Matéria: literatura Assunto: crônica - luís fernando veríssimo Prof. IBIRÁ Literatura CRÔNICA A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Por este motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor interage com os acontecimentos e por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens. Você já deve ter lido algumas crônicas, pois estão presentes em jornais, revistas e livros. Além do mais, é uma leitura que nos envolve, uma vez que utiliza a primeira pessoa e aproxima o autor de quem lê. Como se estivessem em uma conversa informal, o cronista tende a dialogar sobre fatos até mesmo íntimos com o leitor. O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas. Como exposto acima, há vários motivos que levam os leitores a gostar das crônicas, mas e se você fosse escrever uma, o que seria necessário? Vejamos de forma esquematizada e as características da crônica: •• •• •• •• •• •• •• Narração curta; Descreve fatos da vida cotidiana; Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico; Possui personagens comuns; Segue um tempo cronológico determinado; Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens; Linguagem simples. LUIS FERNANDO VERÍSSIMO (1936 -) Obras: O popular (1973, As cobras (1975), Ed Mort (1979), O analista de Bagé (1981), O gigolô das palavras (1982), A velhinha de Taubaté (1983), Comédias da vida privada & Comédias para se ler na escola (2001) e As mentiras que os homens contam às mulheres (2001) Filho do escritor Érico Veríssimo, Luís Fernando nasceu em Porto Alegre, no ano de 1936. Após alfabetizar-se, o menino seguiu com a família para a Califórnia, onde seu pai ministrou cursos de Literatura Brasileira. De volta a Porto Alegre, Luís Fernando cursou o ginásio. Contudo, em 1954, a família viajou novamente para os Estados Unidos. Lá o futuro cronista realizou seus estudos médios. Veio desta época, transcorrida na América, o seu interesse pela música, fato que o levou a tornar-se um competente saxofonista. Na década de 1960, estabelecido outra vez em Porto Alegre, ingressou na publicidade. Entre 1962 e 1966 morou no Rio de Janeiro. Lá se casou e teve a sua primeira filha. Em 1966, fixou definitivamente sua residência na capital gaúcha. Três anos depois, começou a publicar as suas primeiras crônicas no jornal Zero Hora. Em 1973, vem à luz seu primeiro livro: O popular. Posterior passagem pela revista Veja, a partir de 1982, fez com que o seu nome se tornasse conhecido em todo o país. A partir de então, publicou textos curtos em vários jornais e revistas e produziu scripts para a televisão. Muitos de seus livros têm liderado as listas dos mais vendidos desde a década de 1980. 2 Literatura – Prof. Ibirá Costa Espetacular fenômeno editorial contemporâneo, com milhões de exemplares vendidos, a obra de Luís Fernando Veríssimo é, certamente, um dos pontos culminantes da crônica brasileira. Uma das razões deste êxito nasce da capacidade do autor de lidar com as possibilidades do gênero: do comentário lírico ao comentário irônico, da criação de atmosfera ao relato anedótico, passando pela sofisticada análise sócio-cultural do país e do mundo, em todas estas manifestações avulta o seu talento através de uma forma original de expressão, (mesmo sendo um talento até certo ponto limitado pela dimensão de imediatismo e de superficialidade que as circunstâncias jornalísticas impõem à crônica). Senhor de uma linguagem ao mesmo tempo coloquial e elegante, enriquecida por tiradas engraçadíssimas e por comentários inteligentes a respeito da cultura de massas, Veríssimo possui um estilo, isto é, uma maneira específica e absolutamente pessoal de narrar ou de comentar a vida, algo que poucos cronistas conseguem alcançar. Trata-se de um estilo tão sedutor que até os leitores que discordam de algumas das ideias do escritor – a exemplo do que ocorre com textos de Nelson Rodrigues – continuam fãs de suas crônicas. Além disso, Luís Fernando Veríssimo produz cartuns, traduzindo, com admirável poder de percepção e de síntese – especialmente nas Aventuras da família Brasil – a perplexidade e as risíveis angústias da classe média diante das violentas mudanças comportamentais ocorridas no país, nas últimas décadas. Galeria de Tipos Um dos recursos primordiais da crônica de Luís Fernando Veríssimo é a criação de personagens que, com duas ou três características, representam satiricamente aspectos da realidade brasileira. Entre estes tipos o mais popular é o Analista de Bagé. Com seus métodos poucos ortodoxos (“a terapia do joelhaço”, por exemplo), suas concepções simplórias e bemhumoradas sobre a alma humana e seu impagável linguajar gauchesco, o analista permite a Veríssimo ironizar tanto a psicanálise quanto o “bairrismo” sul-rio-grandense. www.enemquiz.com.br 3 Bibliografia de Literatura BOSI, Alfredo – História Concisa da Literatura Brasileira, 40.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 2002. CANDIDO, Antonio – Formação da Literatura Brasileira, 7.ª ed., 2 vols., Belo Horizonte / Rio de Janeiro, Itatiaia, 1993. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Momentos decisivos. 10ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. CARPEAUX, Otto Maria – Pequena Bibliografia Crítica da Literatura Brasileira, nova ed., Rio de Janeiro, Ed. do Ouro, 1979. CASTRO, Sílvio – História da Literatura Brasileira, 3 vols., Lisboa, Publicações Alfa, 1999. COUTINHO, Afrânio – A Literatura no Brasil, 5ª ed.,6 vols., S. Paulo, Global, 1999. GONZAGA, Sergius – Curso de Literatura Brasileira, 1ª ed, Porto Alegre, Leitura XXI, 2004. JUNQUEIRA, Ivan – Escolas Literárias no Brasil, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras,2004. MOISÉS, Massaud – História da Literatura Brasileira, 3 vols., S. Paulo, Cultrix, 2001. MOISÉS, Massaud – A Literatura Brasileira Através dos Textos, 19.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 1996. NICOLA, José de – Painel da Literatura em Língua Portuguesa, 2ª ed, S. Paulo, Scipione, 2011. PICCHIO, Luciana Stegagno – História da Literatura Brasileira, 2ª ed., Rio de Janeiro, Lacerda Editores, 2004. PROENÇA, Domício – Estilos de Época na Literatura, 5.ª ed., S. Paulo, Ática, 1978. VERÍSSIMO, José – História da Literatura Brasileira: de Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908), 7ª ed., Rio de Janeiro: Topbooks, 1998. Bibliografia de Música e Artes Plásticas ACQUARONE, Francisco. Mestres da Pintura no Brasil, Editora Paulo Azevedo, Rio de Janeiro, s/d. BARDI, Pietro Maria. História da Arte Brasileira, Editora Melhoramentos, São Paulo, 1975. CASTRO, Sílvio Rangel de. A Arte no Brasil: Pintura e Escultura, Leite Ribeiro, Rio de Janeiro, 1922. DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul, Editora Globo, Porto Alegre, 1971. SEVERIANO, Jairo – Uma História da Música Popular Brasileira, 3ª Ed., Editora 34, 2013. 4 www.enemquiz.com.br