ÁREA TEMÁTICA: Populações, Gerações e Ciclos de vida
SAIR OU ENTRAR? AS CARACTERÍSTICAS DOS MIGRANTES, DOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E AS
DINÂMICAS REGIONAIS
Gomes, Maria Cristina Sousa
Professora Auxiliar- Demografia, Departamento de Ciências Sociais Politicas e do Território,
Unidade de Investigação GOVCOPP
Universidade de Aveiro
[email protected]
Moreira, Maria João Guardado
Professora Coordenadora –Demografia
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco
[email protected]
Pinto, Maria Luís Rocha
Professora Associada- Demografia, Departamento de Ciências Sociais Politicas e do Território,
Unidade de Investigação GOVCOPP
Universidade de Aveiro
[email protected]
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Resumo
Esta comunicação desenvolve-se no âmbito do Projecto de Investigação Demospin (Projecto
financiado pela FCT PTDC/CS-DEM/100530/2008) cujo principal objectivo consiste na concepção de
uma ferramenta de apoio à definição de políticas de desenvolvimento de regiões demograficamente
deprimidas.
Ora, a concepção deste tipo de ferramenta, bem como a perspectiva de intervenção política, pressupõe
um conhecimento profundo das características demográficas regionais, bem como dos factores que
desencadeiam quer os fluxos de saída quer os fluxos de atracção. Movimentos de entrada e saída –
atracção e repulsão que por sua vez têm impactos diversos, contrastantes, nas dinâmicas populacionais
e nas dinâmicas socioeconómicas regionais. Complementarmente, importa também perceber de que
forma a atracção se exerce, ou seja, de que forma a dinâmica socio económica se repercute na
dinâmica populacional.
A este interesse/necessidade acresce um outro desafio que tem vindo a conquistar a atenção por parte
da investigação internacional: o movimento de retorno de migrantes reformados. Estes movimentos
têm revestido um interesse crescente pela percepção do seu contributo para o desenvolvimento
económico e pelas necessidade de respostas sociais ao nível do planeamento de equipamentos e
serviços como habitação, saúde e bem estar (Relatório Plurel 2010).
Esta análise é feita com recursos aos dados dos Censos de 1991 e 2001 – População residente segundo
as migrações por concelho habitual de residência.
Abstract
This paper is integrated in Research Project Demospin (Project funded by the FCT PTDC/CSDEM/100530/2008). This project purpose is to develop a tool to support the definition of policy
strategies concerning the development of demographically depressed regions
However, the design of such a tool, and the prospect of political intervention, requires a thorough
knowledge of regional demographic characteristics and the factors that trigger repulsive or attractive
migration flows. This attraction or repulsion migration flows have different impacts on population
dynamics and in the regional socio-economic dynamics. In addition, it is also important to understand
the issues that drive the migratory attraction, i.e., the dynamic socio economic repercussions on
population dynamics
In this interest there is another challenge that has been gaining attention from the international
research: the return movement of retired migrants. These movements have a growing interest covered
by the perception of its contribution to economic development and the need for social responses to the
level of planning of facilities and services such as housing, health and wellness. This analysis is done
based on data from the 1991 and 2001 census, and it is a first exploratory exercise.
Palavras-chave: migrações internas, fluxos migratórios, fluxos migratórios dos maiores de 65 anos
Keywords: internal migration, migration flow, elderly migration
[PAP0580 ]
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Introdução
Esta comunicação desenvolve-se no âmbito do Projecto de Investigação Demospin (Projecto financiado pela
FCT PTDC/CS-DEM/100530/2008) cujo principal objectivo consiste na concepção de uma ferramenta de
apoio à definição de políticas de desenvolvimento de regiões demograficamente deprimidas.
Ora, a concepção deste tipo de ferramenta, bem como a perspectiva de intervenção política, pressupõe um
conhecimento profundo das características demográficas regionais, bem como dos factores que
desencadeiam quer os fluxos de saída, quer os fluxos de atracção. Movimentos de entrada e saída – atracção
e repulsão que por sua vez têm impactos diversos, contrastantes, nas dinâmicas populacionais e nas
dinâmicas socioeconómicas regionais. Complementarmente, importa também perceber de que forma a
atracção se exerce, ou seja, de que forma a dinâmica socio económica se repercute na dinâmica populacional.
No desenvolvimento do projecto surgiram várias questões que decorreram da necessidade de compreender o
sentido da mobilidade interna.
A este interesse/necessidade acresce um outro desafio que tem vindo a conquistar a atenção por parte da
investigação internacional: o movimento de retorno de migrantes reformados. Estes movimentos têm
revestido um interesse crescente pela percepção do seu contributo para o desenvolvimento económico e pelas
necessidade de respostas sociais ao nível do planeamento de equipamentos e serviços como habitação, saúde
e bem estar.
Assim, com este trabalho procura-se, como se depreende pela exposição da problemática, encontrar respostas
relativamente aos fluxos de maiores de 65 anos discutindo as bases para uma matriz de análise que permita
equacionar as dimensões da mobilidade demográfica e dos seus impactos socioeconómicos. Esta análise, de
carácter exploratório, foi feita com recurso aos dados dos Censos de 1991 e 2001 (População residente
segundo as migrações por concelho habitual de residência, 1 ano e 5 anos antes do Censo) centrando-se nos
maiores de 65 anos, segundo as NUTS III.
É intenção da equipa de investigação desenvolver a análise, que agora se inicia, englobando os dados 2011, e
conjuga-los com os restantes grupos etários. Considera-se que esta análise é particularmente importante para
a compreensão da mobilidade em Portugal tanto mais que a falta de dados persiste.
1 Importância das migrações internas percepcionadas com base nos fluxos migratórios e
as trajectórias dos maiores de 65 anos
Dado não haver registos da mobilidade interna, a análise das migrações só pode ser desenvolvida de forma
indirecta, com recurso aos fluxos registados nos Censos a partir de 1981 com base na pergunta onde residia 5
anos e 1 ano antes da operação censitária. A escolha do Censo de 1981 deve-se ao facto de ter sido integrada,
pela primeira vez, em 1981, a questão quanto sobre local de residência anterior ao momento censitário.
Assim, numa análise global, considerando os dados disponíveis desde 1981, é interessante ressaltar: a
importância da mobilidade na evolução e dinâmicas populacionais dado que é expressiva e significativa a
percentagem complementar dos que referem não ter mudado de residência; as flutuações entre os vários
momentos censitários que naturalmente acompanham o contexto socioeconómico português das últimas
décadas.
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Gráfico nº 1Percentagem da População residente, por sexo, que não mudou de concelho de acordo com os
Recenseamentos de 1981, 1991 e 2001
120,0
100,0
80,0
60,0
HM
H
40,0
M
20,0
0,0
Fonte: Recenseamento da População de 1981,1991 e 2001
Em 1981, considerando os dois períodos, 1973 e 1979, verifica-se que a mobilidade foi particularmente mais
intensa em 1973, cerca de 74.2% dos residentes refere não ter mudando de residência, pelo que se depreende
que 25.8%, dos residentes cerca de um quarto da população portuguesa, deverá ter alterado a residência. Em
1979 esta percentagem diminui para os 5.2%. Importa também salientar que foi em 1973 que se registou a
percentagem mais baixa quanto aos residentes que não mudaram de residência nos três períodos
considerados.
Naturalmente que entre os períodos que antecedem os Censos, é entre os mais longos, de 5 anos, que a
percentagem de população que não muda de concelho de residência é menor. É em 1995 que se deve ter
registado um maior volume de mobilidade, após 1973, relativamente a 1981, uma vez que se regista a
percentagem mais baixa de população que não altera residência (85.7%).
Outro aspecto a mencionar é o de não se registarem grandes variações de comportamentos entre homens e
mulheres.
É um facto que não se consegue, só com base neste indicador, ter uma estimativa dos movimentos internos
uma vez que não compreende a totalidade das movimentações nem há garantias quanto à sua completa
cobertura do ponto de vista temporal, uma vez que as respostas referem-se a períodos pontuais sem
continuidade. Mas, face à não existência de alternativas, optou-se esta abordagem da mobilidade, enquanto
fluxo, por permitir, apesar de tudo, uma percepção das principais tendências e de algumas das características
desta variável populacional. Embora com as limitações já referidas é perceptível a mobilidade entre
concelhos no espaço nacional.
Outra das questões importante para o projecto era a de encontrar respostas que especificamente elucidassem
sobre os fluxos respeitantes às trajectórias da mobilidade dos maiores de 65 anos.
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Quadro nº 1Saldo Migratório (1991/2001) por grupos de idades
Grupos Etários
H
M
0 a 4anos
-18232
-11716
5 a 9 anos
-10322
-7273
10 a 14 anos
20858
20153
15 a 19 anos
21152
22645
20 a 24 anos
3948
7071
25 a 29 anos
-13151
-11403
30 a 34 anos
2165
7145
35 a 39 anos
29748
29035
40 a 44 anos
26973
21243
45 a 49 anos
23765
18940
50 a 54 anos
16759
13584
55 a 59 anos
17191
14947
60 a 64 anos
19320
15544
65 a 69 anos
24498
17910
70 e mais anos
43085
39852
Fonte: Recenseamento da População de 1991 e 2001
Gráfico nº 2 Saldo Migratório (1991/2001) por grupos de idades
50000
40000
30000
20000
H
10000
M
65 a 69
70 e mais
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
-10000
5a9
0a4
0
-20000
-30000
Fonte: Recenseamento da População de 1991 e 2001
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Ou seja é importante perceber o contexto e as envolventes em que se processam os movimentos dos maiores
de 65 anos tanto mais que, como se pode observar a partir do saldo migratório por grupos etários (quadro 1 e
gráfico 2), estes movimentos são expressivos.
Estes movimentos têm revestido um interesse crescente por um lado pela progressiva consciencialização da
possibilidade do seu contributo para o desenvolvimento económico. Por outro,pelas necessidades de
respostas sociais ao nível do planeamento de equipamentos e serviços como habitação, saúde e bem-estar
(Relatório Plurel 2010). A previsível chegada à idade de reforma dos baby boomers naturalmente avoluma a
questão.
Enquanto na literatura americana é possível, desde os finais dos anos 70, encontrar propostas e análises
relativas ao enquadramento teórico das migrações dos mais velhos (Wiseman eRoseman, 1979;
Wiseman1980; Rowles e Watkins, 1993; Schiamberg e McKnney 2003), na Europa e demais países
desenvolvidos, a produção vai surgindo, de alguma forma acompanhando o envelhecimento da população.
Entre nós, esta é uma problemática um tanto sem resposta. Muitos dos pressupostos que são referidos,
relativamente às migrações, muitas vezes não estão sustentados em dados. São sobretudo apreciações de
casos mais ou menos próximos de realidades familiares, de aspectos tornados públicos sem que subjacente
esteja informação trabalhada. Daí o nosso interesse em reunir dados que sustentem um progressivo
aprofundamento desta questão e temáticas, bem como o desenvolvimento do modelo de análise deste
projecto (Demospin).
2. Fluxos migratórios dos maiores de 65 anos
Com vista a obter uma progressiva caracterização das tendências que envolveram os fluxos migratórios
começou por considerar-se a mobilidade entre NUTS III dos indivíduos com 65 e mais anos.
Assim, e com base nos Censos de 1991 e 2001,ressalta que é neste último que, comparativamente aos dois
períodos questionados, 5 anos e 1 ano antes dos Censos, se regista um maior volume de indivíduos que
declara ter mudado de local de residência, relativamente à NUTS de residência no momento censitário.
Foi em 2001 e cinco anos antes, que se verificou um maior número absoluto indivíduos envolvidos nos
fluxos, ou seja um maior número de pessoas que declarou residir fora da NUT ou no estrangeiro,
compreendendo 10622 indivíduos entre os 65 e 69 anos, 8303 entre os 70e 74 e 13522 entre os 75 e mais
anos. Em 1991, 5anos antes do Censo, declararam ter residido fora da NUTS ou no estrangeiro 8719
indivíduos entre os 65 e 69 anos, 6405 entre os 70 e os 74 anos e 9622 com 75 e mais anos.
Graficamente esta distribuição tem uma leitura imediata, tornando-se clara a grande intensidade no primeiro
dos grupos etários considerados (65-69anos) e os 75 e mais anos. No entanto, relativamente a este último
grupo etário deve ponderar-se efeito cumulativo por constituir um grupo aberto.
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Gráfico nº 3Total de indivíduos que declararam residir fora da NUT ou no Estrangeiro
16000
14000
12000
10000
65 - 69
8000
70-74
6000
75+
4000
2000
0
1991 5 amc
1991 1 amc
2001 5amc
2001 1amc
Legenda: 5amc- 5 anos antes do momento censitário
1amc- 1 ano antes do momento censitário
Fonte: Recenseamento da População de 1991 e 2001
Uma outra análise, complementar, compreende a comparação do número/volume de indivíduos envolvidos
nestes fluxos com os resultados obtidos dos saldos migratórios.
Assim, os indivíduos residentes fora da NUTS ou no estrangeiro com idades entre os 65-69 anos: 10622 (5
anos antes do Censo) e 4784 (1 ano antes do Censo) representam, comparativamente com o total do salto
migratório, entre 1991 e 2001 e no mesmo grupo etário, cerca de 25.0% e 11.3% respectivamente.
Já o total de indivíduos residentes fora da NUTS ou no estrangeiro com 70 e mais anos, isto é agregando os
70-74 e os 75 e mais anos, os 21825 (5 anos antes) e 10817 (1 ano antes) indivíduos corresponde a 26.3% e
13.0% do saldo migratório.
Ou seja, verifica-se um contributo particularmente significativo na dinâmica da população/no saldo
migratório destes fluxos/mobilidade.
2.1. Fluxos migratórios em 1991
Considerando os fluxos migratórios por NUTS III pode verificar-se que são mais intensos os fluxos entre
NUTS III, portanto é de maior intensidade a mobilidade no espaço nacional que a que se encontra entre
indivíduos cuja residência era no estrangeiro. Por outro lado verifica-se uma particular atracção por NUTS
litorais e as NUTS envolventes das áreas metropolitanas, bem como uma menor capacidade de atracção das
NUTS interiores.
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Gráfico nº 4População residente na NUTS com residência anterior no estrangeiro ou outra NUTS 1991
4500
4000
1991 5amc Estrangeiro
3500
1991 5amc Outra NUTS
3000
1991 1Amc Estrangeiro
1991 1Amc Outra NUTS
2500
2000
1500
1000
500
0
Fonte: Recenseamento da População de 1991
A avaliação do sentido de deslocação através dos fluxos denota, pois, uma clara atracção pelas NUTS do
litoral e pelas NUTS em que a actividade económica deixa antever uma maior possibilidade de dinamismo
social. Assim as NUTS da Serra da Estrela, Cova da Beira e Pinhal Interior Sul são as que registam fluxos
menores variando entre os 113, 135 e 151 indivíduos contra os 3862 da Grande Lisboa, 2029 da Península de
Setúbal, 1611 do Grande Porto e 1090 do Algarve.
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Gráfico nº 5População residente em 1991 em NUTSIII com residência numa noutra NUTS III 5 anos antes
do momento censitário
Serra da Estrela
Cova da Beira
Pinhal Interior Sul
RAMadeira
Beira Interior Sul
Entre Douro e Vouga
Beira Interior Norte
Alentejo Litoral
RA Açores
Alto Trás-os-Montes
Ave
Minho-Lima
Cávado
Pinhal Interior Norte
Pinhal Litoral
Tâmega
Douro
Alto Alentejo
Alentejo Central
Baixo Alentejo
Dão-Lafões
Baixo Vouga
Baixo Mondego
Lezíria do Tejo
Médio Tejo
Oeste
Algarve
Grande Porto
Península de Setúbal
Grande Lisboa
0
500
1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Fonte: Recenseamento da População de 1991
Esta tendência mantem-se constante 5 anos ou 1 ano antes do momento censitário, como se pode constatar
no seguinte gráfico relativo à população residente em 1991 em NUTSIII com residência numa noutra NUTS
III 1 ano antes do momento censitário.
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Gráfico nº 6 -População residente em 1991 em NUTSIII com residência numa noutra NUTS III 1 ano antes
do momento censitário
Serra da Estrela
Pinhal Interior Sul
Cova da Beira
RAMadeira
Beira Interior Sul
Alentejo Litoral
Entre Douro e Vouga
RA Açores
Beira Interior Norte
Ave
Minho-Lima
Alto Trás-os-Montes
Cávado
Tâmega
Pinhal Interior Norte
Pinhal Litoral
Douro
Alto Alentejo
Alentejo Central
Dão-Lafões
Baixo Alentejo
Médio Tejo
Lezíria do Tejo
Baixo Vouga
Baixo Mondego
Oeste
Algarve
Grande Porto
Península de Setúbal
Grande Lisboa
0
500
1000
1500
2000
2500
Fonte: Recenseamento da População de 1991
2.2 Fluxos migratórios em 2001
Em 2001 permanecem as tendências já verificadas em 1991 relativamente aos fluxos entre NUTS III. A
mobilidade de residentes no país é mais intensa que a verificada entre indivíduos com residência no exterior.
É também particularmente mais intensa a atracção das NUTS III litorais. Comparativamente a 1991, em
2001, o volume de indivíduos envolvidos nestes fluxos é maior.
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Gráfico nº 7 -População residente na NUTS com residência anterior no estrangeiro ou outra NUTS 2001
5000
4500
2001 5amc Estrangeiro
4000
2001 5amc Outra NUTS
3500
2001 1Amc Estrangeiro
2001 1Amc Outra NUTS
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Fonte: Recenseamento da População de 2001
A Grande Lisboa, Península de Setúbal, Grande Porto, Algarve, Oeste, Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Baixo
Vouga continuam a atrair o maior número de indivíduos com residência anterior, 5 anos antes, noutra NUTS
III ou no estrangeiro, 4345, 2292, 2036, 1610, 1134, 950, 920 e 910 respectivamente.
As NUTS com menor capacidade de atracção são: Serra da Estrela (213 indivíduos), Cova da Beira (218),
Pinhal interior Sul (220), Região Autónoma da Madeira (257), Beira Interior Sul (270), como se pode ver no
seguinte gráfico.
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Gráfico nº 8 -População residente em 2001 em NUTSIII com residência numa noutra NUTS III 5 anos antes
do momento censitário
Serra da Estrela
Cova da Beira
Pinhal Interior Sul
RAMadeira
Beira Interior Sul
Entre Douro e Vouga
RA Açores
Alentejo Litoral
Beira Interior Norte
Minho-Lima
Ave
Pinhal Litoral
Alto Trás-os-Montes
Cávado
Douro
Pinhal Interior Norte
Alto Alentejo
Tâmega
Alentejo Central
Baixo Alentejo
Dão-Lafões
Baixo Mondego
Baixo Vouga
Médio Tejo
Lezíria do Tejo
Oeste
Algarve
Grande Porto
Península de Setúbal
Grande Lisboa
0
1000
2000
3000
4000
5000
2001 5amc Outra NUTS
Fonte: Recenseamento da População de 2001
Quanto ao que acontece 1 ano antes do Censo, ainda que as principais tendências se mantenham, há por um
lado uma menor dimensão do volume dos fluxos, por outro há pequenas oscilações que possivelmente
reflectem as dinâmicas socioeconómicas locais. Estas flutuações ressaltam a necessidade para a apreensão
dos fenómenos demográficos a uma micro escala para uma melhor compreensão das dinâmicas que induzem
e contribuem para os processos demográficos, tal como referem Silva, Castro e Martins (2012, pp9-10) “as
migrações inter-regionais são, atualmente, os principais mecanismos de ajustamento de que as economias
regionais dispõem, quando atingidas por choques económicos”.
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Gráfico nº 9 População residente em 2001 em NUTSIII com residência numa noutra NUTS III 1 ano antes
do momento censitário
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
Cova da Beira
Beira Interior Sul
RAMadeira
RA Açores
Entre Douro e Vouga
Alentejo Litoral
Beira Interior Norte
Minho-Lima
Alto Trás-os-Montes
Ave
Pinhal Litoral
Cávado
Douro
Pinhal Interior Norte
Alto Alentejo
Baixo Alentejo
Alentejo Central
Tâmega
Baixo Mondego
Dão-Lafões
Médio Tejo
Baixo Vouga
Lezíria do Tejo
Oeste
Algarve
Grande Porto
Península de Setúbal
Grande Lisboa
0
500
1000
1500
2000
2500
Fonte: Recenseamento da População de 2001
2.3 Fluxos migratórios considerando a condição perante o trabalho
Com vista a encontrar aspectos complementares que permitam uma melhor caracterização dos fluxos e dos
indivíduos neles envolvidos procedeu-se ao apuramento dos indivíduos com 65 e mais anos segundo a
condição perante o trabalho. Trata-se de um apuramento que reúne informação quanto à situação de
emprego, desemprego ou inactividade o que, para uma abordagem exploratória, nos permite um primeira
perspectiva sobre posicionamentos, situações e condições na vida associadas aos que estão envolvidos nos
fluxos migratórios. Com base no Recenseamento de 2001, considerando os que 5anos antes residiam numa
outra NUTSIII, das seis curvas que se obtêm podem sintetizar-se em dois conjuntos que marcam a ruptura:
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empregado-inactivo. De facto, os dados relativos ao desemprego não tinham expressão pelo que não foram
introduzidos nem contabilidades na análise.
No entanto, ainda que as curvas da inactividade sejam bastante mais expressivas nos 3 grupos etários, não
deixa de ser importante ressaltar as curvas dos indivíduos que mantêm a sua actividade, mesmo quando já
poderiam encontrar-se numa situação de aposentação. Também se nota que é entre os 65-69 anos que o
número de activos é maior decaindo progressivamente no grupo dos 70-74 anos e no dos 75 e mais anos.
É novamente nas NUTS III do litoral mas particularmente na Grande Lisboa, Península de Setúbal, Grande
Porto e Algarve que há um maior número de indivíduos empregados.
Gráfico nº 10 - População residente em 2001 na NUTS , com 65 e mais anos, com residência anterior, 5 anos
antes, noutra NUTS III segundo a sua condição perante o trabalho
2500
2000
65 - 69 Empregado
65 - 69 Inactivo
70 - 74Empregado
1500
70 - 74 Inactivo
75 e +Empregado
75 e + Inactivo
1000
500
0
Fonte: Recenseamento da População de 2001
Relativamente à população residente na NUTS, com 65 e mais anos, com residência anterior no
estrangeiro,5anos antes do Censo, segundo a sua condição perante o trabalho são em menor número e
predominam os inactivos, ainda que haja quem declare estar empregado o que acontece com mais
intensidade na Grande Lisboa, Grande Porto, Península de Setúbal, Algarve e Região Autónoma da Madeira.
É de supor o efeito de retorno de ciclos migratórios anteriores uma vez que algumas NUTS do interior
registam um número elevado de novos residentes, com mais 65 e mais anos, como acontece em Alto-Trás16 de 19
os-Montes, bem como em outras NUTS III que tradicionalmente constituíram polos de emigração como
Minho-Lima, Baixo Vouga, Dão Lafões e Baixo Mondego.
Gráfico nº 11População residente na NUTS , com 65 e mais anos, com residência anterior no estrangeiro
(2001- 5amc), segundo a sua condição perante o trabalho
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
65 - 69 Empregado
65 - 69 Inactivo
70 - 74Empregado
70 - 74Inactivo
75 e +Empregado
Fonte: Recenseamento da População de 2001
Quanto ao que acontece um ano antes do Censo as características são idênticas apenas com uma maior
rarefacção de dados e menor expressão como se pode verificar nos dois gráficos seguintes.
Gráfico nº 12 População residente na NUTS em 2001, com 65 e mais anos, com residência anterior , 1 ano
antes do Censo, noutra NUTS segundo a sua condição perante o trabalho
1400
65 - 69Empregado
65 - 69 Inactivo
1200
70 - 74 Empregado
70 - 74 Inactivo
1000
75 e + Empregado
75 e + Inactivo
800
600
400
200
0
Fonte: Recenseamento da População de 2001
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Gráfico nº 13 População residente na NUTS em 2001, com 65 e mais anos, com residência anterior , 1 ano
antes do Censo, no estrangeiro segundo a sua condição perante o trabalho.
65 - 69Empregado
70 - 74Empregado
75 e +Empregado
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
65 - 69Inactivo
70 - 74 Inactivo
75 e +Inactivo
Fonte: Recenseamento da População de 2001
Conclusões/pistas para a análise da mobilidade dos maiores de 65 anos
Com este exercício que se iniciou através de apuramentos sucessivos procurou-se encetar uma análise, mais
detalhada, que deverá necessariamente compreender e reunir um maior número de variáveis,refazendo toda a
reflexão a uma escala territorial mais desagregada. A análise dos fluxos migratórios que envolvem os
maiores de 65 anos na escala da NUTS III acaba por diluir os efeitos da deslocação no interior da própria
NUTS. Portanto, se é certo que se verifica uma grande atracção nas áreas metropolitanas,surge a dúvida se
também se verificará uma maior atracção por concelhos, sede do concelho, ou por áreas predominante
urbanas.
Ficou clara a existência de fluxos com grandes oscilações mas que, no entanto, demonstram maior
intensidade de mobilidade interna versus o exterior. Isto é, há um maior volume de indivíduos envolvidos em
fluxos no espaço nacional do que os que (re) entram do estrangeiro.
Estes fluxos envolvem uma mobilidade maior de inactivos, considerando a condição das pessoas perante o
trabalho, porém também se verifica mobilidade de activos.
Dos vários dados apurados emergiram uma diversidade de aspectos a aprofundar:

será que existe um retorno aos concelhos de origem?

será que há atracção por ou uma manutenção em áreas de maior actividade?
•
serão estes fluxos determinados pela proximidade de familiares, existindo um reagrupamento
familiar. Questão ganha pertinênciaconsiderando os valores encontrados nas idades mais avançadas
nas áreas metropolitanas?
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As dinâmicas populacionais e a tendência de litoralização no crescimento populacional revelam a
diferenciação da capacidade de atracção do país, que se torna óbvia no sentido dos diferentes fluxos, daí a
necessidade de aprofundar esta análise de forma a considerar outras dimensões explicativas que possam
explicitar estes fenómenos. Será particularmente importante apreender as características dos indivíduos
envolvidos para assim se compreender os factores motivadores subjacentes à mobilidade.
Importa também avaliar de que forma o retorno de portugueses espelha as saídas da emigração em décadas
anteriores e se também se verifica preferência pelos locais de origem.
Importa, ainda, reflectir sobre os impactos sócio económicos e a forma de estes fluxos poderem ser
potenciados eimpulsionadores deactividade em regiões mais deprimidas, estimulando e promovendo
dinâmicas regionais
As autoras agradecem o apoio prestado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia no quadro do projecto
DEMOSPIN, PTDC/CS-DEM/100530/2008.
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