Maria Cristina Pedrogão Aires. Ela nasceu em dois Mundos. O nosso recebeu-a á 40 anos atrás em Alter do Chão, num quarto cheio de mantas, paredes brancas e uma cama de ferro numa povoação alentejana de casinhas baixas. O Seu Mundo nasceu com ela. Está entre uma das suas gargalhadas sonoras e a força das suas palavras e visões. Não poderia viver sem um e sem o outro. O campo, as noites negras estreladas e os animais preencheram os seus olhos enquanto pode. Depois decidiu voar. Foi ter a Oeiras sem bilhete de volta, apenas com a esperança de ficar… e ainda não voltou. No entretanto em 20 anos criou uma família, na verdade criou várias. A Família de Sangue, a Família da Igreja, a Família das Pappoilas, a Família das suas Escolhas. Embora adore ser mãe de toda a gente, não gosta de cozinhar e adora dar dores de cabeça ao mundo quando decide cantar estridentemente. Mas a voz dela acalma quando ouve a voz dos seus filhos a dizer: Amo-te Mãe! ou com o borbulhar do mar, quando dança ao som de uma qualquer batida, quando se apaixona e faz os outros apaixonarem-se por si. Não é de estranhar que pouco antes de completar os 40 anos tenha decidido tirar a licenciatura de Técnica de Educação, o nosso mundo sempre foi pequeno demais para esta moça que traz dentro de si um outro mundo do tamanho das suas gargalhadas.