ENTREVISTA
LUIZ EDUARDO VIOTTI
SÓCIO LÍDER DE CONSULTING FINANCE DA PWC BRASIL
EQUILÍBRIO ENTRE COMPLIANCE, EFICIÊNCIA E
VISÃO DE NEGÓCIOS É SEGREDO PARA ÁREA DE
FINANÇAS BEM SUCEDIDA
Amcham: Quais são, na sua avaliação, os principais
destaques da pesquisa da PwC apresentada no CFO
Fórum? Como esses dados refletem a realidade
brasileira?
Luiz Viotti:
No painel de discussões sobre as
melhores práticas da área financeira, procuramos
trazer um microcosmo que representasse a realidade
internacional e brasileira ao mesmo tempo. Das 130
empresas ouvidas em nossa pesquisa, sete estão
estabelecidas no Brasil e algumas são multinacionais
estrangeiras que têm seu principal mercado no País.
Na pesquisa, pudemos capturar bem as diferentes
nuances das responsabilidades dos profissionais de
finanças. Selecionamos uma amostra com o universo
mais sofisticado das empresas e vimos que algumas
estão claramente mais avançadas, como o Google, e
outras estão buscando chegar a um nível de eficiência
nos processos que permita trazê-las para o patamar de
parceiro de negócios.
Amcham: Que conclusões podem ser extraídas do
estudo?
Luiz Viotti:
Ele reflete muito bem a realidade do
mercado local. Ficou claro nas conversas prévias com
as empresas que participaram do CFO Fórum que o dia
a dia delas é exatamente o mesmo do dos respondentes
da pesquisa. Questões de compliance, eficiência e visão
de negócios fazem parte dessa atuação.
Amcham:
Esse é o tripé que norteia a atuação da
área financeira?
Luiz Viotti: Certamente. O grande segredo para ser
bem sucedido é conseguir fazer o equilíbrio desse
tripé. O que vemos às vezes são CFOs preparados para
questões de compliance e eficiência, mas muito pouco
prontos para a visão do negócio. Esses CFOs terão vida
curta porque, à medida que as empresas amadurecem e
entram em mercados mais competitivos, são necessárias
decisões mais ágeis.
Amcham:
Como equilibrar a boa atuação em
compliance, eficiência e visão do negócio?
Luiz Viotti: O CFO que se preparar para atender as
necessidades da empresa e se expuser mais ao mercado
terá de montar o tripé de forma bastante equilibrada.
Nem todas as empresas conseguirão equilibrar os três
pontos ao mesmo tempo porque isso depende do estágio
de maturidade e capacidade do CFO de se cercar das
pessoas certas. A área de finanças depende mais de
pessoas do que de tecnologia e não é fácil conseguir as
pessoas certas para exercer essas atribuições no nível
adequado.
Amcham:
Em sondagem da Amcham realizada
durante o CFO Fórum, os executivos financeiros
demonstraram otimismo em relação ao desempenho
das empresas neste ano, a despeito de um cenário
exterior turbulento. Isso chega a ser uma surpresa
para o sr.?
Luiz Viotti:
O Brasil tem uma posição muito
privilegiada. Ouvimos dos economistas que o problema
do País não é o tamanho de seu mercado interno nem
o crescimento do poder aquisitivo do consumidor, mas
há questões fundamentais da economia que têm de
ser resolvidas, como todos os gargalos tributários e a
[deficiência de] infraestrutura logística.
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