Eficiência Econômica e
Competitividade da Cadeia Produtiva
de Derivados da Cana-de-açúcar –
Rapadura, Mel, Alfenim, Açúcar
Mascavo e Cachaça
Yony Sampaio, Ecio de Farias
Costa, Ricardo Chaves Lima e
Everardo V. S. B. Sampaio
FADE / UFPE
Apresentação e introdução
Programa Cadeias Produtivas Agroindustriais
do SEBRAE


Caracterizar e analisar a cadeia produtiva
Oferecer subsídios a um plano de ação conjunto
para a melhoria da eficiência e competitividade
O diagnóstico divide-se em:







Representação da cadeia produtiva
Aspectos institucionais
Produção, campo e indústria
Comercialização
Consumo
Conclusões e recomendações
Propostas
Representação do complexo
agroindustrial
A cadeia produtiva dos derivados da
cana-de-açúcar
Zona da Mata

Cachaça
Água Branca e Mata Grande (Brejos de
altitude)

Rapadura, batida, mel-de-engenho, alfenim
e açúcar mascavo
Caracterização da Cadeia Produtiva da Cachaça
Caracterização da Cadeia Produtiva da Rapadura, Batida, Alfenim e Mel-de-engenho
Aspectos institucionais (Cachaça)
Organização da produção
Financiamento e crédito
Padrões de qualidade
Política tributária
Pesquisa e desenvolvimento
Organização da produção
Produção de pequenos e médios
Produção de maior valor agregado que
demais derivados
Inexistência de engarrafamento, marcas
e padronização
Participação de algumas associações no
processo de organização da produção
Financiamento e crédito
Exigência do MAPA na obtenção de
padrões sanitários
Falta de linhas específicas para o
desenvolvimento de engenhos
produtores de derivados
Não representa prioridade entre os
bancos de desenvolvimento da região
Padrões de qualidade
Demanda do MAPA para concessão do
selo de marca
Obtenção de níveis mais altos de
qualidade determinação de
denominações de origem
Exigência de organização dos
produtores
Política tributária
ICMS = 17%
IPI = 70%
Dificuldades para o engarrafamento da
cachaça e acesso para consumidores de
baixa renda
Pesquisa e desenvolvimento
Deslocamento da P&D para o Sul do
País
Extinção do IAA
Estagnação dos engenhos e descaso no
Estado de Alagoas
A produção – O campo e a
indústria
O Segmento Agroindustrial
Eficiência da Produção e Perspectivas
O Segmento Agroindustrial
Tecnologia da produção da cana
destinada para a produção de cachaça
semelhante a destinada às usinas
Tecnologia tradicional na maioria dos
engenhos, mas semi-industrial em
alguns
Apenas um produtor atualmente
engarrafa e envelhece a cachaça
Cana
Colheita
Limpeza
Processo Produtivo da Cachaça e
Cachaça Envelhecida
Transporte
Moagem
Bagaço
Caldo
Decantador
Parol (caldo de cana)
Dornas de Fermentação
(em geral 4)
Evaporação
PROCESSO DE
DESTILAÇÃO
Condensação
Cachaça
Engarrafamento
Cachaça Engarrafada
Envelhecimento
Engarrafamento
Cachaça Envelhecida
Mão-de-obra (por Especialização)
Utilizada em Pequenos Engenhos na Zona
da Mata
Descrição
Número de
Trabalhadores
por Engenho
Cortador de
Cana
Corta e leva a cana para o veículo de
transporte
6-10
15 / Dia
Cambiteiro
Transporta a cana para o engenho
1
8-12 / Dia
Metedor de
Cana
Coloca a cana no terno de moendas
1
8 / Dia
Tirador de
Bagaço
Retira o bagaço moído
1
8 / Dia
Bagaceiro
Espalha o bagaço para secagem
1
8 / Dia
Metedor de
Fogo
Coloca o bagaço no fogo para
realizar o cozimento do caldo
destilado
1
Mestre de
Destilação
Controla o processo de fermentação
e destilação
1
Função
Fonte: Realização própria
Remuneração
Média (R$)
8-15 / Dia
1-1,5 / Salário
Mínimo
Eficiência da Produção e
Perspectivas
Vantagens: fácil disponibilidade de
insumos; baixo custo de produção, com
mão-de-obra, que apesar de intensiva,
de fácil disponibilidade; estocagem
prolongada e fácil do produto acabado
Desvantagens: a destilação requer um
investimento relativamente alto; não
engarrafamento; falta de marketing
A Comercialização
Vendida a granel em sua maioria
Exceção da cachaça JG, engarrafada e
vendida branca e envelhecida
Único padrão de qualidade é o teor alcóolico
encontrado na cachaça
Armazenamento precário e comercialização
feita com compradores locais somente
Concorrência com o caxixi
O Consumo
Consumo atual está segmentado em
baixa renda e classes A e B
A única cachaça engarrafada segue
para os consumidores de classes A e B,
concorrendo com outras marcas
importadas de outras regiões
Conclusões e Recomendações
Potencial apontado para a produção de
cachaça artesanal e de pequena escala,
bem como para o turismo agroecológico
Formaram-se diversas comissões no
SEBRAE-AL para trabalhar frentes como
insumos, tecnologia, gestão interna,
estrutura e relações de mercado,
ambiente institucional e turismo
Propostas
Água Branca e Mata Grande (Brejos de
altitude)

Rapadura, batida, mel-de-engenho, alfenim
e açúcar mascavo
Zona da Mata

Cachaça
Água Branca e Mata Grande (rapadura,
batida, alfenim e açúcar mascavo)
Insumos
Tecnologia
Gestão interna
Estrutura de mercado
Relações de mercado
Ambiente institucional
Açúcar de rapadura
Turismo rural
1. Transferência e adaptação de
variedades de cana-de-açúcar mais
produtivas.
Justificativa: As variedades utilizadas na
região são tradicionais e apresentam baixa
produtividade. Essa baixa produtividade
decorre, igualmente, de características
próprias da área, como a topografia
acidentada que induz uma baixa
mecanização, e da ausência de uso de
insumos, como fertilizantes.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e
dos municípios, UFAL, associações e
sindicatos da cadeia produtiva.
Grau de prioridade: Alto.
2. Otimização do sistema de produção
agrícola, com introdução de práticas como
a adubação.
Justificativa: A baixa produtividade, já destacada, decorre
em parte da exaustão dos solos, continuamente utilizados
sem qualquer reposição de nutrientes. Entre as práticas
correntes em outras áreas produtoras e considerando a
topografia acidentada, destaca-se a introdução da
adubação que pode ser orgânica, onde for importante
manter a característica de produto orgânico, ou com
fertilizantes que, de qualquer forma, por haver
processamento da matéria-prima, não alteram as
características do produto final. Acoplada a esta ação,
reveste-se de grande importância o estabelecimento de
linhas de crédito para plantio e a assistência técnica.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos
municípios, associações e sindicatos da cadeia produtiva.
Grau de prioridade: Alto.
3. Adaptação de máquinas e
equipamentos para a pequena produção.
Justificativa: É utilizado processo de transformação tradicional com
moendas ineficientes, seja pelo desgaste ou pela pouca eficiência na
extração do caldo. Há dois exemplos nítidos, de possibilidades de melhoria,
no engenho comunitário de Água Branca. Um representado pela moenda
utilizada, bem mais eficiente que aquelas em utilização pela maioria dos
engenhos da região. O outro é representado pela utilização de processo
semi-automático de cozimento do caldo em tanques de aço
inoxidável. O conjunto de caldeiras abertas resulta na dissipação de muita
umidade e calor no ambiente. O cozimento em caldeiras fechadas
melhoraria o ambiente e deveria ser mais eficiente do ponto de vista
energético. Caldeiras abertas facilitam a transferência do caldo de uma
dorna para outra. Entretanto, isto pode ser feito por sistemas de encanação
com torneiras, e, se colocadas em níveis decrescentes, aproveitando a
gravidade. Embora a pequena dimensão dos engenhos não enseje a
adoção de linhas de produção como as utilizadas em grandes unidades,
como as usinas, há amplo espaço para melhoria, acoplado à adaptação de
máquinas e equipamentos específicos para a pequena produção. A adição
de melhorias, de um modo geral, é condicionada à obtenção de crédito e
assistência técnica, para o que é importante o desenvolvimento de
associações que permitam uma maior integração dos produtores.
4. Adaptação de máquinas e
equipamentos para a pequena
produção(Continuação).
Agentes Responsáveis: COOPERA
(Cooperativa dos produtores de cana-deaçúcar e donos de engenho de Alagoas),
SEBRAE, UFAL, instituições de pesquisa e
desenvolvimento.
Grau de prioridade: Médio.
5. Capacitação gerencial e de mão-deobra.
Justificativa: Em qualquer processo de mudança, é
essencial que os dirigentes e a mão-de-obra
envolvidos sejam capacitados para a mesma. As
diversas mudanças propostas, e não só no processo
tecnológico, exigem esforço de capacitação para
evitar inadaptações e ineficiências.
Agentes Responsáveis: SENAC, Visão Mundial,
SEBRAE.
Grau de prioridade: Alto.
6. Apoio para a mudança (difusão
tecnológica, crédito e assistência técnica).
Justificativa: como já destacado, é necessário crédito,
visto que a capacidade de poupança própria é muito
baixa, quando existente; assistência técnica, do lado
da difusão das tecnologias; e, capacitação do
empresário e da mão-de-obra. Este apoio para a
mudança deve ser capitaneado pelos agentes
financeiros ligados ao desenvolvimento regional e às
agências de pesquisa e de extensão.
Agentes Responsáveis: Banco do Nordeste, Banco do
Brasil, SEBRAE, Visão Mundial.
Grau de prioridade: Alto.
7. Melhoria da qualidade do produto e das
práticas sanitárias utilizadas.
Justificativa: A qualidade do produto é função das práticas
sanitárias utilizadas. A operação dos engenhos apresenta
diversas deficiências que podem, algumas, ser sanadas com
relativa facilidade pela adaptação e adoção de práticas
melhoradas. Os reservatórios para o caldo, por exemplo,
devem receber revestimento adequado e serem fechados; os
depósitos devem ser higiênicos; a mão-de-obra que lida
diretamente com os produtos deve estar
adequadamente vestida e quando no manuseio direto do
produto usar luvas; e, o produto final deve sair dos depósitos já
em embalagem plástica higiênica. Caso as autoridades de
saúde pública resolvam aplicar normas de higiene mais rígidas,
a necessidade de adaptação dos engenhos passaria a ter alta
prioridade.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos municípios,
SEBRAE.
Grau de prioridade: Médio.
8. Implantação de normas para melhoria
da salubridade nos engenhos.
Justificativa: As condições de salubridade em muitos
engenhos são inadequadas, principalmente nas
proximidades da fornalha. De modo geral, deve-se
atentar para a ventilação adequada e o uso de
práticas que previnam acidentes e permitam o pronto
atendimento de emergências.
Agentes Responsáveis: Secretarias de trabalho e
saúde do estado e dos municípios.
Grau de prioridade: Médio.
9. Estudo para estabelecimento de
normas sanitárias nos engenhos.
Justificativa: A melhoria das normas sanitárias e das
condições sanitárias deve ser precedida de estudo
multidisciplinar que analize, de modo mais amplo, a
arquitetura dos engenhos, a sua operação e práticas,
e identifique as necessárias adaptações e mudança
de práticas que propiciem a requerida melhoria das
condições sanitárias e de salubridade.
Agentes Responsáveis: Universidades, SEBRAE,
Banco do Nordeste, secretarias de planejamento do
estado e dos municípios.
Grau de prioridade: Médio.
10. Capacitação gerencial e de mão-deobra.
Justificativa: As mudanças sugeridas implicam em
estudo, adaptações e mudanças no ambiente físico,
na tecnologia e operação do processo e na atitude do
gerente e da mão-de-obra. Sem a devida capacitação
e o treinamento dessa mão-de-obra, as
recomendações podem não ser adotadas.
Agentes Responsáveis: Secretárias de trabalho e de
planejamento do estado e dos municípios, SEBRAE,
Banco do Nordeste.
Grau de prioridade: Médio.
11. Estímulo ao associativismo e às
cooperativas de comercialização.
Justificativa: A operação de pequenas unidades de produção,
como são os engenhos, isoladamente, retira qualquer condição
de auferir ganhos decorrentes de maior poder de barganha
na comercialização. A constituição de associações não só é
essencial para permitir maior e melhor relacionamento com
o setor público, ampliando o poder reinvindicatório para
as mudanças requeridas, como já destacado, como para
possibilitar um maior controle do mercado. Este maior controle
do mercado deve vir acoplado à melhoria da comercialização,
incluindo a adoção de práticas como a rotulação, o uso de
embalagens higiênicas que não só melhoram a qualidade dos
produtos, como retardam a deterioração dos mesmos.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos municípios,
SEBRAE, Banco do Nordeste.
Grau de prioridade: Alto.
12. Estudo amplo do mercado nordestino
de rapaduras, batidas e alfenim.
Justificativa: Ficou constatado o intenso relacionamento
dessa área de produção com outras, principalmente com o
núcleo produtor de Triunfo, em Pernambuco. Em relação à
tecnologia, as moendas provêm de Missão Velha, encravado no
núcleo produtor do Cariri, no Ceará. Estes núcleos produtores
devem apresentar complementaridades e conflitos, visto
que não só a produção é deslocada entre núcleos, mas as áreas
consumidoras devem apresentar superposições. Um maior
entendimento do mercado como um todo é essencial
para uma melhor orientação da produção, incluindo
sazonalidade, produtos e suas características (peso,
embalagem, rotulação, etc.).
Agentes Responsáveis: Banco do Nordeste, SEBRAE.
Grau de prioridade: Médio.
13. Estudo e difusão de informações sobre
mercados interno e externo.
Justificativa: Diferentemente do que ocorre com muitos outros
produtos, não existem estudos de mercado, como já
indicado, e menos ainda a difusão de informações sobre esses
mercados. No momento em que se destaca a possibilidade de
exploração das características de produto orgânico, de
utilização de novas embalagens e rotulação e de
exploração do mercado externo, aberto para associações de
pequenos produtores, a necessidade de difusão de informações
de mercado se faz ainda mais presente.
Agentes Responsáveis: SUDENE, Visão Mundial, SEBRAE, Banco
do Nordeste.
Grau de prioridade: Alto.
14. Criação de sistemas de
comercialização e marketing.
Justificativa: Ao lado do conhecimento e da difusão
de informações de mercado, é necessário induzir a
criação de sistemas de comercialização e marketing,
o que pode exigir a criação de associações ou
cooperativas de comercialização, que canalizem os
esforços e permitam ampliação do poder de
mercado, facilitando, ao mesmo tempo, a criação de
áreas controladas de produção que criem uma
associação de imagem com a qualidade dos produtos
e as características de pequena produção.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos
municípios, Banco do Nordeste, Visão Mundial,
SEBRAE.
Grau de prioridade: Médio.
15. Estímulo à adoção de embalagens higiênicas
que reduzam perdas e a deterioração dos
produtos, e que identifiquem os produtores e a
região produtora.
Justificativa: Em parte já compreendida nas
propostas anteriores, destaca-se por ser de mais fácil
indução e pela possibilidade de adoção em caráter
individual ainda que a adoção através de associações
venha reforçar o impacto no mercado. De fato, já há
iniciativas de embalar os produtos seja em saco
plástico ou com folha de bananeira.
Agentes Responsáveis: Governos dos municípios,
SEBRAE.
Grau de prioridade: Médio.
16. Estímulo à colocação dos produtos da
área em feiras nacionais e internacionais.
Justificativa: A ampliação do mercado, em áreas
urbanas, depende da ampla visibilidade dos
produtores. A conquista de mercados externos, em
particular, exige o contato e a exposição dos produtos
com destaque para suas características de produto
semi-artesanal oriundo de pequenos produtores.
Agentes Responsáveis: Governos federal e estadual,
SEBRAE.
Grau de prioridade: Baixo.
17. Criação de linhas de crédito
específicas para o plantio de cana e a
produção de derivados.
Justificativa: Esta é uma das maiores dificuldades dos
produtores para a melhoria e expansão da atividade na
área. Não há linhas de crédito para cana-de-açúcar
nem para seu processamento. Dada a baixa
capacidade de poupança própria, são limitadas as
possibilidades de melhoria da produção agrícola e de
introdução de melhorias na tecnologia e na
comercialização. As condições de crédito de custeio não
precisam ser diferentes das aplicadas para outros
produtos, apenas com a consideração do ciclo de
produção. O crédito de investimento deve considerar,
igualmente, as características do sistema de produção.
Agentes Responsáveis: Banco do Nordeste, Banco do
Brasil, governo federal.
Grau de prioridade: Alto.
18. Melhorias das condições de transporte
– estradas vicinais.
Justificativa: A topografia acidentada da área e a maior
pluviosidade tornam o acesso a alguns locais bastante
difícil, em algumas épocas do ano. Esta dificuldade de
acesso limita a comercialização e prejudica o escoamento
da produção, além de elevar o custo de transporte.
Destaca-se, neste aspecto, a importância da melhoria das
estradas vicinais, principalmente se, acoplada à produção,
for estimulada a diversificação das atividades, conforme
proposta abaixo. A diminuição do custo do frete e a
facilidade de acesso permitem uma maior competitividade
da produção e o acesso a um número maior de
intermediários.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos
municípios, BNDES, Banco do Nordeste.
Grau de prioridade: Alto.
19. Capacitação e assistência técnica.
Justificativa: Destaca-se, no ambiente institucional, a
importância de ações amplas ligadas à capacitação e
à assistência técnica, além das já apresentadas em
ligação com elos da cadeia, pela importância que se
reveste para a região, visto que devem envolver o
setor público local e a população, além dos agentes
específicos da cadeia produtiva.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos
municípios, SENAC, SEBRAE, Visão Mundial, Banco do
Nordeste, universidades.
Grau de prioridade: Alto.
20. Criação de associação independente
dos plantadores de cana-de-açúcar de
Água Branca.
Justificativa: A iniciativa pioneira do engenho comunitário de
Água Branca tem sido dificultada pela ausência de uma
associação independente dos plantadores de cana do
município, que congregue produtores com e sem engenhos. A
criação dessa associação, com confiança e reconhecimento
pleno, é condição sine qua non para o adequado funcionamento
do engenho comunitário. A partir dessa associação, precisam
ser melhor definidas as normas de operação, custos,
embalagem e rotulação, entre outros aspectos. A operação do
engenho comunitário deve vir a se constituir em uma
opção adicional para os produtores, sem conflitar ou
competir com a operação normal dos engenhos
tradicionais da área.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e do município de
Água Branca, SEBRAE.
Grau de prioridade: Alto.
21. Implantação de unidade de
certificação de produto orgânico.
Justificativa: Dado que usinas do Sul estão entrando
no mercado de açúcar mascavo, a única chance de
abertura de um mercado mais amplo é através de um
produto diferenciado: açúcar de rapadura de
pequenos produtores. Para tal, é necessário a
certificação de qualidade de produto e sua
identificação nos rótulos e campanhas publicitárias
que venham a ser desenvolvidas.
Agentes Responsáveis: Governos do estado, SEBRAE,
Visão Mundial.
Grau de prioridade: Médio.
22. Estudo da qualidade do açúcar
mascavo.
Justificativa: É necessário estudo das características do
produto do engenho comunitário – o açúcar de rapadura,
produto que parece ser ainda mais rico, do ponto de vista
nutricional, que o açúcar mascavo usual. O estudo dessas
características, inclusive no ponto de vista do mercado,
pode conduzir a adaptações de tecnologia ou a
exploração dessas características no rótulo e no
marketing associados. Pode ainda vir a se constituir
em diferencial para o mercado externo, ligado à
certificação como produto orgânico de pequenos
produtores.
Agentes Responsáveis: UFAL, SEBRAE, Visão Mundial,
outras instituições de Pesquisa e Desenvolvimento.
Grau de prioridade: Médio.
23. Diversificação das atividades da área
pelo turismo rural e festivais de inverno –
circuito do frio.
Justificativa: as características próprias da área – altitude elevada e clima
ameno – predisponhem para o turismo. A presença de atividade semiartesanal, como os engenhos, inclusive com a presença de engenhos de pau
em Mata Grande, apresenta perspectiva adicional de exploração com o turismo
rural. Este turismo, que busca áreas mais preservadas e agradáveis, ao lado da
produção tradicional dos engenhos, pode impactar positivamente abrindo um
mercado adicional, para a produção local, com preços mais elevados. Este
mercado exige, no entanto, condições sanitárias do produto e maior salubridade
na produção, devendo esta ação estar acoplada à capacitação e a melhoria do
processo de comercialização. Adicionalmente, a exitosa experiência do vizinho
estado de Pernambuco, em criar festivais de inverno e circuitos do frio, um deles
na cidade pólo da indústria rapadureira da Baixa Verde, em Triunfo, deve ser
explorada, mormente nas cidades de Água Branca e Mata Grande, que dispõem
de belos casarões e de ricas histórias ligadas ao fausto passado e ao
ciclo do cangaço. Essa complementaridade com o turismo rural e com
festivais de inverno requer várias ações complementares como obras de infraestrutura, apoio à rede hoteleira, capacitação e treinamento, entre outras que
não são aqui discriminadas por requerer estudo específico.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos municípios, EMBRATUR,
EMATUR.
Grau de prioridade: Médio.
Zona da mata (cachaça)
Insumos
Tecnologia
Gestão interna
Estrutura de mercado
Relações de mercado
Ambiente institucional
Turismo na zona da mata
1. Capacitação dos produtores de canade-açúcar em produção orgânica.
Justificativa: Diferentemente de Água Branca e Mata Grande, os
produtores de cana-de-açúcar da Zona da Mata dispõem das
mais novas tecnologias disponíveis na produção de cana-deaçúcar do estado: variedades de alta produtividade; adubos e
fertilizantes de última geração; e, técnicas de manejo eficientes.
No que toca a disseminação de conhecimentos de
produção relacionados a técnicas de produção orgânica,
porém, diversos produtores relatam processos variados. Tornase necessário a indução de técnicas reconhecidas de produção
de cana-de-açúcar orgânica para que este insumo possa ser
reconhecidamente utilizado na produção de cachaças orgânicas
conforme mencionada abaixo.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos municípios,
UFAL, associações da cadeia produtiva.
Grau de prioridade: Alto.
2. Adaptação das instalações dos engenhos para
seguir os padrões do Ministério da Agricultura de
rotulação e engarrafamento.
Justificativa: Os produtores de cachaça da Zona da Mata
necessitam adpatar os processos produtivos nos engenhos para
incorporar os regulamentos exigidos pelo Ministério da
Agricultura para obter o selo do ministério, regularizando a
produção. Com este selo será possível vender a cachaça
produzida em engenhos regularmente em supermercados, bares
e cachaçarias. Entidades como a COOPERA, SEBRAE e a UFAL
devem fazer trabalho em parceria para apresentar projetos de
adaptação dos engenhos para atender os requerimentos do
Ministério da Agricultura de regularização da produção da
cachaça. Com estes projetos de regularização, o governo do
estado deverá facilitar o trâmite institucional.
Agentes Responsáveis: COOPERA, SEBRAE, UFAL, governo do
estado.
Grau de prioridade: Alto.
3. Adaptação para produção de cachaça
envelhecida.
Justificativa: A produção de cachaça envelhecida agrega
valor à produção de cachaça diretamente, através da cobrança
de um preço maior por um produto diferenciado, e,
indiretamente, através da atenção gerada entre os turistas e
consumidores. Torna-se necessário, porém, que os engenhos se
adaptem para a produção de cachaça envelhecida. O SEBRAE,
em conjunto com a COOPERA e a UFAL, deveriam promover
workshops e cursos de aprendizado sobre a produção de
cachaça envelhecida, bem como realizar projetos de
custeio para a adaptação dos engenhos. É necessária a
obtenção de crédito para a adaptação da produção para a
cachaça envelhecida, por isso a participação de outras
instituições de fornecimento de crédito é ressaltada mais
abaixo.
Agentes Responsáveis: COOPERA, SEBRAE, UFAL.
Grau de prioridade: Médio.
4. Pesquisa e desenvolvimento sobre a
cachaça orgânica.
Justificativa: A cachaça orgânica representa outro fator
agregador de valor para os donos de engenhos da Zona da
Mata. O investimento em pesquisa e desenvolvimento da
produção reconhecidamente orgânica de cana-de-açúcar é
necessário. Instituições de pesquisa devem adaptar as
características de produção orgânica adotadas em outras
regiões para a cana-de-açúcar produzida na Zona da Mata, bem
como fazer serviços de extensão junto aos produtores para que
eles adaptem parte da produção para as características de
produto orgânico.
Agentes Responsáveis: UFAL, instituições de pesquisa e
desenvolvimento.
Grau de prioridade: Médio.
5. Capacitação gerencial e produtiva.
Justificativa: Em qualquer processo de mudança, é
essencial que os dirigentes e a mão-de-obra
envolvidos sejam capacitados para a mesma. As
diversas mudanças propostas, e não só no processo
tecnológico, exigem esforço de capacitação para
evitar inadaptações e ineficiências.
Agentes Responsáveis: SENAC, SEBRAE.
Grau de prioridade: Alto.
6. Apoio para a mudança (difusão de
tecnologia, crédito e assistência técnica).
Justificativa: como já destacado, é necessário crédito,
visto que a capacidade de poupança própria é muito
baixa, quando existente; assistência técnica, do lado
da difusão das tecnologias; e, capacitação do
empresário e da mão-de-obra. Este apoio para a
mudança deve ser capitaneado pelos agentes
financeiros ligados ao desenvolvimento regional e às
agências de pesquisa e de extensão.
Agentes Responsáveis: Banco do Nordeste, Banco do
Brasil, SEBRAE.
Grau de prioridade: Alto.
7. Melhoria da qualidade do produto e das
práticas sanitárias utilizadas.
Justificativa: Um problema não tão sério quanto aquele observado
em Água Branca e Mata Grande, mas ainda assim presente no
processo de fabricação de cachaça nos engenhos, as práticas
sanitárias precisam ser melhoradas na produção de cachaça.
Alguns exemplos, como o dos reservatórios para o caldo, por
exemplo, que devem receber revestimento adequado e
serem fechados; dos reservatórios para a cachaça, que
devem ser higienizados e lacrados até o momento do
engarrafamento; e, da mão-de-obra que lida diretamente
com os produtos deve estar adequadamente vestida e
quando no manuseio direto do produto usar luvas, devem ser
levados em consideração para obter um padrão de qualidade da
cachaça. Este processo de higienização da cachaça é diretamente
ligado à obtenção do selo do Ministério da Agricultura e à
exploração do turismo nos engenhos.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos municípios,
SEBRAE.
Grau de prioridade: Alto.
8. Capacitação gerencial e da mão-deobra.
Justificativa: as mudanças sugeridas implicam em
estudo, adaptações e mudanças no ambiente físico, e
na operação do processo e na atitude do gerente e
da mão-de-obra. Sem a devida capacitação e o
treinamento dessa mão-de-obra, as recomendações
podem não ser adotadas.
Agentes Responsáveis: Secretarias de trabalho e
planejamento do estado e dos municípios, SEBRAE,
SENAC.
Grau de prioridade: Alto.
9. Estímulo ao associativismo e às
cooperativas de comercialização e crédito.
Justificativa: A operação de pequenas unidades de produção, como
são os engenhos, isoladamente, retira qualquer condição de auferir
ganhos decorrentes de maior poder de barganha na
comercialização. A constituição de associações não só é
essencial para permitir maior e melhor relacionamento com o
setor público, ampliando o poder reinvindicatório para as
mudanças requeridas, como já destacado, como para possibilitar
um maior controle do mercado. Este maior controle do mercado
deve vir acoplado à melhoria da comercialização, incluindo a
adoção de práticas como a rotulação, o engarrafamento, o
investimento em marketing e divulgação, o recebimento de crédito
e a representação junto aos governos estaduais e municipais.
Como já ressaltado, as instituições financeiras fornecem
empréstimos com maior facilidade para associações e cooperativas.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos municípios,
Secretaria de planejamento do estado, SEBRAE, Banco do
Nordeste, Banco do Brasil, COOPERA.
Grau de prioridade: Alto.
10. Designação de região controlada para
a produção de cachaça.
Justificativa: A delimitação do mercado, através da designação
de uma região controlada para a produção de cachaça, promove
a diferenciação da cachaça como um produto tipicamente
produzido em Alagoas. Esta diferenciação deve ser
acompanhada de um cadastro dos engenhos produtores de
cachaça na Zona da Mata. A cachaça produzida por esses
engenhos deverá ser rotulada como “Cachaça da Zona da Mata
de Alagoas”. A participação do SEBRAE, secretaria de
planejamento e COOPERA é fundamental neste processo.
Agentes Responsáveis: SEBRAE, Secretaria de planejamento do
estado, COOPERA.
Grau de prioridade: Médio.
11. Estudo amplo dos mercados nordestino,
nacional e internacional de cachaça de qualidade,
envelhecida e bidestilada.
Justificativa: Ficou constatado o incipiente mercado de cachaças de
qualidade em Alagoas, mas precisamente na Zona da Mata e Maceió. A
existência de cachaçarias e restaurantes especializados em comida
típica, que vendem cachaça indica que a cachaça de qualidade pode
ser apreciada por consumidores de classes de renda mais altas. A
experiência positiva de Minas Gerais pode servir como um indicador,
mas a realidade é que maiores estudos são necessários para
determinar o potencial de mercado para a cachaça em
Alagoas, no Nordeste, Brasil e, posteriormente, no mercado
externo. Além disso, um maior entendimento do mercado como um
todo é essencial para uma melhor orientação da produção,
incluindo padrões de consumo, produtos diferenciados, como a
cachaça envelhecida, bidestilada com sabor de frutas,
colorações diferentes, além de outros tipos de características
(embalagem, rotulação, etc.).
Agentes Responsáveis: Banco do Nordeste, SUDENE, SEBRAE, MDICSECEX.
Grau de prioridade: Médio.
12. Campanhas de marketing e divulgação
da “Cachaça da Zona da Mata de Alagoas”.
Justificativa: uma vez estabelecidos o zoneamento da produção
de cachaça denominada “Cachaça da Zona da Mata de Alagoas”
e o engarrafamento com selo do Ministério da Agricultura,
parcerias devem ser formadas com o SEBRAE e governos do
estado e municípios, para promover a cachaça de Alagoas.
Exemplos como degustações em cachaçarias, bares e
restaurantes; concursos anuais de qualidade, com premiações e
certificações; etc. devem ser promovidos em feiras específicas
do produto.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos municípios,
SEBRAE.
Grau de prioridade: Médio.
13. Criação de sistema de
comercialização.
Justificativa: Ao lado do conhecimento e da difusão de
informações de mercado, é necessário induzir a criação de
sistemas de comercialização, o que pode exigir a criação de
associações ou cooperativas de comercialização, que canalizem
os esforços e permitam ampliação do poder de mercado,
facilitando, ao mesmo tempo, a criação de áreas controladas de
produção, como já destacado, que criem uma associação de
imagem com a qualidade dos produtos e as características de
pequena produção.
Agentes Responsáveis: Governos do estado e dos municípios,
Banco do Nordeste, SEBRAE.
Grau de prioridade: Alto.
14. Estímulo a utilização de embalagens
diferenciadas.
Justificativa: O investimento em embalagens e
rotulações diferenciadas deve ser feito para estimular,
e posteriormente estabelecer, o consumo em
mercados de Classes A e B. Estes consumidores
geralmente pagam preços diferenciados por cachaças
de qualidade e têm preferências por embalagens
exóticas.
Agentes Responsáveis: SEBRAE, COOPERA.
Grau de prioridade: Médio.
15. Estudo e difusão de informações sobre
mercados interno e externo.
Justificativa: Diferentemente do que ocorre com muitos outros
setores, não existem estudos de mercado, como já indicado, e
menos ainda a difusão de informações sobre esses mercados.
No momento em que se destaca a possibilidade de exploração
das características de produto orgânico, de cachaça
envelhecida, de utilização de embalagens diferenciadas e
rotulação e de exploração do mercado externo, a necessidade
de difusão de informações de mercado se faz presente.
Agentes Responsáveis: SUDENE, SEBRAE, Banco do Nordeste.
Grau de prioridade: Médio.
16. Criação de linhas de crédito específico para
adaptação dos engenhos para o reconhecimento
do Ministério da Agricultura.
Justificativa: estas linhas de crédito devem ser
fornecidas para que o produtor de cachaça faça o
upgrade do processo produtivo em seu engenho para
poder obter o reconhecimento do Ministério da
Agricultura que possibilita a comercialização da
cachaça engarrafada em varejistas na região e no
exterior.
Agentes Responsáveis: Banco do Nordeste, Banco do
Brasil, governo federal.
Grau de prioridade: Alto.
17. Criação de linhas de crédito específico
para a adaptação dos engenhos para a
produção de cachaça envelhecida.
Justificativa: estas linhas de crédito devem
ser fornecidas para que o produtor de
cachaça faça a adaptação da produção de
cachaça para produzir cachaça envelhecida
com melhores padrões.
Agentes Responsáveis: Banco do Nordeste,
Banco do Brasil, governo federal.
Grau de prioridade: Alto.
18. Estudos de novos produtos derivados
da cachaça como cachaças bidestiladas e
a “azuladinha”.
Justificativa: Diversos produtos já foram desenvolvidos por
alguns donos de engenho, mas o devido reconhecimento
científico, bem como a formalização destes produtos precisa ser
levantada para fornecer alternativas de diversificação de
produtos aos donos de engenho. Cabe à UFAL, e outras
instituições de pesquisa e desenvolvimento, catalogar estes
produtos já desenvolvidos, como a cachaça bidestilada, com
sabor de cajá, e a cachaça “azuladinha”, destilada com uma
infusão de casca de banana e folhas de tangerina, e
desenvolver outros produtos.
Agentes Responsáveis: UFAL, SEBRAE, instituições de pesquisa
e desenvolvimento.
Grau de prioridade: Médio.
19. Redução da tributação sobre a
produção e comercialização da cachaça.
Justificativa: Recomenda-se que as associações de produtores e
donos de engenhos exerçam lobby junto ao governo do estado
para que obtenham reduções sobre tributações diretamente
envolvidas na produção e comercialização da cachaça. Como
exemplo a ser seguido, recomenda-se a diminuição do ICMS da
cachaça para níveis competitivos como o da cachaça produzida
em Minas Gerais (5% ao invés de 17%).
Agentes Responsáveis: Secretaria de planejamento do estado,
COOPERA.
Grau de prioridade: Alto.
20. Crédito para a construção de hotéis e
pousadas em engenhos.
Justificativa: Alguns engenhos visitados possuem instalações e
infra-estrutura facilmente adaptáveis a construção de hotéis e
pousadas campestres para o recebimento de turistas. Em
localidades muito próximas à Maceió, este tipo de turismo pode
ser desenvolvido para atrair visitantes que desejem
experimentar uma viagem cultural aos períodos passados da
sociedade alagoana. Os engenhos também podem ser
adaptados para a visitação de turistas que desejam, ao vir para
um engenho, presenciar a produção de cachaça, fazer refeições
típicas no local, levar amostras da cachaça produzida e tornarse, eventualmente, um consumidor daquela cachaça.
Agentes Responsáveis: Banco do Nordeste, Banco do Brasil,
governo do estado.
Grau de prioridade: Médio.
21. Treinamento e capacitação dos
gerentes e funcionários de engenhos.
Justificativa: As mudanças sugeridas implicam em
estudo, adaptações e mudanças no ambiente físico, e
na operação do processo e na atitude do gerente e
da mão-de-obra. Sem a devida capacitação e o
treinamento dessa mão-de-obra, as recomendações
podem não ser adotadas.
Agentes Responsáveis: SENAC, SEBRAE, secretarias
de trabalho dos municípios e estado.
Grau de prioridade: Alto.
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