Product: OGlobo 26 PubDate: 28-01-2014 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_AB User: Schinaid l O GLOBO Time: 01-27-2014 21:11 Color: C K Y M Ciência Terça-feira 28 .1 .2014 VERÃO EXTREMO Estação de risco _ Alta radiação e calor aumentam incidência de desidratação, dor de cabeça e doenças renais FABIO SEIXO/ 20-1-2014 MARIA CLARA SERRA [email protected] RENATO GRANDELLE [email protected] Perigos do Sol. Especialistas não recomendam exposição das 10h às 16h, horário mais concorrido nas praias do Rio; até banhistas que ficam sob a barraca correm risco U No calor Evite Exposição ao Sol das 10h às 16h e a prática de atividades físicas ao ar livre em temperatura acima dos 35 graus Celsius devem ser evitados. Beber água somente quando bate a sede, comer alimentos gordurosos ou deixá-los fora da geladeira também não são bom negócio. Cuide-se Beba de dois a três litros de água por dia, se estiver praticando esporte opte por bebidas isotônicas e hidrate-se a cada meia hora. Aplique protetor solar fator 30 (para quem tem pele branca é recomendável utilizar fator mais alto) ao acordar e reaplique na hora do almoço; se for à praia, passe duas camadas de protetor 60 duas horas antes de sair e a cada duas horas. Utilize roupas com fator de proteção em caso de exposição prolongada e não esqueça o chapéu ou o boné. Seque bem as áreas de dobras para evitar micoses. Coma alimentos leves, dando preferência para frutas suculentas, legumes e proteínas leves, como clara de ovo, peixe e frango. Colesterol ‘bom’ também pode levar a doença cardiovascular Estudo rebate tese de que o HDL é totalmente benéfico para o coração Evitar o colesterol “ruim” (o LDL) é recomendação de dez entre dez especialistas, assim como manter elevado o nível do chamado colesterol “bom” (HDL), geralmente com hábitos saudáveis na alimentação e atividade física regular — consideradas as melhores formas de evitar problemas cardiovasculares. Uma nova pesquisa americana, no entanto, mostra que a regra não é tão simples como parece. O estudo, publicado ontem na revista “Nature Medicine”, aponta que a lipoproteína de alta densidade (HDL), em altas concentrações, também tem efeitos nocivos para a saúde do coração. Sabe-se, por exemplo, que o HDL limpa as placas que se depositam nas artérias, mas o estudo mostra que ele pode se comportar de maneira bastante diferente nas paredes das artérias e na circulação sanguínea. Isto porque problemas numa proteína chave no HDL o torna sem função e pode transformá-lo num agente prejudicial, promovendo a inflamação e o entupimento das artérias. HDL EM TESTES CLÍNICOS Pesquisadores da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, já vinham notando que embora os benefícios do “bom” colesterol sejam divulgados massivamente, nenhum ensaio clínico de drogas destinado a aumentar os níveis do HDL conseguiu demonstrar melhoras em condições cardiovasculares. Além disso, pesquisas recentes mostraram que uma proteína abundante no HDL está presente na parede de artérias doentes. A apolipoproteína A1 (apoA1), normalmente em grande quantidade no HDL e responsável pela proteção do coração, é percebida numa forma oxidada (ou danificada) nas paredes destas artérias. Os pesquisadores desenvolveram uma forma de identificar as apoA1 que perdiam a função e descobriram como elas se oxidavam. Eles notaram que a culpa é de um composto chamado mieloperoxidase (MPO). A oxidação do apoA1 ou de partículas do HDL pelo MPO o torna inativo e contribui para o desenvolvimento da doença arterial coronariana. Ao todo, foram feitos testes com amostras de sangue de 627 pacientes cardíacos. E ainda não está totalmente claro por que este processo ocorre. — Identificar a estrutura disfuncional do apoA1 e o processo pelo qual ele se torna um gatilho para doenças em vez de preveni-las é o primeiro passo para criar novos testes e tratamentos para doenças cardiovasculares — disse Stanley Hazen, coordenador do estudo e diretor do setor de Cardiologia Preventiva e Reabilitação da Clínica Cleveland. l 2% a 5% desidratada. — O importante é que a hidratação seja fracionada. Não adianta tomar um litro de água quando lembrar — ressalta. — Não precisamos de cálculos matemáticos para nos hidratar. Basta notar se a saliva está normal, os olhos úmidos e a urina clara. Para quem pratica esporte ao ar livre, o cuidado deve ser ainda maior. — Com o exercício, o corpo produz calor e precisa que a temperatura do ambiente esteja abaixo dos 37 graus Celsius para resfriar. No calor essa troca fica prejudicada — conta Claudio Gil de Araújo, diretor médico da Clinimex, especializada em medicina do esporte. — Eu não aconselho fazer atividade física ao ar livre com mais de 35 graus Celsius. Nos outros dias, se o pulso começar a subir exercitando-se num ritmo normal, é melhor diminuir a intensidade pois é um sinal de estresse térmico. Ter à disposição frutas ricas em água, como melão e melancia — que têm mais de 90% de água em sua composição — e optar por uma alimentação mais leve, abusando dos legumes, folhas verdes e proteínas como o peixe e a clara de ovo, ajuda o corpo a se reequilibrar. — É importante prestar atenção na dieta também para evitar a intoxicação alimentar, que aumenta nessa época, pois os alimentos estragam facilmente — aconselha a presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Olga Ferreira de Souza. SECA SEM FIM Ao que tudo indica, os cuidados terão de ser intensificados. As chuvas de verão, que costumavam abrandar a temperatura, ainda não apareceram, e segundo medições realizadas na Praça Mauá pelo Inmet, a cidade recebeu este mês 58 mm de precipitações, 71% abaixo do normal, que é de 202 mm — e a seca deve se estender até a primeira quinzena de fevereiro. — Vivemos uma situação preocupante, porque o verão é a estação que deveria encher os reservatórios, evitando o racionamento de energia nos meses seguintes — observa o meteorologista Marcelo Pinheiro, do Climatempo. Pinheiro acredita que a pluviosidade aumentará em março, um mês tradicionalmente mais úmido. Até lá, um sistema de alta pressão, que tem bloqueado a chegada de frentes frias à Região Sudeste, deve deixar o litoral do Atlântico Sul. l Colégio de Médicos francês expulsa Pierre Dukan Promoção comercial de dieta de alto valor proteico levou à decisão disciplinar O Colégio de Médicos francês anunciou ontem a expulsão do nutricionista Pierre Dukan, criador da dieta que leva seu nome, por violar o artigo 13 do Código Deontológico da profissão, sob a acusação de privilegiar o negócio em detrimento do exercício da medicina. A decisão foi adotada pela câmara disciplinar da entidade, segundo o site do jornal “El Mundo”, e seu efeito é apenas moral, porque na prática o próprio Dukan já tinha saído da entidade em abril de 2012, depois que as primeiras acusações sobre o caso foram formalizadas. De acordo com estimativas de Dukan, seu método foi usado por 40 milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive famosas, como a cantora Jennifer Lopez, o presidente francês François Hollande e a Duquesa de Cambridge, Kate Middleton, que perdeu peso com a dieta antes de seu casamento com o Príncipe William. De alto valor proteico, a dieta Dukan é acusada de causar transtornos alimentares e doenças crônicas como osteoporose, problemas renais, câncer, obesidade e doenças cardiovasculares. Além de suas práticas comerciais, Dukan foi criticado por ter sugerido a entrada de seu método na opção de bacharelado dedicado à luta contra a obesidade. — Esta é uma velha instância que seguiu seu caminho, mas não estão me atacando, atacam alguém que criou um fenômeno social e quer mudar algumas coisas na França — disse o nutricionista em entrevista à emissora de TV Dukan. Dieta polêmica e clientes famosos “RTL”. l DIVULGAÇÃO Os termômetros não baixam, a chuva não chega e o corpo padece. Até agora, o Rio recebeu 71% menos precipitações do que a média de janeiro, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A radiação ultravioleta alcançou níveis semelhantes aos do deserto australiano. Para moradores ou visitantes da cidade, os riscos para a saúde se multiplicam. A desidratação é o problema mais recorrente, mas o Sol também pode gerar enfermidades que vão de crises de dor de cabeça a problemas renais. Atualmente, o índice de radiação ultravioleta (IUV) do Rio atingiu nível 13, numa escala de 1 a 15. Em alguns dias deste mês, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou a pontuação máxima. — A cidade já passou por um nível semelhante, por exemplo, ao do deserto australiano — destaca Simone Sievert, pesquisadora da Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais do CPTec/Inpe. — Até sob um guarda-sol os banhistas estão vulneráveis, porque a barraca não bloqueia totalmente a radiação, que também reflete na areia. Apesar de render belas fotos, as praias lotadas no fim de semana preocupam. Não é recomendável a exposição ao Sol das 10h às 16h, horário mais concorrido nas areias cariocas. O ideal é não sair de casa, mas como a vida não para durante o verão, usar filtro solar em abundância e optar por roupas com fator de proteção são medidas essenciais. — O índice de radiação alto é considerado agressivo para o DNA celular — alerta o membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Alexandre Filippo. — Causa queimaduras, envelhecimento precoce e pode levar ao câncer de pele. Com o calor, aumentam também crises de dor de cabeça, alergias respiratórias, inchaço em pés, pernas e mãos, dentre outros problemas, mas a principal causa de internações nas emergências é a desidratação. — Perdemos água e eletrólitos (sódio, potássio etc) pelo suor — explica o clínico geral do Hospital São Francisco na Providência de Deus Marco Aurélio Chame. — A falta de líquidos pode gerar problemas nos rins, no sistema nervoso central, no coração e em todos os órgãos do corpo, pois a diminuição da pressão reduz a oferta de sangue. De acordo com Mauricio Rubinstein, urologista do Hospital Samaritano, o suor, aliado a uma hidratação insuficiente, deixam a urina supersaturada, dificultando a eliminação de cristais e bactérias. Com isso, homens sofrem mais com pedras nos rins e mulheres com infecções urinárias. Para evitar os males, o melhor remédio é beber água o dia inteiro. Uma dica importante é não esperar ter sede. Segundo o nutrólogo Paulo Gusmão, autor do livro “Saúde: o maior dos prazeres”, quando a pessoa sente sede, já está de