O TRABALHO DOS GESTORES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS Heletícia Scabelo Galavote (GALAVOTE, H. S.), Fernanda Nascimento Gomes (GOMES, F.N.), João Paulo Cola (COLA, J. P.), Rita de Cássia Duarte Lima (LIMA, R. C. D.), Paula de Souza Silva Freitas (FREITAS, P. S.S), Maria Angélica Carvalho Andrade (ANDRADE, M.A.C.). Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Marechal Campos, 1468, cep: 29040-090 – Maruípe. Vitória/ES/Brasil. Tel: 33357287. E-mail: [email protected]. ANTECEDENTES A Estratégia Saúde da Família incorpora os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e desponta como um novo paradigma na atenção à saúde, com diretrizes que criam uma nova forma de produzir as ações e serviços de saúde, na perspectiva de mudança e conversão do modelo assistencial mecanicista e biomédico. Neste contexto, a gestão em saúde representa o ato de governar pessoas, organizações e instituições, e tem como desafios: superar o modelo tradicional centrado em aspectos financeiros e de administração de material; desenvolver linhas teóricas que consigam um olhar diferenciado para as especificidades nesse campo; superar o reducionismo na atenção à saúde e, por fim, criar práticas democráticas na dinâmica gerencial. O presente estudo procura analisar a prática de gestão no estado do Espírito Santo (ES)/Brasil e tem como um de seus eixos o estudo do processo de trabalho dos gestores e dos caminhos de construção de suas identidades profissionais. MÉTODOS Trata-se um estudo do tipo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa, que foi realizado em 39 municípios selecionados no ES. Os sujeitos do estudo foram: Secretário Municipal de Saúde; Coordenador Municipal da ESF e Coordenador Municipal da Atenção Primária à Saúde, totalizando 64 sujeitos. A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com base em um roteiro guia. A análise de discurso é a base da análise dos dados. RESULTADOS A modalidade de gestão identificada na fala dos entrevistados revela um caráter de improviso às ações do cotidiano, através da ausência de atividades sistemáticas de planejamento, avaliação e monitoramento. A inserção no cargo de gestor, enquanto auto direção do governo é propiciada mediante indicação política, o que revela um jogo de disputa de poderes legitimados nos encontros com a gestão pública municipal. Os resultados apontam que a concepção de gestão predominante é relativa à administração na qual a gestão vem de gerir e administrar, além da proposição de que o gestor tem que “dar conta” de tudo o que acontece no setor de trabalho. Os discursos pautam-se em uma visão tradicional de gestão onde o gestor se põe como um decisor racional da realidade administrativa. Assim, as atividades estão centradas na figura do gestor como um provedor: aquele que tem capacidade de decidir e definir os caminhos a serem tomados. É dominante nos depoimentos a ênfase no trabalho junto às pessoas, reconhecendo-o como condição fundamental para que, de fato, o serviço de saúde seja operante. CONCLUSÕES Os gestores encontram-se submetidos a um conjunto de determinações muito fortes e de origem externa, como: pressões políticas, escassez de capacitações, precariedade na política de recursos humanos e exonerações abruptas que representam um importante fator dificultador. A liberdade, criatividade e autonomia no processo de trabalho dos profissionais de saúde foram vista pelos sujeitos como uma possibilidade de mudança para o modelo de gestão baseado no improviso.