Interciente 2014, 1, 1-21 – Doi: xxxxxxxxxxxxxxx – Publicado online Agosto 2014
http://publicacoes.ufabc.edu.br/interciente/
ISSN: em tramitação
Artigo
Os desafios da interdisciplinaridade como instrumento de inovação em
projetos pedagógicos no ensino superior: a experiência da UFABC.
Maria Carmen Tavares Christóvão, Roberto Carlos Bernardes
Resumo As instituições de ensino do século XXI devem adquirir novas competências e realizar
projetos pedagógicos interdisciplinares para formação de profissionais que sejam capazes de
responder aos desafios e demandas globais do mercado e da sociedade. As novas configurações e
natureza do conhecimento propostos no Projeto Pedagógico da UFABC encontram na
interdisciplinaridade um modelo eficaz onde o trabalho multidisciplinar, empreendedorismo,
autonomia e formação holística são pressupostos indispensáveis.
Palavras-chave Inovação, Interdisciplinaridade, Ensino Superior, UFABC.
A cada ciclo de desenvolvimento econômico surge à exigência de um novo perfil de
profissional, com novas competências, que deve estar alinhado com as necessidades das empresas e
com as demandas regionais e globais dentro de um contexto mundial. Foi assim com o status
adquirido pelas profissões de direito no início da república brasileira, os engenheiros na fase
desenvolvimentista, os economistas no processo de estabilização da macroeconomia do país, e agora
os profissionais das mais diversas áreas neste início de século demandam novas competências para
uma formação “humanística abrangente e aplicada, voltada para o enfrentamento de problemáticas
novas, e não num conhecimento acabado para ser aplicado em situações repetitivas”. (UFABC.
Projeto de Desenvolvimento Institucional, 2005).
Em 2004, o MEC (Ministério da Educação) encomendou à Academia Brasileira de Ciências um
profundo estudo para apontar a reforma universitária no Brasil. O trabalho resultou no documento
Subsídios Para a Reforma da Educação Superior (2004) em que se pontua que a principal função da
universidade atual ainda reside na formação de pessoal. “Cumpri-la a contento, frente ao
Interdisciplinaridade na Ciência, Inovação, Ensino, Tecnologia e Extensão.
crescimento explosivo da inovação tecnológica e ao caráter cada vez mais interdisciplinar dos
avanços no conhecimento, requer uma revisão profunda das metodologias tradicionais de ensino”.
Nessa perspectiva o Sistema Educacional Brasileiro encontra-se diante da especial possibilidade
de incentivar e dar evidência às universidades que se propõem a ofertar uma prática interdisciplinar
de ensino. A ausência da inovação de modelos pedagógicos condizentes com o crescimento da
inovação e avanços tecnológicos gera aos egressos das universidades interações inconsistente com o
mercado, através de diplomas que não conseguem refletir densidade didático-pedagógica e um perfil
profissiográfico dissonante ao exigido pela sociedade. Para FOGAÇA E SALM (2006), a qualidade de
ensino ofertada pelas Instituições de Ensino Superior é discutível e distantes dos novos perfis
ocupacionais demandados no cenário internacional.
FOGAÇA E SALM (2006) observam também que a qualidade das universidades públicas vem
decaindo substancialmente, o que faz que tenhamos um grande número de alunos com ensino
superior, mas que não atendem as demandas do mercado, o que explica o alto índice de desemprego
entre os jovens.
Contudo, essa não é uma reflexão que pode ser realizada independente de seu contexto, haja
vista uma grande preocupação em não exaltar uma educação unicamente utilitarista. Faz-se
necessário entender o exato formato e momento em que se encontra o Ensino Superior Brasileiro,
bem como a influência de suas origens nos modelos de universidades Humboldtianas, Americanas e
da União Europeia. (HUMBOLDT, 1997; SANTOS, 2005; ASH, 2005).
Nessa retrospectiva é importante se entender o caminho e a importância de instituições que
optaram por novos modelos de serviços e currículos construídos com uma visão interdisciplinar como
a UFABC.
Uma das demandas regionais da região do Grande ABC, no estado de São Paulo, sempre foi à
criação de uma universidade local. Recorde-se que na década de 50, no governo JK foi concretizada a
entrada no país das grandes montadoras de automóveis como, por exemplo, Ford, Volkswagen,
Willys e GM (General Motors). Estas indústrias instalaram suas filiais na região sudeste do Brasil,
principalmente nas cidades do ABC Paulista (Santo André, São Caetano e São Bernardo), de São
Paulo. As oportunidades de empregos aumentaram muito nestas regiões, atraindo trabalhadores de
todo Brasil. Nesse novo ambiente institucional impulsionado pelo modelo de desenvolvimento
nacional caracterizado pela substituição de importações e pela necessidade de formação de mão de
obra qualificada a indústria nacional havia a necessidade de uma universidade que se posicionasse no
cenário educacional comprometida com os desafios do desenvolvimento brasileiro através da
inovação.
Na década de 70, período do milagre econômico liderado pelo estado desenvovimentista, a
economia brasileira auferiu taxas de crescimento comparáveis às da China e Índia, foram criadas as
principais redes de infraestrutura científica impulsionadas pelas estatais de alta tecnologia. O
crescimento do setor privado na educação foi consequência do desenvolvimento econômico, haja
vista a incapacidade do ensino público em atender a demanda de formação universitária. O anseio
por uma universidade federal na região era crescente.
Na década de 90, a abertura da economia e a expansão das operações das multinacionais e das
novas estratégias de competividade imprimiram um novo estilo nas relações de trabalho lastreadas
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em redes colaborativas dispersas geograficamente, nas diversidades étnicas e culturais e integradas
em tempo real com a conquista de resultados de eficiência, escala e custo globais.
Se naquele momento o mercado precisava de profissionais com mais experiência técnica,
qualificados para o trabalho em equipe aliadas a novos critérios de qualidade e produtividade,
atualmente há grande necessidades de profissionais capacitados com novas competências distintas
das qualificações clássicas utilizadas pelas empresas. Até por que é significativo e crescente o
fenômeno de expansão das trajetórias de internacionalização das empresas brasileiras, com presença
marcante no mercado mundial. É neste momento que surge a UFABC com uma proposta pedagógica
interdisciplinar e um design institucional diferenciado para atender ao perfil demandado.
Este fenômeno não está restrito exclusivamente as multinacionais brasileiras industriais
conhecidas como Marcopolo, Gerdau, Vale do Rio Doce, Embraco, mas vem se estendendo também
para os serviços, exemplos interessantes são o Laboratório Fleury que presta serviços offshoring para
os principais laboratórios e hospitais sediados em várias partes do mundo e as empresas de
engenharia como Datasul, Ominsys (informática, telecomunicações e aeroespacial), Atech (segmento
aeroespacial), Camargo Corrêa (construção civil), entre outras. Nesse sentido instituições de Ensino
nacionais e internacionais vem se empenhando em explorar a oferta de ensino criando conexões com
alunos de todo mundo.
O fator de competitividade fez com que a união europeia buscasse um novo modelo de ensino
superior, os Estados Unidos buscassem alternativas para não perder sua atratividade e outros países,
como China entrando nesse mercado e consolidando uma posição importante: mais de 50% dos
alunos que vão estudar fora de seu país de origem optam pela China. No Brasil a UFABC surge com
uma proposta que responde ao momento global e traz também respostas ao anseio local de uma
universidade pública na região do ABC onde se afere um dos maiores PIBs brasileiros.
As Universidades e seus egressos estão sendo submetidos a novos questionamentos críticos
evocados pelos espaços multidimensionais de atuação das empresas, influenciados por uma nova
diplomacia de relações internacionais com a entrada de novos atores, novos mercados regionais de
consumo e os efeitos de uma crise econômica e ambiental de longa duração. Com isso, as empresas
passaram a procurar profissionais mais bem preparados para atuarem seguindo o contexto da nova
realidade de mercado. Assim, torna-se necessário o foco em mobilidade acadêmica e
internacionalização tornando seus alunos mais confiantes e competentes para atuarem
internacionalmente. (ETZKOWITZ, 2001; ETZKOWITZ, 2002).
Para SHUMPETER (1984), economista e grande teórico da inovação do século XX, a desrupção
criativa se dá através dos empreendedores que estão sempre em busca de aprimoramento do
negócio. Importante notar que há uma forte relação entre inovação e educação. Se fizermos a
correlação entre os anos de escolaridade e o número de patentes (um dos indicadores de inovação)
entre os diferentes países, vamos verificar que quanto maior o nível de escolaridade, maior é o
indicador de inovação. Isso ocorre por inúmeras razões, uma das quais é que um maior nível de
escolaridade (e de melhor qualidade educacional) cria um ambiente mais propício à inovação,
principalmente em setores tecnologicamente mais avançados.
Em uma perspectiva mais ampla desenvolver uma sociedade significa transformá-la a partir de
suas organizações, instituições através de seus atores. Nesta acepção, podemos açular a reflexão
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sobre o papel que a UFABC possa desempenhar na formação de profissionais com uma visão holística
comprometidos com a transformação das organizações e instituições, cujas ações e práticas
institucionais poderão resultar na formação de uma sociedade mais sustentável e menos desigual. A
proposta de uma universidade interdisciplinar que consiga responder aos desafios dos problemas
contemporâneos e transformações sociais e econômicas de caráter global.
As escolas norte-americanas embora engajadas em propostas pragmáticas de aplicação
tecnológica e desenvolvimento de negócios inovadores têm abordagens distintas: Harvard foca sua
estratégia na praticidade do ensino e na intensidade das experiências adquiridas pelo aluno através
de metodologias problematizadoras e casos que propiciam vivências profissionais; Wharton se dedica
a formação de líderes visionários por meio de pesquisas e da interação do trabalho em equipe;
Stanford e MIT enfatizam o desenvolvimento de tecnologias, ambas atuam com um modelo
interdisciplinar; Chicago investe na geração de conhecimentos e na interação com as mudanças
ambientais, como forma de oferecer segurança profissional ao aluno; e Columbia reforça o espírito e
o pensamento globalizado, combinando-os com as grandes corporações mundiais. Outros pontos
explorados são os laboratórios de inovação como espaços experimentais privilegiados para ensaio,
simulação e resolução de problemas práticos e a própria interação entre os parques tecnológicos,
incubadoras e as universidades, no sentido de aperfeiçoar os métodos de ensino a partir de casos
reais da criação de novos negócios. Os alunos ainda são incentivados a desempenhar habilidades e
competências para o trabalho em grupo, aprendendo a trabalhar em equipe. Em consonância com a
proposta pedagógica original da UFABC uma grande parte do currículo é composta pelo ensino do
empreendedorismo, haja vista que o emprego formal tende a desaparecer nas novas configurações
do trabalho e é preciso gerar novos postos de trabalho, o que se dá com a capacidade de
empreender e gerar empregos. (COLE, 2010).
Com a expansão das organizações globalizadas e o ingresso das economias emergentes nos
fluxos mundiais de comércio e consumo os melhores cursos estão se esforçando para aproveitar a
diversidade cultural dos alunos e levar para as salas de aula a interação entre os diversos padrões de
comportamento, de crenças, de valores espirituais e materiais para criar uma filosofia global entre os
participantes. O objetivo é formar lideranças com valores globais. No Brasil, a principal referência é a
UFABC que tem o seu projeto institucional em consonância com as diretrizes propugnadas pelo
“Protocolo de Bologna” e outras diretrizes oriundas do mundo inteiro reformulando a necessidade de
uma formação holística e a natureza do conhecimento como interdisciplinar, o que propicia a
coparticipação do aluno no processo de aprendizagem e o olhar de várias disciplinas sobre um
mesmo tema. (HORTALE, MORA, 2004).
Por sua vez, as universidades européias também vêm modificando seu modelo de ensino desde
a Declaração de Bolonha em 1999. Um conjunto de ações institucionais profundas conhecidas como
“Protocolo de Bolonha” definiu como meta o aumento da competitividade das universidades
europeias em comparação com as americanas e do sudeste asiático e Japão. O “Protocolo de
Bologna” pretende “nova arquitetura acadêmica” capaz de criar um polo de atração para estudantes
de outras partes do mundo para as universidades europeias e adensar os fluxos de intercâmbio
acadêmico entre as europeias. Outro aspecto enfatizado pelo documento europeu é criação de uma
área comum de ensino superior buscando a interdisciplinaridade nos currículos e a convalidação de
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estudos em outras instituições, importante aspecto que propicia a mobilidade acadêmica entre
alunos, docentes e corpo técnico administrativo.
A maior contribuição de Bolonha para a UFABC foi reexaminar a missão da universidade no
mundo atual e a formação adequada a ser ofertada para que possa atender ao ritmo de
obsolescência do conhecimento. O design modular dos cursos e a estrutura de ciclos são compatíveis
com a nova natureza do conhecimento. Como pode ser observado no Projeto Pedagógico da UFABC
(2005), ao considerar que um aluno que ingressar num curso superior de tecnologia, por exemplo,
em 2014, ao ingressar no mercado de trabalho em 2018, já estará com conhecimento defasado. O
conhecimento que deverá ser aplicado em 2050 é ainda inexistente. Portanto, um profissional deverá
renovar seu conhecimento constantemente durante a carreira para se manter no mercado o que se
configura como educação continuada ao longo da vida diante da obsolescência do conhecimento.
Um dos aspectos cruciais da declaração era um currículo interdisciplinar a fim de permitir a
mobilidade entre docentes e discentes. Sobre o Protocolo de Bolonha SOBRINHO (2009) afirma que
há nove séculos Bolonha concebeu um modelo de universidade que se espalhou por todo o mundo e
agora, ao findar o século XX Bolonha elabora um novo modelo de universidade na união europeia
que pode vir a transformar consideravelmente a universidade em todo o mundo.
Vale enfatizar que a Declaração de Bolonha se apoia na mobilidade e na internacionalização, dá
ênfase formação holística e interdisciplinar, a inovação do design o ensino superior, entendo que a
educação acontece de forma contínua, ao longo da vida. Uma política que propiciou a mudança do
sistema educacional de vários países dentro e fora da união europeia e que mobilizou até agora mais
de 50 países. Segundo CHRISTENSEN, CURTIS E HORN (2008) é a estrutura de serviço modular em que
os alunos não precisam aprender todos ao mesmo tempo a mesma coisa e da mesma maneira. A
introdução da estrutura em ciclos, do modelo interdisciplinar dos cursos e programas se caracteriza
como uma inovação incremental, ou de melhoria dos processos internos, mas gerada por uma
externalidade, no caso, a demanda por um novo modelo de formação. Nesta linha de reflexão sobre
os novos modelos de educação superior, a demanda pela competitividade, internacionalização e
mobilidade fez com que as instituições se adaptassem.
O modelo de Bolonha apostou na unificação da educação superior na Europa e na busca por um
modelo de ensino superior internacional e competitivo que foi disseminado em todo mundo. Muitos
foram os problemas enfrentados, sobretudo pela crise econômica da União Europeia. Mas, a
proposta em sua essência possui inúmeros aspectos positivos que foram fonte de inspiração para a
UFABC e outras inúmeras universidades brasileiras e também no exterior. MELLO (2010) acredita que
a “América Latina, a exemplo da Europa, seja também obrigada a desenvolver, nos próximos anos,
estratégias de convergência de seu espaço continental para que alcance níveis mais adequados de
desenvolvimento econômico e social”.
As principais diretrizes de educação para o ensino superior no século XXI propõem uma
educação fundamentada em valores universais de tolerância democrática, trabalho interdisciplinar,
pensamento global e desenvolvimento sustentável.
No Brasil, A CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (2013) em
seu relatório de áreas afirma que a proposta interdisciplinar impõe um novo modelo de “produção
do conhecimento, porque implica trocas teóricas e metodológicas, geração de novos conceitos e
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metodologias, e graus crescentes de intersubjetividade, visando a atender a natureza múltipla de
fenômenos com maior complexidade”. É possível observar iniciativas do Sistema de Educação
Brasileiro no sentido de fomentar de forma nunca precedente a interdisciplinaridade.
Em seu credenciamento em 2005, a UFABC já apresentava um projeto pedagógico totalmente
diferenciado do que havia até então no Brasil. Através de seu pioneirismo e das ações inovativas a
UFABC repensou o modelo de universidade e a estrutura de funcionamento com uma proposta
pedagógica inovadora, rompendo e revendo alguns aspectos importantes do modelo humboldtiano
vigente até então no país cujos fundamentos preconizam a autonomia universitária e a
indissociabilidade dos segmentos de ensino, pesquisa e extensão.
A universidade brasileira tem sua moldura institucional Humboldtiana influenciada pelo modelo
alemão da universidade de Berlim. Os princípios dessa universidade denominada “moderna” se
fundamentam no texto DE HUMBOLDT (1997) e evidenciam a indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão. Esses princípios se direcionam mais para as universidades públicas ou de
pesquisa. A estrutura da universidade Humboldtiana foi incorporada às universidades brasileiras em
1968, através da Lei nº. 5.540/68. Hoje no Brasil, a pesquisa universitária se apresenta como
fundamento para a inovação e para o desenvolvimento científico tecnológico, portanto assume um
perfil mais utilitarista, próximo ao modelo francês de universidade, distanciando dos fundamentos
Humboldtianos. Incorpora ainda, sobretudo nos programas de Pós Graduação uma tendência
americana de relacionamento com a comunidade externa e aproximação do mundo corporativo,
papel das atividades extensionistas.
A proposta de formação da UFABC se apoia na constante renovação e atualização do
conhecimento ao longo da carreira, bem como a solução de novas problemáticas de maneira
inovadora como a extinção dos departamentos e criação de centros interdisciplinares acompanhando
a nova natureza do conhecimento em que docentes atuam de forma multidisciplinar. Foi a primeira
universidade a ofertar os Bacharelados Interdisciplinares (BIs) em que o aluno, através do processo
seletivo, entra na universidade e não em um curso específico. Tal ingresso permite o trânsito nas
carreiras sem a perda dos créditos já cursados. Posterga a escolha do aluno por uma profissão, que
hoje se dá de forma prematura causando desistências e evasão. Tal formação se torna indispensável
para o atual mercado de trabalho, que evolui num ritmo sem precedentes e requer o preparo de
profissionais com novas competências para atender às necessidades de equipes multidisciplinares
sobretudo na área tecnológica.
Para explicar o que é uma proposta interdisciplinar Japiassu (2011) destaca que a
Interdisciplinaridade é caracterizada pelas relações e cooperação para construção do conhecimento
existente entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas no interior de um
mesmo projeto de pesquisa. Existem diferentes níveis de integração das disciplinas, o que pode ser
pontual em projetos específicos ou um nível de fusão intenso que albergue realmente o trânsito
entre áreas diferentes do conhecimento. Hector Leis (2005) evita debates teóricos sobre o conceito e
interdisciplinaridade. Enfatiza a importância de se entender o fenômeno como uma prática em
implantação e não como métodos e regras estanques.
Ainda existe um grande hiato entre o modelo de ensino e pesquisa convencional praticados no
Brasil e o das melhores universidades mundiais. É verdade que as universidades e escolas brasileiras
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estão se transformando. Mas, como buscar uma nova estrutura de ensino superior para competir
globalmente sem uma reforma universitária da educação superior brasileira?
Talvez a mudança necessária esteja presente na ênfase do Projeto Pedagógico da UFABC, em
que os principais pilares são a interdisciplinaridade, a excelência acadêmica e a inserção social. Na
práxis pedagógica se destaca pelo trabalho autônomo do aluno com a devida estruturação
educacional e o acompanhamento docente para criação de um novo perfil de aluno, mais crítico,
criativo e que empreenda. No contexto regional a interdisciplinaridade que estimula o trabalho
coletivo pode propiciar a inserção das incubadoras e dos parques tecnológicos, através da gestão das
agências de inovação, influindo no ensino, pesquisa e produção científica e tecnológica.
Aqui reside a capacidade das Instituições de Ensino incorporar inovação em seu processo
educativo como grande desafio dos próximos anos numa reflexão do que seja produzir
conhecimento. Bons laboratórios e metodologias avançadas não são suficientes. Deve-se estimular a
criação de incubadoras, espaço em que o exercício coletivo do conhecimento se apresenta de forma
plena no processo educacional, transferindo conhecimento, ensinando, estimulando a visão da
criatividade, do empreendedorismo, do desafio e do diálogo, permitindo assim a
interdisciplinaridade.
Um modelo baseado no desenvolvimento de competências onde o aluno é o verdadeiro centro
de aprendizagem, o que pode representar a grande revolução no ensino universitário. Privilegiar
metodologias interdisciplinares que valorizem a experiência do aluno, em todas as experiências de
formação, seja elas presencias, à distância ou corporativas evidenciando a mudança do paradigma de
ensino proposto por uma reestruturação de uma nova universidade que rompe com um modelo
passivo baseado apenas na aquisição de conhecimentos.
Numa abordagem metodológica focada na formação de profissionais com formação de
excelência, devem-se mapear futuros possíveis e prováveis para o ensino superior no país, visando
subsidiar o debate em torno do tema e também refletir sobre a formulação de novos currículos,
projetos pedagógicos e de estratégias robustas para o desenvolvimento da educação superior. O
sistema de ensino representado por um professor à frente da sala de aula ensinando e alunos
apáticos tende para o arcaico e é considerado totalmente desatualizado. Pode-se utilizar o potencial
incrível de novas tecnologias para que os alunos sejam estimulados antes dos momentos presenciais.
O Brasil é um país de indivíduos criativos e o processo ensino aprendizagem requer ser desenhado e
não apenas copiado de outras realidades.
A instalação de parques tecnológicos, incubadoras, Laboratórios de Startups em espaços
institucionais fornecidos pelas universidades têm propiciado experiências interativas e práticas
profícuas com as empresas, reduzindo a distância entre estes dois universos. Ainda assim, formamos
profissionais preponderantemente teóricos e pouco aplicados, despreparados para resolver
contenciosos de diplomacia empresarial, para lidar com iniciativas empreendedoras e liderar projetos
de inovação em ambientes complexos, mutáveis e instáveis. As universidades brasileiras avançaram
muito nos critérios de pesquisa e produção científica, mas ao contrário da experiência norteamericana ainda é embrionário o esforço de transformar todo este conhecimento gerado em
inovação, sejam em produtos, processos, serviços ou novos negócios. (QUADROS, 2000; QUADROS
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et Alii, 2001; GARNICA, TORKOMIAN, 2009; PLONSKY, CARRER, 2009; FERNANDES et alii, 2010;
SUZIGAN, ALBUQUERQUE, 2011; CASSIOLATO, RAPINI, BITTENCOURT, 2013).
Neste sentido, um profissional que pretenda gerenciar projetos inovadores deve ter
competência suficiente para criar o projeto, desenvolver um plano de negócio, adquirir competências
internas e externas em P&D, captar recursos de financiamento, interagir com o sistema nacional de
inovação, gerir processos complexos de conhecimento e copropriedade intelectual, aliando um
conjunto de interesses, muitas vezes conflitantes, de vários parceiros para sua viabilização, porque,
os fluxos de investimentos e de conhecimento, podem vir de diferentes países, com realidades
políticas e características econômicas distintas. Devem possuir uma formação holística e autônoma.
São exemplos os profissionais de P&D da Natura (cosméticos), da Allellix (biotecnologia), do Centro
de Desenvolvimento Global da GM (montadoras), Embraer (Aeronáutica) e da IBM (soluções de
serviços de informática) que além da expertise do conhecimento têm de ultrapassar os limites do
laboratório e dos departamentos para adquirir competências para gerar novos negócios e interagir
com o mercado e o seus clientes, quase como se fosse um processo de co-criação de valor. As
empresas inovadoras são capazes de se transformar, desenvolvendo novas competências e novos
negócios com a visão direcionada para o futuro envolvendo cada vez mais o conhecimento e a
percepção de valor social e ambiental das comunidades, redes de clientes e usuários no processo de
criação da inovação.
Em relação à natureza do conhecimento como concebido pela UFBAC, de natureza não
cumulativa, mas em constante mutação imprimi excelência ao processo educacional como observado
no Manifesto da Transdisciplinaridade de autoria de NICOLESCU (1999) ao afirmar que todo o
conhecimento produzido no século XX é infinitamente maior que ao conhecimento compilado em
todos os outros séculos. (GU, LUNDVALL, 2006).
Para a UFABC a questão da apropriação do conhecimento para o presente século está centrada
numa visão sistêmica de formação com abordagem interdisciplinar em que a estrutura deve ser
flexível e maleável sem os clássicos departamentos, mas modelados em centros do conhecimento
permeável aos novos modos e ritmos de apropriação do conhecimento. Pontuar o conceito de
interdisciplinaridade é importante para o avanço da pesquisa, segundo os pressupostos do Instituto
Paulo Freire (2011) a interdisciplinaridade surgiu para responder a fragmentação do conhecimento
causada por um positivismo míope, em que o conhecimento acabou se fragmentando em muitas
disciplinas. Nesse contexto o processo interdisciplinar resgata o diálogo entre as disciplinas embora
não resgate a unidade, ou totalidade do saber.
Interessante observar que o Projeto Pedagógico da UFABC de 2005 nasce com a moldura
interdisciplinar com a criação de três grandes centros (Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências
Sociais Aplicadas. Centro de Ciências Naturais e Humanas. Centro de Matemática, Computação e
Cognição) e com a extinção dos departamentos. Em 2012, portanto sete anos após a elaboração do
Projeto Pedagógico da UFABC, a Associação Helmholtz, importante Centro de Pesquisa alemão em
seu relatório anual de 2012 demonstrou a forma como organizam o conhecimento. São sete os
campos do conhecimento elencados pelo Centro de Pesquisa: Energia, Terra e Ambiente da Saúde,
Aeronáutica, Espaço e Transportes, Tecnologias-chave, e Estrutura da Matéria. A pesquisa da
associação alemã dá indícios de que a UFABC estava no caminho correto ao propor os três centros do
conhecimento, pois são muito silimares.
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Embora muitos estudos internos e externos à universidade tenham julgado efetivo à forma em
que a UFABC organiza o conhecimento vale ressaltar um dos textos da COMISSÃO DAS UNIDADES
EUROPEIAS DE 2003, em meio à implantação do Processo de Bolonha afirma que o processo de
reorganização do conhecimento manifesta-se em oposição à excessiva fragmentação do
conhecimento que levou a uma especialização do saber formando especialidades de ensino e
pesquisa cada vez mais precisas. Em contrapartida a academia precisa resgatar a natureza
interdisciplinar para uma formação mais holística para responder aos grandes desafios da sociedade.
Seguindo essa linha de raciocínio percebe se que a estrutura em centros induz a
interdisciplinaridade. Nessa trajetória para um currículo interdisciplinar a UFABC evoluiu no sentido
de realizar algumas pontes ente disciplinas, ou intra-área do conhecimento objetivando responder a
questões atuais. Para FAZENDA (2008) “se definirmos Interdisciplinaridade como atitude de ousadia e
busca frente ao conhecimento, cabe pensar aspectos que envolvem a cultura do lugar onde se
formam professores”.
De fato, a interdisciplinaridade inter-área do conhecimento ainda é um desafio para as
universidades interdisciplinares, sobretudo pela formação do docente, o que veremos adiante neste
artigo. Quanto à necessidade de se implantar um modelo interdisciplinar MORIN (2004) afirma que é
necessário uma ampla reforma educacional, pois na realidade das universidades brasileiras as
matrizes curriculares estão fundamentadas na separação dos saberes, de disciplinas e de ciências
“produz espíritos incapazes de interconectar os conhecimentos, de reconhecer os problemas globais
e fundamentais, de enfrentar os desafios da complexidade”. O grande desafio encontra-se, portanto
num sistema sustentado por um espírito de ligação que favoreça o pensamento de problemas
complexos.
Diante dessas contingências sociais, o Projeto Pedagógico da UFABC, elaborado em 2005 sofreu
o impacto das reflexões realizadas durante a elaboração do documento Subsídios para a Reforma da
Educação Superior (2004), que amadureceu a ideia de um novo modelo de universidade no Brasil.
ALMEIDA FILHO (2007), observa que ainda no início do segundo mandato do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva que coincidiu com a tramitação do PL 7200/2006, apoiando a proposta de implantação
do que se intitula “Universidade Nova”, “com a ideia de mudar o modelo da estrutura acadêmica da
educação superior que passaria a se compor por três ciclos: Bacharelado Interdisciplinar (1° Ciclo);
Formação Profissional (2°Ciclo); Pós-Graduação (3° Ciclo)”. O ocorrido se deu logo após a criação da
UFABC , com o mesmo modelo de ciclos.
De alguma forma a UFABC foi pioneira na implantação dos Bacharelados Interdisciplinares que
se constituem na única forma de ingresso na universidade. Após a integralização do bacharelado
interdisciplinar é que se dá o ingresso nos cursos de formação específica ou mesmo na pósgraduação. A graduação também está organizada em ciclos que proporciona uma primeira formação
mais rápida a fim de discernir e optar por uma formação profissional ou acadêmica, contato com as
várias carreiras antes de optar por uma delas, o que reduz a evasão, permite uma escolha mais
consciente, reduz as perdas para o aluno caso ele não se adapte no bacharelado escolhido, haja vista
que existe o aproveitamento das disciplinas curriculares em qualquer trajetória curricular
estabelecida pelo aluno. Outro fato interessante é a ampliação da visão do aluno ao transitar por
várias áreas do conhecimento. O regime curricular quadrimestral se apresenta também como um dos
fatores que torna o curso mais dinâmico, permitindo a interdisciplinaridade. As matrizes curriculares
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flexíveis em que o aluno tem a opção de escolher as disciplinas para cursar o torna mais autônomo e
coautor em seu processo de formação.
O modelo de Bacharelados Interdisciplinares proposto pela UFABC em 2005, iniciando a oferta
formal em 2006 contribuiu para a criação da Portaria SESu/MEC No. 383, de 12 de abril de 2010, com
os Referenciais Orientadores Para os Bacharelados Interdisciplinares e Similares que veio para
normatizar a prática deste novo modelo de universidade no Brasil.
Importante ressaltar também o Decreto n 6.096, de 24 abril de 2007 que Institui o Programa de
Apoio a Planos De Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI.
Para BURSZTYN (2005) o conservadorismo das atuais instituições de ensino superior “contrasta
com o rápido ritmo de transformação dos modos de produzir valores (materiais ou não)”. POMBO
(2005) também enfatiza que a interdisciplinaridade “é a manifestação de uma transformação
epistemológica em curso e apontam-se aquelas que nos parecem ser as suas duas consequências
principais: o alargamento do conceito de ciência e a transformação da Universidade”.
Com o intuito de entender e definir o caminho da interdisciplinaridade na Educação Superior
brasileira e mais especificamente na UFABC é importante observar não apenas autores e instituições
que encontraram na interdisciplinaridade o modelo ideal para o formato da universidade do sec. XXI.
Mas, como as instituições estão caminhando com a implantação de um modelo interdisciplinar. No
documento conhecido como Declaração de Santo André, fruto do encontro ocorrido na UFABC com a
presença de mais quarenta e seis universidades um dos aspectos centrais de comprometimento das
lideranças universitárias é a implantação dos BIs ponto crucial é, portanto, como tornar a prática
interdisciplinar possível e quais os desafios neste novo design de universidade.
Um dos aspectos que propiciou a interdisciplinaridade foi o regime de ciclos ou modular. Não
se trata de um modelo aplicado pela primeira vez na educação superior. É oriundo do sistema
educacional americano que o adotou no início do século XX, instituído pela primeira vez na
Universidade de Johns Hopkins no final do século XIX. ALMEIDA E COUTINHO (2011) ressaltam que
“no contexto da reforma universitária em curso, vale destacar novos modelos de ensino de
graduação, com educação geral e regime de ciclos, compatíveis com os modelos curriculares dos
países da (OCDE)”. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) vem
atuando com os denominados BIs e modelos semelhantes em que uma das maiores contribuições
tem sido a substituição do processo seletivo tradicional onde se ingressa diretamente numa carreira
e apostam na autonomia do aluno para decidir sua carreira após o ingresso na universidade,
momento em que o aluno possui maior clareza das carreiras acadêmicas e profissionais.
Uma das características de estruturas interdisciplinares é a formação holística e multidisciplinar
para a formação de indivíduos com maior autonomia, criticidade e visão geral do mundo. Segundo
ANDRADE, GOMES, KNOBEL E SILVA (2013) a formação global possibilita “a abordagem de problemas
científicos de modo integrado, a compreensão da ciência como um modo de olhar o mundo e a
compreensão das relações do conhecimento com o mundo do trabalho”. Essas contingências de
mercado conduzem à necessidade da adoção de um modelo pedagógico mais dialógico, pois as
estruturas sociais e organizacionais encontram-se mais sistêmicas e menos fragmentadas.
Na trajetória da UFABC, bem como nas universidades que vem implantando o modelo
interdisciplinar no que se refere aos princípios norteadores para os BIs apontam sucesso nas
10
iniciativas que envolvem o diálogo entre as disciplinas , mas existem ainda gargalos no que se refere
ao diálogo entre as áreas de conhecimento. Ações inovativas nas práticas educativas é um desafio
constante, haja vista que tais ações demandam estudo e tempo de preparo para que se rompam de
fato os fatores de fragmentação e o caráter dinâmico da construção do conhecimento. Para
BEVILACQUA (2012) “a pesquisa tomou novos rumos pela necessidade imperativa de responder às
perguntas da nova ciência, convocando pessoas com formações básicas diferenciadas”.
O caráter inovador deste campo de estudo fomenta um esforço de vários pesquisadores, pois
não existem respostas claras para uma série de perguntas. Mas, estudos são elaborados a fim de
permitir uma visão completa do processo interdisciplinar que supere a barreira das áreas do
conhecimento. Nesse sentido a figura 1 apresenta um resumo de alguns indicadores que devem estar
alinhados para o sucesso de uma proposta transdisciplinar de formação segundo CABRERA (2010).
Figura 1: Indicadores Transdisciplinares para a formação universitária. Fonte: CABRERA (2010).
Para CABRERA (2010) o primeiro indicador transdisciplinar é a visão e o planejamento da
Instituição. No caso da UFABC a missão consta no PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional)
vigente para o período de 2013 a 2020. A saber: “Promover o avanço do Conhecimento através de
ações de ensino, pesquisa e extensão, tendo como Fundamentos básicos a interdisciplinaridade, a
excelência e a inclusão social”. Cabe à administração superior da universidade cuidar para que as
metas definidas no PDI sejam cumpridas. As metas devem direcionar a UFABC não apenas na tomada
de decisões em relação ao currículo, mas incorporar projetos que possam impactar não apenas na
produção do conhecimento, mas no desenvolvimento de atitudes, valores e estilos de vida
condizente com seus pressupostos filosóficos ampliando a reflexão do campo conceitual da
Interdisciplinaridade. A figura 2, demonstra que em termos de conhecimento da missão da
universidade e conhecimento do Plano de Desenvolvimento Institucional que em instituições de
ensino corresponde ao Planejamento Estratégico ainda há muito para ser realizado.
11
Acesso ao Doc. Oficiais
Participação do Seg. PDI
Não Respondentes. Tec. Adm
Não Respondentes Docentes
Não respondentes Discente
PDI de acordo Com Univ.
Insatisfaório para Tec. Adm3
Insatisfatorio para Docentes2
Insatisfatorio para Dicentes2
Divulgação do PDI
Regular para Tec. Adm
Regular para Docentes
Coerencia PDI X PPI
Regular para Dicentes
Satisfatório para Tec. Adm.
Satisfatório para Doscentes
Conhecimento PPI
Satisfatório para Discente
Conhecimento do PDI
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
Figura 2: Dimensão 1 - A Missão e o Projeto Politico Institucional. Fonte: Autora. Nota: Relatório de Avaliação
Interna da CPA/UFABC
O PDI e demais documentos como o próprio Projeto Pedagógico em que aparecem descritas o
conjunto de crenças e natureza da universidade são documentos muito pouco conhecidos por
docentes, discentes e corpo técnico administrativo. Uma prática interdisciplinar pressupõe
conhecimento do modus operandi da universidade e diálogo entre todos os atores de forma muito
intensa. O registro é o principal instrumento para que a prática se materialize. Portanto, há a
necessidade de uma postura mais dialógica para que a interdisciplinaridade aconteça de forma mais
efetiva.
Os indicadores em relação ao corpo docente propostos por CABRERA (2010) apontam que deve
haver um discurso inclusivo, relacionando teoria e prática, conhecimento e experiência. Além de
albergar ainda conceitos relacionados à vida, meio ambiente, sociedade, transcendência facilitando a
colaboração e a auto expressão.
Para COUTO (2011) pesquisas conjuntas entre disciplinas iniciaram-se apenas a partir da década
de 70 com a criação de institutos e núcleos de pesquisa por meados dos anos 80 – 90, pois a
interdisciplinaridade provoca medo e recusa por parte dos docentes à medida que a perspectiva
interdisciplinar lança luz e coloca em evidência práticas fragmentadas e barreiras que entravam a
construção de um conhecimento transdisciplinar.
12
Em relação aos docentes que ingressam na UFABC observa-se que a construção de mecanismos
sistemáticos para acompanhamento e avaliação são tão importantes quanto o acompanhamento e
avaliação do corpo discente. No início das atividades da UFABC houve um grupo de docentes que
defendiam a contratação em tempo parcial para que no quadro de docentes da universidade
pudessem existir também professores com experiência de mercado para realizar a ponte entre teoria
e prática. Mas, o modelo de carreira docente que prevaleceu na proposta da universidade foi o
regime de contratação com tempo integral (40 horas). Os programas de capacitação e avaliação
docente são, portanto, indispensáveis, haja vista que o processo seletivo para docentes é organizado
por mérito acadêmico e não por afinidade com o trabalho interdisciplinar. Tal modelo é eficaz, mas
tende ao acomodamento docente e ao não envolvimento com os pressupostos filosóficos da IES em
prol de uma suposta autonomia. Muitas vezes o corpo docente possui um entendimento de que
autonomia é liberdade total e descomprometimento com os vários atores sociais com os quais a
universidade dialoga, por exemplo, com a gestão pública e setor produtivo. Este é um dos fatores
críticos que mais impedem o processo interdisciplinar. Ainda em relação ao corpo docente e a prática
interdisciplinar FAZENDA (2008) observa que disciplinas precisam ser analisadas de acordo com os
saberes que contemplam e não apenas dentro de uma grade curricular, pois a “cientificidade, então
originada das disciplinas ganha status de interdisciplinar no momento em que obriga o professor a
rever suas práticas e a redescobrir seus talentos, no momento em que ao movimento da disciplina
seu próprio movimento for incorporado”.
A formação continuada do corpo docente deve estar alinhada a gênese do Projeto Pedagógico
da instituição o que o levará a reformular suas concepções. Para CHRISTÓVÃO (2004) o docente deve
ser um pesquisador que vá até as origens de seu campo do conhecimento para ser capaz de construir
uma fundamentação teórica de forma dialógica. Dessa forma ele “estará capacitado para sair do
senso comum e da sua realidade, para se tornar um visionário da realidade social”.
O docente é um dos principais atores na implementação de um modelo de universidade
interdisciplinar. Esta delimitação faz com que caso o docente não conheça e acredite no Projeto
Pedagógico terá limitações para auxiliar no processo que deveria possuir uma essência dialógica.
Portanto, programas de formação continuada e um processo de comunicação eficaz podem ser
estratégias eficazes para consolidação da proposta educacional interdisciplinar. O professor, como
outros profissionais, tende a repetir o modelo de sua própria formação. Assim, é indicado que todo o
corpo docente passe por momentos de capacitação atrelados ao desenvolvimento de sua carreira
universitária. O Projeto Pedagógico da UFABC preconiza a política da educação continuada como
forma de aprender sempre diante da natureza veloz do conhecimento.
Os atributos relacionados ao corpo discente levantam indicadores para formação de um perfil
participativo, com capacidade de reflexão e colaboração. Que expresse sua criatividade de forma
dialógica, que tenha habilidade de trabalhar em equipe e expresse opiniões divergentes com uma
postura comprometida em relação ao processo de ensino aprendizagem.
Nesta perspectiva, torna-se interessante realçar o perfil de aluno oriundo de práticas como da
UFABC. Na figura 3, Santos (2012), define o perfil dos alunos como possuindo:
13
Capacidade de identificar e resolver problemas, enfrentar desafios e responder a novas demandas
da sociedade contemporânea.
Capacidade de atuar em áreas de fronteira e interfaces de diferentes disciplinas e campos de
saber.
Capacidade de trabalho em equipe e em redes.
Capacidade de reconhecer especificidades regionais ou locais, contextualizando e relacionando
com a situação global.
Comprometimento com a sustentabilidade nas relações entre ciência, tecnologia, economia,
sociedade e ambiente.
Postura flexível e aberta em relação ao mundo do trabalho.
Sensibilidade às desigualdades sociais e reconhecimento da diversidade dos saberes e das
diferenças étnico-culturais.
Figura 3: Perfil do Egresso da UFABC. Fonte: Santos, 2012.
O viés do ambiente para a aprendizagem definido como outro indicador para
transdisciplinaridade aponta a necessidade de construir um clima de colaboração, confiança, bem
estar e satisfação. A flexibilidade no desenvolvimento de conteúdos, recursos e materiais didáticos
que propicie a criatividade. FONTOURA (2011) afirma que na nova configuração curricular não se
nega o valor das disciplinas no processo de organização do conhecimento, mas exige-se a interação
entre elas.
As estratégias, recursos e materiais também apontados como indicadores devem promover a
motivação e envolvimento, utilizados como recursos extensos que consideram redes, situações e
inter-relações de um processo. Use multissensoriais e variados recursos: visual, plásticas, musicais,
simbólicas, analógicas, criativas, metáforas, histórias, redes e tecnologias da informação. Apoio
variados textos, histórias, jogos, imagens, internet, etc. Importante lembrar que ao abordar
interdisciplinaridade na educação não se pode focar apenas na prática empírica, mas os
questionamentos se tornam necessários em todo o tempo.
As atividades desenvolvidas dentro e fora da sala de aula são consideradas como indicadores
para transdisciplinaridade. Não se refere a atividades criadas por uma única disciplina, mas por
campos de aprendizagem fazem referência a eventos e vivências aplicáveis no entendimento do
alunado. São atividades contextualizadas.
Segundo uma extensa pesquisa realizada com alunos de universidades públicas e privadas para
aferir o quanto os professores são criativos na universidade ALENCAR (1997) observa que “Os
resultados obtidos no presente estudo chamam a atenção para o fato de que, de modo geral, os
estudantes universitários consideram que há pouco incentivo a distintos aspectos da criatividade por
parte de seus professores”. A pesquisa aponta ainda que a criatividade é maior nos primeiros
semestres e praticamente inexistentes nos últimos semestres. Outro dado interessante é que está
presente mais na área de exatas do que nas humanidades. No design de uma universidade com
prática interdisciplinar a criatividade é a mola mestra que gera o ambiente propício para inovação.
O ultimo dos indicadores propostos por CABRERA (2010) está relacionado à avaliação da
aprendizagem e afere que deve ser considerado não apenas as competências cognitivas, mas valores,
aspirações, motivação, retorno continuo do aluno nas atividades propostas e que a avaliação deve
acontecer de forma individual e grupal. Observa-se, portanto, a tendência de aferir não apenas
14
conhecimento cognitivo, mas competências atitudinais, emocionais e de interação social, que podem
ser mais fomentado em práticas interdisciplinares.
Avaliar sob a ótica interdisciplinar é uma das maiores interrogações da academia. Cada
disciplina possui uma forma peculiar de avaliação e cada área do conhecimento também. Equilibrar
coerentemente metodologia e avaliação sob ângulos diferentes não é uma tarefa fácil. Sobretudo
porque os egressos dos Bacharelados Interdisciplinares prestam o ENADE (Exame Nacional de
Desempenho) no início e no final da graduação, cujo objetivo seria o de medir o valor agregado pela
universidade. Mas, é necessário cautela por parte das universidades interdisciplinares, pois são
avaliações padronizadas que apresentam um diagnóstico instantâneo do desempenho do aluno e não
processual como geralmente é a pratica nos BIs. As universidades clássicas preparam seus alunos
para responderem a esses testes, o que pode inferir um melhor aproveitamento dos alunos oriundos
de universidades clássicas. Portanto, os órgãos de regulação do ensino superior precisam aprimorar
os mecanismos de avaliação a fim de não prejudicar instituições que ofertam os Bacharelados
Interdisciplinares. Contudo, é clara a viabilidade da proposta interdisciplinar no processo ensino
aprendizagem da UFABC. Fatores como a valorização da pesquisa e extensão e não apenas do ensino
para promover a interação de saberes, disciplinas optativas e atividades complementares que
oportunizam o trabalho em equipe e o contato do alunado com conhecimentos diversos são posturas
de um projeto interdisciplinar em que a formação holística desenvolve, sobretudo, a capacidade de
resolução de problemas, bem como exercita o raciocínio lógico fazendo com que os egressos
alcancem bom desempenho em qualquer modelo de avaliação. A satisfação dos diversos atores com
Pesquisa, Ensino e Extensão coloca a UFABC numa posição de destaque entre as instituições
brasileiras como pode ser observado na figura 4.
15
Coerência entre Obj. Inst. E
Ensino, Pesq. Extensão
Intergração entre Ensino Pesq.
Extensão
Melhoria Qualidade Ensino
Não Respondentes. Tec. Adm
Não Respondentes Docentes
Incentivo a Participação Ensino,
Pesq. Extenção
Não respondentes Discente
Insatisfaório para Tec. Adm3
Insatisfatorio para Docentes2
Cooperação entre Setores
Insatisfatorio para Dicentes2
Regular para Tec. Adm
Condições da Extensão
Regular para Docentes
Regular para Dicentes
Condições para Pesquisa
Satisfatório para Tec. Adm.
Satisfatório para Doscentes
Satisfatório para Discente
Condições da Pós-Graduação
Condições da Graduação
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
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Figura 4: Dimensão 2 - A política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão e as respectivas
normas de operacionalização, incluídos os procedimentos para estímulo à produção acadêmica, as bolsas de
pesquisa, de monitoria e demais modalidades. Nota: Relatório de Avaliação Interna da CPA/UFABC
Os aspectos observados na dimensão dois da Avaliação Institucional da UFABC demonstram a
legitimidade da universidade em ofertar cursos e programas com abordagem interdisciplinar o que se
deve também ao fato de que as propostas dos cursos já foram construídas nesse modelo.
As condições existentes para o desenvolvimento da graduação na UFABC apresenta um índice
de satisfação pelos três públicos que supera os 70% de satisfação. As condições existentes para o
desenvolvimento da Pós Graduação na UFABC apresenta um índice de satisfação de mais de 50% por
parte dos professores e funcionários.
Sobre as condições existentes para o desenvolvimento da Pesquisa na UFABC é um dos itens
melhor avaliados e que corresponde realmente aos ideais da UFABC. Também no aspecto de
cooperação entre os setores da UFABC para o desenvolvimento do Ensino, da Pesquisa e da
Extensão, a satisfação, sobretudo de docentes e discentes atinge níveis altos de satisfação.
Quanto às políticas e mecanismos de incentivo a participação de seu segmento nas atividades
de ensino, pesquisa e extensão o nível de satisfação de docentes e discentes que estão diretamente
envolvidos com as políticas e estratégias de participação em atividades de ensino, pesquisa e
16
extensão são muito boas. Ainda nas políticas de melhoria da qualidade de ensino na UFABC estas são
consideradas muito satisfatórias pelos alunos e há um bom nível de satisfação pelos docentes.
Relação Alunos X Servidores da
UFABC
Qualidade das Informações
fornec. ao Usuários IES
Fluxo e Circulação de Inform.
Interna
Divuldação sobre Eventos
Não Respondentes. Tec. Adm
Imagem da UFABC no meio
Universitario
Não Respondentes Docentes
Não respondentes Discente
Insatisfaório para Tec. Adm3
Imagem da UFABC na Sociedade
Insatisfatorio para Docentes2
Insatisfatorio para Dicentes2
Regular para Tec. Adm
Imagem Interna da UFABC
Regular para Docentes
Regular para Dicentes
Satisfatório para Tec. Adm.
Serviço Fale Conosco
Satisfatório para Doscentes
Satisfatório para Discente
Comunicare
Boletim de Serviço
O Portal da UFABC
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
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Figura 5: Dimensão 4 - Comunicação com a sociedade. Nota: Relatório de Avaliação Interna da CPA/UFABC
A Avaliação Institucional da IES no trimestre de 2009/2012 alberga também alguns desafios e
entre eles há uma necessidade de maior comunicação entre os vários atores dentro da universidade.
17
Se o processo de comunicação é um fator crítico vai impactar no diálogo entre os centros de
conhecimento, entre cursos e disciplinas podendo inviabilizar o projeto. Essa dimensão de avaliação
pode ser observada na figura 5.
Se o processo de comunicação dentro da universidade permite brechas pode se deduzir que
entre os centros, cursos, disciplinas e docentes a dificuldade de comunicação deve ser evitada para
não comprometer o projeto interdisciplinar.
O maior de todos os desafios num processo de reforma universitária com adoção de um
modelo interdisciplinar é o de tornar compatíveis as matrizes curriculares para fomentar o transito e
rotas curriculares de formação. Segundo MCIES (Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior),
departamento governativo de Portugal responsável pela Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, no
Processo de Bolonha foi criado um sistema de acreditação denominado ECTS (European Credit
Transfer and Accumulation System), um sistema de acumulação e transferência de créditos em nível
nacional em que os estudantes efetuavam trabalhos atividades em determinadas áreas científicas
compensadas por um valor numérico segundo as horas de trabalho. Tem como objetivo o
suplemento do diploma e está baseado na organização do ensino centrada no aluno e nos objetivos
de formação. É uma das medidas de transposição de um sistema curricular tradicional para um
currículo interdisciplinar, evitando assim sobreposição de conteúdos e o não aproveitamento das
disciplinas ou atividades já cursadas pelo aluno num processo de mobilidade.
O reconhecimento de que no Brasil, um aluno que necessite ou queira se transferir de uma
instituição de ensino superior, para outra, ainda que no mesmo curso, terá que cursar quase que a
metade das disciplinas novamente para integralização do curso nos leva a repensar o grande desafio
que é para implantar um sistema interdisciplinar de ensino superior. Mesmo existindo as Diretrizes
Curriculares Nacionais para cada um dos cursos específicos de graduação o processo de mobilidade
sem perdas e danos e quase impossível exceto nas universidades públicas que aderiram ao modelo
interdisciplinar e em específico a UFABC que permite o aluno a mobilidade interna na instituição e
externa.
Na união europeia o ECTS permitiu transparência no processo de transferência fazendo com
que a experiência do usuário fosse positiva. Um instrumento de flexibilidade e mobilidade entre
países inclusive. Mecanismos semelhantes precisam ser desenvolvidos no Brasil para incentivar os
Bacharelados Interdisciplinares.
O documento Subsídios Para a Reforma da Educação Superior (2004) ressalta que “a
interdisciplinaridade, a capacidade de expressão e o espírito crítico devem ser estimulados através de
disciplinas eletivas e oficinas de trabalho”. Para atender aos pressupostos destacados no documento
é necessária uma redução significativa de carga horária obrigatória para incentivar a participação dos
alunos em outras atividades de aprendizagem que possua caráter interdisciplinar o que possibilita
ainda uma formação mais holística que pode ser concretizada em disciplinas eletivas e oficinas de
trabalho.
A partir destas considerações é possível afirmar que a construção de nova sociedade do século
XXI, deverá ser desenvolvida sob a égide preconizada por um novo modelo de educação superior e
formação profissional sem uma estrutura departamental rigorosa que seja impeditivo da prática
interdisciplinar, guiada pelos valores de igualdade, paz e justiça social, inovação com distribuição da
18
riqueza e sustentabilidade, que dependerá por sua vez da organização dos seus cidadãos e da
qualidade das suas instituições. Formar profissionais e educadores com competências relacionadas
aos valores contemporâneos associados à inovação, excelência educacional, sustentabilidade e
inclusão social para responder aos novos desafios é contribuir para uma sociedade mais equânime.
Nesta nova visão o modelo interdisciplinar de formação e a inovação no design das instituições são
cruciais para um sistema educacional eficaz.
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Biografia dos autores:
Maria Carmen Tavares Christóvão. Minhas áreas de atuação e pesquisa estão
associadas ao campo temático da inovação, direcionada ao segmento de educação
superior. Ampla experiência como Gestora em instituições de ensino. Exerceu os
cargos de Pró Reitora, Diretora Geral, Diretora Acadêmica, Diretora de Ensino em
instituições de diversos portes e regiões do Brasil. Mestrado em Administração Gestão da Inovação - Capacidades Organizacionais pelo Centro Universitário da
FEI/SP, com linha de pesquisa sobre Inovação em sistemas educacionais. Tema de
pesquisa: UFABC - limites, perspectivas e possibilidades de um modelo de ensino
inovador a partir da criação do projeto da Universidade Federal do ABC. Pós
Graduada em Administração de Recursos Humanos e Graduação em Pedagogia
pela Universidade Estadual de MG. É coautora do Livro Gestão Educacional uma
Nova visão, publicado pela Editora ARTMED em 2004. Diretora da PRO INNOVARE
Contato: [email protected]
Roberto Carlos Bernardes. Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo.
Exerceu o cargo de Analista de Projetos Sr. da Fundação Sistema Estadual de
Análise de Dados concebendo e coordenando diversas pesquisas no campo da
inovação, difusão tecnológica e P&D em parceria com instituições como o IBGE e
ANPEI, entre outras. Foi consultor de diversas instituições de fomento e pesquisa
econômica como a FINEP, IPEA, CEPAL, MCT, BNDES e FAPESP, entre outras.
Professor do programa de pós-graduação em administração da Fundação
Educacional Inaciana Padre Saboia de Medeiros - FEI e Professor Colaborador do
Programa de Mestrado em Negócios Internacionais da Escola Superior de
Propaganda e Marketing - ESPM. É autor do livro Embraer: Elos entre o Estado e
Mercado, pela editora HUCITEC e coautor dos livros: Inovação em Serviços
Intensivos em Conhecimento, com Tales Andreassi, pela Editora Saraiva.
Contato: [email protected]
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