Governo do Estado de Santa Catarina Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Relatório da unidade de pesquisa participativa com AIPIM TREZE DE MAIO - Safra 2010 -2011 Enilto de Oliveira Neubert1 Alexsander Luis Moreto1 Jorge Homero Dufloth1 Luiz Augusto Martins Peruch1 Érica Frazão Pereira1 Jucimara Gisele Silva2 Jerusa Rodrigues Pereira2 ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE URUSSANGA ESCRITÓRIO MUNICIPAL DE TREZE DE MAIO / GRT 1 Pesquisadores, Epagri, Estação Experimental de Urussanga, Urussanga – SC, (48) 3465-1209. 2 Extensionistas, Epagri, Escritório Municipal de Treze de Maio – SC, (48) 3625-0249 TREZE DE MAIO : relatório da unidade de pesquisa participativa com AIPIM Região agroecológica 2B, Argissolo de origem granítica, – Safra 2010/2011 1 – Localização Município: Treze de Maio SC Comunidade: Rio Vargedo Coordenadas geográficas: S: 28o 37’ 30,6” W: 49o 10’ 02,2” Agricultor/a colaborador/a: Nome Romildo Salvan Medeiros Fone email 48 9941-0232 Técnicos colaboradores: Nome Fone email Jucimara Gisele Silva 48 3625-0249 [email protected] Jerusa Rodrigues Pereira 48 3625-0249 [email protected] 2 – Resumo do trabalho: A unidade foi plantada em 10/09/2010 e constou de duas cultivares fornecidas pelo agricultor (01 = De Fritar e 02 = Aipim Natanael) mais quatro materiais propostos pela pesquisa (03 = Pioneira; 23 = IAC 576; 25 = Aipim Salézio e 46 = Crioulo de Videira). O materiais foram plantados em parcelas de 28,8 m2 (7,20 m de comprimento por 4,0 m de largura) e no espaçamento de 1,00 m entre linhas e 0,90 m entre plantas. O delineamento foi o de blocos ao acaso, com 2 repetições. Após a instalação (plantio), a unidade recebeu uma avaliação intermediária realizada pelos pesquisadores da equipe e a avaliação final (colheita) contou também com a participação de agricultores e técnicos locais. Nessa sua primeira versão, o trabalho mostrou necessidades de ajustes como a inserção de mais uma repetição para o aumento da precisão dos seus resultados. Também o local do experimento se mostrou inadequado devido se situar numa encosta com pouca exposição solar e com o solo degradado. Por motivos como esse os dados da presente safra são apresentados em médias absolutas sem aplicação de análise estatística. 3 – Relato das avaliações 3.1 – Avaliações intermediárias 3.1.1 – Doenças Data:17/2/2011 Avaliador: Luiz Augusto Martins Peruch Relato: As doenças do aipim/mandioca mais importantes no Estado são: sapeco e antracnose. O mosaico comum da mandioca e as manchas foliares da Cercospora são doenças frequentes, mas ainda de importância secundária. A seguir uma breve descrição dos sintomas, agente causal e propagação das doenças. Sapeco - doença bacteriana (Xanthomonas axonopodis pv. manihotis), considerada a principal doença da mandioca. Causam manchas foliares, cancros nas hastes, seca dos ponteiros e morte das plantas. A bactéria dissemina-se rapidamente por manivas contaminadas, água, insetos, etc. Pode causar grandes perdas na cultura. Mosaico comum da mandioca - doença virótica (CsCMV), doença muito freqüente na cultura e de sintomas nem sempre típicos. Formam-se mosaicos nas folhas e crescimento reduzido da planta. O vírus dissemina-se somente através de manivas doentes e ferramentas contaminadas. As perdas que causam são variáveis, pequenas a grandes, dependendo da estirpe do vírus. Antracnose - doença fúngica (Colletotrichum sp.), considerada uma das principais doenças da cultura. Principal sintoma é a formação de cancros nos ramos. Dissemina-se por chuva, insetos contaminados e manivas doentes. Pode provocar grandes perdas, especialmente quando associada ao sapeco. Manchas foliares - doenças fúngicas, causadas por diferentes espécies de Cercospora. Causam manchas foliares e desfolha da planta. Dissemina-se por vento e água. Consideradas doenças de final do ciclo, podendo provocar desfolha intensas das plantas. Todavia, ainda podem ser consideradas doenças secundárias da cultura. Tabela 1. Intensidade da bacteriose e incidência do mosaico comum (CsCMV) em sete unidades regionais de aipim nas regiões do Litoral Sul, Litoral Norte, Alto Vale e Oeste Catarinense no ciclo 2010-2011. Genótipo Bacteriose CsCMV INC % SEV INC %** Aipim local 1 4,1 3 8,2 Aipim local 2 2,5 2 4,8 Aipim local 3 1,7 3 30,6 Aipim IAC 576/70 0,0 0 23,5 Aipim salézio 25 0,0 0 15,6 Aipim Crioulo de videira 2,5 4 1,0 INC=Incidencia é a porcentagem de plantas doentes nas parcelas. SEV= Severidade é o grau dos sintomas nas plantas doentes nas parcelas, sendo 0 (sadia) até 5 (morte da planta). Os dados de incidência do sapeco e do mosaico comum mostram os resultados médias de duas doenças na cultura do aipim em âmbito estadual (tabela 1). De forma geral, assim como foi observado para mandioca, pode-se dizer que a safra 2010-2011 foi caracterizada pela baixa ocorrência de doenças no aipim, sendo que muitas unidades nas diferentes regiões do Estado apresentaram poucas plantas doentes. Em relação à principal doença, o sapeco, foram verificadas incidências abaixo de 5%, ou mesmo 0% (zero), em várias unidades. A virose do mosaico comum foi a doença mais freqüente nas unidades nas diferentes regiões do Estado. Por esta razão, deve-se prestar especial atenção ao mosaico em futuras avaliações. A mancha da folha também foi verificada com frequência, mas sempre no final do ciclo, motivo pelo qual ainda é considerada secundária. Em relação a Treze de Maio foi verificada somente a Virose do Mosaico Comum. Os materiais Pioneira e Salézio apresentaram as maiores incidências da virose. Nenhuma planta apresentou sintomas de sapeco, antracnose e mancha da folha nas avaliações. Numa análise geral pode-se dizer que não houve grandes problemas com doenças nesta unidade, mas deve-se continuar prestando atenção em relação ao avanço da virose do mosaico comum em todo Estado. 3.1.2 – Pragas Data: 17/02/2011 Avaliador: Érica Frazão Pereira e Milton Zanela Relato: Os insetos-praga identificados atacando o experimento foram: - mosca das galhas (100% da área sem diferença entre cultivares); - mosca branca (com 100% de incidência nas cultivares 2 e 3); - percevejo de renda, mandarová e idiamin (baixa incidência nas cultivares testadas). % Plantas atacadas 100 80 60 40 20 0 Galhas /mosca das galhas Mosca branca Percevejo Mandarová de renda Idiamin Mosca das galhas Mosca branca Percevejo de renda Mandarová Idiamin 3.1.3 – Desenvolvimento vegetativo Data: 17/02/2011 Avaliador: Alexsander Luís Moreto Relato: cv Pioneira – porte médio/baixo comparado com as demais cultivares testadas na unidade; ramifica baixo; floresce; muita falha de estande devido à má germinação das manivas. cv Crioulo de Videira - porte médio/baixo comparado com as demais cultivares testadas na unidade; ramifica; floresce; houve falha de estande devido à má germinação das manivas. cv IAC 576 - porte médio comparado com as demais cultivares testadas na unidade; ramifica baixo; floresce; houve muita falha de estande devido à má germinação das manivas. cv Aipim Salézio – porte médio/alto comparado com as demais cultivares testadas na unidade; ramifica; floresce; pouca falha de estande. Test. De Fritar - porte médio/alto comparado com as demais cultivares testadas na unidade; ramifica; floresce; pouca falha no estande. Test. Aipim Natanael - porte baixo comparado com as demais cultivares testadas na unidade; ramifica baixo; floresce; bom estande. 3.2 – Avaliação final (colheita) 3.2.1 – Data da avaliação final : 04/08/2011 3.2.2 - Avaliadores técnicos: Alexsander L. Moreto, Enilto de Oliveira Neubert, Jerusa Rodrigues Pereira, Jorge Homero Dufloth, José Nicolau Fernandes, Jucimara Gisele Silva, Karina Patrício, Marco Antônio Remor e Milton Zanela. 3.2.3 - Avaliadores agricultores : Romeu de Aguiar, Gilmar Damásio, Maria Salvan Sartor, Pedro Silveira Damásio, Vilma Salvan Vieira e Osmarina Damásio. 3.2.4 - Resultado das avaliações finais Quadro 01. Resultados dos indicadores quantitativos avaliados Indicadores quantitativos avaliados1 Material Stand Altura das Produção de raízes (t/ha)2 Tempo cozimento Amido3 n.pl/parc. plantas (m) Comerciais Refugos Total Coz. Mattson (min.)4 (%) 3 8,5 1,18 3,7 4,2 7,9 5 32,25 23 3,5 1,05 4,8 0,7 5,5 18 30,84 25 9,5 1,75 9,2 4,8 14,00 6 30,56 46 6,0 1,20 3,7 1,8 5,5 19 30,65 1 11,0 1,65 8,7 8,8 17,5 12 32,11 2 8,5 1,20 8,2 4,3 12,5 28 28,73 Média 7,8 1,34 6,37 4,1 10,5 14,7 30,90 1 média de 2 repetições. classificação das raízes em comerciais e refugos realizada pelos agricultores. 3 método da balança hidrostática, amostra de 3 kg de raízes. 4 os tempos de cozimento determinados pelo cozedor Mattson adaptado são inferiores aos tempos que serão encontrados no caso de cozimento convencional em panelas comuns. Entretanto, a determinação via o cozedor Mattson elimina subjetividades e permite a comparação entre os valores. 2 O solo degradado, a posição do experimento no terreno e uma provável qualidade inferior das ramas provocaram muitas falhas no experimento e, assim, os resultados dos indicadores quantitativos não proporcionam segurança suficiente para conclusões. Quadro 02. Resultados dos indicadores qualitativos avaliados Indicadores qualitativos avaliados1 Material 3 23 25 46 1 2 Média3 tipo de rama 10 10 10 10 7,5 7,5 9,2 Padrão Facilidade da raiz descasque 7,5 7,5 10 8,3 10 6,7 10 10,0 7,5 9,2 10 7,5 9,2 8,2 Qualidade da massa e sabor 8,8 7,5 8,1 8,8 7,5 6,9 7,9 Média2 8,4 9,0 8,7 9,7 7,9 8,0 1 média do conceito atribuído por 1 grupo de avaliadores para “tipo de rama”, 1 grupo de avaliadores para “padrão de raiz”, 3 grupos de avaliadores para “facilidade de descasque” e 4 grupos de avaliadores para “qualidade da massa e sabor”. Os conceitos e seus respectivos valores foram: i) Bom = 10; Médio = 7,5 e Ruim = 5,0. A média desses valores produziu os números do Quadro 02. 2 nota média geral recebida por cada material genético avaliado. 3 nota média geral por indicador avaliado. Os resultados contidos no Quadro 02 expressam o conhecimento/experiência dos avaliadores quanto aos indicadores avaliados e como tal possuem certa subjetividade. Também a avaliação dos materiais requer análise conjunta dos quadros 01 e 02. Na média geral dos indicadores qualitativos, os materiais sugeridos pela pesquisa se mostraram superiores em relação aos materiais utilizados pelos agricultores locais. Conforme observado sobre o Quadro 01, as condições do experimento nesse seu primeiro ano impedem maiores conclusões. Por último, cabe registrar que a iniciativa gerou discussões importantes, representou um momento de intercâmbio de informações entre a pesquisa, agricultores e técnicos locais e serviu para aprimorar o trabalho na sua próxima versão. 3.2. 5 – Observações/considerações de importância: - o conjunto de indicadores avaliados e metodologias utilizadas nesse primeiro ano de retomada da pesquisa participativa serviu para dar conteúdo ao reinício das conversas entre técnicos locais, agricultores, empreendedores e pesquisadores. Cabe a todos e a partir desse reinício, sugerir aperfeiçoamentos para o processo; - agricultores/as presentes no evento de avaliação da unidade disseram conhecer o terreno do experimento e o reconheceram como pouco adequado para tais pesquisas. Também mostraram interesse pelo trabalho e sugeriram a continuidade em outra área; - há necessidade da definição de critérios para a recomendação de cultivares adequadas à região assim como para a exclusão e inclusão de novos materiais no processo de avaliação; - a equipe de pesquisa considera importante que os técnicos e agricultores envolvidos com a unidade de pesquisa participativa com aipins de Treze de Maio sugiram metas para tal trabalho, explicitando quais avanços tal iniciativa deve atingir e em que tempo os mesmos devem ser alcançados. 4 - Parecer final da equipe de pesquisa sobre a unidade Continuar com a unidade de pesquisa participativa com aipins na safra de 2011/2012, em terreno mais representativo da região e agregar mais uma repetição ao experimento.