MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DESMil - DEPA ESCOLA DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR 1º Ten Al DANIELA MAIA DOS SANTOS PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS COMO ALTERNATIVA PARA A REDUÇAO DE CUSTO NA FARMÁCIA DA SEÇÃO DE SAÚDE DA EsFCEx/CMS Salvador 2011 1º Ten Al DANIELA MAIA DOS SANTOS PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS COMO ALTERNATIVA PARA A REDUÇAO DE CUSTO NA FARMÁCIA DA SEÇÃO DE SAÚDE DA EsFCEx/CMS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos da Divisão de Ensino da Escola de Formação Complementar do Exército, como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientador: Cel Weber Salvador 2011 MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DESMil - DEPA ESCOLA DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR 1º Ten Al DANIELA MAIA DOS SANTOS PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS COMO ALTERNATIVA PARA A REDUÇAO DE CUSTO NA FARMÁCIA DA SEÇÃO DE SAÚDE DA EsFCEx/CMS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos da Divisão de Ensino da Escola de Formação Complementar do Exército, como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Aprovado em: ______ / ________________ /2011 _____________________________________________________ Cel R1 José Lindolfo Weber da Silva - Presidente Escola de Formação Complementar do Exército _________________________________________________ Cap Marilda dos Anjos Carvalho – 1º Membro Escola de Formação Complementar do Exército ______________________________________________________ Cap Paulo Sérgio Gomes Fernandes – 2º Membro Escola de Formação Complementar do Exército 1 PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS COMO ALTERNATIVA PARA A REDUÇAO DE CUSTO NA FARMÁCIA DA SEÇÃO DE SAÚDE DA EsFCEx/CMS Daniela Maia dos Santos¹ RESUMO: A melhor alocação dos recursos destinados as farmácias hospitalares está intimamente relacionada com uma gestão de estoques de qualidade. Dessa forma, é preciso que esses recursos sejam alocados de maneira racional, eliminando desperdícios e reduzindo custos. A partir da observação do nível de estoque e dos pedidos de medicamentos para a seção de saúde da Escola de Formação Complementar do Exército e Colégio Militar de Salvador, EsFCEx/CMS, é possível observar a eficiência da gestão de suprimentos da referida seção e analisar a positividade do processo de compras. Sabe-se que é necessário haver um bom planejamento que viabilize uma previsão eficaz, proporcionando uma provisão de qualidade. Sabe-se também que tão importante quanto uma boa aquisição de medicamentos, é a forma correta de armazená-los. De nada adianta realizar uma compra eficiente se existem falhas no acondicionamento desse material. Dessa forma, o trabalho traz uma proposta de organização e padronização dos medicamentos, o método de classificação ABC, com o objetivo de facilitar e tornar mais claro o planejamento e, conseqüentemente o processo de aquisição de medicamentos. Palavras-Chave: Padronização de medicamentos. Custos. Gestão de Estoques. ABSTRACT: The best allocation of resources for hospital pharmacies is closely related to an inventory management quality. Thus, is necessary that these resources be allocated in a rational way, eliminating waste and reducing costs. From the observation of the inventory level and applications for medicines for the EsFCEx / CMS health section, is possible to observe the efficiency of the supply management of this section and analyze the positivity of the purchasing process. It is known that good planning is necessary to make possible an effective prediction, providing a quality provision. We also know that as important as a good buy drugs, is the correct way to store them. There is no point making a purchase efficient if there are flaws in the packaging of this material. Thus, the work brings a proposal for the organization and standardization of drugs, ABC analysis, in order to facilitate and clarify the planning and consequently the process of drug procurement. Keywords: Standardization of drugs. Costs. Inventory Management. 1 Introdução A crise mundial na década de 70 abriu espaço para novas idéias no campo da administração pública. Já no início dos anos 80 o modelo burocrático weberiano de administração mostrava-se inadequado e incapaz de satisfazer as necessidades dos usuários da Administração pública. Além disso, o cenário da época era de restrição orçamentária, o que agravava a situação. Nesse contexto surge a idéia de reforma gerencial do Estado Brasileiro, afastando-se do modelo burocrático indo em direção a novas formas de gerenciamento. Dentre as principais características desse modelo, podemos destacar o aumento da eficácia, eficiência e efetividade da administração pública. Porém, a escassez de recursos ainda é uma realidade presente na administração pública; é um problema com o qual estamos sempre lidando, sendo uma condição inerente à existência do ser humano, tendo em vista que os bens estão disponibilizados de forma limitada. A melhor alocação desses recursos de modo a atender às necessidades ilimitadas dos agentes econômicos está intimamente relacionada com uma gestão de suprimentos de qualidade. Sabemos que os recursos públicos destinados às farmácias ¹ Bacharel em Ciências Econômicas. Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil. [email protected] 2 hospitalares são escassos. Dessa forma, é preciso que esses recursos sejam alocados de maneira racional, eliminando desperdícios e reduzindo os custos. A idéia é simples, ou seja, garantir a máxima eficiência com o mínino de recursos, produzindo uma quantidade ótima (fazer mais com menos). Segundo Novaes (2006), a descoberta de novas doenças e o desenvolvimento de técnicas mais avançadas para o tratamento das mesmas, aumenta a necessidade de investimento no setor, além disso, a tendência é de queda no que se refere ao montante de recursos destinados à farmácia hospitalar. A problemática aumenta se considerarmos o aumento da expectativa de vida da população ao longo dos anos. Cada vez menos recursos são disponibilizados, o que implica em uma redução da oferta. Em contra partida, a demanda aumenta, o que certamente provoca desequilíbrios. Um bom planejamento, aliado a técnicas apropriadas diminuem os impactos negativos dessa condição, proporcionando maior previsibilidade e estabilidade. Tendo em vista essas considerações, e a natureza limitada dos recursos públicos, é razoável propor medidas que visem ao aperfeiçoamento na gestão de suprimentos, de maneira a alocar de modo mais eficiente os meios escassos disponíveis, reduzindo custos e ampliando a capacidade de investimentos. A idéia é identificar mudanças a serem feitas e sugerir uma proposta de melhoria para a farmácia da seção de saúde da Escola de Formação Complementar do Exército e Colégio Militar de Salvador, EsFCEx/CMS, pois segundo Falconi (2009): “Nós, seres humanos, somos avessos às mudanças. Sempre que saímos da rotina nos cansamos e nos estressamos. No entanto, estamos num mundo de mudanças contínuas e nossa própria vida é de um dinamismo às vezes assustador. Uma organização não é diferente. Ela vive num mundo de constante mudança e as pessoas devem estar preparadas para isto.” (FALCONI, 2009, P 89) A metodologia inicial se dará em forma de pesquisa bibliográfica. Será um trabalho qualitativo, visando à interpretação, compreensão e classificação das informações obtidas, por meio de uma revisão bibliográfica sobre gestão de farmácia hospitalar. A fundamentação teórica ocorrerá, principalmente, por intermédio de artigos científicos e publicações literárias sobre o tema. O trabalho se inicia com uma abordagem sobre administração de suprimentos com uma rápida explanação sobre estocagem e armazenagem e, apresenta a sua finalização ressaltando pontos importantes sobre o processo de compras. 2 Administração de Suprimentos Para que se tenha um resultado positivo no que se refere ao processo de compras, é preciso que haja uma gestão de suprimentos de qualidade. É necessário haver um bom planejamento que viabilize uma previsão eficaz, proporcionando uma provisão de qualidade. A empresa estabelece os seus objetivos e a, partir daí, realiza o seu planejamento para alcançá-los. Uma vez alcançados, estes deixam de ser objetivos e tornam-se realidade, além disso, o alcance dos objetivos garante a continuidade da empresa. Nesse sentido, a gestão de suprimentos é, portanto, fundamental em qualquer organização pública, e, nesta ótica o setor de compras é o responsável pela utilização ótima dos recursos, por meio das diversas modalidades disponibilizadas na legislação em vigor e, em consonância com os objetivos organizacionais. A gestão de suprimentos pode ser resumida como um conjunto de atividades cujo objetivo principal é oferecer uma correta gestão dos recursos disponibilizados à administração pública. Esse conjunto de atividades compreende procedimentos de compra, aquisição e estocagem dos 3 materiais necessários à existência da organização. Na farmácia da seção de saúde da EsFCEx/CMS, a aquisição de materiais é feita através do mercado de medicamentos em geral e da cadeia de suprimentos, sendo esta última formada por um conjunto de órgãos que atuam de forma coesa efetivando o suprimento dentro do Exército Brasileiro. Essa aquisição é regulada pelas normas administrativas relativas ao suprimento de 5 de julho de 2002, NARSUP, tendo como objetivos principais a redução do número de procedimentos referentes à administração da função logística de suprimento, a padronização dos procedimentos administrativos nas classes de suprimentos e o aumento da eficácia da atividade de suprimento. Cada material necessário à organização possui uma classe própria, sendo a classe VIII a de material de saúde. No âmbito da EsFCEx/CMS os pedidos para a aquisição de materiais hospitalares odontológicos são feitos semestralmente, enquanto que os materiais radiológicos possuem pedidos trimestrais. De forma geral, é fundamental que exista uma gestão de suprimentos de qualidade capaz de proporcionar a máxima satisfação ao cliente, que pode ser traduzido como o usuário da Farmácia da Seção de Saúde da EsFCEx/CMS, além de garantir a redução dos custos. 2.1 Armazenagem/estocagem Tão importante quanto uma boa aquisição de medicamentos, é a forma correta de armazená-los. De nada adianta realizar uma compra eficiente se existem falhas no acondicionamento desse material. É preciso haver instalações adequadas, além disso, é importante a utilização de técnicas capazes de oferecer o controle necessário a utilização desse material. A gama de medicamentos existente em uma farmácia hospitalar é bastante variada. Dessa forma, é preciso que se busque uma forma racional de organização. A técnica de classificação ABC procura classificar os medicamentos separando-os de acordo com o seu impacto no sistema como um todo. O grau de importância de cada elemento, a quantidade utilizada e o seu valor monetário já são suficientes para classificá-los. Outros elementos como o tempo de permanência do medicamento em estoque, relacionamento com fornecedores aumentam a qualidade das informações o que contribui para melhora da técnica. Dessa forma, é possível aplicar a cada espécie de medicamento a técnica mais apropriada, aumentando assim a eficiência no gerenciamento destes. A técnica é simples e consiste em agrupar os medicamentos em três classes, a saber: A, B e C. A classe A corresponde aos medicamentos mais caros e disponíveis em menor quantidade. Na classe C estão os medicamentos de baixo valor e disponíveis em grandes quantidades. A classe B representa um ponto intermediário entre as classes A e B. Segundo Novaes (2006), a forma de organizar os medicamentos em três classes não é definitiva, podendo variar de uma organização para outra. De acordo com o gráfico 1 abaixo, que exemplifica de forma genérica uma curva ABC, é possível verificar que 10% dos medicamentos armazenados são responsáveis por 70% do valor total do estoque, pertencendo à classe A de medicamentos. Na classe B, 40% dos medicamentos representam 20% do valor do estoque e, finalmente, 50% dos medicamentos respondem por 10% do valor total do estoque, fazendo parte da classe C. Gráfico 1: Curva ABC Valor de Estoque % 10 20 70 10 40 Número de50itens % A classificação ABC permite ao administrador observar as flutuações no estoque e, assim, mensurar o grau de incerteza em relação à determinada classe de medicamentos, permitindo que as prioridades, em relação à aquisição de medicamentos, sejam estabelecidas. É uma excelente ferramenta de análise e redução de custos. 3 Considerações sobre o processo de compras Com a evolução das técnicas de gestão pública, a tendência que se observa é a redução dos custos em prol de um ganho de eficiência, fazendo com que as estratégias organizacionais se modifiquem de modo a enxugar processos e redefinir setores chave. Nesse sentido, é razoável supor que a área de compras possui um caráter estratégico nas organizações, pois dada a sua flexibilidade, é possível haver adaptação a flutuações no mercado sendo, portanto, uma peça importante na redução de custos. Considerando a farmácia hospitalar um exemplo de organização pública, não fica difícil perceber a sua importância para a Administração Pública. Assim como ocorre na compra no setor privado, a compra no setor público tem como objetivo o menor preço ao mesmo tempo em que garanta a qualidade. Porém, a compra pública percorre um caminho mais longo, pois além de identificar o menor preço que prevalece em um mercado competitivo, é preciso adequar essa escolha à uma série de procedimentos específicos e previstos, na Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, que vão desde autorizações, pedidos, despachos, cotações, mapas de preços passando por notas de empenho, liquidação e finalmente o pagamento. Nesse sentido, para que se possa garantir a qualidade do processo, é preciso que se utilize uma base de dados de qualidade, ou seja, é preciso trabalhar com 4 o máximo de informações. Em última instância, é a qualidade das informações que define se o objetivo de atingir a eficiência no processo decisório será alcançado ou não. Maldonado (2008) apresenta em seu trabalho algumas razões para a ineficiência no processo de compras. Entre as principais razões destacam-se: falhas no fluxo de informação, prejudicando a linearidade; a desorganização no fluxo de material, desperdiçando insumos; a ausência do líder; a dificuldade de reestruturação das fases do processo devido à desorganização e desconhecimento do processo como um todo. Nesse caso, cada colaborador só conhece a sua atividade, ignorando a totalidade do processo. Em relação à essas razões, podemos dizer que devido às falhas no fluxo de informações, não há clareza sobre a real importância da informação, nem por parte de quem envia, nem por parte de quem recebe a informação. A desorganização no fluxo de material prejudica o controle, favorecendo o desperdício e, conseqüentemente, a ineficiência. A ineficiência técnica do líder pode prejudicar a condução do grupo, dificultando o alcance dos resultados. A falta de conhecimento do processo como um todo dificulta a sua reestruturação e a implementação de melhorias. Além disso, provoca desmotivação e falta de interesse, uma vez que por conhecer apenas a sua atividade, o trabalhador não percebe a importância da sua atribuição, ignorando os resultados. Todas essas falhas são resultado de uma visão equivocada em relação ao que se entende por processo. Muitas vezes o processo é entendido como uma estrutura rígida e tradicional, porém, Chiavenatto (1988) diz: “Ora, processo é qualquer fenômeno que apresente mudança contínua no tempo ou qualquer operação ou tratamento contínuo. O conceito de processo implica que os acontecimentos e as 5 relações sejam dinâmicos, em evolução, sempre em mudança, contínuos. O processo não é uma coisa parada, estática: é móvel, não tem um começo, nem um fim, nem uma seqüência fixa de eventos. Os elementos do processo agem uns sobre os outros. Cada um afeta todos os demais.” (CHIAVENATO, 1988, P. 363) Na medida em que o processo de compras se torna mais detalhado, com maior fluxo e clareza das informações, se torna mais fácil a sua otimização, diminuindo processos redundantes, aumentando a capacidade de tomada de decisão e harmonizando a relação entre a atividade-fim e atividade-meio da organização. Dentre os objetivos do processo de compras, podemos destacar que: deve ser capaz de satisfazer, com segurança, às necessidades da organização; deve garantir bom relacionamento com fornecedores fixos e procurar estabelecer novas relações de modo a se antecipar às necessidades não previstas e situações emergenciais; realizar compras de maneira racional, buscando obter uma alocação ótima de recursos; administrar os estoques de maneira eficiente oferecendo qualidade com menor custo; estabelecer bom relacionamento interdepartamental com o objetivo de evitar barreiras de modo a garantir a boa execução do trabalho; preparar os funcionários, desenvolvendo políticas que certifiquem o alcance dos objetivos. Tendo em vista essas considerações, é importante ressaltar o papel do comprador no processo de compras. É necessário que esse profissional esteja conectado com as metas e com o objetivo organizacional e que tenha conhecimento das necessidades estratégicas da organização. É necessário especificar corretamente o material a ser pedido. Nesse caso, os funcionários que irão trabalhar diretamente com o material devem participar do processo fornecendo o máximo de informações. Além disso, é preciso definir as unidades e quantidades do material, exigindo clareza por parte do fornecedor. O comprador deve ser capaz de mensurar o impacto de sua atividade em toda a organização, afastando-se do perfil individualista e limitado. Maldonado (2008) apresenta em seu trabalho a evolução do perfil do comprador, apontando cinco estágios de desenvolvimento. O primeiro deles é o primitivo, onde o comprador não apresenta qualificações especiais. Além disso, percebe o processo de compras como algo burocrático. Nesse estágio, o comprador dedica cerca de 80% do tempo disponível às atividades burocráticas; o segundo estágio é o da conscientização, onde o comprador ainda permanece sem qualificações especiais, porém dedica menos tempo, cerca de 60 a 79%, às atividades burocráticas; o terceiro estágio é o do desenvolvimento, nesse caso, o comprador já possui qualificações acadêmicas formais e consegue reconhecer a função de compras e suprimentos. O tempo dedicado às atividades burocráticas cai de 40 a 59%; o quarto estágio é o da maturação, nesse caso, o comprador já possui qualificação gerencial exigida, dedicando menos tempo às atividades burocráticas, cerca de 20 a 30%. E, finalmente, o quinto estágio é o avançado, onde o comprador está intimamente ligado às questões estratégicas da organização. Nesse caso, preocupa-se com o custo total de aquisição e com a administração da base de fornecedores. Menos de 20% do seu tempo disponível é dedicado às atividades burocráticas. Essa evolução do perfil do comprador faz com que este se afaste da figura reativa, que pode ser traduzida como uma visão antiga e ultrapassada da atividade de compras onde o comprador apenas se preocupa em identificar um fornecedor disposto a oferecer um serviço, e se aproxime da figura proativa, uma visão mais moderna da atividade de compras, onde o comprador extrapola as relações simplistas entre cliente e fornecedor, buscando obter parcerias, potencializando a sua atividade. Dessa forma, para que se possa classificar a atividade de comprador como sendo uma atividade de qualidade, é preciso que haja uma política de investimento em capital humano, fazendo com que estes profissionais se tornem cada vez mais qualificados. É esse investimento que determinará o perfil reativo ou proativo do comprador. Portanto, é preciso que se aperfeiçoe o processo de compras, minimizando as distorções, procurando obter o máximo de eficiência, uma vez que esse setor possui um papel importante na vida da organização: depende dele a prestação de serviços com qualidade. 4 Cenário Existente O gráfico ao lado mostra o nível de estoque da seção de saúde da EsFCEx/CMS em 30 de dezembro de 2010. Estava disponível nessa data um total de 2.969 unidades de medicamentos, divididos entre dez categorias, dentre elas: medicamentos referentes ao sistema digestivo; sangue e órgãos hematopoiéticos; sistema cardiovascular; oftalmológicos, dermatológicos e otológicos; hormônios não sexuais; antiparasitários; referentes a alergia; sistema nervoso; sistema respiratório e sistema músculo-esquelético. É possível observar que algumas das classes de medicamentos necessitam de unidades adicionais para completar a dotação ótima. De forma geral pode-se dizer que o estoque de medicamentos encontra-se em um nível seguro. A técnica utilizada para o controle de estoque é a PEPS, primeiro que entra é o primeiro que sai, onde os medicamentos adquiridos há mais tempo são os primeiros a serem liberados, em contrapartida, os medicamentos adquiridos recentemente permanecem no estoque. Dessa forma, o primeiro medicamento que entra é o primeiro que sai. Os pedidos de medicamentos possuem periodicidade semestral e são feitos por meio de licitações ou diretamente pela cadeia de suprimentos. 6 Gráfico 2: Estoque X Dotação Fonte: Pedido nº 001/2010 Fornecimento para consumo no 1° semestre de 2011 - EsFCEx/CMS. Gráfico 3: Estoque X Dotação Fonte: Pedido nº 001/2010 - Fornecimento7 para consumo no 1° semestre de 2011 EsFCEx/CMS. Com base no pedido de fornecimento para o consumo no primeiro semestre de 2011, podemos observar que de um pedido de 2012 unidades de medicamentos, foram entregues apenas 1195, o que representa 59,40% do total do pedido. Esse resultado pode ser considerado regular. Existem alguns casos críticos como o do antiespasmódico Escopolamina, N-butil brometo 10mg, pertencente ao grupo dos medicamentos referentes ao sistema digestivo, representado no gráfico abaixo: Gráfico 5: Mebendazol 100mg Gráfico 4: Escopolamina, N-butil brometo 10 mg Fonte: Fonte: Pedido nº 001/2010 Fornecimento para consumo no 1° semestre de 2011 - EsFCEx/CMS. Fonte: Fonte: Pedido nº 001/2010 Fornecimento para consumo no 1° semestre de 2011 - EsFCEx/CMS. Observa-se que o estoque existente era de 86 unidades sendo a dotação para o universo considerado de 150 unidades. O pedido feito para esse medicamento foi de 144 unidades e não houve entrega de unidades. Outro caso crítico é o do Mebendazol, 100 mg, pertencente ao grupo dos antiparasitários, representado no gráfico abaixo: É possível observar que o estoque estava zerado e em contra partida, a dotação para o universo considerado é de 150 unidades. Foi feito um pedido de 45 unidades e não houve entrega de unidades. Outros casos além esses também foram identificados, assim como alguns medicamentos que não estavam relacionados na nota de pedido foram entregues na farmácia da seção de saúde da EsFCEx/CMS, como é o caso do Bicarbonato de Sódio, pertencente a classe de medicamentos do sistema digestivo. Essas situações de não conformidade configuram-se como não desejáveis para o bom funcionamento da farmácia. O segundo caso representa um custo desnecessário, pois aumenta o custo de manutenção de estoque, representando uma situação da qual objetiva-se afastar da organização. 8 8 5 Conclusão Sabe-se que a identificação do problema é o ponto de partida para a inovação dentro de uma organização. Toda organização tem melhorias a serem feitas em muitas áreas, além disso, o líder deve saber direcionar a sua equipe para conduzir, da melhor maneira, essas melhorias, fazendo com que a organização esteja em constante mudança. Estabelece-se uma meta a ser seguida, e, ao longo do tempo, as situações ideais passam a ser reais. Sendo assim, outras situações ideais passam a ser novas metas, num processo contínuo, que garanta a existência da organização. Nesse sentido, foi possível identificar uma situação de não conformidade em relação aos pedidos de medicamentos feitos na farmácia da seção de saúde da EsFCEx/CMS, e buscar uma situação ideal a ser perseguida. Sabemos que os custos de armazenagem estão relacionados diretamente com a quantidade de material e o tempo de permanência no estoque. Dessa forma, pode-se admitir que a situação ideal é aquela em que se encontra o equilíbrio entre quantidade de material versus tempo de permanência em estoque. Vimos que o método de classificação ABC possui a vantagem de diminuir os custos de estoque, pois torna mais clara a aplicação dos recursos financeiros investidos no estoque. A partir da utilização dessa técnica é possível ter mais clareza quanto ao giro de estoque de cada item, e, conseqüentemente, observar melhor as flutuações na demanda por medicamento. Sendo assim, as diretrizes para o controle de estoque, tais como a quantidade de itens a permanecer no estoque, a periodicidade de reabastecimento e o nível ótimo de estoque para um determinado período, se tornam mais claras e fáceis de serem alcançadas. A partir dessa implementação, portanto, partindo da idéia de garantir a máxima eficiência com o mínino de recursos, produzindo uma quantidade ótima (fazer mais com menos), pode-se dizer que a classificação ABC se torna uma alternativa viável, e uma proposta a ser seguida, para a redução dos custos de estoque na farmácia da seção de saúde da EsFCEx/CMS. A partir da padronização de medicamentos e correta classificação dos mesmos, de acordo com a técnica, será possível obter uma organização mais eficiente. Além disso, a melhora da organização pode ser considerada uma externalidade positiva para aqueles que se utilizam dessa farmácia. Referências BATISTA, Marco; MALDONADO, José. O papel do comprador no processo de compras em instituições públicas de ciência e tecnologia em saúde (C&T/S). Rio de Janeiro: Revista de Administração pública. Vol. 1, 2008. 18p. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1988. FALCONI, Vicente. O verdadeiro Poder. Práticas de Gestão que conduzem a resultados revolucionários. INDG - Instituto de Desenvolvimento Gerencial, 2009. 159p. NOVAES, M.L.O. Gestão das farmácias hospitalares através da padronização de medicamentos e utilização da curva ABC. Disponível em:<http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/ anais_13/artigos/962.pdf> 9