O USO DA CALCULADORA EM SALA DE AULA
*Maria de Lourdes Mello da Rosa
**Marlene Menegazzi
RESUMO
Este artigo aborda questões relacionadas ao uso da calculadora em sala de aula,enfocando os
aspectos positivos trazidos pelo uso deste recurso tecnológico nas aulas de matemática, bem
como a opinião de alguns pesquisadores sobre o assunto. Mostra que o uso da calculadora
permite aos alunos construir uma visão mais completa da verdadeira natureza da atividade
matemática, desenvolvendo nos educandos atitudes positivas frente ao seu estudo.
Palavras-chave: calculadora, estratégia e raciocínio lógico.
INTRODUÇÃO
Atualmente o resultado do desempenho da aprendizagem na disciplina de
matemática tem sido no mínimo preocupante. Os alunos demonstram aversão pela disciplina,
pois não vêem utilidade no que é ensinado e como conseqüência disto vão muito mal.
Visando provocar uma mudança de comportamento dos alunos frente à aprendizagem da
matemática, desenvolvendo neles o interesse pelo uso de recursos tecnológicos como
instrumentos auxiliares na realização de trabalhos, sem anular o esforço da atividade
reflexiva, levando-os a resolução de situações-problema onde se faça a validação de
estratégias e resultados, provocando nos alunos o sentimento de segurança em relação à
*Maria de Lourdes Melo da Rosa é acadêmica do 7º semestre do Curso de Licenciatura em
Matemática da Ulbra Guaíba e desenvolveu esse projeto dentro da disciplina de Estágio I.
**Marlene Menegazzi é professora orientadora do trabalho e Coordenadora do Curso de
Matemática da Ulbra Guaíba.
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própria capacidade de construir conhecimentos matemáticos, é que se implantou o presente
projeto de trabalho na Escola Estadual de Ensino Fundamental Evaristo da Veiga, localizada
no bairro Alegria no município de Guaíba, na quinta série do ensino fundamental com
duração de quinze horas - aula.
DESENVOLVIMENTO
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais o uso da calculadora contribui
significativamente para se repensar o processo da aprendizagem da matemática, pois à medida
que relativiza a importância do cálculo mecânico e da simples manipulação algébrica,
possibilita aos alunos o desenvolvimento de um interesse pelas atividades de investigação,
favorecendo a busca e o desenvolvimento de estratégias de resolução de situações-problema,
desenvolvendo atitudes positivas diante do seu estudo. Constata-se ainda que é um recurso
útil para a verificação dos resultados, correção dos erros, podendo ser um valioso instrumento
de auto-avaliação.
De acordo com Falzetta (2001, p.19) para ensinar matemática de verdade é preciso
utilizar a história da Ciência, jogos e brincadeiras, materiais de manipulação e recursos
tecnológicos, como a calculadora.
Baseado nisso durante o desenvolvimento do projeto os alunos trabalharam em
grupos que eram organizados por eles próprios, não sendo estipulado o número de
componentes por grupo, dando-lhes assim autonomia nas decisões e foram realizadas as
seguintes atividades: pesquisa literária sobre o histórico da calculadora, confecção de cartazes
explicativos sobre as funções das teclas da calculadora e apresentações dos mesmos,
atividades em fichas de trabalho na forma de situações-problema (desafios) que eram
resolvidos através da elaboração de estratégias e com uso da calculadora, pesquisa de campo
sobre a popularidade da calculadora e seu uso em sala de aula, tabulação e análise dos dados,
construção de gráficos, gincana de cálculos, momentos de discussão sobre as estratégias
empregadas para a resolução das atividades e da interferência da calculadora na realização das
mesmas e momentos de avaliação das atividades desenvolvidas.
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Atividades dessa natureza implicam em transformar a sala de aula num espaço de
troca de idéias, agitação, trabalhos em grupo e efervescência de raciocínio, deixando de lado a
idéia de que para ocorrer aprendizagem é preciso que a sala de aula seja um lugar silencioso,
onde alunos cabisbaixos somente ouvem e reproduzem mecanicamente o que ouviram.
O uso generalizado das calculadoras tornou obsoletas as provas das operações e
muitos outros cálculos, no passado, demasiadamente trabalhados.
Quando um professor quer transformar seu aluno numa máquina de calcular
ambulante, precisa e exata está esquecendo o que é Matemática e mais, está obrigando um
aluno que vive no século XXI, a viver num mundo que não existe mais. A matemática tem
mais a ver com aprender a pensar quantitativamente do que aprender a fazer contas.
A matemática deve preocupar-se em levar o aluno a aprender a pensar, desenvolver
o seu raciocínio lógico e a aplicar a matemática na vida real e na solução de desafios práticos.
Segundo O’Brien (2000, p.12-14), quando as crianças são proibidas de usar a
calculadora não têm espaço para desenvolver o raciocínio ou inventar estratégias de resolução
de problemas originais. Em relação a alguns educadores que dizem que o uso da calculadora
deixaria a mente preguiçosa, O’Brien argumenta dizendo que se calcular trouxesse
inteligência, os computadores seriam grandes gênios. Ele afirma que o grande talento das
pessoas é pensar e que devemos pedir a elas o que é próprio da mente humana: selecionar
dados, elaborar hipóteses, formular questionamentos e avaliar resultados.
Existem três áreas da educação matemática cujos conteúdos podem ser
potencializados pelo uso da calculadora: a resolução de situações-problema, o cálculo mental
e a estimativa. Com a calculadora é possível trabalhar com situações-problema que envolvam
valores da vida cotidiana, cujos cálculos são mais complexos, como preços dos bens de
consumo. Na área da estimativa e cálculo mental a calculadora é usada para verificar
rapidamente se o raciocínio está correto, pois se numa atividade deste tipo o aluno tiver que
parar para verificar o resultado, fazendo contas no papel, o exercício perde o sentido, se torna
demorado, cansativo e o aluno perde o interesse.
As tecnologias avançam mais rapidamente do que podemos acompanhar e o
professor de matemática moderno deve estar consciente de que aprender as operações e usar a
calculadora não são situações que se excluam mutuamente, pelo contrário, se complementam.
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CONCLUSÃO
De acordo com o desempenho apresentado pelos alunos durante a realização das
atividades do Projeto de Trabalho, bem como pelo entusiasmo e prazer que os mesmos
demonstravam durante as aulas de matemática foi possível constatar que os objetivos aos
quais o Projeto se propôs foram alcançados com sucesso. Alguns dos depoimentos dos alunos
durante os momentos de discussão sobre as atividades de trabalho ilustram bem os resultados
alcançados: “Que pena, a calculadora faz a matemática até ficar boa.” “Ela facilita a vida
da gente e deixa mais tempo pra gente pensar.” “Toda professora de matemática tinha que
deixar seus alunos usarem a calculadora. Ela ajuda muito a gente. A gente aprende a
pensar.” “E eu com esta história de calculadora até tô gostando de matemática.”
Os alunos puderam ter uma noção de como as calculadoras estão presentes no dia-adia de cada um e construíram uma visão mais positiva e confiante frente à aprendizagem da
matemática, tornando-se alunos interessados, investigadores e confiantes diante dos desafios
apresentados durante o processo da construção do conhecimento matemático.
Tornou-se bem claro que a calculadora não é apenas uma máquina de fazer contas,
mas um meio facilitador do aprendizado. E que a relação professor-aluno pode ampliar ainda
mais os conhecimentos que tanto aluno como professor possuem, pois o professor também
pode aprender com os alunos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRANTES, P. As calculadoras na aula de Matemática. Educação e Matemática, v.4, p.24,
out.1987.
DANTE, Roberto Luiz. Didática da Resolução de Problemas de Matemática. 11.ed.[s.l.]:
Ática,1998.
FALZETTA, Ricardo. A matemática pulsa no dia-a-dia. Nova Escola, São Paulo, n. 150,
p.18-22, mar.2002.
O’BRIEN, Thomas. Abaixo a matemática do papagaio. Nova Escola, São Paulo, n.134, p. 1214, ago. 2000.
Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Matemática. Brasília: MEC,
1998.
SILVA, Albano; LOUREIRO, Cristina; VELOSO, Graciosa. Calculadoras na Educação
Matemática [s.l.]: Grafis,1989.
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Maria de Lourdes Melo da Rosa