Projeto: Cidadão em Rede: De Consumidor a Produtor de Informação sobre o Território Convênio de Cooperação Tecnológica Prodeb/UFBA Período: jan 2013/jan 2014 Título: Cultura e espaço público urbano Fonte: DEVRIENDT, Lomme; DERUDDER, Ben; WITLOX, Frank. Cyberplace and Cyberspace: Two Approaches to Analyzing Digital Intercity Linkages. Journal of Urban Technology, v. 15, n. 2, 2008. pp. 5-32. Cidades têm importante papel no processo de globalização como centro de troca de informações. As novas tecnologias digitais reforçam essa função de coordenação e controle central. O mix de funções centrais aplicadas a redes de recursos materiais e humanos, combinadas com a habilidade de comunicar ou obter informação em alta velocidade, torna as cidades os maiores atores da economia global. Esse artigo utiliza métodos para a análise de ligações “virtuais” entre cidades baseadas em TIC, utilizando duas abordagens – cyberplace (CP) e cyberspace (CS). A primeira abordagem investiga links virtuais entre cidades através de pontos físicos tais como redes de cabos Internet e suas interconexões. Essa abordagem assume que a infraestrutura física representa os relacionamentos digitais entre lugares. O conceito cyberspace, por sua vez, observa a ligação entre cidades partindo da estrutura “invisível” do mundo virtual tais como hiperlinks da Internet, a estrutura dos mecanismos de busca e tráfego de email. *** A publicação do trabalho de Saskia Sassen, The Global City, em 1991, marcou uma mudança de atenção para os fluxos transnacionais entre cidades resultantes da produção de serviços críticos. Sassen foca na atração de firmas produtoras de serviços avançados (serviços profissionais, financeiros e criativos voltados para negócios) por cidades com ambientes ricos em conhecimento e mercados especializados. Nos anos 1980 e 1990 muitas dessas firmas de serviços seguiram seus clientes globais, tendo criado redes de escritórios por todo mundo cobrindo as maiores cidades. E é exatamente a miríade de interconexões entre serviços complexos que, de acordo com Sassen, abre caminho para a formação de redes urbanas transnacionais. Muitos estudos exploraram a conexão fundamental entre crescimento das telecomunicações e sucesso econômico. A extensão e qualidade da infraestrutura de telecomunicações digitais é uma importante medida do relacionamento digital entre cidades. Cabos de redes não são, contudo, os únicos elementos da infraestrutura. Usuários da Internet experimentam essa “rede das redes” como um meio de comunicação, sem costuras (seamless), global e ubíquo, conectando diretamente dois pontos. Por trás disso estão várias redes de diferentes corporações, instituições e entidades governamentais reunidas em arranjos de interconexão menos conhecidos. Usuários da Internet precisam desses arranjos para se comunicar uns com outros. A Internet é uma rede de redes de propriedade de e organizadas por diferentes companhias. Como no caso de companhias aéreas, os fluxos estão restritos a localizações específicas para fazerem conexões. Na indústria de telecomunicações, a transmissão das informações é também limitada a localizações específicas que estruturam a rede. Diferentes provedores de serviço Internet (Internet Service Provider ISP) regulam a rede. De modo a prover o usuário final com conectividade universal, elas têm de se interconectar entre si para trocar tráfego destinado aos usuários de cada uma delas. A troca de tráfego de Internet entre redes chama-se “peering”. Peering é uma interligação de redes 1 Internet para intercâmbio do tráfego entre clientes de cada rede. O ponto físico que permite vários ISPs fazerem essa interligação chama-se Internet Exchange Points (IXPs). 1 Arpanet, por exemplo, no início de 1969, era não a “Internet” mas uma rede de computadores. Notas técnicas Maria Célia Furtado Rocha 1/3 Projeto: Cidadão em Rede: De Consumidor a Produtor de Informação sobre o Território Convênio de Cooperação Tecnológica Prodeb/UFBA Período: jan 2013/jan 2014 Título: Cultura e espaço público urbano Fonte: DEVRIENDT, Lomme; DERUDDER, Ben; WITLOX, Frank. Cyberplace and Cyberspace: Two Approaches to Analyzing Digital Intercity Linkages. Journal of Urban Technology, v. 15, n. 2, 2008. pp. 5-32. Os desenvolvimentos iniciais da Internet e a desregulação do mercado de telecomunicações de longa distância na América do Norte resultou em arranjos de interconexão entre ISPs norte-americanas e outros provedores fortemente enviesados a favor das primeiras. Ainda hoje é comum usuários da Internet na Espanha, para se comunicarem com usuários na Suécia ou Finlândia, passarem por um caminho que leva a um IXP nos Estados Unidos. Exemplos extremos como esse estão sendo reduzidos pelo crescimento de pontos de interconexão estimulado pela desregulação da indústria de telecomunicações. Como a malha aérea, algumas cidades têm vantagens em termos de acessibilidade digital em razão de funcionarem como pontos de interligação. Interligação direta através desses pontos permite os dados viajarem para outras cidades reduzindo a latência. Elas apresentam habilidade de comutar entre redes regionais e redes continentais ou globais sem antes ter de trafegar em redes regionais diferentes. Link para mapa de IXPs: http://www.datacentermap.com/ixps.html IXPs são importantes componentes do cyberplace pois provêm insight sobre as ligações entre cidades. Combinando dados de IXP com informação sobre capacidade de largura de banda obtém-se uma imagem mais geral do que a informação da rede de cabos. A abordagem do cyberspace (CS) A outra abordagem, a abordagem do cyberspace (CS), utiliza o espaço onde as pessoas se comunicam usando sistemas de computadores para analisar as ligações entre cidades. Acesso ao espaço virtual segue links lógicos mais do que caminhos físicos. Dois tipos de análise são aplicáveis a essa abordagem: a análise de conteúdo e a análise baseada em estrutura. A primeira usa informações disponíveis nas páginas web; na segunda observa-se a hierarquia de websites, conexões via hiperlinks, etc. Enquanto criadores de websites têm liberdade, estruturas de hiperlinks são designadas, sustentadas ou modificadas para refletir escolhas de relacionamentos. A suposição subjacente da abordagem CS é que a colaboração e troca de informações entre cidades são refletidas nas redes de hiperlinks e/ou no número de hiperlinks para componentes urbanos. Os autores utilizaram a busca por páginas web que mencionam duas cidades juntamente no mecanismo do Google (http://www.google.com/advanced_search). Paris, Londres e Berlim se mostraram as cidades mais importantes na Web. Elas apresentaram o maior número de aparições conjuntas na Web. Londres é o lugar dominante na Web. Para fazer análise de conteúdo, os autores usaram mecanimos de busca (meta-seach engine) como o MetaCrawler (http://www.metacrawler.com.br/), além de mecanismos de busca específicos. *** Cidades que são gateways digitais são capazes de transferir tráfego regional para outros pontos de conexão fora do país e de distribuir o tráfego global em sua própria região. Uma comparação da capacidade de banda com tráfego IXP dá uma imagem mais refinada das ligações entre cidades. No contexto europeu, a pesquisa mostrou que Amsterdã, Frankfurt, Londres, Bruxelas, Notas técnicas Maria Célia Furtado Rocha 2/3 Projeto: Cidadão em Rede: De Consumidor a Produtor de Informação sobre o Território Convênio de Cooperação Tecnológica Prodeb/UFBA Período: jan 2013/jan 2014 Título: Cultura e espaço público urbano Fonte: DEVRIENDT, Lomme; DERUDDER, Ben; WITLOX, Frank. Cyberplace and Cyberspace: Two Approaches to Analyzing Digital Intercity Linkages. Journal of Urban Technology, v. 15, n. 2, 2008. pp. 5-32. Düsseldorf e Paris compartilham a mais elevada capacidade de largura de banda. Mas o peso digital de cidades como Paris, Bruxelas, Zurich, Munique e Dusseldorf é superestimado quando comparado somente desse ponto de vista. Amsterdã, Londres e Frankfurt são de longe as mais importantes em sua função de gateway do que Paris, Bruxelas e Dusseldorf. A combinação de ambas as fontes de cyberplace mostram que Amsterdã, Londres e Frankfurt são as cidades digitais top na Europa. A abordagem cyberspace provê insights nos fluxos digitais intangíveis. Mediação de hiperlinks, contatos de email ou resultados de busca dão uma noção dos relacionamentos via rede digital. Algumas fontes para rastrear o crescimento da web são: Search Engine Showdown - http://www.searchengineshowdown.com/ Search Engine Watch - http://searchenginewatch.com/ World Wide Web size - http://www.worldwidewebsize.com/ A análise de conteúdo mostrou que Paris, Londres e Berlim coletivamente têm a maior importância em ligações na Web. Além da superfície, na Web há também uma rede privada não mensurável acessível apenas por bancos, firmas e organizações e uma web profunda, publicamente acessível, mas não alcançável pelos mecanismos de busca. São páginas que não possuem links de hipertextos para seus conteúdos, páginas que exigem acesso registrado, documentos com conteúdo atualizado dinamicamente e outras páginas difíceis de serem indexadas por mecanismos de busca. Hiperlinks representam relacionamentos desejados, existentes ou obrigatórios entre e proprietários de websites. A análise de conteúdo mede relacionamentos não digitais salvos numa forma digital. Empreender uma análise baseada em estrutura é o próximo passo nesse contexto. O artigo mostra que as duas abordagens podem ser usadas para medir ligações digitais entre cidades. Ambos os métodos analisam diferentes relacionamentos. Em pesquisa futuras pretende-se explorar novas técnicas de aplicação de ambas as abordagens – cyberplace e cyberspace. Notas técnicas Maria Célia Furtado Rocha 3/3