Reflexões sobre Dança em cadeira de rodas MARIA BEATRIZ ROCHA FERREIRA LAB. ANTROPO. BIOCULTURAL/DEAFA-FEF/UNICAMP Pesquisador CNPq - UNICENTRO Introdução A dança em cadeira de rodas faz parte da cultura corporal da civilização contemporânea. Esta atividade enquanto arte, recreação ou esporte, é uma atividade complexa representativa da vida contemporânea sofisticada e que traz em si a técnica e a criatividade. Ela requer um conhecimento interdisciplinar advindo das áreas da Educação Física, Educação Física Adaptada, Dança, Antropologia, Medicina, Fisioterapia e Educação. Neste trabalho, a dança em cadeira de rodas será tratada na inter-relação destas áreas e mais especificamente da Educação Física/Esporte e Antropologia. A dança em cadeira de rodas artística/recreativa ou esporte vem crescendo e tornado-se cada vez mais visível, sua ação está inserida numa conjuntura maior de mudanças na sociedade, uma maior conscientização dos direitos de cidadão do deficiente, maior abertura de setores da sociedade como os clubes, criação de ONGs para fins específicos, apoios governamentais, programas na mídia, etc. Como atividade artística ou recreativa (termo usado como sinônimo da primeira) ela já tem uma história, que se inicia no final dos anos 60 na Europa. E como esporte, o processo passa a ser mais institucionalizado e burocrático. Nesta modalidade é uma atividade mais recente, foi reconhecida em diferentes instâncias, tais como15: Organização de Esporte Internacional para Deficientes em 1989, Comitê Paraolímpico Europeu em 1993, Comitê Paraolímpico Internacional – CPI como Esporte Paraolímpico dos Jogos de Inverno em 1997 e como Esporte Paraolímpico em 1998. Entretanto desde os últimos Jogos de Inverno em Salt Lake City (março de 2002) o CPI fez modificações no estatuto e entendeu que para a DCR continuar a ser esporte paraolímpico deverá ter maior representatividade, o que implica um número maior de países praticantes e ser mais desenvolvida globalmente. Caso contrário, ela participará de campeonatos mundiais, nacionais e regionais. http://www.paralympic.org/sports/sections/dance/general.htm A construção deste caminho, especialmente num país da dimensão do Brasil, é demorada e custará a atingir a população de base. O caminho é árduo, superar preconceitos, conseguir apoios, patrocínios e espectadores. E mesmo nas academias, ela ainda sofre resistência, não foi inserida nos programas regulares das universidades, em específico as Faculdades/Institutos de Arte e Dança e Faculdades de Educação Física (FERREIRA, 1988). Ela, enquanto atividade artística começa a aparecer em programas de extensão das universidades e associações de deficientes. A sua característica complexa, por evocar a arte, o corpo em movimento, o esporte e a recuperação, necessita de estudos interdisciplinares, de conhecimento advindo de diferentes áreas do conhecimento. Existem atualmente no Brasil profissionais trabalhando de maneira integrada com dança em cadeira de rodas, como professores de educação física e de dança, fisioterapeutas e áreas correlatas, visto a exigência do conhecimento interdisciplinar. E diria mais, pelo seu caráter complexo, abrange diferentes aspectos do ser humano, o biológico, o filosófico, o antropológico, o histórico e o sociológico. O presente trabalho pretende abordar notas fundamentais conceituais para se compreender a dança em cadeira de rodas, quer como dança-artística, quer como dança-esporte. O reconhecimento da alteridade das diferenças e diversidades bio- psico-sócio-culturais são condições fundamentais para se compreender melhor a dança em cadeira de rodas. Como se conhecer e reconhecer algo que há tantos anos ficou desapercebido por todos nós, excluído do “conhecimento dito científico” das diferentes áreas de conhecimento, dos palcos, das arenas, do radio, da televisão, dos jornais, dos livros, das revistas? Pergunto, como se pode compreender a dança em cadeira de rodas como elemento da cultura corporal contemporânea? Como toda atividade humana, um dia ela começou a ser desenvolvida, advinda das inter-relações de vários fatores. E para a sua compreensão deve se levar em consideração à pesquisa científica, o conhecimento popular, a participação ou o silêncio da mídia, dos eventos culturais, enfim do movimento em que ela está inserida. A construção deste conhecimento é um processo dinâmico, de reconhecimento, de identificação, de reflexão, de retomada de valores. E só pode ser feita na interlocução de diferentes áreas do conhecimento e com os deficientes e não deficientes. Digo mais, a construção deste conhecimento exige esforços de todos nós, pessoas, instituições governamentais e não governamentais e mídia. É importante retomarmos o passado, refletirmos sobre ele, dimensionarmos o presente e avançarmos para o futuro. Recorrendo a Norbet Elias (1994) diria que este processo é demorado e interdependente de outros fatores da sociedade, requerem mudanças na balança de poder, o que pode gerar inseguranças, conflitos. E, portanto, sociedades complexas geram um maior nível de incerteza e mais criatividade é necessária nos processos de mudanças sociais. No caso da Dança em Cadeira de Rodas, onde quase nada foi feito em termos acadêmicos, na mídia ou na sociedade de maneira geral, pergunto, qual será o caminho para o desenvolvimento desta atividade artística ou esportiva? Eu não tenho a resposta. Posso dizer que nos últimos anos tomamos algumas medidas para proporcionar o desenvolvimento desta atividade: a organização do I e o II Simpósio Brasileiro da Dança em Cadeira de Rodas na Faculdade de Educação Física da UNICAMP, produção de Anais do Congresso e Publicações na Revista Conexões e a criação da Confederação Brasileira de Cadeira de Rodas. As reflexões de pessoas de diferentes setores, os apoios institucionais, a participação do público muito já contribuíram para se começar a pensar na dança em cadeira de rodas. Cultura corporal Neste ponto do trabalho, esclareço que o termo cultura corporal está sendo utilizado para realçarmos o objeto de estudo - o corpo em movimento, num viés da Educação Física e Esporte. Cultura e cultura corporal não existem em separado, a não ser por um recorte metodológico. Neste sentido, cultura corporal está sendo entendida como um sistema complexo de significados, com mecanismos de controles - planos, normas, instruções para governar o comportamento no que tange ao movimento corporal. Esta definição denota uma série de idéias interligadas como sistemas complexos, valores, convivência em sociedade e relações de poder, um corpo em movimento advindo do processo adaptativo filo-ontogenéticos (Rocha Ferreira, 2001 a b). Não basta reconhecermos que a espécie humana assim como outras espécies nesta Terra são motrizes e que o movimento é, portanto fundamental para a sobrevivência. A definição da atividade física sob a perspectiva biológica de Caspesen (1985) é reducionista, pois define atividade física como qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em um gasto de energia. A dança em cadeira de rodas não é somente um tipo de atividade física, mas é fundamental olharmos sob outro ângulo, numa perspectiva sócio-cultural, como uma atividade humana com significados específicos intra e entre sociedades e civilizações e que possui diferentes formas de representações e manifestações. Portanto, numa visão antropológica e da educação física, pode ser entendida como uma atividade complexa do ser humano bio/sócio/emocional/espiritual e inserida numa rede de significados culturais. Neste sentido, os humanos representaram, ou melhor, significaram o movimento através de diferentes formas: atividades diárias, atividade física, exercício físico, danças, jogos tradicionais, brincadeiras, esportes, artes marciais, entre outras, com finalidades de trabalho, de lazer, de recreação, de competição, de rituais religiosos etc. A dança em cadeira de rodas é, portanto um dos elementos da cultura corporal contemporânea, a qual está inserida numa rede complexa de significados. É importante lembrarmos que a dança está presente em todas as civilizações e culturas, desde as primeiras sociedades hominídeas. E ela, assim como a dança em cadeira de rodas é parte de uma teia de significados, em épocas e local determinados, onde ocorrem a produção e reprodução de valores, habitus, ideologias, identidades, gênero, etc. A pessoa portadora de deficiência e dança em cadeira de rodas Primeiramente quero abordar o aspecto biológico da questão. As pessoas portadoras de deficiências representam uma população que foi e ainda é excluída, pois traz a marca da diferença. E esta diferença foi tão forte na visão do outro, que a pessoa, como membro da espécie, foi marginalizada durante anos. E, no entanto, ela traz em si, a variação populacional geral da espécie, isto é, além da deficiência ela tem uma carga genética, o que explica porquê pessoas com a mesma deficiência têm respostas diferentes aos fatores positivos ou negativos do meio ambiente. Estas respostas dependem, portanto da carga genética de cada um, da fase do crescimento, maturação e desenvolvimento, idade e tempo de duração do estímulo, do contexto sócio-cultural. Nesta visão é importante tirar o foco da deficiência, e por na pessoa como um todo, inserida na variação populacional, com sua carga genética, potencial interativo, capacidade de responder ao meio e construir relações baseadas nas experiências da vida. É claro que a deficiência é um fato presente, mas a pessoa é muito mais do que a deficiência. Ao tirarmos o foco da deficiência, começamos a reconhecer a pessoa deficiente de maneira diferente. Reconhecermos a diversidade bio-sócio-cultural e damos os primeiros passos para o diálogo com o outro, é o início do reconhecimento da alteridade, um outro diferente de mim, mas não com a marca da deficiência. O reconhecimento deste outro, como ser da mesma espécie, com um potencial genético e psico-sócio-cultural que o diferencia dos outros, mas que precisa de cuidados especiais por ser portador de deficiência. Rimmer (1999, 2002) mostra que até recentemente a promoção da saúde para pessoas com deficiência tinha sido uma área negligente na comunidade de saúde de maneira geral. Mas que atualmente, pesquisadores, agências financiadoras, agentes de saúde e pacientes vêm liderando um esforço para estabelecer programas de saúde de alta qualidade para milhões de americanos com deficiências enfocando a atenção em reduzir condições secundárias de problemas de saúde, tais como obesidade, hipertensão, diabetes, osteoporose, visando manter a independência funcional, promover uma oportunidade de lazer e prazer e promover uma qualidade de vida reduzindo as barreiras para uma boa saúde. Historicamente o foco dos programas estava na prevenção primária da deficiência e atualmente o foco é na redução das condições secundárias de saúde em pessoas portadoras de deficiências. Estas pessoas portadoras, como por exemplo, de paralisia cerebral e espinha bífida são susceptíveis à osteoporose, osteoartrite, diminuição do equilíbrio, da força, da endurance, da flexibilidade e de condições físicas gerais, assim como problemas de peso, depressão. E é na prevenção destes problemas secundários da deficiência que os programas de saúde estão sendo propostos. Um recente documento de trabalho nos Estados Unidos sobre Pessoas Saudáveis com Deficiências 2010 (RIMMER, 1999) sugere quatro componentes na definição da promoção da saúde para pessoas com deficiência: (i) promoção de estilo de vida saudável e meio ambiente saudável; (ii) prevenção de complicações de saúde (condições médicas secundárias) e outras complicações da deficiência; (iii) preparação da pessoa com a deficiência para compreender e monitorar a própria saúde e necessidades de cuidados especiais; (iv) promoção de oportunidades para participação em atividades diárias comuns. RIMMER (1999, 2002) sugere os seguintes aspectos para a promoção da saúde para ppd: (i) aptidão (mesmos componentes para a população geral) - endurance cardiovascular, força, flexibilidade e habilidades para as necessidades especiais; (ii) nutrição - papel da dieta para prevenção de doença crônica; (iii) comportamento saudável - determinantes do estilo de vida, e pergunta-se porquê algumas pessoas têm um estilo de vida saudável e outras não? O mesmo se pergunta para as pessoas com necessidades especiais. Os benefícios da atividade física regular sugeridos pelo Centro Nacional de Atividade Física e Defeciência (The National Center on Physical Actiity and Disability - NCPAD, 2000, 2002) são: o aumento da função cardiopulmonar, controle do peso, aumento da aptidão metabólica, melhoria da habilidade de levar as atividades diárias, sentimento de bem estar, potencial para reduzir a ansiedade e depressão. Atenção deve ser dada à intensidade, freqüência, duração e tipo de atividade estruturadas (como danças, esportes) e não estruturada (trabalho de casa, andar para o trabalho, jardinagem). Neste ponto é importante valorizar a importância do trabalho de dança em cadeira de rodas na melhoria da qualidade de vida e maximização do potencial para independência. E buscando a questões de RIMMER (et al.,1996) pergunto, como a DCR pode promover a capacidade funcional e reduzir a freqüência de complicações secundárias em pessoas com deficiência?; (ii) quais são os resultados a longo termo desta atividade física para pessoas com deficiência? (iii) quais são os padrões de atividade física entre pessoas com diferentes deficiências físicas?; (iv) quais são as percepções de atividade física entre pessoas com deficiência? E, pergunto ainda qual é a variação bio-sócio-cultural da população portadora de deficiência, enquanto espécie? Dança em Cadeira de Rodas A dança, a arte, a estética, a ética e a moral são interligadas na história da humanidade. A estética está relacionada com a essência e a percepção do belo e do feio, do belo e sublime, dos tipos de conhecimento sensorial e sensitivo, a metafísica. E na compreensão tradicional da estética, a dança em cadeira de rodas pode ferir os preceitos do belo, dos movimentos perfeitos, da regularidade e ritmo, do sublime, da dança como “arte da perfeição”. Para que ela seja aceita como arte, precisa existir uma mudança na compreensão do belo, do feio, do sublime, uma mudança que passa pela ética; de se ver a regularidade no que parece irregular, o ritmo no que não tem ritmo, no bonito que parece feio etc. É ver a arte de uma outra maneira. E este entendimento já vem sendo transformado paulatinamente, advindo da inter-relação de vários fatores sociais, tais como: desequilíbrio da balança de poder, a ética, a estética e política. Nos filmes e brinquedos infantis já podemos observar uma mudança de forma e conteúdo, tais como: o filme Shrek, dirigido por Andrew Adamson e Victoria Jenson, onde o herói é um ogre feio e temperamental e a princesa não é o que aparentava ser. Outro filme que quebra os padrões convencionais é a Formiguinhaz, lançado em 1998. O filme faz uma crítica contra a sociedade atual, onde as pessoas não possuem o direito de pensar, mas são conduzidas pela sociedade, para fazer o que é mais lucrativo na própria sociedade; mostra um herói operário, aparentemente medroso e fisicamente franzino, que sonha roubar o coração da princesa. Para isso, convence seu amigo soldado a trocar de lugar com ele, o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandíbula, que planeja uma grande ofensiva contra o formigueiro. Esta inversão dos padrões é um sinal de mudança na sociedade, nos valores, na ética. Entendo que o aprofundamento de teorias filosófica sobre estética e ética pode elucidar e auxiliar na compreensão do comportamento humano em situações que emergem a questão do belo, do perfeito, do imperfeito, do sublime, da dança como "arte da perfeição", da dança para deficientes, dos preconceitos, dos valores, dos sentimentos de superação das deficiências, tanto pelo dançarino quanto pelo espectador. A estética, a ética e política estão interligadas. E, portanto a mudança de conceitos, na compreensão de uma influência na compreensão da outra. As re-definições e compreensão da estética, a ética e a política com relação ao deficiente tiveram modificações significativas, da antiguidade até o tempo presente, especialmente a partir do século XX. Estas mudanças passaram por um processo longo de transformações, de re-significações de valores, de se perceber e aceitar a pessoa portadora de deficiência como dançarino, como artista. Para tanto, ocorreram mudanças na sociedade, e antes de se pensar no dançarino, ele foi considerado cidadão, com direitos numa sociedade que está tentando lidar com a diversidade e com as diferenças. Em realidade na busca da unidade na diversidade. E isto não é fácil. É interessante de se observar que a dança foi o último esporte olímpico a ser criado, em 1988. Será um acaso? Ou porquê ela vem de encontro mais intensamente com a questão da estética. E como esporte ela exige outras reflexões filosóficas e educacionais. Se bem desenvolvida, ela poderá ser um veículo importante de acesso do deficiente a outros setores da sociedade. Pela complexidade o esporte exige esforços de diferentes áreas do conhecimento, como medicina, educação física, fisioterapia, dança etc. Especificamente enquanto dança esporte, ela mobiliza e o conhecimento para (i) classificação funcional da deficiência, (ii) para o desenvolvimento da condição física (flexibilidade, resistência cardiovascular, força, equilíbrio, agilidade), (iii) de coreografia (ritmo, tempo, configurações, espaço, criatividade) e (iv) árbitros esportivo. Além disso, o esporte exige regras internacionais, no caso a dupla de dançarinos deve ser composta por pares compostos de um homem e uma mulher, sendo que um deles deve ser usuário de cadeira de rodas. E eles podem optar para por duas categorias: (i) Dança Standard: Valsa, Tango, Valsa vienense, Foxtrot lento, Quickstep, e (ii) Danças Latino-americanas: Samba, Cha-Cha-Cha, Rumba, Paso Doble, Jive (Krombholz. 2001). Em nível recreativo, a dança em cadeira de rodas pode ser praticada em diferentes estilos, isto é, dança de salão, dança folclórica, ballet ou dança moderna. E existem diferentes formas como dança combinada (cadeirante com par não deficiente), dança dual (dois cadeirantes), dança em grupo (só cadeirantes ou cadeirantes com não deficientes dançam em formações ou performance livre) e dança individual (somente o cadeirante). De acordo com CPI16 mais de 5000 dançarinos (4.000 cadeirantes e 1500 não deficientes) praticam a Dança em Cadeira de Rodas em nível competitivo ou recreacional em mais de 40 países. Entretanto, este número não indica que ela esteja sendo praticada extensivamente nos diferentes países, o que comprometeu o número de participantes de dançarinos na Paraolimpíada de Inverno em Salt Lake City. E, por esta e outras razões, este esporte não será disputado na próxima Paraolímpiada, até que atinja os requisitos exigidos pelo Comitê. As competições de dança esporte em cadeira de rodas são organizadas nos mundiais, nacionais e regionais. Os objetivos do Comitê de Dança Esporte em Cadeira de Rodas17 vêm corroborar com o desenvolvimento desta modalidade esportiva, os quais são: (i) motivar organizações esportivas nacionais de atletas deficientes para incluir a Dança em Cadeira de Rodas nos seus programas, (ii) melhorar a performance dos dançarinos por meio de treinamento e troca de informações, promover a Dança Esporte em Cadeira de Rodas através de eventos demonstrativos, publicações e exibições e (iii) treinar em nível internacional instrutores, professores, técnicos e árbitros. O controle da informação sobre dança esporte ainda está em poder do comitê e de alguns países na Europa. A formação de técnicos especializados no assunto como árbitros, classificadores funcionais, coreógrafos, treinadores precisam muitas vezes ser feitas no exterior. E em alguns deles, somente com a anuência do Comitê Paraolímpico Nacional. 16 http://www.paralympic.org/sports/sections/dance/general.htm 17 http://www.paralympic.org No Brasil ainda temos um caminho a trilhar, diante da complexidade do país, das diferenças sócio-econômicas, do controle da informação de poucos, da dificuldade de locomoção do deficiente etc. Deixo aqui o desafio para que todos, pessoas, organizações não governamentais, organizações governamentais, mídia sejam canais facilitadores para o desenvolvimento da dança em cadeira de rodas. E que as pessoas decidam se querem praticála como dança artística/recreativa ou esportiva. Considerações finais A dança em cadeira de rodas é uma atividade cultural complexa, construída em meados do século XX como atividade artística/recreativa e nos últimos anos como esporte. Ela exige conhecimento interdisciplinar, o que justifica a participação de diferentes profissionais para o seu desenvolvimento. O reconhecimento da alteridade, diversidade e diferenças biosócio-culturias devem ser inerentes ao desenvolvimento da dança em cadeira de rodas, quer como atividade artística ou esportiva. Como atividade artística e mesmo esportiva ela vem transformar o conceito tradicional do belo, do perfeito, do ritmo. É ver a regularidade no que parece irregular, o ritmo que parece sem ritmo, no bonito que parece feio. A complexidade da atividade enquanto esporte exige o apoio de outros setores da sociedade, como comitê paraolímpico nacionais e internacionais, formação de classificadores, árbitros e campeonatos. Ela pode ser um importante meio para reduzir as condições de problemas secundários de saúde em pessoas portadoras de deficiências, além de facilitar a maior mobilização sócio-política dos dançarinos na sociedade. Referência Bibliográfica CASPERSEN, C.J., Powell,K.E. and Christenson,G.M. 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