HOMENAGEM AO MANUEL RAMBOUT BARCELOS - “MANECAS” Manuel Rambout Barcelos, mais conhecido por “Manecas”, nasceu em Bissau, Guiné Bissau à 07 de Agosto de 1946, filho de Manuel Maria Salgueiro Barcelos e de Clarisse de Oliveira Rambout Barcelos. Fez os seus estudos primários e secundários em Bissau e formou-se no Instituto Superior Técnico de Lisboa como Engenheiro electrotécnico. Militante do PAIGC nos anos 60, desde os tempos de estudante em Portugal e mais tarde na Guiné-Bissau para onde regressou na pós-independência, desempenhou várias funções no quadro do Partido e no aparelho de Estado, nomeadamente: Director do Instituto Técnico de Formação Profissional, Diretor do Liceu Nacional Kwame N’Krumah, Secretário de Estado da Justiça, Secretario de Estado da Educação e finalmente de Ministro da Educação Nacional nos princípios da década noventa. Patriota incondicional, um político ímpar e íntegro, teve uma valiosa atuação no panorama sociopolítico guineense, dotado de uma inteligência rara, aguçada e detalhista, foi um trabalhador incansável pela causa guineense. Espírito progressista, soube sempre questionar a política do PAIGC, no sentido positivo e foi um dos que subscreveu a “Carta dos 121” . Em 1992, juntou-se aos outros dissidentes, no Partido de Renovação e Desenvolvimento (PRD). E depois em 1994 participou na fundação da coligação eleitoral União para a Mudança (UM). Porém ultimamente desiludido com a atual situação politica vivida na Guiné falou várias vezes em retornar ao PAIGC. Manecas, foi amante da literatura, publicou vários artigos e temas ligados particularmente às áreas do ensino e da educação esteve também ligado a Cultura e ao Cinema. Colaborou nos vários filmes do realizador Flora Gomes, sendo apontado como um dos roteiristas do filme “Udju azul di Yonta” e “Mortu Nega” foi também conselheiro de grupos teatrais. A trabalhar em Angola, desde 2003, na Província de Huambo e Município de Ekunha, apoiando projetos de desenvolvimento local, vivia feliz com os resultados do seu trabalho. Foi amado por todos e reconhecido o seu mérito técnico. Porém nunca cortou o cordão umbilical com o ambiente político da Guiné. No período das eleições lamentava profundamente a sua ausência nesse cenário. Perante alguma alteração do contexto político na Banda, Manecas era a nossa fonte de informação nº um, o primeiro a saber tudo o que estava a acontecer e fornecia informações com análises detalhadas e as perspetivas de evolução. Ligar para o Manecas depois de uma tentativa de golpe era obter informação certa. Dono de uma personalidade discreta e doce, amigo dos amigos, Manecas foi amado por todos. Homem de uma dimensão humana incomensurável O Manecas que perdemos no final de tarde do dia 26 de Junho de 2012, com 65 anos de idade, deixa-nos o legado da integridade moral, da honestidade de princípios, da importância da educação na transformação do Homem em prol do progresso, da confiança nas capacidades do homem guineense em um dia ser capaz de identificar a riqueza cultural e a potencialidade da nossa diversidade étnica e utilizá-la como força motora do desenvolvimento, quiçá o maior legado que nos deixa é um amor desmedido pela Guiné. Com a Ulé, Margarida e Raquel suas filhas, Aceitemos esse legado, aceitemos a herança do seu patriotismo único, dos seus sonhos para a nossa Guiné com o compromisso de transformá-las em realidade. Que tua alma descanse em Paz Manecas Os Guineenses Amigos do Manecas em Angola Luanda, 11 de Junho de 2012 Gostaríamos igualmente de manifestar os nossos sinceros agradecimentos ao Governo de Angola na pessoa do Dr. Roberto de Almeida, que prontamente em nome da amizade e do espírito de irmandade que nos une, aceitou prontamente NOS apoiar neste momento de dor pela perda do nosso querido Manecas. Aceitem os nossos Agradecimentos e da família Rambout Barcelos Muito Obrigado