QUANDO O PRESENTE SE TORNA MAIOR QUE A PRESENÇA
“E aconteceu que, indo ele para Jerusalém, passou pela divisa
entre a Samaria e a Galiléia. Ao entrar em um povoado, dez
leprosos saíram-lhe ao encontro, pararam de longe e gritaram:
Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! Logo que os viu, ele lhes
disse: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto
iam, ficaram purificados. Um deles, vendo que fora curado, voltou
glorificando a Deus em alta voz e prostrou-se com o rosto em terra
aos pés de Jesus, dando-lhe graça; e este era samaritano. Então
Jesus perguntou: Não foram dez os purificados? E os outros nove,
onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus,
senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te
salvou.” (Lucas 17:11-19 – Almeida Século 21)
Nos quatro cantos da terra, em todos os países, em todos os
lugares do mundo há milhares de pessoas procurando Deus. Os católicos procuram Deus, os espíritas e
os evangélicos também. Até mesmos os muçulmanos procuram Deus. Porém, só há uma classe de
pessoas a quem Deus procura: a dos verdadeiros adoradores, que adoram Deus em espírito e em
verdade (cf. João 4:23). Isso implica dizer que, em contrapartida, existem aqueles que adoram Deus de
forma carnal e em falsidade. A diferença entre os dois grupos está na intenção do coração daqueles
que se aproximam de Jesus.
A passagem bíblica acima representa o diagnóstico da nossa sociedade contemporânea, principalmente
quando se trata do grupo conhecido como “evangélicos”. O nosso país experimenta um crescimento
astronômico de pessoas que professam a fé evangélica. Basta você ligar o seu televisor para
comprovar que, em todos os sete dias da semana, durante as vinte e quatro horas do dia, há pelo menos
um canal de transmissão aberta transmitindo algum tipo de programação dita “evangélica”. E o carro
chefe dessas programações são as exibições de testemunhos de pessoas que tiveram, segundo elas
mesmas afirmam, “a vida transformada”. São histórias ou estórias de centenas de pessoas que – a
exemplo do texto bíblico – antes eram “leprosas”, mas agora são “puras”. E é inimaginável o alcance
dessas programações visto que não estão limitadas ao nosso território nacional, mas são de um alcance
internacional, mundial ou até mesmo universal.
Porém, na contramão desse belo quadro está a realidade de vida dessas pessoas. É fato que a pósmodernidade é marcada pela era das mega-igrejas com seus templos abarrotados de pessoas. Mas a
despeito disso, a pós-modernidade também é marcada por uma geração de pessoas infelizes.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 3.000 pessoas por dia cometem suicídio
no mundo, o que significa que a cada 30 segundos uma pessoa se mata. E para cada pessoa que
consegue se suicidar, 20 ou mais tentam sem sucesso. Só no Brasil 25 pessoas se suicidam por dia,
fazendo do país o 11º colocado no ranking mundial de suicídios.
Autor:
Herbert A. Pereira
Kéryx Estudos Bíblicos e Teológicos
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Acesse: http://www.keryxestudosbiblicos.com.br
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Qual a razão para a existência desse contraste? O que nos leva a viver em um país onde as igrejas
estão cheias de pessoas com o coração vazio? A resposta é que, em muitos momentos, os “presentes”
de Deus se tornam maiores e mais valorizados do que a própria presença de Deus na vida das pessoas.
E o episódio que narra a cura de dez leprosos nos ajuda a exemplificar essa situação.
A vida dos nove leprosos que não voltaram para agradecer a Jesus, pelo milagre de terem sido
curados, nos ensina que de o fato de estarmos na presença de Deus, não for o prazer de estar na
presença de Deus, a nossa presença na presença de Deus não significa nada. Precisamos ser
verdadeiros discípulos de Jesus e não apenas dizermos que Ele é nosso mestre – sem, contudo, seguilo. Não podemos viver uma vida ritualista, como também precisamos estar cientes de que as nossas
impurezas que nos afastam da presença de Deus – os leprosos seguiam Jesus à distância.
A vida do leproso que voltou para agradecer a Jesus, pelo milagre de ter sido curado nos ensina o
milagre não é um fim em si mesmo, mas visa a glória de Deus. O milagre nunca é maior que o seu
autor. Os que não fazem parte da aliança com Deus, na pessoa do Senhor Jesus Cristo, muitas vezes
valorizam mais a Deus do que aqueles que possuem essa aliança. A presença de Deus é quem nos
salva de nós mesmos, do pior que há em nós. E estar na presença de Deus é diferente de ter a presença
de Deus em nós.
Soli Deo Gloria.
Autor:
Herbert A. Pereira
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20/02/2012 » Quando o presente se torna maior que a presença