TEORIA DAS MIGRAÇÕES
ligações de amizade, parentesco e origem comum são também permeados por
conflitos e ambiguidades. As redes diferem entre si no tamanho (número de membros da rede) e dimensão (número de relacionamentos entre eles), “reduzem os
custos e os riscos da migração” (Keely, 2000:53). Uma vez iniciadas, autosustentam-se, alimentadas por lobbies de apoio aos fluxos migratórios, emergindo o que
Castles (2005) designou de “indústria das migrações”. As ligações entre a comunidade migrante e a área de origem podem persistir durante gerações. As remessas
vão diminuindo e as visitas a casa podem passar a ser menos frequentes, mas as
ligações familiares e culturais permanecem (Castles 2005:24).
Para Massey et al. (1993), as redes são uma forma de capital social e um
importante elo de ligação entre os países emissores e receptores. O estado da arte
revela que é difícil para o estado de acolhimento restringir os fluxos migratórios
quando existe uma estrutura de redes sociais que os suportam e até os promovem.
A teoria das redes sociais é distinta das abordagens enraizadas nos modelos
que envolvem os migrantes numa análise custo-benefício do destino mais favorável, preferidas por alguns economistas e cientistas políticos. A abordagem das
redes sociais combina as micro e as macro perspectivas de análise, ao trazer não
só o migrante como tomador de decisões de volta ao ponto focal (variáveis económicas), mas introduzindo também as variáveis culturais e sociais. Massey et al.
(1993) argumentam que as redes sociais contribuem para aumentar a emigração,
começando a decrescer a sua acção a partir de um certo limiar de desenvolvimento do país de origem.
Werbner (1988) e O´Connor (1990) referem que as redes sociais ajudam as
mulheres imigrantes a integrar-se com sucesso no país de acolhimento, e acrescentam que, apesar de Ravenstein (1985) referir que, há mais de um século atrás,
as mulheres dominavam os movimentos populacionais de curta distância, as
mulheres foram quase ignoradas no estudo da migração. Quando as mulheres
foram consideradas, eram então vistas como dependentes e seguidoras passivas
do homem migrante inicial; digamos que as mulheres representavam o pólo do
tradicional contínuo e os homens o pólo da modernidade. Hoje parece que não
são só as mulheres as primeiras a emigrar mas também ultrapassam por vezes o
género masculino em algumas correntes migratórias internacionais. Barou
(1996) demonstrou, nos seus estudos, que as mulheres se mostram mais relutantes
que os homens em regressar ao seu país de origem, já que tal facto significaria
abandonar algumas vantagens que ganharam enquanto migrantes no estrangeiro,
nomeadamente, o acesso ao emprego, a autoridade e o poder, sendo estas condições sociais específicas ainda limitadas a uma cultura tradicionalista e discriminatória acerca dos papéis do género na estrutura social no país de acolhimento.
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