Caminhos da
Sustentabilidade
Elieser Batista
Roberto Cavalcanti
Marco Antonio Fujihara
Introdução
•
O desenvolvimento sustentável é um tema constante e intrometido da agenda global. O
sucesso do crescimento demográfico e econômico das últimas décadas, a urbanização
crescente do planeta e suas demandas de energia e água, a globalização das redes de
comunicação e transporte, todos estes para prosperar dependem direta ou indiretamente da
manutenção de uma base sólida de recursos naturais e de ecossistemas funcionais no planeta.
•
Infelizmente somos diáriamente ameaçados com notícias negativas sobre o declínio dos
ecossistemas naturais do mundo e da biodiversidade que eles contém. Assuntos teóricos de
ciência rapidamente passam a ser fenômenos testemunhados pela população em geral, como
as mudanças climáticas, o desaparecimento de florestas, o assoreamento e secamento de rios,
os declínios e extinções de espécies grandiosas ou minúsculas.
•
Um observador comum deve ver isto com certa perplexidade. Afinal, as sociedades humanas
tem superado com sucesso desafios infinitamente maiores, com notáveis avanços na
agricultura, medicina, educação, indústria, ciência e tecnologia. Pode-se atribuir até certo
ponto os problemas ambientais aos erros do passado, especialmente naquelas regiões do
planeta ocupadas há milhares de anos.
•
Como, entretanto, lidar com o Brasil, onde grande parte das nossas regiões ainda tem história
recente de ocupação humana urbana, e em princípio é possível advogar novas formas de uso e
conservação de suas terras, ecossistemas e biodiversidade? Temos de fato controle sobre o
processo, e podemos influir no mundo que as gerações futuras habitarão?
Continuação ...
•
Este livro nasceu do interesse de explorar as opções de desenvolvimento para o país. Os
autores e a editora optaram por um formato que procura conciliar uma unidade de propósito
com a exposição de diversos pontos de vista.
•
A primeira seção do livro contém a visão dos três autores dos desafios, causas, e
oportunidades para o país em seu desenvolvimento. Trata-se na realidade de uma agregação
harmonizada das contribuições e interesses de cada autor – e o leitor poderá reconhecer isto
pelo tratatamento – pois a consolidação, feita pelo segundo autor (Cavalcanti), procurou
manter os elementos característicos do discurso de cada um de nós.
•
A segunda seção desce para exemplos práticos que o setor empresarial, assim como as ONGs,
tem para mostrar na aplicação de conceitos de sustentabilidade no dia a dia. Reúne desde
experiências sólidas, até descrições francas dos problemas que empreendedores enfrentam ao
se deparar com demandas conflitantes de parceiros ou órgãos reguladores, assim como
equilíbrio entre metas de curto e longo prazo.
•
A terceira seção complementa as grandes questões e as práticas atuais descritas anteriormente.
Convidamos pessoas de grande experiência para elaborar situações e questões que ilustram as
dimensões do desenvolvimento sustentável. Esta coleção eclética e ao mesmo tempo
provocativa reúne perspectivas da área governamental, empresarial, científica, acadêmica, e
não-governamental, por indivíduos cuja carreira transcende um ou mais destes setores e
disciplinas. A última página apresenta as conclusões dos autores.
Sustentabilidade, um
bom negócio
Cada vez mais, o conceito separa as
empresas que crescerão daquelas que
deixarão de crescer
Suprir as necessidades do presente sem comprometer a sobrevivência das gerações futuras. Assim se
resume o conceito de “sustentabilidade”, desenvolvido pela médica e política norueguesa Gro Brundtland em
1990 e oficializado pela Eco-92, no Rio de Janeiro. Numa época em que os recursos naturais estão cada vez
mais escassos e os efeitos colaterais do progresso já se fazem sentir em nível global, a idéia de manter uma
relação mais responsável com o meio-ambiente é essencial a todas as áreas da atividade humana – mas se
reveste de especial importância quando o assunto é indústria.
Hoje, está claro que o modelo tradicional de produção não garante o sucesso permanente de uma empresa.
Além da óbvia necessidade de economizar insumos, é preciso dar satisfações à sociedade civil, cada vez mais
consciente dos riscos da produção “irresponsável”. Nesse sentido, a aposta na sustentabilidade confere às
companhias maior transparência (e confiança) diante das comunidades em que estão inseridas. E mais: o
investimento em tecnologias limpas é o único modo de se alcançar a “perenidade do empreendimento”. Ou
seja, aquele estado ideal em que a lucratividade se perpetua no tempo – em vez de decair à medida que os
recursos se esgotam
Criação de Valor
Fatores de Sucesso para o Negócio
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Crescimento da Receita & Acesso ao Mercado
Redução de Custos & Produtividade
Acesso a Capital
Gestão do Risco & Licença para Funcionar
Capital Humano
Valor da Marca & Reputação
Sustentabilidade
Relembrando o conceito básico
Desenvolvimento
Econômico
Utilização de recursos para
atender às necessidades do
presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras
em atender as suas próprias
necessidades. (Desenvolvido por
Gro Brutland em 1990 e aprovado
na Rio 92)
Este conceito integra os três
vetores da sustentabilidade:
ambiental, econômico e social.
Sustentabilidade
Gestão
Ambiental
Responsabilidade
Social
Triple Bottom Line
Sustentabilidade
Conceito Básico - Exemplificação
Desenvolvimento
Econômico
Responsabilidade
Social
• Maximização do retorno
do capital
• Investidor
• Empreendedor
(Lucratividade no
longo prazo)
Sustentabilidade
• Cidadania
• Geração de Emprego
• Engajamento das partes
interessadas
Gestão
Ambiental
• Preservação de recursos naturais
• Eco-Eficiência
• Energia renovável
Cidadania Corporativa
Triple Bottom Line
Responsabilidade Corporativa
Desenvolvimento Sustentável
Ética nos Negócios
Responsabilidade Social
Corporativa
“Sustainability”
Sustentabilidade não é
•
•
•
Meio ambiente
Acessório, mas sim fundamental para a estratégia de negócios da empresa
Apenas políticas e procedimentos: é uma cultura, uma atitude
Sustentabilidade é
•
•
•
•
•
Fator estratégico e criação de valor a longo prazo
A legitimidade da empresa, está além da conformidade (licença de
operação e crescimento)
A ligação entre diversos fatores (Governança, Transparência, Valor
agregado ao acionistas etc)
Deslocamento do stakeholder-oriented
para o value-oriented
Transparência dos seus valores intangíveis
Sustentabilidade & “não financeiro”
Valor
contábil
Tangíveis
Valor
de
mercado
Inatingíveis
Capacidade estratégica
• Reputação
• Brand
• Confiança
• Credibilidade
• Integridade
• Capital Intelectual
• Fidelidade do consumidor
• Gestão de risco
• Responsabilidade sócioambiental
z
z
LINK
Capacidade financeira
z
• Capital financeiro
• Imobilizado
Pioneirismo
Maneira pela qual os
resultados foram e serão
atingidos
z
Avaliação
retrospectiva
Explicação de como
os resultados foram
atingidos
Sustentabilidade, será que
atualmente é só isso?
Sustentabilidade do Empreendimento
É a perenidade do empreendimento (empresarial ou social) com
adequada remuneração do capital e/ou continuidade do
cumprimento de sua missão ao longo to tempo.
Adiciona aos vetores básicos de sustentabilidade - econômicos,
ambientais e sociais – outros instrumentos de gestão:
•
•
•
•
•
Governança Corporativa
Ética e Cultura
Gestão de Riscos
Indicadores de Sustentabilidade
Fatores Críticos de Sustentabilidade
Sustentabilidade e as
Pressões externas
–
Pressões de Leis e Regulamentações
•
•
•
•
•
–
Pressões Sociais
•
•
•
–
Legislação Ambiental
Legislação Trabalhista
Proteção aos Minoritários
Código de Defesa do Consumidor
SEC; CVM, BOVESPA, Sarbannes-Oxley, etc.
Aumento do consumo consciente
Crescimento do conceito de cidadania
Atuação de organizações não governamentais, etc.
Pressões do ambiente de negócios
•
•
•
•
•
Movimento internacional de fusões e aquisições
Concessão de crédito vinculada a critérios de sustentabilidade
Intensificação dos investimentos de fundos de pensão
Postura mais ativa dos investidores institucionais, nacionais e internacionais
Seletividade de fornecedores
•
Oportunidades e Riscos de reputação da cadeia de valor, incluindo
fornecedores, clientes, parceiros, etc.
Integrando
sustentabilida
de e estratégia
de negócios
Integrando sustentabilidade e
estratégia de negócios
• Fazer da sustentabilidade parte integral da
estratégia de negócio da companhia oferece
oportunidades de benefícios reais :
• Esses benefícios podem ser divididos em:
• Valor
• Crescimento
• Boas Práticas Gerenciais
• Comprometimento
Integrando sustentabilidade e
estratégia de negócios - Valor
– Acreditar que para criar valor aos stakeholders, é necessário
criar valor aos acionistas (shareholders).
– Traduzir este valor em performance das ações da empresa
requer uma divulgação apropriada em larga escala de
informações financeiras e não financeiras, para informar a
visão de mercado
– Incorporar a visão integrada e holística da totalidade da
companhia, com o relacionamento com os stakeholders, é
fundamental para a estratégia e accountability da companhia.
Integrando sustentabilidade e estratégia
de negócios - Crescimento
– Os ingredientes para o crescimento estão entre os
objetivos da empresa e a dinâmica da sociedade e
meio ambiente
– Companhias bem sucedidas, que expõem os princípios
de sustentabilidade, vêem benefícios nas
performances dos novos índices do mercado de ações.
– Perseguir estratégias de sustentabilidade pode ajudar
a criar durabilidade a longo prazo e prosperidade, e
melhor gerenciar os riscos externos e inerentes.
Integrando sustentabilidade e estratégia de
negócios – Boas Práticas Gerenciais
– Hoje existem novos desafios de boas práticas gerenciais na
economia globalizada e no mundo cada vez mais interconectado.
– As companhias, e a efetividade e transparência de suas práticas
gerenciais, estão sendo extremamente analisados, mais do que
nunca.
– Para reconstruir a credibilidade da companhia, a transparência,
accountability e integridade são ingrediente vitais.
– Não só os stakeholders externos estão questionando, analistas e
investidores estão perguntando cada vez mais sobre assuntos
relacionados a indicadores de sustentabilidade - além das
informações de medidas financeiras – sendo que alguns destes,
requeridos por órgãos legisladores.
Integrando sustentabilidade e estratégia de
negócios - Comprometimento
– Comprometimento com os interesses de stakeholders são
integrantes da sustentabilidade corporativa.
– Comprometimento é uma via de duas mãos, que é conduzida não só
para mostrar transparência, mas também, para aumentar os
resultados dos negócios.
– Comprometimento pode criar um ambiente mais estável para se
operar, principalmente em um mundo em desenvolvimento.
– Empresas, governo e ONGs estão trabalhando juntos para construir
uma iniciativa tri-setorial para contribuir positivamente com as
comunidades locais e mitigar riscos e futuros passivos.
– Através dos clientes, trabalhadores e outros stakeholders, existe
um forte link para a criação de valor…
Integrando sustentabilidade e
estratégia de negócios
Passos fundamentais:
– Identificar toda a gama de CONEXÕES, que são
potencialmente integrantes do sucesso do seu negócio –
investidores, sócios, consumidores e toda a sociedade.
– Estabelecer os mecanismos corretos para conduzir o
DIÁLOGO com todos os pontos potenciais de conexão.
– Traduzir o diálogo em INDICADORES que tenham
significado para as implicações da futura estratégia.
– Desenvolver mecanismo de REPORTES que são capazes
de apresentar uma visão da boa prática gerencial e gestão
pró-ativa através de uma gama de missões críticas de
fatores financeiros e não financeiros.
Gestão da Sustentabilidade
Gestão da Sustentabilidade
Fatores Críticos de Sustentabilidade no Ciclo de Vida do
empreendimento
1. Credibilidade
2. Lucratividade
3. Crescimento
4. Continuidade
Inovação
Crescimento
Maturidade
Descontinuação
Continuidade do processo a longo prazo
Modelo Sistêmico de Criação de Valor
Fatores de Sustentabilidade
1. Governança e Engajamento
• Governança & Gestão
• Engajamento de Partes Interessadas
2. Foco Ambiental
• Melhoria do Processo Ambiental
• Produtos e Serviços Ambientais
3. Desenvolvimento Sócio-Econômico
• Crescimento Econômico Local
• Desenvolvimento da Comunidade
• Gestão de Recursos Humanos
A produção sustentável é um conceito relativamente novo, e muitas empresas ainda tateiam para escapar
às malhas dos processos tradicionais. Nesses momentos, a ajuda de especialistas e órgãos de assessoria –
como o Centro Nacional de Tecnologias Limpas, fundado em 1997 – é providencial. Ao mesmo tempo em
que a conscientização do público se expande, os métodos que podem levar à produção sustentável também se
tornam cada vez mais divulgados e acessíveis.
Para as empresas que pretendem trilhar esse caminho, o primeiro passo é realizar uma análise minuciosa
do local que abrigará seu empreendimento. Um estudo dos recursos disponíveis e uma ponderação sobre a
melhor maneira de utilizá-los deve acompanhar os primeiros contatos com as lideranças comunitárias e
associações de classe. Mais adiante, enquanto o projeto estiver sendo implementado, o empreendedor deve
medir o impacto potencial do processo produtivo na economia, na sociedade e na natureza da região. Esse
monitoramento deve, inclusive, servir de amparo na hora de tomar decisões. Além de procurar as melhores
maneiras de preservar o eco-sistema local, o empresário deve se esforçar em divulgar os benefícios que o
empreendimento trará à região e seus habitantes. Ou seja: a responsabilidade ecológica anda de mãos dadas
com as relações públicas.
O processo jamais deve ser realizado de forma unilateral: se tentar agir isoladamente, a empresa terá
grandes chances de fracassar. É preciso envolver na maratona da sustentabilidade todas as partes interessadas
– órgãos ambientais, comunidades, governos, institutos de pesquisa, universidades, etc. Juntos, esses setores
da sociedade devem participar na elaboração de parâmetros para a produção consciente, respeitando, sempre,
normas ratificadas por organismos internacionais. Com isso, pequenas iniciativas de cunho regional podem
ganhar força e estatura no contexto da luta global pela produção limpa.
As empresas travam essa batalha em três frentes diferentes. No front econômico, as iniciativas devem
equilibrar o lucro dos shareholders com os benefícios trazidos às comunidades da região. Em termos
ambientais, a empresa deve controlar e, de preferência, minimizar os danos causados ao ecossistema. Para
isso, é preciso realizar um monitoramento rigoroso da utilização de recursos em cada unidade e investir em
iniciativas como reciclagem e reuso de água. Além de diminuir o consumo de matérias-primas, a empresa
também sai ganhando ao evitar perdas e atrasos causados por multas ambientais. E, finalmente, há os
investimentos e ganhos sociais – que se medem pela geração de empregos na região e pelo fortalecimento da
imagem da firma. Para alcançar sucesso nos três vetores da produção sustentável, é necessário apostar em
uma série de instrumentos de administração empresarial – como a gestão de riscos e a governança
corporativa.
Com um amplo monitoramento das ações econômicas, sociais e ambientais que envolvem o processo
produtivo, as empresas encontram menos obstáculos na hora de conseguir financiamentos e licenciamentos
ambientais. Some-se a isso a diminuição de desperdícios e do risco de acidentes, assim como os lucros em
imagem com a divulgação dos benefícios à comunidade, e o resultado é um saldo extremamente positivo para
o empreendedor – que, no final das contas, pode ver seu spread bancário despencar drasticamente. Hoje em
dia, preservar o meio-ambiente deixou de ser uma preocupação exclusiva de ativistas do Greenpeace e se
tornou um fator decisivo para o sucesso ou fracasso de um empreendimento. O caminho está mapeado.
Basta segui-lo.
Muito
Obrigado
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Elieser Batista Roberto Cavalcanti Marco Antonio Fujihara