MAN LATIN AMERICA GESTÃO DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS DE PROJETOS Elton Corrêa Gustavo Oliveira PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL Aprovado por: ________________________________________ Prof. Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc. ________________________________________ Prof. Paulo Josef Hirsch, D.Sc ________________________________________ Prof.ª Raquel Borba Balceiro, D.Sc RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL DEZEMBRO DE 2009 Corrêa, Elton; Oliveira, Gustavo Volkswagen Caminhões e Ônibus: Gestão de documentos eletrônicos que envolvem o processo de desenvolvimento do produto. Elton Correa; Gustavo Oliveira – Rio de Janeiro, UFRJ/COPPE, 2009. IX, 48 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, Especialização, Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial, 2009) Orientador: Prof. Paulo Josef Hirsch Especialização (Projeto Final) – Universidade Federal do Rio de Janeiro/COPPE/MBKM, 2009. Referências Bibliográficas: p. 38-40 1. Gestão do Conhecimento 2. Gerenciamento de documentos eletrônicos 3. Indústria automobilística I. COPPE/ UFRJ II. Título (série). iii Sola sapientia in se tota conversa est. A sabedoria é a única coisa que se encerra em si mesma. Cícero, De Finibus 3.7. iv Dedicatória e Agradecimentos Agradecemos ao Senhor Jesus Cristo, por todas as bênçãos em nossas vidas. Aos nossos amáveis familiares, pais, irmãos, esposa, noiva e filho. Aos grandes amigos da MAN, pela atenção e paciência. Aos nossos professores do CRIE pela dedicação, carinho e respeito. Em especial ao Professor Marcos Cavalcanti. Ao nosso estimável orientador e professor Paulo Josef, por sua paciência, pelo incentivo e a máxima ajuda. À nossa parecerista Raquel Balceiro, pelas valorosas contribuições. A todos os colaboradores que, de alguma forma, estiveram presentes em nossa caminhada. v Resumo do Projeto Final apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Especialista em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial. MAN LATIN AMERICA GESTÃO DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS DE PROJETOS Elton Corrêa Gustavo Oliveira Dezembro / 2009 Orientador: Paulo Josef Hirsch Programa: Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial Este trabalho apresenta um estudo dos processos de gestão de documentos eletrônicos que envolve o macro-processo de desenvolvimento do produto da MAN Latin America, com foco na gestão do conhecimento, com o intuito de analisar e propor novos modelos que sustentem o seu grau de líder de mercado. vi Abstract of Final Project presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Specialist in Knowledge Management and Business Intelligence. MAN LATIN AMERICA MANAGEMENT OF ELETRONICS DOCUMENTS OF PROJECTS Elton Corrêa Gustavo Oliveira December / 2009 Advisor: Paulo Josef Hirsch Program: Knowledge Management and Business Intelligence This work presents a study of management process in electronic documents related to the macro-process of product development of MAN Latin America, based on a knowledge management approach, in order to analyze and propose new models to keep the market leader grade. vii Índice de Capítulos 1. Introdução 1 1.1. MAN Latin America 2 1.2. Motivação do projeto 3 1.3. Objetivos do projeto 3 1.4. Metodologia do projeto 4 1.4.1. Análise contextual sob a ótica da gestão do conhecimento 4 1.4.2. Identificação das melhores práticas 4 1.4.3. Estruturação para o Plano de ação 4 2. Gestão do conhecimento 5 2.1. Conceitos de gestão do conhecimento 5 2.2. Tipos de conhecimento 6 2.3. Capitais do conhecimento 8 2.4. Comunicação nas empresas do conhecimento 9 3. O Projeto 3.1. Justificativa 3.1.1. Análise das cinco forças de Porter 12 12 15 3.2. Diagnóstico 18 3.3. Plano de Ação 24 3.3.1. Convocação dos executivos 3.3.1.1. O papel do gerente do projeto 3.3.2. Mapeamento de processos 24 27 28 3.3.2.1. Equipe de gestão do conhecimento 28 3.3.2.2. Revisão do processo de desenvolvimento do produto 29 3.3.2.3. Padronização 30 3.3.2.4. Fluxograma do processo 31 3.3.2.5. Gerenciamento eletrônico de documentos 33 3.3.2.6. Pontos de controle 35 3.3.2.7. Plano de comunicação 37 4. Conclusão 39 5. Referências Bibliográficas 41 viii Índice de Figuras Figura 1. Os quatro capitais do conhecimento 8 Figura 2. Principais benefícios obtidos/esperados com a adoção de GC 14 Figura 3. Análise segundo as cinco forças de Porter 15 Figura 4. Processo de desenvolvimento do produto MAN 19 Figura 5. Processo de cobrança do PEP 21 Figura 6. Geração de conhecimento com a utilização do PEP 26 Figura 7. Exemplo de documentos do PDP 30 Figura 8. Ciclo de aplicação do conhecimento na otimização dos processos 33 Figura 9. Aplicação de indicadores 36 Figura 10. Pontos de controle do processo (visão macro). 37 ix Índice de Tabelas Tabela 1. Características das empresas na Sociedade do Conhecimento 8 Tabela 2. Estudo sobre o tempo e o custo de desenvolvimento 12 Tabela 3. Comparativo entre armazenagem em papel x GED 34 x Lista de Abreviaturas e Siglas MAN Maschinenfabrik Augsburg-Nürnberg VWCO Volkswagen Caminhões e Ônibus GC Gestão do Conhecimento ÄKO Änderungs Kontrolle PEP Produkt Entstehungs Prozess GED Gerenciamento Eletrônico de Documentos CEO Chief Executive Officer TCD Technical Concept Description xi 1. Introdução Nos novos tempos da economia global, desenvolver produtos somente com qualidade já não basta. Os clientes estão cada vez mais exigentes e a concorrência mais acirrada. O avanço das tecnologias ocorre numa velocidade altíssima, permitindo que novos produtos sejam lançados a todo o momento, apresentando inovações radicais ou incrementais, exigindo que as empresas trabalhem mais velozmente no lançamento de seus produtos. Consoante é o mercado automobilístico, onde a MAN Latin America (antiga Volkswagen Caminhões e Ônibus) está inserida desde 1979, desenvolvendo produtos com alta qualidade, tornando-a umas das marcas mais fortes no segmento de caminhões e ônibus no Brasil. Durante toda a existência até a consolidação de sua estrutura atual, ocorreram cenários que levaram a perda de profissionais e mudanças de estrutura. E diante de cada desafio, a empresa adequou seu processo, aperfeiçoando-o a cada projeto. Assim, como em toda evolução, por mais flexível que seja, cria-se complexidade interna as quais, muitas vezes, geram retrabalhos, ocasionando perdas para a empresa. Estas perdas podem ocorrer tanto no campo do conhecimento, pelo aumento da complexidade de processos, quanto no financeiro, com o aumento dos custos, por exemplo. É sabido que os documentos de projetos armazenados de maneira desestruturada, problemas na comunicação organizacional e retrabalhos geram desvantagem para a organização em relação aos concorrentes. E pode-se tomar como premissa que estes concorrentes buscam inovações, sinergia nos processos e aplicação de novas tecnologias. Nesta condição mercadológica a MAN, ou qualquer outra organização, precisa atuar para aperfeiçoar seus processos no sentido de manter-se competitiva, pois se o seu produto não estiver disponível, certamente seu cliente irá procurar por outro. Assim, buscando a melhoria contínua dos processos, a gestão do conhecimento vem para auxiliar as empresas a captar, desenvolver, proteger, disseminar o seu conhecimento, seja tácito ou explícito, e transformá-lo em valor, assegurando o crescimento e a sustentabilidade da empresa. 1 1.1. MAN Latin America A operação de caminhões e ônibus da MAN1, no Brasil, iniciou-se com a aquisição da divisão de caminhões e ônibus da Volkswagen (VWCO). Dessa forma, para se compreender a empresa hoje conhecida como MAN Latin America (MAN) é preciso conhecer o histórico da VWCO. A operação de caminhões e ônibus da Volkswagen iniciou-se no Brasil com a aquisição da fábrica da Chrysler em 1979, sob o nome de Chrysler Corporation do Brasil. Contudo, somente dois anos depois, em 1981, foi produzido o primeiro caminhão. Neste período foi realizada uma adequação do modelo de desenvolvimento da Chrysler para o modelo híbrido da Volkswagen, que combinava as premissas de desenvolvimento de automóveis às novas disciplinas para a produção de caminhões. Também, neste ano, foi produzido o primeiro caminhão movido a álcool do Brasil. Em 1990 foi criada a Autolatina, uma join venture2 entre a Volkswagen e a Ford caminhões, onde, em uma mesma linha de montagem, eram produzidos produtos de ambas as marcas. Essa parceria durou pouco tempo, forçando a Volkswagen a criar uma nova planta, que foi inaugurada em 1996 na cidade de Resende, interior do estado do Rio de Janeiro. Nesta nova planta, foi aplicado um novo modelo de produção, conhecido como Consórcio Modular, um modelo único que combina processos de manufatura e desenvolvimento tanto da MAN quanto de seus fornecedores numa mesma linha de montagem. A trajetória da empresa vem, desde então, sendo marcada pelo seu crescimento e expansão para outros países como México, África, Argentina e Colômbia, além do aumento da sua gama de produtos que conta hoje com mais de 60 modelos, entre ônibus e caminhões, para as mais diversas atividades, sejam elas urbanas ou rurais, sempre produzidos sob o slogan: Caminhões sob medida. Conforme dito no início deste capítulo, neste ano, a divisão de Caminhões e Ônibus da Volkswagen foi adquirida pela MAN, uma grande desenvolvedora de caminhões e ônibus localizada na Alemanha. Passando a ser conhecida a partir de setembro de 2009 como MAN Latin America, ou simplesmente pela sigla MAN. 1 MAN - Fábrica de motores de Augsburg e Nürnberg . (Em alemão: Maschinenfabrik Augsburg-Nürnberg). Join Venture: Associação de empresas para explorar determinado negócio. De caráter não definitivo, nenhuma das empresas participantes perde sua personalidade jurídica. (VOCÊ S/A, 2009) 2 2 1.2. Motivação do projeto Observa-se que, a cada novo dia, tecnologias são criadas e agregadas a produtos muitas vezes nunca imaginados pelos seus criadores. São criados a todo momento produtos mais sofisticados e capazes de atender a necessidades que os clientes nem sabiam que tinham. Um exemplo é a união da tecnologia de comunicação dos celulares aos caminhões. De acordo com a regulamentação do CONTRAN, Conselho Nacional de Trânsito, número 245 (CONTRAN, 2009), todos os veículos de transporte de carga ou pessoas deverão possuir dispositivos que permitam seu rastreamento, estes dispositivos deverão ser agregados ao veículo ainda na fábrica. Este tipo de desenvolvimento é extremamente complexo, por tratar-se de um avanço que alia tecnologias de diferentes empresas. Apesar de ser uma regulamentação governamental, é inegável que a organização que oferecer este produto primeiro terá vantagens em relação ao seu concorrente. Diante disso, acredita-se que o investimento no gerenciamento do conhecimento, em melhores meios para o desenvolvimento de produtos, sejam catalisadores para que a MAN apresente-se sempre à frente dos demais entre as empresas players3 do mercado. 1.3. Objetivos do projeto Este projeto tem como objetivo: • Revisar os procedimentos internos da organização; • Padronizar a forma como os procedimentos são documentados; • Conscientizar o executivo sobre o seu papel no processo de desenvolvimento de produtos; • Controlar os documentos eletrônicos de projeto; • Definir pontos de controles para os processos; • Estabelecer um canal de comunicação para divulgação dos trabalhos. Com essa análise, espera-se permitir que a informação gerada diariamente pela organização seja utilizada não somente no desenvolvimento de um único projeto, mas também que ela se torne uma arma para o planejamento estratégico na prospecção de futuros projetos, alinhando-a à era das empresas do conhecimento. 3 Player: Empresa que está desempenhando algum papel em algum mercado ou negociação. (VOCÊ S/A, 2009) 3 1.4. Metodologia do projeto A fundamentação deste projeto foi realizada através de pesquisas bibliográficas, acessos a sites relacionados ao tema, consulta a referenciais internos da empresa, bem como utilização de material de cursos e congressos acompanhados pelo grupo. Estes dados permitiram a criação de um arcabouço de informações e conceitos necessários para o desenvolvimento do trabalho. O desenvolvimento do projeto ocorreu da seguinte forma: primeiramente, foi realizada uma análise contextual do problema sob a ótica da Gestão do conhecimento; em seguida, a identificação das melhores práticas e, finalmente, a estruturação do plano de ação. 1.4.1. Análise contextual sob a ótica da gestão do conhecimento Nesta fase, foram pesquisadas empresas envolvidas com o setor automobilístico, sites e livros especializados sobre como as organizações gerenciam o seu conhecimento eletrônico de produtos, bem como quais são os problemas que elas enfrentam e quais foram as soluções aplicadas, quando existiam. 1.4.2. Identificação das melhores práticas Com base nesta coleção de informações, foram identificadas quais seriam as melhores práticas já aplicadas no mercado de modo a sustentar as proposições do projeto alinhadas aos conhecimentos obtidos pelo grupo durante o curso. Nesta fase foi possível identificar os principais problemas da organização relativos à gestão do conhecimento eletrônico da empresa. 1.4.3. Estruturação para o Plano de ação Delineados os problemas, tornou-se possível a formulação de um plano de ação para reduzir e, posteriormente, eliminar os problemas identificados como causadores da perda de conhecimento na empresa. Foram apontados os processos e agentes responsáveis por cada etapa do desenvolvimento do produto para o sucesso desta solução. 4 2. Gestão do Conhecimento 2.1. Conceitos da Gestão do Conhecimento No decorrer das últimas décadas, têm-se observado mudanças rápidas e drásticas envolvendo a vida humana, em especial, as organizações do trabalho. Antigamente, a sociedade capitalista impulsionava a evolução e o processo de produção industrial. Em pleno século XVIII, TAYLOR (1990) contextualizou sua teoria de que o trabalhador deveria ser estimulado, e assim ser cada vez mais produtivo. Também elaborou um sistema de organização do trabalho que recomendava a adoção de métodos e normas visando à maximização do rendimento da mão de obra, com base numa análise minuciosa de cada tarefa a ser executada. Com isso a importância do trabalhador, que era totalmente voltado para a produção, passa por uma transformação tornando-o um profissional que contribui com o processo produtivo, que, naquele momento, constituía a ruptura de paradigma e a mudança de cenário. Sabe-se que a confluência das tecnologias e o aperfeiçoamento do setor industrial romperam décadas de estudos. Na década de 80, DRUCKER (1999), considerado pai da gestão moderna, entendia a importância do conhecimento e alertava para o fato de que o trabalho se tornava cada vez mais fundamentado no conhecimento, e compreendia que as organizações tinham um papel fundamental e estratégico, no desenvolvimento e transformação de cada trabalhador. Nessa nova sociedade, a riqueza será gerada pela inovação e esta, pela capacidade de agregar conhecimento aos produtos e serviços oferecidos (CAVALCANTI, 2001). Observa-se, então, que a sinergia em gerir novos recursos administrativos e novas práticas desencadeia o crescimento e a necessidade da sistematização da gestão do conhecimento organizacional, que, já na década de 90, consolidou a disciplina da gestão do conhecimento (GC) e a sua importância. Dessa forma, a gestão do conhecimento torna-se parte importante da organização que aponta para novas realidades, em uma economia competitiva e globalizada, sendo este o grande diferencial das empresas do conhecimento. 5 Para este entendimento é interessante conceituar três características básicas da gestão do conhecimento: • Dados: são os registros que obtêm informações descritas de forma exata, e que poderão ser transformadas em Informação. • Informações: segundo DRUCKER (1999), “são dados interpretados, dotados de relevância e propósito”, possuem forma e podem ser aproveitados no Conhecimento. • Conhecimento: origina-se da junção de dados e informações, sendo estruturada para que ganhe forma e possa ser utilizada. O entendimento destes conceitos é de grande importância para a compreensão deste projeto, visto que ele busca a organização do conhecimento da empresa desde sua concepção até sua reutilização ou possível descarte. Portanto, a informação é um meio material necessário para extrair e construir o conhecimento, acrescentando-lhe algo ou reestruturando-o. O conhecimento é criado pelo fluxo de informação, ancorado nas crenças e compromissos de seu detentor. NONAKA e TAKEUSCHI (1997) diferenciam o conhecimento da informação conforme a seguinte proposição: Ambos, conhecimento e informação, dizem respeito ao significado, sendo específicos ao contexto, na medida em que dependem da situação e são criados de forma dinâmica na interação social entre as pessoas. 2.2. Os Tipos de Conhecimentos Alguns autores classificam o conhecimento humano em Explícito e Tácito. Segundo NONAKA e TAKEUSCHI (1997), o conhecimento explícito é aquele que pode ser expresso por meio de palavras, números e é facilmente compartilhado. Já o conhecimento tácito é aquele que cada indivíduo desenvolve, por meio de sua experiência, adquirida nas atividades exercidas nas organizações, ou através da cultura, percepção, faculdade de valores, e outros. Muitas organizações ao longo do tempo usufruíam a estabilidade do vínculo empregatício dos funcionários e, assim, não se preocupavam em transformar o conhecimento tácito em explícito. Mas, em meio à evolução da sociedade, reengenharia e mudanças tecnológicas, uma nova economia proporcionava a busca de melhores oportunidades de trabalho, visto que é comum os trabalhadores deixarem suas empresas e buscarem novos desafios em outras organizações. Neste momento, todo o investimento 6 realizado pela empresa no funcionário visando ao seu desenvolvimento é perdido, podendo ser incorporado a uma nova organização concorrente. A organização deve completar uma “espiral do conhecimento”, com movimentos síncronos ou assíncronos, sendo importante que o conhecimento seja compartilhado. Embora a gestão do conhecimento faça parte de muitos discursos organizacionais e até mesmo se expresse em algumas práticas nas empresas, há evidências de que nem sempre o resultado desta gestão é percebido como fonte de inovação, criação de valor e vantagem competitiva. Contudo, diante dos diversos cenários presenciados na última década é visível a importância que o conhecimento tomou em nossa sociedade, sendo considerado por alguns autores um fator decisivo em ações e investimentos em projetos, produtos e inovação. Segundo SVEIBY (1998), a gestão do conhecimento é a arte de criar valor a partir dos ativos intangíveis da organização. Assim, listamos abaixo algumas características das organizações que estão inseridas no panorama da sociedade do conhecimento. Tabela 1. Características das empresas na sociedade do conhecimento ATRIBUTOS SOCIEDADE INDUSTRIAL MODELO DE PRODUÇÃO ESCALA PESSOAL ESPECIALIZADOS TEMPO GRANDES TEMPOS E RESPOSTAS SOCIEDADE DO CONHECIMENTO FLEXÍVEL POLIVALENTES E EMPREENDEDORES TEMPO REAL ESPAÇO LIMITADO E DEFINIDO LIMITADO E INDEFINIDO MASSA DOS PRODUTOS TANGÍVEL INTANGÍVEL Fonte: CAVALCANTI (2001, p.31) As empresas da Sociedade do Conhecimento têm, em sua identidade, algumas características que são consideradas como diferenciais competitivos e as tornam inseridas no futuro dos negócios. 7 Por fim, compreende-se que a GC utiliza de várias práticas e processos sistemáticos e, após a identificação de quais são adequadas à resolução dos problemas, pode aplicá-las estrategicamente para gerir conhecimento com eficiência. 2.3. Os Capitais do Conhecimento. Na década de 80, SVEIBY (1998) classificou os ativos intangíveis de uma organização em três capitais: humano ou intelectual, estrutural e cliente. Segundo o Centro de Referência e Inteligência Empresarial - CRIE (apud CAVALCANTI, 2001. p.55), os ativos das organizações são classificados em quatro capitais: ambiental, estrutural, intelectual e de relacionamento. Figura 1. Os quatro capitais do conhecimento. Fonte: Centro de Referência em Inteligência Empresarial (CRIE) (apud CAVALCANTI, 2001. p.55) A ordem de apresentação dos capitais não indica grandeza, visto que a importância relativa entre os quatro capitais depende de cada organização, seu grau de desenvolvimento e do tipo de negócio em que está envolvida. De acordo com o Centro de Referência e Inteligência Empresarial (CRIE, 2009), os quatro capitais do conhecimento são conceituados como: Capital Ambiental Define o conjunto de fatores que descrevem o ambiente onde a organização está inserida. Esses fatores são expressos pelo conjunto das características sócio-econômicas da região (nível de escolaridade, distribuição de renda, taxa de natalidade, etc.), pelos aspectos legais, valores éticos e culturais, pelos aspectos governamentais (grau de participação do governo, estabilidade política), pelos aspectos financeiros, como o nível de taxa de juros e os mecanismos adequados de financiamento e pelos aspectos tecnológicos. 8 Capital Estrutural O capital estrutural pode ser definido como um conjunto de sistemas administrativos, conceitos, modelos, rotinas, marcas, patentes e sistemas de informática, que permitem à organização funcionar de maneira efetiva e eficaz. Faz parte do capital estrutural a cultura da organização, ou, em outras palavras, a maneira como uma determinada organização faz funcionar o seu negócio. Capital Humano Este se refere tanto à capacidade, habilidade e experiência quanto ao conhecimento formal que as pessoas detêm. O capital humano não é propriedade das empresas, não pode tornar-se “patrimônio” das organizações. É um ativo intangível que pertence ao próprio indivíduo, mas que pode ser utilizado para agregar valor. Capital de Relacionamento O capital de relacionamento é aquele que valoriza e incentiva uma empresa a estabelecer alianças estratégicas para ampliar sua presença no mercado. Uma organização isolada terá menores chances de alcançar sucesso, observando que, esses relacionamentos, individuais ou institucionais, possuem grande valor e devem ser gerenciados na busca ou manutenção deste objetivo. 2.4. Comunicação na empresa do conhecimento A comunicação é de grande importância para o desenvolvimento de qualquer metodologia nas organizações e falhas de comunicação podem comprometer processos e até o produto final. Entende-se que, em qualquer trabalho de gestão do conhecimento, a comunicação é um dos fatores de sucesso, por essa razão iremos abordar a seguir conceitos que justificam essa afirmativa. As organizações contemporâneas são cercadas por uma série de normas que norteiam as ações internas, assegurando a sustentabilidade e eficácia a que se destina a organização. Porém, é latente a forma como estas normas são tratadas, com tamanho descaso e grande parte nem conhecida pelos executivos que deveriam fazer com que ela fosse seguida incondicionalmente. Segundo KATZ (1976) a comunicação, intercâmbio de informação e transmissão de significado é a própria essência de um sistema social ou uma organização. 9 A comunicação é uma mensagem que pode ser transferida de forma escrita ou verbal e, em grande parte, vem acompanhada de conteúdos emocionais e intelectuais, envolvendo uma via de mão dupla, onde, não necessariamente, os pensamentos são transferidos de forma correta e eficaz, causando a maior parte dos problemas ou falhas na comunicação. Este processo é complexo, quando tratado no cenário organizacional, em que culturas pessoais variadas se encontram e tendem a convergir e divergir ao mesmo tempo, gerando problemas que fogem simplesmente da esfera relacional e transcendem a linha organizacional, afetando diretamente processos, produtos, negócios e demais sistemas que compõem a organização. Segundo WELCH (1999), um dos executivos mais bem sucedidos do final do século XX: • É preciso investir na comunicação. Tempo e dinheiro investidos na comunicação com os funcionários são os melhores investimentos em curto e longo prazo no desempenho empresarial; • A comunicação é o caminho direto para inovação; • A comunicação clara cria expectativas claras. A clareza da comunicação é refletida na clareza das expectativas. Cada vez mais as organizações investem em treinamentos, programas, eventos sociais, workshop4, a fim de propiciar a interação e inter-relação entre empregados. É notório que os bons resultados nos processos de uma organização são conquistados através da comunicação interna, da pró-atividade e da harmonia dos empregados, em face do processo organizacional. Algumas organizações acreditam fielmente no resultado da comunicação interna baseada no endomarketing5, de modo a aperfeiçoar seus processos e inserir novos hábitos e condutas participativas em seus empregados. Alinhado às mudanças organizacionais, percebe-se a necessidade do feedback6 nas organizações, o que também gera um processo mais estimulador e objetivo. 4 Workshop: Reunião de trabalho, ou de treinamento, no qual os participantes discutem e/ou exercitam determinadas técnicas numa área específica: (VOCÊ S/A, 2009) 5 Endomarketing: É uma área diretamente ligada à de comunicação interna, que alia técnicas de marketing a conceitos de recursos humanos. (VOCÊ S/A, 2009) 6 Feedback: consiste no provimento de informação a uma pessoa sobre o desempenho, conduta ou eventualidade executada por ela e objetiva reorientar e/ou estimular uma ou mais ações determinadas, executadas anteriormente. (Adaptado de VOCÊ S/A, 2009) 10 A Volvo Caminhões realiza workshops e treinamentos com seus gestores e coordenadores visando aprimorar cada vez mais a comunicação entre o Board e os empregados da empresa. Segundo Solange Fusco, gerente de comunicação corporativa da Volvo: “As informações chegam aos funcionários por meio dos gestores e para isso eles precisam se comunicar eficientemente”. AVEDIANI (2009). Os principais meios de comunicação encontrados nas organizações são o contato direto, os documentos escritos e os meios eletrônicos. Estes meios estão presentes no cotidiano e se complementam, tornando vital que todos os indivíduos participantes dele tenham habilidade para administrar e transferir informações através destes meios. Quando um destes meios de comunicação não funciona plenamente, todo processo harmônico da organização é colocado em risco, podendo causar perda significativa de conteúdo, prejudicando resultados. Através de estratégias de comunicação bem aplicadas e desenvolvidas uma empresa torna-se capaz de solidificar sua cultura e melhorar a qualidade de vida dos seus funcionários. Conseqüentemente trazendo uma considerável vantagem durante o desenvolvimento de seus produtos. 11 3. O Projeto 3.1. Justificativa Hoje, na era do conhecimento, o conhecimento, propriamente dito, é uma importante arma para a manutenção do sucesso em qualquer mercado. Segundo NONAKA e TAKEUCHI (1997), no contexto de desenvolvimento de novos produtos, as empresas bem sucedidas se caracterizam por sua habilidade de consistentemente criar novos conhecimentos disseminando-os e incorporando-os rapidamente em novos produtos. ROZENFELD (2006) diz que a gestão do conhecimento permeia todas as atividades, sinalizando assim sua importância para o processo de desenvolvimento do produto. Dessa forma é importante que as organizações motivem-se a identificar oportunidades de melhoria nos seus processos a fim de utilizá-los para alcançar resultados mais competitivos, fazendo-os trabalhar em prol da organização. Ante os estudos e teorias, sabe-se que, neste mercado, é comum a prática da melhoria contínua, a fim de obter redução de custo e tempo no desenvolvimento de projetos, além de tornar o produto mais competitivo. Um estudo realizado por JEFREY (2008) aponta que empresas com processos enxutos, como a Toyota, são capazes de lançar produtos de maneira mais rápida, dentro do período que abrange a definição do estilo (design freeze7) do produto até o seu lançamento. Tabela 2. Estudo sobre o tempo e o custo de desenvolvimento Europa Japão América do Norte Toyota Design freeze até lançamento (meses) 26 20 28 15 Investimento em Pesquisa & Desenvolvimento (milhões de dólares) 5,5 5,1 4,8 3,6 Fonte: Adaptado de JEFREY (2008) Na Toyota, OHNO (1997) buscou eliminar os desperdícios de tempo, deslocamento, processamento, transporte e mão de obra, seus estudos culminaram na quebra de paradigmas e criaram o conceito da produção puxada. Este novo conceito diz que não se deve produzir um bem ou serviço sem que exista um cliente (WOMACK, 1998). 7 Fase do desenvolvimento de produtos onde as modificações no estilo do produto são finalizadas. (PEP, 2008) 12 WALLACE (2004) diz que concorrentes da MAN como a Volvo do Brasil já implantaram processos baseados naquele que aparenta ser o futuro dos processos produtivos. E ainda declara que a cultura aberta a mudanças e à atitude para inovação foram os elementos determinantes para o sucesso da implementação da Produção Enxuta na Volvo do Brasil. Segundo RAMESH e TIWANA (1999), desde as necessidades dos clientes até às tecnologias podem mudar radicalmente mesmo durante o desenvolvimento de um produto. Isso demonstra a real necessidade de se produzir de maneira enxuta, iniciando somente atividades que realmente sejam importantes ao processo, visto que, a qualquer momento, o mercado pode sinalizar uma nova necessidade. Esta questão ainda é reforçada pela competitividade na busca de profissionais no mercado. MEISTER (1999) afirma que é possível perceber a preocupação das empresas em reter o conhecimento intelectual de seus colaboradores. É comum os funcionários das organizações gastarem horas ou até dias para encontrar um documento armazenado, justamente porque não há nenhum critério para indexá-lo ou armazená-lo (KOCH, 1998; TERRA, 2001). STEWART (1998) diz que cada um de nós, trabalhadores do conhecimento, passa o equivalente de até três semanas por ano na busca de informações que os outros já têm. A gestão documental, em especial, a eletrônica, é uma das grandes preocupações das corporações nos dias atuais, consoante é o incrível crescimento das informações disponíveis on-line, promovido pelo advento da microinformática (MIRANDA, DUARTE, 1999). Entende-se que é válido disponibilizar aos envolvidos no processo de desenvolvimento do produto todo o acervo de informações possíveis para que este tipo de situação tenha uma ocorrência cada vez menor, visto que, a cada etapa cumprida, maior é o custo de retrabalho caso ele seja necessário. Segundo TOLEDO (1994), se um produto estiver sendo ainda desenvolvido e uma determinada alteração custar P, essa mesma alteração custará 10 vezes mais se o produto já estiver em fase de produção e 100 vezes caso já tenha sido iniciada sua distribuição. Percebe-se que, no cenário organizacional, a interdependência das áreas é inquestionável e faz-se necessário que exista um processo de desenvolvimento claro entre estas, transferindo e disseminando as informações de forma dinâmica, possibilitando resultados mais assertivos. 13 Atualmente, o valor de serviços e produtos são cada vez mais dependentes do seu conteúdo tecnológico, inovação e inteligência. O que mostra um aumento relativo da quantidade de trabalho sobre a informação em relação à quantidade de trabalho sobre a matéria, ou seja, a desmaterialização ou informacionalização do trabalho (MARQUES, 1999). Assim, pode-se afirmar que a gestão do conhecimento torna-se cada vez mais relevante na criação de valor para a sociedade como um todo e para a economia, de um modo específico, além de contribuir para uma gestão de resultados focada no cliente (interno e externo), nos processos e na aprendizagem. Segundo uma pesquisa realizada com um grupo de executivos pela revista HSM Management (2009), 80% dos entrevistados esperam um melhor aproveitamento do conhecimento com a aplicação de práticas de GC, conforme a figura 2 abaixo. Principais benefícios obtidos/esperados com a adoção de GC Melhor aproveitamento do conhecimento já existente 80,2% Diferenciação em relação as demais empresas 76,0% 73,2% Agilidade na tomada de decisão Otimização de processos 62,4% 58,4% Redução de custos Aumento de receita 0,0% 52,1% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% Figura 2. Principais benefícios obtidos/esperados com a adoção de GC Fonte: Revista HSM Management (2009) Entende-se que processos otimizados produzem documentos mais relevantes que, por sua vez, permitem um gerenciamento mais efetivo e direcionado aos interesses das organizações. Dessa mesma maneira, observa-se que a MAN deve buscar a melhor forma de captar o conhecimento criado durante o processo de desenvolvimento do produto, a fim de identificar os seus desperdícios, atuar para a sua gradual ou imediata eliminação, gerenciando assim seu conhecimento eletrônico e propiciando uma base sólida de informações para os futuros projetos. 14 3.1.1. Análise das cinco forças de Porter É importante que a organização conheça o ambiente em que está envolvida para que possa implantar ferramentas e definir metodologias de trabalho e projetos, sempre alinhados à estratégia organizacional. Com esse foco, é fundamental apresentar à organização quais seriam os pontos principais para direcionar recursos e propor soluções que facilitem a gestão diante do objetivo traçado e indiquem um diferencial competitivo frente aos concorrentes e entrantes que, hoje, são as principais ameaças à organização e competem incessantemente em busca de inovações em desenvolvimento, inclusive recrutando profissionais que detêm conhecimento de projetos da MAN. Abaixo segue uma representação (figura 3) que busca demonstrar o ambiente em que a empresa está inserida. Figura 3. Análise segundo as cinco forças de Porter Fonte: O grupo Segundo a teoria de Porter, o ambiente competitivo pode ser avaliado em função de cinco forças: o poder de negociação com os fornecedores e clientes, a ameaça de novos entrantes, concorrentes e substitutos. O conhecimento do cenário em que a empresa está inserida é fundamental para a manutenção de sua sobrevivência no mercado. Com este extrato é possível identificar sua condição em relação ao mercado e consequentemente identificar a melhor estratégia para o crescimento da organização. 15 Concorrentes Estes concorrentes são grandes empresas multinacionais com uma larga tradição no cenário global. Assim como a MAN, elas se desenvolveram no Brasil em função da ampla malha rodoviária do país, produzindo produtos que buscam atender às necessidades específicas das nossas estradas e consumidores. Clientes A mesma competição citada anteriormente entre os concorrentes ocorre, de maneira mais peculiar, com os clientes. Pois os clientes avaliam sempre a melhor relação custo x benefício, forçando as empresas a baixarem seus preços, inová-los ou melhorar sua qualidade. Atualmente eles estão configurados como frotistas e concessionários. Contudo existem também as vendas para o setor público e militar. Estes clientes demandam necessidades específicas como veículos com tração 4x4, ônibus escolares etc. Fornecedores Esta força também conhecida como mercado de insumos deve ser observada com bastante cautela, pois elas exercem grande poder sobre o preço final do produto. Caso um fornecedor de matéria-prima única aumente o seu preço, este valor pode ser acrescentado ao produto final, cabendo à empresa compradora analisar se possui condições para absorver este custo. Com base nesta informação, observa-se que os fornecedores da MAN estão concentrados em sua maior parte no ABCD paulista. No entanto um crescimento do parque industrial no interior do estado do Rio de Janeiro é interessante tanto para a MAN quanto para o governo estadual. Através de incentivos fiscais é possível atrair empresas, que gerarão empregos e riquezas para o estado. Novos Entrantes A atenção a esta força deve ser constante visto que, com a recente crise mundial, o mercado brasileiro tornou-se extremamente atraente a diversas empresas multinacionais. Isto graças a políticas internas que permitiram que o país permanecesse pouco afetado. O mercado de caminhões e ônibus é explorado por diversas empresas há vários anos, porém sempre há espaço para novos entrantes como a IVECO, empresa do grupo FIAT. Apesar de ser uma organização já presente, sua fatia do mercado não crescia desde 16 2005, quando, através de uma reestruturação interna, começou a ameaçar os grandes desenvolvedores deste ramo de negócio. Substitutos A existência de produtos substituídos é algo que deve ser sempre observado pela organização. Caso o cliente opte por buscar soluções em outros produtos, esta opção pode afetar drasticamente os ganhos das empresas. Isso ocorrendo, a organização deve buscar medidas ágeis para a reconquista deste cliente. O Brasil possui uma grande rede rodoviária. Muito embora, este seja um dos meios mais caros para o transporte de cargas. O modal ferroviário vem entrando em evidência nas rodas de discussão e, além da velocidade, possui custos bem mais baixos para transporte de cargas. Esta nova possibilidade faz pensar na criação de caminhões e ônibus que sejam capazes de integrarem este novo cenário. Análise Final Com a análise ambiental foi identificado que, além de grandes concorrentes, a MAN possui um novo entrante com potencial de ameaçar sua posição de mercado. Além disso, temos o cenário em que a empresa não produz seus próprios motores tornando-a um grande cliente das principais fabricantes destes produtos no Brasil, a Cummins e a MWM. Dessa forma seu poder de barganha junto a esses fornecedores é extremamente reduzido e só poderia ser sanado com a construção de sua própria fábrica. Existem ainda os fornecedores que estão fora do estado do Rio de Janeiro, isso quer dizer que, para cada peça comprada junto a eles, estão também embutidos os valores de transporte e pedágio. Este custo ainda não foi mensurado oficialmente, mas profissionais especialistas em logística da empresa acreditam que este valor tem uma grande influência sobre o preço final do veículo, visto que 85% das peças vêm de fora do estado. Caso houvesse um polo industrial próximo à empresa, certamente este custo seria reduzido. Com base nos dados apresentados por essa análise, vê-se que o mercado de caminhões é extremamente competitivo e possui ameaças diversas, forçando as organizações a manterem-se em constante alerta. Assim é de grande importância o desenvolvimento de iniciativas que aumentem a eficiência da organização. 17 3.2. Diagnóstico Entende-se que, para se obter sucesso no mercado altamente competitivo de hoje, as empresas devem produzir cada vez mais rápido, com maior qualidade, menor custo e atendendo aos anseios dos clientes. Todas as empresas nascem com este objetivo, contudo observa-se a existência de organizações que, apesar de demonstrarem este foco, apresentam alguma dificuldade em atender estes requisitos. Por essa razão, a fim de se minimizarem suas fraquezas, as empresas devem se atentar a gerir com mais cuidado o conhecimento gerado em seus processos internos. RATCLIFFE (2005) discorre que as empresas devem começar a reconhecer que os seus dados ou documentos de negócio (conhecimento) são críticos para a manutenção de sua estabilidade econômica. As razões que levam essas empresas a este quadro são as mais variadas. Existem organizações que não observam as mudanças de seus clientes, há aquelas que estão tão atreladas ao seu processo de trabalho que não percebem as novas tendências de mercado, por exemplo. Dentre estas empresas, encontra-se a MAN. Líder de mercado em diversos segmentos do setor caminhões e ônibus, mas que, apesar desta posição no mercado, possui problemas relativos à gestão da sua memória, ou seja, seu conhecimento. Documentos gerados por outros projetos não são armazenados de forma adequada, ocasionando dificuldades na sua reutilização. No contexto da gestão do conhecimento, entende-se que há uma perda significativa de conhecimento tanto tácito quanto explícito, em que é compreendido que este conhecimento deveria ser utilizado para se obter benefícios para a organização. Vêem-se documentos sendo recriados, funcionários atuando na solução dos problemas com informações defasadas, documentos que deveriam ser registrados e apresentados, mas não o são. Segundo BALDAM (2004), documentos como arquivos de texto, planilhas e apresentações eletrônicas organizados de maneira desestruturada não auxiliam na tomada de decisão, caracterizando aumento de custos, retrabalhos e diminuição da eficiência da corporação. Observa-se que, para obter qualquer tipo de gerenciamento sobre os projetos, os quais geram por sua vez os documentos eletrônicos, torna-se necessário um guia, ou seja, um mapa que indique qual é o caminho a ser percorrido para se atingir o objetivo estabelecido na empresa. A MAN dispõe de um guia com essas características oriundo da 18 Volkswagen, este guia é conhecido como PEP8. Nele estão descritas as atividades e etapas que visam garantir que o produto desenvolvido atenda aos requisitos mundiais da marca, conforme a figura 4. Devido a questões de confidencialidade iremos expor o processo de desenvolvimento da MAN superficialmente, visto que o foco deste projeto não é propor um novo processo de desenvolvimento do produto, mas sim uma revisão do processo atual. Figura 4: Processo de desenvolvimento do produto MAN Fonte: (Adaptado de PEP, 2008) A seguir, o significado das siglas citadas na figura 5: • MP – Missão do produto; • DP – Definição do Produto; • AC – Aprovação do Conceito; • LC – Liberação de Compras; • LL – Liberação de Lançamento; • VTP – Veículo de Teste da Pré-série; • S0 – Série Zero; • SOP – Início da Produção (Start of Production). Este procedimento foi desenvolvido pela Volkswagen Alemanha e é referência para todas as plantas do grupo. Devido às peculiaridades entre o processo produtivo de automóveis e caminhões, foi permitido que a VWCO (agora MAN) realizasse alterações a fim de adequar o PEP à realidade da planta de Resende. Durante a pesquisa realizada para este projeto, foi observado que as demais plantas no mundo seguem fielmente o procedimento definido. Contudo, mesmo com um processo de desenvolvimento do produto adequado às condições de desenvolvimento, na unidade Resende, verificam-se quadros de perda de conhecimento gerados pela não utilização do PEP. 8 PEP – Processo de desenvolvimento do produto (em alemão: Produkt Entstehungs Prozess) (PEP, 2008) 19 Há ainda na empresa, um documento complementar ao PEP chamado Mapping Chart9, ele contempla todos os documentos que precisam ser apresentados em cada uma das etapas do PEP e é uma referência para o gerenciamento de projetos na MAN. Nele destacam-se documentos que nascem no início do processo de desenvolvimento do produto e vão sendo acompanhados até o final do projeto, como por exemplo, documentos com status financeiro e técnico das peças do projeto. Também há aqueles que são utilizados apenas em uma determinada fase, mas que, apesar disso, são de grande importância para a continuidade do projeto, como por exemplo, o TCD – Descrição técnica do conceito (em inglês, Technical Concept Description). Efetuando uma análise mais apurada, verifica-se que parte dos funcionários da empresa não conhece o PEP MAN, ou tem um conhecimento limitado à etapa na qual está envolvido. Tendo como base esta informação, entende-se que não há, entre os funcionários, uma compreensão total do seu papel no processo, não há uma percepção das consequências de seus atos nas próximas etapas. O PEP é um guia seguro para o desenvolvimento de produtos e sua utilização garante o atendimento dos objetivos do projeto. Este procedimento foi aprovado pelo Board10 da organização, ou seja, o CEO11, os diretores e gerentes e que eles têm a compreensão da importância de sua utilização, contudo nota-se que a cobrança pela sua utilização não é efetiva. É entendido que todos estão focados em atingir os resultados, mas também são responsáveis pelo emprego dos procedimentos, pois são estes que asseguram a sustentabilidade da empresa. Dessa forma compreende-se que a cobrança pela utilização do PEP deve seguir conforme a figura 5. 9 Mapping Chart: Registro que destaca os documentos necessários em cada etapa do processo de desenvolvimento do produto. 10 Board – Conselho Diretor: é constituído pelo grupo de executivos responsáveis pelas decisões estratégicas da organização. (VOCÊ S/A, 2009) 11 CEO – Chief Executive Officer: É o cargo mais alto da empresa. É chamado também de presidente, principal executivo, diretor geral, entre outros. Quando existe um presidente e um CEO, o primeiro é mais forte. (VOCÊ S/A, 2009) 20 Figura 5: Processo de cobrança do PEP. Fonte: O grupo Segundo HARRINGTON (1993), 94% das falhas no produto final são oriundas de problemas de processo contra 6% vindos de outras causas. Assim, recomenda-se que a cobrança pela utilização dos procedimentos de desenvolvimento de produtos da organização deve ser de cima para baixo, ou seja, deve-se seguir dos executivos para seus subordinados. Um aspecto que merece ser observado é a questão cultural. Como foi dito antes, os procedimentos do PEP são fielmente seguidos nas demais plantas. Não por acaso a maior parte destas unidades estão localizadas na Europa, mais precisamente na Alemanha. Os alemães são conhecidos por ser um povo extremamente fiel ao cumprimento de normas, sejam elas inerentes ao convívio social ou corporativo. Sendo esta uma das características identificada como uma das razões do seu sucesso na matriz. O povo Brasileiro é conhecido pela sua habilidade inovadora e criativa, extremamente prático e versátil, mas esta versatilidade, em alguns momentos, pode ser traduzida como fuga de procedimentos. Não há uma inserção eficaz do funcionário à cultura da empresa. Por essa razão, as questões, relacionadas acima como problemas da organização, ocorrem. O fato de não se seguir um procedimento de desenvolvimento padronizado na empresa acaba também por gerar diferentes tratativas dentro das áreas. Como estes processos não estão alinhados aos da organização quando há atividades que envolvem diferentes setores, esses geram ruídos e divergências. Além disso, não há garantia de que a distribuição da informação atualizada seja feita de forma coerente, ou seja, a quem realmente precise. 21 Atualmente, aquele funcionário interessado em seguir os procedimentos da empresa também encontra dificuldades, visto que não há uma ferramenta única que permita a pesquisa de todos os procedimentos. Existem ações isoladas que focam em alguns processos da empresa, mas não são práticos e não permitem uma pesquisa rápida e intuitiva. Iniciativas para a centralização dos documentos e procedimentos da organização foram criadas na MAN, ao longo dos anos, mas pela falta de apoio por parte dos executivos, por serem propostas restritas a processos específicos e pelas demais questões citadas nos parágrafos anteriores, essas ações acabaram não sendo efetivas e caíram em descrédito. Analisando os processos da empresa no contexto do GED (gerenciamento eletrônico de documentos), percebe-se que grande parte dos dados de negócio não está armazenada em sistemas corporativos, mas nos computadores e notebooks de seus empregados. Atualmente o procedimento de cópias de segurança não é uma prática obrigatória na MAN, dependendo unicamente do interesse do usuário em realizá-las. Isso propicia situações em que um grande volume de informações pode ser perdido, como dano de disco rígido do computador do usuário, mudanças de setor mal planejadas, entre outras razões. Com base nestas informações, pondera-se que os documentos não estão disponíveis a qualquer momento e que o acesso a eles depende fortemente do usuário, já que por limitações do sistema operacional este compartilhamento só pode ser realizado sistemicamente. Segundo GILBANE (2009), 80% das informações eletrônicas das empresas se encontram em documentos, ou seja, de maneira não estruturada, sendo o restante armazenado em bancos de dados, estes considerados informações estruturadas. Qualquer organização com este cenário pode ter seu processo decisório comprometido pela falta de acesso a dados relevantes e estruturados. Segundo RATCLIFFE (2005), um planejamento efetivo na implantação de ferramentas de Tecnologia de informação pode trabalhar a favor para se reduzirem os custos operacionais e maximizar a alocação de funcionários, além de garantir o acesso a documentos sempre que necessário. Culminando numa estrutura mais eficiente e enxuta, podendo minimizar o impacto da perda de capital humano no negócio. O custo por se desenvolver projetos dessa forma pode ser mensurado, mas cabe ao responsável pelo setor gerar indicadores que mostrem isso. Por exemplo, dentro da engenharia, um documento que pode ser utilizado para este fim é o AEKO12. Para explicar esse documento é preciso entender que, no processo de desenvolvimento do produto, 12 AEKO – Controle de modificação de produtos. (Em alemão: Änderungs Kontrolle). (PEP, 2008) 22 existe uma etapa em que todas as peças devem estar testadas e validadas pela engenharia. Após este momento, processos de diversas áreas são iniciados (ex. compras e manufatura). Contudo há situações em que uma peça precisa ser modificada, quando isso ocorre, o engenheiro precisa criar um AEKO. Este documento consta o que será modificado e segue um fluxo de aprovação que requer a atenção de todas as áreas envolvidas no processo. O tempo gasto com a aprovação de um AEKO ainda não foi mensurado. Porém a assistência deste documento no projeto requer tempo de funcionários de diferentes áreas. Este tempo deveria ser utilizado no desenvolvimento ou na gestão de outros projetos. Observa-se que, na organização, não há uma advertência eficaz ao responsável pelo retrabalho por parte do seu gestor. Dessa forma o funcionário que passa por esse retrabalho não vê problemas em utilizar-se da AEKO, visto que este procedimento deveria ser utilizado somente em situações específicas e com muito critério. Da mesma forma como não há atenção aos retrabalhos da empresa, tampouco existe mérito para aqueles que trabalham de forma correta, a não ser o reconhecimento dos colegas de trabalho. Além dos fatores supracitados, existem ainda problemas relacionados à comunicação interna. Procedimentos informando o status dos projetos em desenvolvimento não estão acessíveis a todos que necessitam da informação. Com isso, atividades vitais para a continuidade do desenvolvimento podem ser acionadas tardiamente, e por consequência retardar o lançamento do produto. O processo de comunicação dentro das empresas deve ser considerado como algo extremamente importante, pois este é um dos principais meios para se disseminar o conhecimento e as informações. PERSONA (2009) define que uma comunicação interna eficiente dissemina a cultura da empresa uniformemente e até a aprimora com as contribuições individuais. Certamente, a velocidade requerida pelo mercado por novos produtos acelera o desenvolvimento interno das empresas, dificultando o cumprimento dos procedimentos. Por essa razão o processo de desenvolvimento de produtos deve ser cada vez mais enxuto de modo a garantir que somente o que é realmente importante ao processo seja feito, da melhor forma possível e com o menor custo, contribuindo para o equilíbrio da estratégia da empresa, eliminando ameaças e fraquezas e potencializando e capitalizando oportunidades e forças. 23 3.3. Plano de Ação Na busca pela inovação, insumo possibilita que novos produtos sejam criados, procedimentos bem definidos são de grande valor, pois, por meio deles, a empresa prospera e avança rumo ao sucesso. Após a análise do diagnóstico da organização e do mercado onde ela está inserida observa-se que ações para gerir o conhecimento eletrônico são importantes para a sua sustentabilidade. Assim as ações deste projeto baseiam-se em duas etapas distintas, a primeira delas fundamenta-se no alinhamento do grupo executivo da empresa à realidade de mercado, em que o acompanhamento dos procedimentos internos é vital para o desenvolvimento do histórico corporativo que, por sua vez, gera a base de conhecimento da organização. Em seguida, propomos uma revisão dos procedimentos do PEP, embasados na necessidade de atualizá-los e adequá-los à sua nova condição, visto que agora ela faz parte do grupo MAN. Por meio da aplicação de conceitos da metodologia PMBOK (2004), esperase realizar o mapeamento de processos, baseados também nas premissas da produção enxuta13. Esta análise torna-se importante devido à sinergia criada entre as suas divisões, onde peças de um mesmo projeto podem ser desenvolvidas no Brasil e na Alemanha. Igualmente a decisão final sobre determinadas peças pode ser tomada na matriz da organização. 3.3.1. Convocação dos executivos Assevera-se que uma das razões pelas quais a gestão dos documentos eletrônicos da empresa não é eficaz dá-se pelo fato de não existir um estreito acompanhamento por parte dos gestores da organização aos procedimentos do PEP. Grande parte do contingente de gestores da MAN é formado por profissionais que têm em sua origem uma base técnica muito forte. Por essa razão são muito mais focados nos produtos em contrapartida aos processos. Em geral as organizações premiam funcionários, técnicos com cargos de supervisores e gerentes, dado o seu bom desempenho. Contudo, constata-se que, nessa função, esse profissional terá atribuições diferentes das suas habituais. Ele terá responsabilidades de preparar, motivar e guiar sua equipe. No entanto, na maior parte dos 13 Produção Enxuta é um termo utilizado para descrever a abordagem da Toyota para o desenvolvimento de produtos que defende a perfeição: custos continuamente decrescentes, máxima qualidade, zero excesso de inventários e variedade ilimitada de produtos. (WOMACK, 2004) 24 casos, observa-se que estas atividades não são atendidas dado ao fato desse profissional não ter sido devidamente preparado. Desta forma a empresa perde duas vezes, perde um profissional técnico diferenciado e perde por atribuir responsabilidades ao profissional não devidamente habilitado para o cargo. Segundo MUSSAK (2009), mais que um tempo de mudança, hoje vivemos uma mudança de tempo. Entende-se que é importante o foco no produto, mas na era do conhecimento, cada vantagem obtida, seja ela em que processo for, pode produzir o diferencial no momento da escolha do cliente pelo seu produto ou pelo concorrente. Dentro da filosofia da produção enxuta da Toyota, Kiichiro Toyota (apud OSONO, 2008) diz: “Nós estamos trabalhando para fabricar produtos melhores fazendo melhorias todos os dias.” Ainda sobre este conceito, WOMACK (2008) diz que o objetivo da gerência é passar aos empregados problemas cada vez mais desafiadores, testando continuamente suas habilidades, mesmo não sendo possível, a exemplo do ocidente, uma promoção para um grau superior, digamos para chefe de uma seção ou gerente da fábrica. Entende-se que o sucesso deste projeto está fortemente ligado à sensibilização dos executivos da empresa. Assim ele é iniciado com uma convocação à realidade organizacional quanto à gestão dos documentos eletrônicos. Por meio de um workshop, temos como objetivos: • Reapresentar o processo de desenvolvimento do produto, destacando brevemente cada etapa e sua função; • Criar um ambiente de debate saudável, que motive a discussão dos procedimentos do PEP; • Demonstrar os benefícios em seguir os procedimentos de desenvolvimento. Esta reunião de divulgação deverá atrair todos os executivos da empresa envolvidos no processo de desenvolvimento de produtos, considerando integralmente todas as áreas, inclusive as que não são diretamente afetadas no desenvolvimento de produtos. Por meio desta prática a organização estará habilitando-se a armazenar e conhecer o seu histórico e aliar conhecimento técnico ao conhecimento gerencial. 25 Com a utilização do PEP, espera-se criar uma base de conhecimento conforme a figura 6. Figura 6. Geração de conhecimento com a utilização do PEP Fonte: O grupo Nesta etapa é necessário que os executivos das áreas definam representantes para o time de revisão dos processos. Será proposto que os méritos dos executivos sejam vinculados não somente à realização dos resultados, mas também ao acompanhamento das normas e procedimentos da empresa. Desse modo aqueles que atingem os objetivos alinhados à empresa irão obter maior destaque, motivando os demais a seguirem seu exemplo. Beneficiando toda empresa no nível tático, estratégico e operacional. Abaixo são apresentadas algumas práticas de meritocracia destacadas pelo presidente do conselho administrativo da AMBEV, Marcel Telles (2009), aplicadas em sua empresa, as quais também podem ser inseridas na MAN. Sugere-se: • Definição de metas específicas alinhadas ao mercado; • Orientação, avaliação e feedbacks regulares dos funcionários; • Aplicação de remuneração variável; • Reconhecimento público; • E, principalmente, transparência no processo. A transparência é imprescindível. Estes conceitos não devem estar escritos apenas em placas fixadas na parede ou em procedimentos e normas, é preciso que eles estejam nas ações realizadas todos os dias. 26 Recentemente a Secretaria de Educação de São Paulo aprovou um novo plano de carreira para seus professores. Segundo Paulo Renato Souza, secretário de Educação de São Paulo: “O Plano de São Paulo não é apenas elevar os salários, o que é um chamariz por si só, mas faz isso reconhecendo, por meio de avaliações, o mérito dos melhores professores. Ou seja: Esforço e talento serão premiados, estímulo que a carreira não tinha.” (SOUZA, 2009. p.22) Neste programa apenas 20% dos professores serão premiados a cada ano, devido a questões orçamentárias, contudo, com sua implantação espera-se: • Promover uma competição saudável; • Incentivar a capacitação dos professores; • Premiações sem apadrinhamentos; • Diminuição do número de ausências injustificadas dos professores; Compreende-se que um processo de meritocracia não necessariamente está alinhado apenas à remuneração como foi apontado anteriormente na AMBEV, o reconhecimento público pode ser suficiente em alguns casos. Uma placa de reconhecimento, um quadro de funcionário do mês, um troféu, são outros exemplos dessa valorização. Tão importante quanto a definição das regras, é a orientação e o acompanhamento dos executivos sobre a evolução do processo. Segundo LINS (2009), consultor da PWC (PricewaterhouseCoopers) este é o ponto fraco de grande parte das empresas, pois é justamente nesta etapa que o resultado e o desenvolvimento profissional acontecem. E afirma que o tempo dedicado pelos executivos neste tipo de ação situa-se abaixo das 40 horas/ano, número que eles próprios, segundo o artigo, consideram insuficiente. LINS (2009) diz que: O tempo de dedicação, mais do que as dificuldades na capacitação do gestor para as atividades do processo, parece ser o grande gargalo para a melhoria desta prática nas empresas. 3.3.1.1. O papel do gerente do projeto Segundo o PMBOK (2004), o gerente de projetos é a pessoa responsável pela realização dos objetivos do projeto. Para CLELAND E IRELAND (2002) este profissional deve atuar tanto como gerenciador, como líder do projeto. No que tange gerenciamento do projeto, ele deve se assegurar sobre três variáveis de controle: escopo, custo e tempo. 27 Escopo – São os requisitos técnicos requeridos para o produto ou serviço desenvolvido no projeto; Custo – Quanto será gasto no desenvolvimento do projeto; Tempo – Tempo requerido para se finalizar as atividades atreladas ao projeto, e o projeto propriamente dito; Dentre as várias atividades designadas a este profissional destacam-se: • Identificação de necessidades; • Estabelecimento de objetivos claros e alcançáveis; • Balanceamento das demandas conflitantes de escopo, tempo e custo; • Adaptação das especificações, dos planos e da abordagem às diferentes preocupações e expectativas das diversas partes interessadas. Algo que os executivos das organizações devem observar em seus gerentes de projeto é a tênue linha entre os seus objetivos e o poder. Há aqueles que buscam mais fortemente a obtenção de poder, em contrapartida à obtenção de resultados. Segundo BARROS (2003), 53% dos executivos brasileiros concordam com a afirmação. Foi apresentada até aqui a aplicação de diversas técnicas para se atingir o objetivo de gerir os documentos eletrônicos dos projetos, mas cabe a este profissional, garantir que o projeto atinja o seu objetivo. Para isso ele deve se ater fortemente aos pontos de controle do projeto, estabelecidos ao longo da fase de planejamento. Pois estes pontos são os indicadores que mostrarão se o projeto está dentro do planejado. 3.3.2. Mapeamento dos Processos 3.3.2.1. Equipe de Gestão do Conhecimento Após a conscientização dos executivos da organização sobre o seu papel no processo de gestão de documentos, faz-se necessária a criação do time que será responsável pela revisão, manutenção e divulgação dos processos revisados nesta etapa. É destacado que os integrantes já terão sido definidos na etapa anterior. Esta equipe de GC terá como principal objetivo conduzir o processo e assegurar o cumprimento integral do que será definido e, por isso, é indispensável que seja multidisciplinar, para envolver áreas e profissionais distintos, garantindo maior abrangência organizacional e eliminando aspectos restritivos ligados à “vaidade” empresarial. 28 Nesta etapa, o trabalho deve ser constante e motivador e caracterizado, principalmente, pela disseminação dos objetivos, capacitação de novos integrantes e compartilhamento de conhecimentos. A formação da equipe de GC deverá seguir dois preceitos básicos, conforme descrito abaixo: 1º) Período de inserção Período em que os novos integrantes receberão treinamento e ambientação à metodologia abordada. Para este deve-se considerar um workshop de pelo menos 8 horas. 2º) Período de Acompanhamento A equipe de GC deverá acompanhar os indicadores das áreas reunindo-se quinzenalmente, ou sempre que necessário, para revalidar cronogramas, rever conceitos e aplicar melhorias para eficácia do programa. 3.3.2.2. Revisão do processo de desenvolvimento do produto Percebe-se que, para obter o gerenciamento do conhecimento eletrônico, é preciso compreender todo o processo de desenvolvimento do produto. Um processo deste gênero é bem abrangente, porém por questões de confidencialidade aos procedimentos da empresa iremos tratá-lo de forma mais genérica, mas de maneira que seja igualmente eficaz e explicativo. Segundo o PMBOK (2004), o ciclo de desenvolvimento de um produto ou serviço segue as etapas de: conceituação, planejamento, implementação e finalização. Cada uma destas etapas possui processos internos que geram insumos para a sua evolução, ou seja, o atendimento da próxima etapa. Segundo Rummler Brache (apud CURY, 2000), processo é um conjunto de atividades, com uma ou mais espécies de entrada que cria uma saída de valor para o cliente. Para se atingir o objetivo de gerenciar os documentos da empresa, é válido que seja feita uma análise verificando se os processos em utilização possuem saídas “agregadas” de valor, ou seja, que este extrato tenha utilidade. Do contrário supõe-se que este processo pode ser descontinuado liberando recursos estruturais e humanos onde ele realmente seja necessário. 29 Baseados no conceito acima deve-se verificar cada processo do PEP atual e verificar se seus sub-processos internos estão atualizados de modo a gerar valor, e se seus extratos, ou seja, seus documentos possuem um repositório definido. Na figura abaixo segue um exemplo dos documentos gerados nos processos-macro do processo de desenvolvimento do produto. Figura 7. Exemplo de documentos do processo de desenvolvimento de produtos Fonte: O grupo O cumprimento das etapas do PEP irá garantir o desenvolvimento do projeto dentro do tempo estimado, com custos controlados e atendendo às características técnicas definidas. De acordo com LIVIERO e KAMINSKI (2009), o fluxo de informação não depende meramente de ações individuais, mas de gerenciamento apropriado das rotinas. Nos próximos itens, são propostos a padronização dos processos, a revisão do fluxograma da atividade, definição do meio de armazenagem e por fim os indicadores e pontos de controle dentro do projeto. E também um plano de comunicação para garantir que todos os envolvidos no PEP tenham ciência dos procedimentos propostos pela equipe de GC. 3.3.2.3. Padronização Nos dias atuais, observa-se que a padronização de processos está presente em diversos segmentos da sociedade e das organizações. Contudo, mesmo dada a importância do tema, vemos que no Brasil não há muita literatura disponível sobre o tema educação e treinamento das pessoas que ocupam cargos de diretorias. Segundo CAMPOS (1992), “nas raras empresas que se consideram padronizadas, este assunto tem sido relegado aos técnicos quando, de fato, é um encargo essencialmente gerencial”. LIVIERO e KAMINSKI (2009) conceituam que a padronização é uma atividade que deve ser centralizada sob a responsabilidade de uma equipe. No entanto isso não quer dizer 30 que ela deve ser realizada de maneira isolada. A participação das áreas afetadas é importante, visto que este é um processo de aperfeiçoamento e treinamento contínuos. MIYAUCHI (apud CAMPOS, 1992) recomenda atenção aos seguintes pontos na padronização de novos processos: • Formalizar o novo processo em documentos formais e controlados; • Anunciar sua data de implantação; • Buscar estender o novo procedimento a todas as áreas envolvidas. • Planejar o treinamento para o novo procedimento; Um ponto importante da padronização é a manutenção da disciplina, pois de nada adianta criar processos padronizados sem que os funcionários o utilizem, o que reforça a importância de que essa mudança ocorra no nível da cultura organizacional. Com base nestes exemplos, verifica-se que a preocupação com a padronização de processos vem sendo discutida desde a antiguidade, mas sempre com o foco de alcançar a excelência na produção de produtos e serviços até os dias de hoje. 3.3.2.4. Fluxograma do processo OLIVEIRA (2002) define o fluxograma como uma “representação gráfica que apresenta a sequência de um trabalho de forma analítica, caracterizando as operações, os responsáveis e/ou unidades organizacionais envolvidos no processo”. Além da padronização do processo é importante garantir que a informação sobre as mudanças seja divulgada da melhor forma possível. Assim, torna-se necessário que, de alguma forma gráfica, o fluxo do processo seja explicitado. A confecção de instruções de processo torna-se uma das formas mais eficazes de formalização de processos. Esta ferramenta apresenta-se atrativa visto que, para o desenvolvimento de um fluxograma, não é necessário um treinamento extenso. Para a execução desta atividade é recomendável a adoção de um padrão unificado para todos os fluxogramas. Assim pode-se garantir que os símbolos dos fluxogramas permitirão sempre a mesma interpretação. Abaixo seguem outras indicações que visam garantir o entendimento do processo. • Iniciar no sentido de cima para baixo, da esquerda para direita; • Evitar o cruzamento de linhas; 31 • Escolher um padrão (ex.: Padrão ANSI14, ASME15) • Criar uma numeração sequencial das etapas para permitir referências. “Os fluxogramas mostram como as coisas são feitas, e não como o chefe diz aos funcionários que a façam; não a maneira segundo a qual o chefe pensa que são feitas, mas a forma pela qual o manual de normas e procedimentos manda que sejam feitas. Eles são, portanto, uma fotografia real de uma situação estudada.” (OLIVEIRA ,2002). A equipe de GC deve verificar se todos os processos do PEP atendem aos requisitos citados acima, de modo a garantir o atendimento dos requisitos mínimos para a sua compreensão. Desta forma destacam-se abaixo algumas vantagens da aplicação desta proposta: • Padronização da representação dos processos corporativos; • Maior facilidade na interpretação e leitura; • Identificação de duplicidade de procedimentos; • Identificação de gargalos; • Possíveis desconexões de processos. De modo a garantir que o conhecimento adquirido na melhoria de um determinado processo não seja perdido após sua revisão, sugere-se que as modificações sejam armazenadas em forma de versões pela equipe de GC. Cada nova modificação deverá destacar o que foi modificado e por quê. Deste modo realiza-se a “gestão do conhecimento” da revisão dos processos. Gerenciando o conhecimento adquirido durante a revisão dos processos criamos um ciclo que cresce a cada nova revisão, conforme a figura 8. 14 15 American National Standards Institute American Society of Mechanical Engineers 32 Figura 8: Ciclo de aplicação do conhecimento na otimização dos processos Fonte: Adaptado de PAIM (2007) Neste ciclo apresenta-se a condição em que a experiência dos agentes envolvidos no processo torna-se parte da experiência do grupo. Cada integrante aplica seu conhecimento tácito ou explícito no processo em desenvolvimento, seja ele da Equipe de GC (1) ou do responsável pelo processo (2), o resultado (3) desta união reflete-se numa experiência compartilhada entre todos os envolvidos a qual é novamente aplicada nos demais processos. Através deste ciclo tem-se: 1) Conhecimento sobre o processo: nesta etapa o agente é a equipe de GC, a qual possui conhecimentos para o desenho do processo. 2) Conhecimento sobre gestão do processo : O agente desta etapa é o gestor do processo, ele tem experiência para aprimorar o processo mesmo quando implantado. No entanto todas as alterações devem ser comunicadas à equipe de GC a qual efetuará o registro de modificações da versão. 3) Conhecimento derivado do processo: Não há agentes diretos nesta etapa, contudo todos os envolvidos são beneficiados. Aqui o aprendizado é dividido após a implantação do processo. 3.3.2.5. Gerenciamento Eletrônico de Documentos No universo das empresas é comum deparar-se com situações em que os documentos de projetos encontram-se dispersos na organização, seja nos computadores dos usuários, pastas ou armários. Com essa condição o conhecimento produzido pela 33 empresa ao longo de seus desenvolvimentos fica exposto a diversos problemas que podem culminar na perda de informação. A seguir é apresentada uma tabela comparativa entre atividades de recuperação de documentos quando armazenados em papel e no GED (Gerenciamento eletrônico de documentos). Nela será possível analisar ganho de eficiência que a empresa pode ter organizando seus arquivos conforme os conceitos do GED. Tabela 3. Comparativo entre atividades de recuperação de documentos em papel e GED Atividade Papel GED São armazenados em armários e pastas Documentos são digitalizados para gerar imagens Uso de mais de uma forma de armazenar documentos ou arquivos setoriais Cópias são feitas e armazenadas em diversos arquivos Busca por índice de diferentes maneiras para localizar o mesmo documento. Sem limite físico Recuperação Exemplo de fácil consulta: ir até a sala do arquivo, encontrar o documento, removê-lo, ir à copiadora, fazer a cópia, retornar o original ao local de origem Ir ao computador, pesquisar pelo índice desejado, visualizar e imprimir. Tempo de recuperação Desde vários minutos até semanas Segundos Distribuição do documento Malote, correio interno Via mensagem eletrônica ou e-mail Espaço exigido para armazenamento (documentos por m³) Alguns milhares Milhões Potencial de perda de documentos Alto Mínimo Impacto na infraestrutura dos computadores Nenhum Alto Impacto no sistema atualmente em uso Nenhum Potencialmente alto – pode requerer revisão de processos Capturar um documento Fonte: BALDAM (2007, p.40) Com as informações da empresa armazenadas de maneira não-estruturada, percebe-se que o conhecimento produzido até o presente momento deixa de ser utilizado pela falta de uma organização apropriada. 34 De acordo com BALDAM (2007), GED é a tecnologia que provê um meio de facilmente se armazenar, localizar e recuperar informações baseadas em documentos e dados eletrônicos, durante todo seu “ciclo de vida”. O ciclo de vida de documentos, segundo BRIGNALL (apud ARAÚJO, 2001), pode ser entendido como um padrão cronológico cuja extensão varia de acordo com a natureza do documento. Em geral é analisado segundo quatro fases: Lançamento, crescimento, maturidade e declínio e considera como variáveis ambientais a missão e a estratégia da organização. Os principais objetivos de aplicação GED são: • Gerenciar os documentos da empresa; • Criar um ambiente seguro para arquivamento de documentos digitais; • Ser um meio fácil para compartilhar informações; • Apresentar relatórios sobre documentos que possuem o seu ciclo de vida vencido; • Garantir que situações como desligamentos e job rotations16 não prejudiquem o andamento dos projetos; • Assegurar acesso aos documentos àqueles que realmente o demandam; • Criar bancos de conhecimento para pesquisa de novos funcionários. Acredita-se que, com o estabelecimento de um ambiente favorável na comunicação interna e a padronização dos processos e documentos, a aplicação desta ferramenta propiciará um grande benefício na busca dos documentos e projetos arquivados. 3.3.2.6. Pontos de Controle De acordo com SINK e TUTTLE (apud ARAÚJO, 2001), o desempenho de uma organização é função de uma complexa interação entre sete critérios: eficiência, eficácia, qualidade, produtividade, qualidade de vida no trabalho, inovação e lucratividade. Deste modo a fim de possibilitar a gestão dos processos organizacionais é necessário que sejam definidos indicadores que possibilitem a mensuração e a evidência de seu cumprimento, garantindo a correta aplicação e eficácia dos processos existentes. Para a definição dos indicadores é proposto o esquema abaixo: Definição do Objetivo: Deve-se detalhar claramente qual o objetivo de determinado processo. 16 Job Rotation: Rodízio promovido pela empresa, para que o funcionário possa adquirir novos conhecimentos em setores diferentes. (VOCÊ S/A, 2009) 35 Definição do Indicador: Podem-se utilizar vários indicadores, visando obter a evolução em cada etapa das atividades do processo. • Indicadores de Eficiência: Tempo, esforços e custos. • Indicadores de Eficácia: atingimento da medida correta esperada. • Indicadores de Ocorrência: deverá ser observado o cumprimento de determinado item. Na figura a seguir é possível observar a aplicação dos indicadores para atingir os objetivos de cada processo organizacional, agregando valor ao negócio e enriquecendo cada vez mais o processo de inovação. Figura 9: Aplicação de indicadores Fonte: Extraído da Apresentação Construindo Indicadores de Desempenho – Workshop IBC 2006. Na análise contínua da figura 9, o monitoramento dos processos gera o diferencial competitivo e assevera mais agilidade e mobilidade para implantação de novos processos, rotinas e atividades. Com este monitoramento tem-se a avaliação imediata de desconexões, evitando desvios e perdas de prazos, repetição de erros. Neste ciclo é possível acelerar o alcance de metas organizacionais. Durante o planejamento do projeto, são definidos quais documentos serão requeridos para o controle do projeto, ou seja, de acordo com o conteúdo dos documentos, o projeto estará apto a evoluir para a próxima etapa. Assim segundo MEYER (apud ARAÚJO, 2001), estes indicadores devem ser simples, enxutos e padronizados. Dessa forma podem-se definir os pontos de controle do projeto delimitados, conforme o exemplo a seguir: 36 Figura 10. Pontos de controle do processo (visão macro). Fonte: O grupo • C1- Controles de subprocesso: controlam as saídas dos subprocessos e/ou funções. • C2- Controle das Fases Críticas: controlam as saídas de fases específicas; Por meio do acompanhamento destes documentos, é esperado que o caminho para o controle dos projetos seja cada vez menos contaminado por dúvidas. 3.3.2.7. Plano de Comunicação Após a implantação das ações propostas do trabalho, é necessário que o trabalho da Equipe de GC continue, para que não fique caracterizado como uma ação pontual e sem explorar outros potenciais. Assim é proposto um plano de comunicação capaz de disseminar todas as modificações executadas pela Equipe de GC. Esta mudança de processos deve estar sempre alinhada com os gerentes de projeto, visto que estes possuem também o papel de agente de mudanças dentro das organizações. A cada nova modificação apresentada e testada exaustivamente pela equipe de GC, serão necessários workshops com os principais agentes que utilizarão a ferramenta, visando garantir: • Comprometimento em seguir os procedimentos necessários; • Conhecimento da ferramenta e de sua importância para o agente usuário; • Aceitação da nova tarefa na rotina diária, evitando desvios; • Interesse para o sucesso da ferramenta, transferindo energia para o sucesso do projeto. Para manutenção do programa é necessário que a direção da organização, tenha conhecimento dos resultados atingidos, principais pontos e dificuldades. Desta forma é 37 possível manter sempre a aderência do projeto à cultura e estratégia da empresa, mantendo a sustentabilidade de confiança, recursos, credibilidade e apoio organizacional. A divulgação aos clientes finais não necessariamente deve ser feita por meio de reuniões ou palestras. Existem outros meios de divulgação capazes de auxiliar neste objetivo, abaixo listamos alguns: • Clipping eletrônico; • Email; • Informativo eletrônico ou em papel; • Portais corporativos (intranet); • Jornais internos; • Relatórios de atividades mensais ou quinzenais. Período Inicialmente, a divulgação será realizada através de comunicados mensais via email e/ou portal da intranet, apoiados por workshops para o treinamento dos usuários finais a cada nova prática implantada. Podendo ainda ocorrer workshops extras quando necessários para garantir a aderência do projeto à cultura dos funcionários, é possível que as reuniões presenciais ocorram trimestralmente. Os resultados à direção da empresa deverão ser apresentados a cada 2 meses ou quando solicitados pelo Board da organização. Responsabilidade A responsabilidade pela comunicação será da equipe de GC. No entanto, com o sucesso do projeto, acredita-se que outros funcionários entusiastas contribuirão na divulgação junto a suas áreas. Com os casos de sucesso do programa, este ganha espaço e visibilidade na organização, podendo facilmente ser inserido na cultura organizacional, e logo que este processo acontecer, o trabalho árduo de demonstrar a funcionalidade do programa já haverá passado e restará o trabalho constante em prol da inovação e novas ferramentas para a organização. 38 4. Conclusão A MAN, assim como todas as empresas que almejam consolidar-se no mercado nacional, sempre buscou desenvolver produtos com qualidade. Iniciando com produtos para segmentos específicos até atingir sua plenitude em 2009, tendo a oportunidade de ofertar produtos para todos os segmentos do mercado em que está inserida, desde os caminhões leves até modelos extrapesados. Contudo foi observado que todo esse avanço produziu consequências que perduram até hoje, dentre elas está a gestão dos documentos de projeto. No início do trabalho, acreditava-se que se tratava de um problema que poderia ser resolvido por meio da revisão de processos, no entanto, após este estudo, compreendemos que se tratava de algo mais complexo, que permeava entre os capitais estruturais e humanos da organização. Assevera-se que o problema identificado no capital estrutural foi um dos grandes ganhos para a MAN, pois foi discernido que não se tratava apenas de rever os processos da empresa ou criar ferramentas para divulgação, mas tratava-se também de questões relativas à exigência do uso destes processos por parte dos executivos da organização. No que tange o capital humano, este estudo favoreceu ainda mais a empresa, pois ela também é afetada pela perda de conhecimento para o mercado, por meio da saída de colaboradores e por ações de job-rotation, justificando ainda mais a gestão do seu conhecimento de projetos. A utilização de uma ferramenta de GED também é vantajosa, visto que estes documentos, agora gerenciados, necessitam de um local para sua armazenagem adequada. E por meio desta ferramenta será possível resgatar o histórico dos projetos para prospecção de novos negócios. Em relação ao capital de relacionamento, à medida que se aperfeiçoam os processos da organização, melhor fica a relação entre a empresa e seus clientes. Este projeto não foi capaz de solucionar todas as questões levantadas pelo grupo como pontos de melhoria do processo de desenvolvimento do produto, contudo serve como base para o início de novas abordagens. Identifica-se que o mapeamento de competências do time, trabalho aliado a políticas eficazes de meritocracia, maximizariam o desempenho da organização como um todo. Outro ponto não abordado pelo projeto refere-se à aplicação de conceitos de WEB 2.0 vinculada ao GED. Entende-se que esta sinergia pode trazer ganhos para a 39 organização, no sentido de permitir buscas mais eficientes de informações, além de habilitar o relacionamento de documentos por meio de diferentes referências. O desenvolvimento deste projeto permitiu crescimento da organização, do grupo envolvido diretamente no projeto e também das pessoas que nos proviam de informações, por meio de debates internos extremamente saudáveis. Auxiliou também na assimilação dos conceitos do curso e também na divulgação dos conceitos de gestão do conhecimento dentro da organização. Ao final do projeto, é percebido sucesso na aplicação dos conceitos aprendidos durante o curso Diante desses fatos acreditamos que com a aplicação deste projeto a organização terá a capacidade de promover uma melhoria significativa no clima organizacional, além de uma gestão eficaz do seu conhecimento técnico. 40 5. Referências Bibliográficas ARAÚJO, A. O. 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