessa forma, o solo fica sempre coberto e protegido do sol, além de
perder menos nutrientes, reter melhor a água, não compactar e nem sofrer
erosão.
3. Pastoreio racional
É uma técnica que se resume em dividir a área total do pasto e organizar
um sistema rotativo de pastagem, isto é, colocar o gado em parcelas
diferentes, a cada vez.
Além de não precisar queimar a área, o objetivo desta técnica é o melhor
aproveitamento do pasto, podendo utilizar áreas até três vezes menores por
cabeça de gado que as pastagens convencionais.
4. Reciclagem e reaproveitamento do lixo
A gente precisa aprender que folha seca, mato capinado, galhos, assim
como restos de alimentos, isso, na verdade, não é lixo! Isso é matéria orgânica
que contém nutrientes e melhora a condição da terra!
Também temos que aprender que é preciso reciclar e reaproveitar o lixo
seco em vez de queimar, pois papel, papelão, garrafa PET e outros plásticos,
vidros, latas de todos os tipos, tudo isso pode ser reciclado ou reaproveitado!
8. DINÂMICA DA COMBUSTÃO
O fogo é o termo aplicado ao fenômeno físico proveniente da
combinação entre o oxigênio e outra substância qualquer, com produção de
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calor, luz e geralmente chamas, e corresponde aos efeitos formados por três
elementos:

Combustível - É a vegetação que alimenta o fogo e facilita sua
propagação. É formado de materiais sólidos, líquidos e gasosos.

Calor - É uma forma de energia que dá inicio ao fogo, que o mantém e
amplia sua propagação.

Comburente - Trata-se do oxigênio (presente no ar) que é essencial ao
fogo.
O fogo se propaga de quatro maneiras:

Convecção: é o ar quente que se desloca para cima ressecando a
vegetação.

Radiação: movimentação do ar quente em todas as direções.

Condução: É a passagem de calor de um corpo sólido para outro.

Fagulhas: São as faíscas que dão início a outras frentes de propagação do
incêndio.
9. PLANEJAMENTO O COMBATE A INCÊNDIO
As táticas e estratégias de extinção dependem da: a) proporção do
incêndio; b) situação do incêndio; c) situação dos combustíveis; d)
confinamento.
O desenvolvimento da tática e estratégia compõe-se de oito passos:

Avaliação de informações;

Condições de seus objetivos;

Desenvolvimento de um plano alternativo;

Antecipar-se ao inesperado;

Selecionar um plano tático que assegure sucesso e segurança;

Implementar a decisão;

Monitorar o andamento;

Tomar ações corretivas, se necessário.
Cada equipe de combate deve se preparar antecipadamente, visando
conhecer sua área de operação. Para isto é necessário:
Mapa da região: deverão estar marcadas as áreas críticas de incêndios
florestais, rodovias, rios, florestas, possíveis pontos de abastecimento de água
e as respectivas distâncias.
Voluntários: credenciados são responsáveis pelo apoio ao trabalho de
vigilância e combate. Eles levam ao conhecimento da autoridade responsável
os princípios de incêndios, de forma que se possa combatê-los antes que
assumam dimensões maiores.
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Estruturas de combate: Cada operação deve ter apenas um
responsável pelo comando. Isto deve ser acertado na ocasião da organização
do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais. Esta pessoa deve
ser alguém que conheça a área e também os métodos de combate.
Existem dois fatores chaves para uma tomada de decisão no combate
ao incêndio florestal: julgamento e possibilidade.
Julgamento - formar opinião/ avaliar. Os julgamentos não devem ser
avaliados como certos ou errados e sim como experimentados ou não.
Possibilidade - não subestime o potencial do incêndio, solicite recurso e
pessoal para a pior situação; você pode retorná-los se for o caso.
O planejamento deverá ser feito levando em consideração o local,
recursos disponíveis, pessoal empenhado e amplitude do incêndio antes das
operações.
Os materiais a serem utilizados nas ações de combate a incêndios
florestais, as ferramentas, aparelhos e equipamentos são normalmente os
seguintes:
Equipamento de uso Individual – Cantil, Perneira / Bota, Luvas de
couro (vaqueta), Óculos contra fumaça, Apito, Roupa de proteção para
motosserristas, Capacete.
Material e Equipamentos Operacionais – Binóculo, Lanternas,
Bússola/GPS - permitem melhor orientação principalmente em áreas com
vegetação pesada, Rádio de comunicação portátil.
Ferramentas manuais de Aceiro: Picareta, Chibanca, Enxadão,
Enxada e Pá e Rastelo (para escavação e raspagem) e Motosserra, Facão,
Foice, Machado, Pá afiada nas laterais (ferramentas de corte).
Ferramentas de abafamento e combate: Bombas costais, Mochila
costal, Abafador, Chicote, Pá.
Equipamentos
Motocicleta.
de
Transporte:
Veículos,
Aeronaves,
Animais,
Manutenção de Equipamentos: Lavar ferramentas após cada uso,
secar as Ferramentas, revisar o corte e os cabos, colocar protetores no corte,
pintar a parte metálica, guardar em lugar de fácil acesso e ordenadamente.
10. COMBATE AO INCÊNDIO FLORESTAL
O combate ao incêndio florestal é realizado com equipes especializadas
e normalmente do Corpo de Bombeiros. É importante compreender que
combater um incêndio florestal não é tarefa fácil. Exige treinamento e
equipamentos de segurança.
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É importante ter sempre em mente ou registrado em local de fácil
procura o número do telefone de emergência do Corpo do Bombeiros do seu
Estado. Ao comunicar o incêndio, é preciso informar os pontos de referência
para que os bombeiros localizem o incêndio o mais rápido possível.
Em casos de incêndio em áreas rurais mais afastadas, onde os
bombeiros podem levar mais tempo para chegar, é fundamental alguns
cuidados básicos até chegar o socorro, tais como:
- Não entrar em desespero;
- Ir com a família para o local mais seguro;
- Se possível, retirar os animais domésticos do local de risco.
Há dois métodos para se combater o incêndio florestal:
Método ou Ataque Direto: O fogo é atacado diretamente com água,
terra, abafadores, etc. Este método é utilizado onde a intensidade de calor
permite a aproximação suficiente para o combate.
Método ou Ataque Indireto: È quando se faz um aceiro não permitindo
o avanço do fogo. Este método deve ser usado quando o calor não permitir
uma aproximação maior do combatente.
Os aceiros são barreiras construídas ao longo da vegetação para evitar
propagação do fogo. Ao construir aceiros use sempre o sistema S.Q.Q.T




Segurança em primeiro lugar;
Qualidade na construção da linha;
Quantidade de linha construída;
Tempo, o qual refere a estar-se em condições físicas para executar toda
a tarefa determinada.
A construção de Aceiros leva em conta os seguintes princípios:

Não construí-lo mais largo que o necessário;

Raspe o solo até onde seja possível;

O material combustível já queimado deverá ser lançado para dentro da
linha de fogo. O material não queimado deverá ser lançado para o lado
oposto;

Construir trincheiras sempre que haja perigo de rolamento de materiais
incandescestes.
A construção dos aceiros deve seguir a seguinte orientação:
17

Localizados o mais próximo possível da linha de fogo;

Construídos o mais estreitos e retos possível;

Eliminados possíveis riscos da área queimada;

Evitados ângulos acentuados na linha de fogo.

Utilizadas barreiras existentes;

Usadas máquinas preferencialmente.
Após o incêndio ter sido controlado, deve-se assegurar que o fogo foi
definitivamente extinto, realizando-se o rescaldo, seguindo as seguintes
orientações:

A equipe deverá percorrer toda área do incêndio, para ter a certeza de
que não há mais fogo;

Deixar bem limpos a linha de controle e aceiro em torno da área
queimada;

Cortar ou apagar com água os troncos que possam soltar faíscas além
da linha de controle;

Puxar troncos que estejam caídos perto ou na linha de controle para
dentro da área queimada;

Caso seja impossível a retirada dos troncos, deve-se limpar ao seu redor
e cobrir com terra;

Cascas, cupinzeiros, estrume de gado e tocos de árvores queimam
durante muito tempo e podem fornecer faíscas para o reinicio do
incêndio;

Certificar-se que tudo foi queimado perto da linha de ataque ou de
controle, pelo lado de dentro, não deixando material combustível perto
da linha;

Em tempo extremamente seco, deve-se fazer um bom serviço de
varredura;

Qualquer fogo extinto durante a noite ou ao entardecer deve ser revisto
logo pela manhã. É muito melhor combater o fogo bem cedo, pois ele
poderá voltar e ficar fora de controle,

Verificado que o fogo foi totalmente eliminado, antes de deixar o local,
solicitar aos vizinhos da área queimada entrar em contato com a equipe
de combate caso o fogo volte nas proximidades.
Ao final do trabalho, a equipe deverá fazer um relatório da ocorrência,
informando as causas, tipo de vegetação e área atingida, horário do início do
incêndio, horário do início e termino do combate, número de pessoas utilizadas
no combate, localização etc. Estas informações são muito importantes na
prevenção e elaboração dos planos de prevenção e combate aos incêndios
florestais.
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Para se apagar o fogo é preciso retirar um dos três elementos do
incêndio que são o oxigênio, combustível e calor. Os métodos de extinção de
incêndio florestal são: a) resfriamento; b) por abafamento; c) retirada do
combustível.
a) Resfriamento - Sobre o Calor. Resfriar, diminuindo a temperatura da
vegetação em chamas.
b) Abafamento - sobre o Oxigênio. Sufocar as chamas retirando o ar da
vegetação, usando um abafador ou cobrindo com terra.
c) Retirada de Combustível – retirar o combustível sobre a vegetação.
Separar a vegetação queimada da não queimada.
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 BATISTA, Antônio Carlos.; SOARES, Ronaldo Viana. Manual de
Prevenção e Combate a Incêndios. Curitiba: FUPEF, 1997.
 PERRY, Donald G. Wildland Firefighting. 1990 (Fire Publications).
 ALVES, Rildo Marcelo e GOUVEIA, Antônio Claret - Análise de risco de
incêndio em edificações em sítios históricos. Acesso site
http://www.propec.ufop.br/index/tese.php?idtese=63
 SOARES, Ronaldo Viana e SANTOS, Juliana Ferreira. Perfil dos
incêndios florestais no Brasil de 1994 a 1997. Acesso site
http://www.floresta.ufpr.br/firelab/artigos/artigo04.pdf
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