RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA COMISSÃO DE FINANÇAS E ORÇAMENTO CONSTITUÍDA PARA ANALISAR OS PROCESSOS DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS RELACIONADAS NA OPERAÇÃO “PARASITAS” DA POLÍCIA CIVIL DE SÃO PAULO. I - DA INSTALAÇÃO Tendo como uma de suas principais funções a prática do poder de fiscalização de contratos públicos, a Comissão de Finanças e Orçamento aprovou, em 05 de novembro, por meio de requerimento de autoria do vereador Paulo Fiorilo, a constituição de Subcomissão Temporária para analisar os processos de contratação de empresas relacionadas na operação “Parasitas” da Polícia Civil de São Paulo com a Secretaria de Saúde do município. Com a aproximação do final da atual legislatura a constituição da Subcomissão foi a alternativa encontrada para iniciar a apuração de possíveis irregularidades ou desvios de recursos públicos envolvendo os denunciados pela Polícia. Segundo denúncias publicadas nos principais jornais da cidade no início de novembro, cinco acusados de fraudarem licitações públicas para fornecimento de produtos farmacêuticos e materiais médico-hospitalares em diversos municípios, de pelo menos cinco Estados, entre eles o município de São Paulo, foram presos pela Polícia de São Paulo. Levantamento realizado no Sistema de Execução Orçamentária municipal (Novo Seo) detectou a presença de 5 empresas denunciadas pela Polícia com contratos junto à cidade de São Paulo, envolvendo empenhos desde o início da gestão atual da ordem de R$ 20.576.038,46 ( vinte milhões, quinhentos e setenta e seis mil, trinta e oito reais e quarenta e seis centavos) com contratos entre a Administração Direta e Indireta. As empresas citadas na Operação que detém contratos com a municipalidade são: total Ad. Direta e Indireta Empenhado BIODINAMICA COMERCIAL LTDA Total 1.586.932,30 EMBRAMED INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS HOSPITALARES LTDA 11.436.600,95 HALEX ISTAR IND.FARM.LTDA. Total 3.030.730,56 HOME CARE MEDICAL LTDA Total 3.967.599,15 VELOX PRODUTOS DE SAUDE E GESTAO HOSPITALAR LTDA Total 554.175,50 Total geral 20.576.038,46 Cancelado 336.768,00 527.952,39 144.056,36 71.225,50 2.353,00 1.082.355,25 Liquidado 386.411,80 10.628.007,38 2.563.959,00 3.896.373,65 422.771,50 17.897.523,33 Pago 363.348,41 10.075.731,38 2.563.959,00 3.896.373,65 397.886,50 17.297.298,94 A Subcomissão foi instaurada em 05 de novembro de 2008, com prazo de duração de cinqüenta dias, tendo como membros os Nobres Vereadores Francisco Chagas, que cedeu sua vaga para Aurélio Miguel, Paulo Fiorilo, Paulo Frange, Roberto Tripoli e Wadih Mutran. Foram designados, na primeira reunião ordinária da Subcomissão, em 12 de novembro, os Vereadores Roberto Tripoli para Presidente, Aurélio Miguel para a Vice-presidente e Paulo Fiorilo para Relator. II. DOS TRABALHOS Paralelamente aos trabalhos iniciados pela Subcomissão Parlamentar, tão logo surgiram as denúncias através da imprensa sobre possíveis irregularidades em contratações envolvendo a prefeitura de São Paulo, foi publicada, no dia 1º de novembro de 2008, portaria conjunta da Secretaria Municipal de Saúde e da Autarquia Hospitalar Municipal. Tal portaria instituiu Comissão Especial de Apuração Preliminar, para apurar por meio de auditoria nos processos administrativos, “a legalidade dos atos praticados em todas as fases do procedimento, a adequação dos preços obtidos em relação aqueles praticados pelo mercado, a correlação entre as marcas dos produtos adquiridos e entregues e respectivas quantidades, e se os produtos atingiram a eficácia e a eficiência esperadas”. A citada portaria suspendeu as atas de registro de preços n° 165/07, 171/07, 240/07, 254/07, 007/07, 1 077/07,084/07, 104/07, 114/07, 123/08, 137/07, 212/08 e 287/07, todas tendo como vencedoras as empresas citadas no inquérito. Os trabalhos da Subcomissão se desenvolveram a partir de duas etapas concomitantes de atuação. A primeira concentrou-se na expedição de ofícios e requerimentos com pedidos de informações às empresas envolvidas, órgãos públicos municipais, Ministério Público e Polícia Civil. O objetivo desta etapa foi coletar a maior quantidade de informações a respeito das possíveis irregularidades apontadas pela imprensa, de modo a subsidiar os procedimentos e futuras conclusões desta subcomissão. A segunda ocorreu com os depoimentos dos envolvidos na investigação, como o Delegado responsável pelas investigações, a Comissão de Apuração Preliminar constituída no âmbito do Poder Executivo, e autoridades da Secretaria Municipal de Saúde e suas Autarquias. Esta segunda etapa teve como objetivo dirimir eventuais dúvidas a respeito dos processos de compra, armazenamento e distribuição do material, além de averiguar procedimentos de controle adotados pela prefeitura, que eventualmente possam ter permitido fraudes contra a municipalidade. II. I DOS PEDIDOS DE INFORMAÇÕES Durante os trabalhos da subcomissão foram exarados 19 requerimentos, sendo 10 pedidos de informações, 3 pedidos de cópias de documentação e 6 convites. Logo na primeira reunião, na instalação da subcomissão, no dia 05 de novembro, já foi aprovado requerimento de convocação do Sr. Secretário Municipal de Saúde e requerimento que solicitou a relação de membros e presidentes das Comissões de Licitações que resultaram na contratação das empresas citadas na operação “Parasitas” junto à prefeitura. Tal solicitação não foi atendida até a elaboração deste relatório. Na primeira reunião ordinária, realizada no dia 12 de novembro, data em que foram designadas presidência e relatoria dos trabalhos, foram aprovados requerimentos de informações à Secretaria Municipal e Autarquia Hospitalar Municipal solicitando o envio, documentado, à Subcomissão, dos procedimentos de controle de estoque dos “Materiais de Consumo” adquiridos pela Secretaria e Autarquias, bem como os procedimentos de controle da qualidade do material recebido pela Secretaria e Autarquias; lista de produtos fornecidos por cada uma das empresas citadas na “Operação Parasitas”, locais onde foram estocados os referidos produtos e para onde foram distribuídos e relação de responsáveis pelo recebimento dos produtos; cópias dos processos de contratação das empresas citadas; nenhuma destas informações foi fornecida por escrito à Subcomissão até a elaboração deste relatório. De todos os ofícios aprovados e expedidos pela Subcomissão, somente sete foram atendidos, onde constam: - Convite do Delegado Dr. Luis Storni; - Convite da Presidente da Comissão de Apuração Preliminar; - Convite aos membros da Comissão de Apuração Preliminar; - Convocação ao Sr. Secretário Municipal de Saúde, Januário Montone, atendido parcialmente com a presença do Sr. Secretário Adjunto Ailton de Lima Ribeiro, em função das férias do secretário titular; - Convocação do Sr. Superintendente das Autarquias Hospitalares, Sr. Paulo Kron; - Informações detalhadas à polícia civil do Estado de São Paulo sobre o processo, atendido com a menção de que o processo está em segredo de justiça e, por isso, não seria possível o envio das informações requeridas. - Cópia dos Contratos Sociais das Empresas citadas na Operação Parasitas, atendido parcialmente pelas empresas. 2 Diante da dificuldade em obter respostas aos ofícios expedidos, foi decidido priorizar a realização de sessões de depoimentos nas reuniões ordinárias subseqüentes e, ainda na segunda reunião realizada em 19 de novembro foi aprovada a convocação da Presidente da Comissão Especial para Apuração Preliminar e do Delegado responsável pelas investigações no âmbito da Polícia Civil. O material recebido pela Subcomissão para embasar a elaboração deste relatório foi entregue pelos depoentes, em mãos, por ocasião de suas oitivas, a seguir detalhadas. II. II DOS DEPOIMENTOS O primeiro depoimento colhido por esta Subcomissão, oportunamente, na terceira reunião ordinária, em 26 de novembro, foi do Dr. Delegado Luis Storni que, de forma bastante esclarecedora apresentou aos parlamentares a gravidade das denúncias que envolvem as empresas citadas. Segundo o delegado, há indícios de fraudes em diversas etapas da contratação das referidas empresas, seja em pregões presenciais ou eletrônicos, conforme segue: - Formação de cartel para manipular e superestimar os preços de mercado para formação dos preços de referência dos editais; - Apresentação, nas licitações, de valores superfaturados; - Desclassificação de empresas regularmente participantes nos processos licitatórios para beneficiar as fraudulentas; - Entrega de produtos, por parte das empresas envolvidas nas fraudes, com qualidade inferior à estabelecida no edital da licitação; - Entrega de quantidades menores de produtos em relação ao estabelecido nos contratos de compra e divergente das quantidades constantes nas notas fiscais; - Fraude fiscal, com elaboração de notas fiscais, com a via da empresa com valor inferior ao real valor faturado; Ainda segundo as informações prestadas pelo Delegado, três pessoas permaneciam em prisão preventiva à data do depoimento, sendo: Renato Pereira Junior – Sócio Adm. da empresa Home Care, Marcos Agostinho Paioli Cardoso – Sócio Adm. da Home Care e contabilista da maioria das empresas da organização e proprietário da Contábil Paioli, e Dirceu Gonçalves Ferreira Junior – Sócio Adm. das empresas Vidas Méd e Biodinâmica. Além destes, foram declinados na oitiva mais 9 nomes de indiciados que permaneciam em liberdade, entre os quais alguns funcionários públicos estaduais e municipais. Foram citados os servidores Ziran Maria de Melo Oliveira, do Hospital Estadual do Ipiranga, Milva Lúcia de Melo do Hospital Municipal do Tatuapé e Eliane Assumpção do Hospital Brigadeiro entre os indiciados. De acordo com o material fornecido pelo delegado à Subcomissão, já há provas de que as empresas citadas cometeram os seguintes crimes: - FRAUDE EM LICITAÇÕES (Lei nº 8.666/93): 1) frustração do caráter competitivo de procedimento licitatório (artigo 90) 2) em prejuízo da Fazenda Pública, devido à superfaturamento, entrega de uma mercadoria por outra, entre outros (artigo 96) - SONEGAÇÃO FISCAL – ICMS (Lei nº 6.374/89) - LAVAGEM DE CAPITAIS (Lei nº 9.613/98) decorrente de crimes contra a administração pública (item V, Art. 1º): (1) evasão de divisas (câmbio não autorizado) (2) fraude em licitação (3) corrupção ativa e passiva Foi solicitado à Polícia Civil que fornecesse cópia integral dos inquéritos para auxiliar o trabalho da Subcomissão, o que foi impossibilitado devido ao segredo de justiça. 3 Na seqüência foi iniciado o depoimento da presidente da Comissão Especial de Apuração Preliminar, Sra. Dirce Akemi Shimomoto, acompanhada dos membros da Comissão, os Srs. Odeni de Almeida, Olga Helena Milani, Letícia Helena, Carlos Kagimoto, Angela Terrafino e Silvia da Silva Drummond. A Comissão foi constituída pela portaria conjunta nº 02/2008, datada de 1º de novembro de 2008, com prazo de 45 (quarenta e cinco) dias para a apresentação de relatório conclusivo. Devido à exigüidade de prazo e a gravidade das denúncias apresentadas, era esperado, por parte desta Subcomissão, que os trabalhos já estivessem mais adiantados do que foi apresentado na reunião do dia 26 de novembro, decorrido metade do prazo dos trabalhos da Comissão Especial. Em primeiro lugar, foi motivo de estranheza de todos os parlamentares presentes à reunião, que a Comissão Especial ainda não tivesse solicitado qualquer tipo de informação à Polícia Civil, nem sequer solicitado reunião com o delegado responsável, para que os esforços fossem somados e as investigações de ambos pudessem avançar de forma mais objetiva. O segundo ponto questionado pelos vereadores foi quanto à composição da Comissão Especial, onde não há nenhum procurador do município, que pudesse somar aos trabalhos a experiência em processos investigativos, nem um médico que trouxesse a experiência de especificação e checagem da qualidade dos materiais médico hospitalares adquiridos. Além destas ausências na composição da Comissão Especial, o tempo de atuação de seus membros junto à Secretaria de Saúde também foi bastante questionado pelos vereadores, visto que, dos seis membros, quatro tem menos de dois anos de vínculo com a prefeitura. Já não bastassem as dificuldades inerentes ao processo de investigação, os trabalhos da Comissão Especial estão prejudicados pelo fato de que seus componentes não dispõem de dedicação exclusiva às tarefas determinadas pela Portaria e acumulam com outras atividades rotineiras de seus cargos, restando também prejudicado o tempo para reuniões. As informações prestadas pelos membros da Comissão Especial foram todas referentes à fase de “levantamento de dados”, sem nenhum direcionamento de conclusões até a data do depoimento. A Comissão Especial optou por trabalhar com os processos e contratos vigentes, totalizando 15 processos, dos quais 10 com a Embramed, 2 com a Halex Istar e 3 com a Velox. A partir desta diretriz, o procedimento adotado foi de fazer um cadastro padronizado de todos os processos envolvidos desde a compra até o recebimento no almoxarifado e ainda não tinha realizado nenhuma oitiva. Nesta fase, foi possível apontar que a prefeitura adota procedimentos diferentes entre suas unidades em relação à compra, armazenamento e distribuição dos materiais. Por exemplo, as Coordenadorias Sul e Norte tem almoxarifado central, e faz distribuição para as unidades. Já as Coordenadorias Leste e Sudeste não têm almoxarifado central e o fornecedor entrega diretamente nas unidades hospitalares. As compras da administração direta são entregues no almoxarifado central e a logística é terceirizada e está a cargo da empresa “Pronto Express”. Outro procedimento adotado pela Comissão Especial foi de solicitar às unidades de saúde todos documentos com reclamações e notificações sobre a qualidade dos produtos, e da prestação de serviços das empresas relacionadas, para apuração do retorno das informações aos departamentos responsáveis pela especificação dos mesmos para as licitações, de forma a evitar a eventual recontratação de empresas que forneçam materiais de baixa qualidade ou que tenham problemas para cumprimento de prazos de entrega. Quando a Comissão Especial foi questionada a respeito do controle de preços de mercado, para conferência dos preços contratados com as empresas envolvidas na 4 denúncia, a informação que o parlamento obteve, mais uma vez, foi de que a fase dos trabalhos era referente a “levantamento de dados”, não existindo ainda nenhuma conclusão. A Comissão Especial também afirmou desconhecer o envolvimento de servidores públicos municipais nas possíveis fraudes, além de desconhecer o indiciamento dos mesmos. A subcomissão questionou especificamente o nome da servidora Milva Lúcia de Melo, apontada pelo delegado como servidora do Hospital Municipal do Tatuapé e a resposta foi de desconhecimento de que a mesma fosse parte do quadro de servidores municipais. A reunião do dia 03 de dezembro, que deveria ser a 4ª reunião ordinária da Subcomissão, tinha a previsão de oitiva com o Sr. Secretário Januário Montone e com representante do Ministério Público, mas foi cancelada devido à impossibilidade de agenda dos convidados. O Secretario solicitou prorrogação de prazo de dez dias para comparecimento à Subcomissão, ficando agendado para o dia 15 de dezembro. Remarcada para o dia 10 de dezembro, a 4ª reunião ordinária da Subcomissão tinha na pauta a oitiva de representantes das empresas, sendo que somente o advogado da empresa Halex Istar esteve presente à reunião para justificar a ausência dos representantes legais da empresa, por motivos de dificuldades de agenda devido à distância, uma vez que a empresa está sediada em Goiás, e solicitar agendamento em data futura, o que foi inviabilizado devido à exigüidade do prazo para conclusão dos trabalhos desta Subcomissão. As empresas Velox e Home Care enviaram fax à Secretaria da Subcomissão para comunicar impossibilidade de comparecimento de seus representantes, visto o envolvimento dos mesmos com atividades para garantir o equilíbrio da empresa diante da prisão de dois representantes e do bloqueio de bens. Fato curioso que os ofícios de ambas são de igual teor, enviados pelo mesmo número de fax e têm a mesma assinatura, sem identificação nominal do signatário. As empresas Embramed e Biodinâmica não responderam às convocações exaradas. Dessa forma, as empresas foram re-convocadas para o dia 15 de dezembro, juntamente com o Sr. Secretário Municipal de Saúde e o Sr. Superintendente das Autarquias Hospitalares. No dia 15 de dezembro foi realizada a 5ª reunião ordinária da Subcomissão, e as empresas mais uma vez ausentaram-se. Foram ouvidos o Sr. Paulo Kron, responsável pelas Autarquias Municipais e o Sr. Ailton de Lima Ribeiro, secretário adjunto da pasta de Saúde, uma vez que o Secretário titular está em período de férias. Foi questionado ao secretário os critérios utilizados na composição da Comissão Especial de Apuração Preliminar, a qualificação técnica dos membros e mesmo sobre a dedicação dos funcionários da saúde em caráter compartilhado a outras atividades. O entendimento da Secretaria é de que os membros estão aptos a exercerem as funções para as quais foram designados, todos têm a necessária qualificação técnica e que o tempo disponível dos mesmos fará com que os trabalhos sejam cumpridos satisfatoriamente. Mais uma vez foi esclarecido que a dúvida desta Subcomissão não era sobre as competências profissionais e qualificações técnicas dos membros da Comissão Especial e sim, tocante à ausência de profissional da área de medicina ou procurador municipal que, ao entendimento dos parlamentares membros da Subcomissão, poderiam somar a experiência no trato com especificações de produtos médicos e em processos investigativos, respectivamente. Questionados sobre as conclusões do trabalho, o Sr. Paulo Kron afirmou já dispor de um relatório preliminar que encaminhava para a 5 necessidade de prorrogação do prazo de vigência da Comissão Especial, mas que o relatório definitivo desta fase seria divulgado no dia 17 de dezembro, mesmo prazo para conclusão do relatório desta Subcomissão. O secretário adjunto da Saúde se comprometeu a encaminhar cópia deste relatório à Câmara Municipal assim que finalizado. No dia 17 de dezembro, pela manhã, foi recebido na secretaria da Subcomissão, ofício assinado pelo Sr. Paulo Kron com a descrição da qualificação profissional de cada um dos membros da Comissão Especial, que segue anexo a este relatório. Também foi questionado sobre os avanços dos trabalhos da Comissão Especial no apontamento de servidores municipais possivelmente envolvidos nas fraudes e informação que foi passada é de que ainda não há conclusão para apontamento de nomes. Especificamente sobre o caso da servidora Milva Lúcia de Melo do Hospital Municipal do Tatuapé, já indiciada pela Polícia Civil, foi dada a informação de que a mesma pediu sua exoneração do serviço público no dia 17 de novembro e que a publicação de sua exoneração foi feita, a pedido, no dia 27 de novembro. Um dos pontos discutidos com os secretários foi o fato de que a prefeitura dispõe de formas diferenciadas para controle de estoque e distribuição dos insumos médicoshospitalares entre suas unidades da administração direta e da indireta, inclusive com a recente utilização de software nas unidades diretas, porém com terceirização de serviços na administração indireta. Essa terceirização, como já fora afirmado também pela senhora Dirce Akemi Shimomoto, presidente da Comissão Especial de Apuração Preliminar, está a cargo da empresa Pronto Express, responsável pelo recebimento do material no almoxarifado central e redistribuição entre as unidades de saúde. Durante a oitiva dos secretários, o vice-presidente da Subcomissão, vereador Aurélio Miguel apresentou nova denúncia, envolvendo a empresa de logística, responsável pelo recebimento e distribuição dos materiais hospitalares e medicamentos nas unidades de saúde. Segundo a denúncia feita pelo vereador, a empresa Pronto Express assumiu os trabalhos em maio de 2006, mas só obteve habilitação da ANVISA para prestação dos serviços em agosto do mesmo ano, o que pode sinalizar que a prefeitura firmou contrato e efetuou pagamentos para uma empresa em situação irregular. Além disso, foi apresentada matéria jornalística de abril deste ano, que cita, entre os sócios da empresa, o senador baiano Antonio Carlos Magalhães Junior, do partido Democratas, da Bahia. O fato de o senador ser do mesmo partido que o prefeito em exercício da cidade de São Paulo pode mostrar algum indício de favorecimento de aliados no contrato. Antonio Carlos Magalhães Junior figurou como sócio da empresa até fins de 2003, quando a empresa passou a ser comandada apenas pelo publicitário Fernando Barros, acusado de ser “testa de ferro” do ex-senador baiano Antonio Carlos Magalhães, o ACM, morto em 2007. Além desta possibilidade de favorecimento, também foi denunciada a necessidade de apuração dos valores contratuais, pois a empresa Pronto Express assumiu a prestação de serviços através de contrato emergencial a partir de maio de 2006, quando os Correios, empresa vencedora da licitação realizada em 2004, rescindiu o contrato com a prefeitura após tentativa de aditamento no valor contratual, à época R$ 283 mil mensais. A Pronto Express executou o contrato emergencial até novembro de 2006, quando foi vencedora da nova licitação, por R$ 698 mil mensais, valor que já foi reajustado e está atualmente em torno de R$ 1,0 milhão mensal. De acordo com o depoimento do delegado Dr. Luis Storni, uma das possibilidades de fraudes encontradas durante todo o inquérito foi justamente no recebimento do material nos almoxarifados, controle de estoque e distribuição entre as unidades. Esta incoerência de valores, a forma como foram conduzidos o contrato emergencial e o processo de licitação que culminou com a homologação da Pronto Express, e a 6 suspeição da Polícia Civil sobre a logística do material adquirido, tornam necessário maior aprofundamento nas investigações acerca de legalidade de todas as etapas. III - CONCLUSÃO Tendo em vista a dificuldade de recebimento das informações solicitadas pela Subcomissão e a escassez de tempo com a qual se conduziram os trabalhos, o que dificultou inclusive a obtenção de novos depoimentos que poderiam auxiliar no encaminhamento dos trabalhos, tem-se a conclusão de que é necessário dar continuidade na investigação, com novas convocações e solicitação de informações. Da mesma forma, restou prejudicado pela falta de resposta aos requerimentos exarados, se os procedimentos de Auditoria adotados pelo Executivo são suficientes para prevenir fraudes de todas as espécies, o que causa prejuízo ao erário. Em face das constatações que fora m apresentadas, passamos aos encaminhamentos sugeridos por esta Subcomissão para sanar as eventuais irregularidades nas contratações no âmbito da Prefeitura de São Paulo: Encaminhamentos: a) Que a próxima legislatura aprove a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito para analisar os processos de contratação de empresas relacionadas na Operação “Parasitas” da Polícia Civil de São Paulo; Esta primeira medida é necessária para dar continuidade aos trabalhos, visto a gravidade das denúncias já apuradas e para que o parlamento consiga exercer, de forma plena e satisfatória, seu caráter fiscalizador e garantidor da boa aplicação dos recursos públicos. Para que não haja ruptura no processo investigativo, é primordial que tal CPI seja aprovada e instalada por esta Casa logo nos primeiros dias de seus trabalhos na próxima legislatura. b) Representação ao Ministério Público Estadual para apuração do contrato de logística firmado entre o município e a empresa Pronto Express; c) Requerimento ao Tribunal de Contas do Município de Auditoria no contrato de logística firmado entre o município e a empresa Pronto Express; Segundo denúncias feitas na reunião ordinária desta Subcomissão em 15 de dezembro e notícias veiculadas na imprensa em 16 de dezembro, ainda em tempo da finalização deste relatório, há indícios de irregularidades nos preços praticados e na forma de contratação, além da informação de que a empresa foi habilitada junto à ANVISA em agosto de 2006, mas iniciou a prestação de serviços junto à prefeitura no mês de maio de 2006. As mesmas matérias apontam que a empresa é dirigida por um “testa de ferro”, comandado por Antônio Carlos Magalhães Junior, senador do mesmo partido que o atual prefeito do município, restando imperativo sejam sanadas todas as dúvidas a respeito de possível favorecimento de aliados políticos. Diante de todos os fatos apresentados, é primordial a conjunção de forças entre Câmara Municipal, Tribunal de Contas do Município e Ministério Público Estadual para garantir a imparcialidade e idoneidade na condução das contas públicas. d) Recomendação à Secretaria Municipal de Saúde e Superintendência das Autarquias Hospitalares para que promovam a prorrogação do prazo para condução das investigações efetuadas pela Comissão Especial de Apuração Preliminar, no mínimo por igual período determinado no ato que a criou. (Portaria Conjunta nº02/2008) e) Recomendação à Secretaria Municipal de Saúde e Superintendência das Autarquias Hospitalares para que seja aditada a Portaria nº02/2008, de forma a acrescer entre seus membros, no mínimo, um procurador municipal com experiência em licitações, controle de almoxarifado e processos investigativos e mais dois profissionais, sendo um médico e um enfermeiro, com 7 experiência em especificação de materiais e controle de qualidade de material médico-hospitalar; f) Recomendação à Secretaria Municipal de Saúde e Superintendência das Autarquias Hospitalares de que os membros da Comissão Especial tenham dedicação exclusiva às atividades de investigação descritas na Portaria Conjunta nº02/2008, de forma a dedicar toda a sua jornada de trabalho à realização de reuniões e demais processos que se façam necessários para abreviar a conclusão dos trabalhos; Estas medidas são estritamente necessárias para dar conta da gravidade das denúncias já apuradas e dar maior celeridade aos trabalhos desenvolvidos no âmbito da Comissão Especial. Vale ressaltar aqui que a Comissão Especial apresentou muita morosidade nos trabalhos, talvez devido à falta de estrutura e escassez de tempo de seus membros, que somente conseguiram viabilizar a média de uma reunião semanal. Dessa maneira, o processo investigativo, que deveria ser tratado com a devida urgência, muitas vezes foi adiado por motivos alheios à vontade expressa pelos membros da comissão, o que pode ser sanado com as recomendações acima. Para exemplificar, a Comissão Especial somente conseguiu se reunir com o delegado responsável pelo inquérito no âmbito da Polícia Civil, após as reuniões e sugestões realizadas por esta Subcomissão. g) Recomendação à Secretaria Municipal de Saúde, à Superintendência das Autarquias Hospitalares e à Comissão Especial de Apuração Preliminar, para que possam agir de forma analítica e propositiva em relação à necessidade de unificação e padronização dos sistemas de controle de estoque e logística, das unidades da rede direta e da indireta; h) Recomendação à Secretaria Municipal de Saúde e à Superintendência das Autarquias Hospitalares de que seja intensificado o trabalho de fiscalização dos procedimentos de especificação de produtos, controle de estoque nos almoxarifados centrais e das unidades de saúde, checagem da qualidade e quantidade dos produtos entregues quanto ao especificado nos editais, contratos de compra e notas fiscais; De acordo com todos os fatos expostos neste relatório e com as discussões acerca dos temas no âmbito da Subcomissão, é primordial que se intensifique a capacidade de fiscalização dos atos praticados pelas empresas, por servidores municipais e prestadores de serviços para recebimento e distribuição do material médicohospitalar adquirido pela Prefeitura de São Paulo. i) Recomendação à Secretaria Municipal de Saúde e à Superintendência das Autarquias Hospitalares de que analise a viabilidade de implantação de procedimentos ou sistema de controle da qualidade do material adquirido e serviços contratados, com retorno das informações aos departamentos competentes responsáveis pela especificação de materiais e serviços, para embasamento dos editais de licitação, e para os departamentos responsáveis pela eventual aplicação de penalidade por descumprimento de prazo, quantidade ou qualidade divergente da contratada. Esta recomendação se faz necessária pela dificuldade existente no sistema municipal de saúde, de dar retorno aos departamentos competentes quanto à eficácia e eficiência dos produtos e serviços adquiridos. Com a implantação de procedimentos padronizados ou mesmo um sistema informatizado para processamento e tramitação das informações, o conhecimento das irregularidades nos materiais ou serviços torna-se mais acessível e, portanto, passível de regularização. j) Recomendação à Secretaria Municipal de Saúde e à Superintendência das Autarquias Hospitalares de que promova as tratativas 8 necessárias para estudo de viabilidade da integração de suas Atas de Registro de Preços com as Atas do Estado, da União e de outros municípios de grande porte. k) Recomendação à Secretaria Municipal de Saúde e à Superintendência das Autarquias Hospitalares de que promova as tratativas necessárias para integração de seus departamentos técnicos responsáveis pela especificação de produtos e de pesquisa de preços de mercado para elaboração de editais, com os departamentos específicos do Estado, da União e de outros municípios de grande porte. Tais medidas são necessárias para otimização dos recursos públicos de forma a permitir total integração entre as Atas de Registro de Preços de diferentes esferas de governo, o que pode possibilitar grandes economias aos cofres públicos, além de frustrar as possibilidades de superfaturamento praticadas pelas empresas investigadas na Operação Parasitas, por exemplo. Com a padronização das especificações de materiais entre as diferentes esferas de governo, também se pode racionalizar a necessidade de realização de pregões para produtos similares ou iguais. Muitas vezes o mesmo produto é licitado em pregões diferentes pelo Estado e pelo Município, porque a especificação do produto está com algum detalhe diferente do outro, porém descrevem o mesmo produto. Com a integração destes sistemas, será possível sanar qualquer irregularidade e dar celeridade às compras públicas. Sala da Comissão de Finanças e Orçamento, 17/12/2008. Roberto Tripoli – Presidente Paulo Fiorilo - Relator Adolfo Quintas – contrário Aurélio Miguel Claudete Alves José Police Neto – contrário Milton Leite - contrário Paulo Frange Wadih Mutran – com restrição 9